Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XIII    Nº154   Dezembro 2010

Motor

QUATRO RODAS

Stratos um carro para recordar

Muitos foram os modelos de automóvel que deixaram a sua marca no mundo da competição. Alguns pela eficácia, outros pela beleza das suas linhas. Há, no entanto, um que consegue conjugar estas duas qualidades, que fazem dele, um dos mais admirados modelos de sempre.

Pelo título bem se vê que falo do inesquecível Lancia Stratos HF, de seu nome original. O Stratos foi produzido a partir do “concept-car” chamado Stratos Zero, com a intenção de o tornar o ponta de lança do grupo FIAT para o então chamado campeonato mundial de ralis. A fórmula para construir um campeão foi aparentemente simples, bastou juntar a criatividade do desenhador Marcello Gandini, com a competitiva mecânica Ferrari, para que tudo desse certo.

Na altura, para os carros poderem participar nos ralis, era necessário que fossem homologados nos grupos 1 a 4. Para ser homologado no grupo 4 (o grupo mais competitivo) cada veículo deveria ter uma produção de pelo menos 400 modelos, na chamada versão cliente, dos quais 20 teriam de ser equipados com as especificações de corrida. Sendo um puro-sangue de competição, o Stratos teve por isso uma produção limitada, que não chegou a quinhentas unidades.

No mundo da competição foi chegar, ver e vencer. Apesar da sua primeira aparição nas estradas ter sido em 1972 no Tour de Course, só em 1974 chega o primeiro título mundial pelas mãos do sempre fiel Sandro Munari. O Stratos deu mais dois títulos mundiais à Lancia, nos anos de 1975 e 1976, sendo esta série interrompida quando o grupo FIAT, por razões comerciais, decide substituir a sua arma no mundial de ralis pelo 131 Abarth. Compreende-se do ponto de vista comercial, que se ponha na estrada um modelo que se vende em massa, ainda assim, algumas equipas privadas continuaram a usar e a ganhar com o Stratos até 1981, quando, novamente no Tour de Course, Bernard Darniche, obteve a última vitória mundialista. Foram também construídos dois exemplares homologados em grupo 5 já com motores equipados com turbo. Usado em provas de circuito e rampas, só um deles sobreviveu e faz agora parte da maior colecção de Lancia Stratos, propriedade do austríaco Christian Hrabalek, que conseguiu reunir 11 destes modelos, cada um com significado especial na história desta inesquecível peça da história do automobilismo.

Os Stratos são hoje carros muito cobiçados pelos coleccionadores, havendo em Portugal dois originais, felizmente em boas mãos. Os seus proprietários, o Dr. Miguel Oliveira e o Dr. João Carlos Torres, fazem-nos o favor de os trazer à luz do dia, em ocasiões especiais.

Fica para a história a foto da última participação oficial de um Lancia Stratos, numa prova em Portugal, já num rali de históricos, onde Miguel Oliveira no passado mês de Novembro, marcou presença.

Paulo Almeida
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COM O APOIO DO ENSINO MAGAZINE

24 horas fintam espanhóis

Mais de uma centena de veículos clássicos, num conjunto capaz de recuperar parte da história da indústria automóvel, deu expressão ao rali de regularidade histórica, 24 Horas de Portugal, que o Classic Club levou a efeito em Novembro, num itinerário compreendido entre Castelo Branco e Pampilhosa da Serra.

A iniciativa que contou com o apoio do Ensino Magazine, foi uma das mais disputadas. A dupla José Grosso e João Sismeiro, em BMW 2002 Tii, deu asas ao regozijo do triunfo e “arrancou” alcatrão da estrada. Com a vitória alcançada em Castelo Branco baralhou as contas do campeonato português onde, à falta da última prova, o rali de Monchique, há cinco equipas em condições de discutirem o ceptro.

Outra dupla especialista das provas de regularidade, João Queiroz e Pipa Queiroz, conduziu outro BMW 2002 ao 2º lugar da classificação. O pódio completou-se com um homem da casa: António Ramos, navegado por João Paulo Martinho, em VW Golf, foi o 3º classificado e pontuou por Portugal na vitória sobre o vizinho ibérico na taça das nações.

Esta era também a derradeira prova da Challenge Ibérica, depois da Clássica de Leon e do Rali EntreSierras. Aqui a dupla espanhola Rafael Cozin e Julen Martinez, não deu hipóteses e conquistou este troféu ibérico. Foram, ainda assim, os 14º classificados em Castelo Branco.

Paulo Almeida e a sua equipa deram mais uma vez “cartas de como se organiza um rali de regularidade histórica”, como considerou o piloto Miguel Brito, no site do Classic Club. “Colocou na estrada uma prova quase exemplar”, acrescentou João Queiroz.

 


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