QUATRO RODAS
Stratos um carro
para recordar


Muitos foram os modelos de automóvel que
deixaram a sua marca no mundo da competição. Alguns pela eficácia,
outros pela beleza das suas linhas. Há, no entanto, um que consegue
conjugar estas duas qualidades, que fazem dele, um dos mais admirados
modelos de sempre.
Pelo título bem se vê que falo do inesquecível Lancia Stratos HF, de seu
nome original. O Stratos foi produzido a partir do “concept-car” chamado
Stratos Zero, com a intenção de o tornar o ponta de lança do grupo FIAT
para o então chamado campeonato mundial de ralis. A fórmula para
construir um campeão foi aparentemente simples, bastou juntar a
criatividade do desenhador Marcello Gandini, com a competitiva mecânica
Ferrari, para que tudo desse certo.
Na altura, para os carros poderem participar nos ralis, era necessário
que fossem homologados nos grupos 1 a 4. Para ser homologado no grupo 4
(o grupo mais competitivo) cada veículo deveria ter uma produção de pelo
menos 400 modelos, na chamada versão cliente, dos quais 20 teriam de ser
equipados com as especificações de corrida. Sendo um puro-sangue de
competição, o Stratos teve por isso uma produção limitada, que não
chegou a quinhentas unidades.
No mundo da competição foi chegar, ver e vencer. Apesar da sua primeira
aparição nas estradas ter sido em 1972 no Tour de Course, só em 1974
chega o primeiro título mundial pelas mãos do sempre fiel Sandro Munari.
O Stratos deu mais dois títulos mundiais à Lancia, nos anos de 1975 e
1976, sendo esta série interrompida quando o grupo FIAT, por razões
comerciais, decide substituir a sua arma no mundial de ralis pelo 131
Abarth. Compreende-se do ponto de vista comercial, que se ponha na
estrada um modelo que se vende em massa, ainda assim, algumas equipas
privadas continuaram a usar e a ganhar com o Stratos até 1981, quando,
novamente no Tour de Course, Bernard Darniche, obteve a última vitória
mundialista. Foram também construídos dois exemplares homologados em
grupo 5 já com motores equipados com turbo. Usado em provas de circuito
e rampas, só um deles sobreviveu e faz agora parte da maior colecção de
Lancia Stratos, propriedade do austríaco Christian Hrabalek, que
conseguiu reunir 11 destes modelos, cada um com significado especial na
história desta inesquecível peça da história do automobilismo.
Os Stratos são hoje carros muito cobiçados pelos coleccionadores,
havendo em Portugal dois originais, felizmente em boas mãos. Os seus
proprietários, o Dr. Miguel Oliveira e o Dr. João Carlos Torres,
fazem-nos o favor de os trazer à luz do dia, em ocasiões especiais.
Fica para a história a foto da última participação oficial de um Lancia
Stratos, numa prova em Portugal, já num rali de históricos, onde Miguel
Oliveira no passado mês de Novembro, marcou presença.

Paulo Almeida
Direitos reservados
COM O APOIO DO ENSINO
MAGAZINE
24 horas fintam
espanhóis



Mais de uma centena de veículos
clássicos, num conjunto capaz de recuperar parte da história da
indústria automóvel, deu expressão ao rali de regularidade histórica, 24
Horas de Portugal, que o Classic Club levou a efeito em Novembro, num
itinerário compreendido entre Castelo Branco e Pampilhosa da Serra.
A iniciativa que contou com o apoio do Ensino Magazine, foi uma das mais
disputadas. A dupla José Grosso e João Sismeiro, em BMW 2002 Tii, deu
asas ao regozijo do triunfo e “arrancou” alcatrão da estrada. Com a
vitória alcançada em Castelo Branco baralhou as contas do campeonato
português onde, à falta da última prova, o rali de Monchique, há cinco
equipas em condições de discutirem o ceptro.
Outra dupla especialista das provas de regularidade, João Queiroz e Pipa
Queiroz, conduziu outro BMW 2002 ao 2º lugar da classificação. O pódio
completou-se com um homem da casa: António Ramos, navegado por João
Paulo Martinho, em VW Golf, foi o 3º classificado e pontuou por Portugal
na vitória sobre o vizinho ibérico na taça das nações.
Esta era também a derradeira prova da Challenge Ibérica, depois da
Clássica de Leon e do Rali EntreSierras. Aqui a dupla espanhola Rafael
Cozin e Julen Martinez, não deu hipóteses e conquistou este troféu
ibérico. Foram, ainda assim, os 14º classificados em Castelo Branco.
Paulo Almeida e a sua equipa deram mais uma vez “cartas de como se
organiza um rali de regularidade histórica”, como considerou o piloto
Miguel Brito, no site do Classic Club. “Colocou na estrada uma prova
quase exemplar”, acrescentou João Queiroz.

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