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       GENTE & LIVROS 
      Orhan Pamuk 
        
		«Foi o momento mais 
		feliz da minha vida, embora então eu não tivesse consciência disso. Se o 
		tivesse sabido, se tivesse apreciado essa dádiva, teriam as coisas 
		terminado de outra forma? Sim, se eu tivesse reconhecido esse instante 
		de felicidade perfeita, tê-lo-ia conservado sem nunca o deixar escapar. 
		Talvez tenham sido necessários alguns segundos para aquele sentimento 
		luminoso me envolver, banhando-me na mais profunda paz, mas pareceu 
		durar horas – anos, até. Naquele momento, na tarde de 26 de Maio de 
		1975, uma segunda-feira, cerca de quinze minutos para as três, no 
		instante que nos sentíamos para lá do pecado e da culpa, também o mundo 
		parecia ter perdido as leis do tempo e da gravidade (…). 
		 
		O nosso êxtase era tão profundo que continuámos a beijar-nos, alheios à 
		queda do brinco, em cujo desenho eu nem sequer reparara.(…)». 
		 
		In O Museu da Inocência 
  
		Prémio Nobel da 
		Literatura, Orhan Pamuk nasceu a 7 de Junho de 1952, em Istambul, 
		Turquia. Estudou Arquitectura, acabou por se licenciar em Jornalismo, 
		pela Universidade de Istambul, sem nunca ter exercido. Aos 23 anos 
		decide que quer ser romancista e sete anos depois era publicado o seu 
		primeiro romance Cevdet Bey and His Sons (1982.). Com o livro A Cidadela 
		Branca (1985) consegue pela primeira vez, o reconhecimento 
		internacional. Entre 1985 e 1988 Pamuk vive em Nova Iorque, onde 
		lecciona como professor convidado na Universidade de Columbia. Nessa 
		cidade dos Estados Unidos começa e escreveu a maior parte The Black Book. 
		Em 1991 nascia a filha de Pamuk, Rüya. Nesse mesmo ano The Black Book é 
		adaptado ao cinema com o título de Hidden Face. O filme teve guião do 
		próprio Pamuk. Publicou A Vida Nova (1995), um dos romances mais lidos 
		de sempre na Turquia; e O Meu Nome é Vermelho (1998) que lhe valeu 
		vários prémios literários, nomeadamente o de melhor livro estrangeiro em 
		França e o IMPAC Dublin Literary Award, de 2003. 
		 
		Nos anos 90, Pamuk envolveu-se num processo judicial com o Estado da 
		Turquia, ao denunciar os atropelos aos Direitos Humanos cometidos pelo 
		seu país. O escritor falou aos jornais do genocídio do povo Arménio 
		durante a 1ª Guerra Mundial, e mais recentemente do assassinato de 30 
		mil Curdos. É obrigado a prestar declarações em tribunal e o caso fica 
		conhecido no mundo inteiro. É publicado Neve (2002) que seria nas 
		palavras do escritor « O seu primeiro e último romance político». O 
		Romance Neve recebe em França o Prémio Médicis pelo melhor romance 
		estrangeiro, em 2005. 
		 
		Começa a escrever O Museu da Inocência em 2002 para terminar seis anos 
		depois. O Museu da Inocência (2008) é também um romance de homenagem a 
		Proust, um dos escritores que mais influenciaram Pamuk.  
		 
		Membro da Academia Americana de Artes e Letras, Doutor Honoris Causa 
		pelas Universidades de Tilburg, Florença e Yale, com livros traduzidos 
		em 58 países, o Prémio Nobel da Literatura em 2006 vem juntar-se aos 
		outros Prémios do escritor. 
		 
		Pamuk vive na Turquia, na mesma cidade e bairro onde viveu quase toda a 
		sua vida, a exercer a profissão que tem há 30 anos.  
		 
		O Museu da Inocência. Kemal, jovem herdeiro de uma família rica e bem 
		sucedida de Istambul, está noivo da filha de uma família igualmente 
		influente. A vida de Kemal decorre tranquilamente até ao dia que 
		reencontra Füsun, uma prima afastada, que não vê há anos. Dividido entre 
		o amor por Füsun e o compromisso com a noiva, colecciona com paixão os 
		pequenos objectos que Füsun vai esquecendo no apartamento onde se 
		encontram. Como se de um Museu se tratasse, aqueles objectos contam a 
		história do amor de Kemal e Füsun.   
       
		Eugénia Sousa 
        
		  
		  
      LIVROS 
      Novidades literárias 
		Alfaguara. Educação Siberiana, 
		de Nicolai Lilian. Nicolai tem apenas 30 anos e um percurso de vida 
		impressionante que partilha connosco num romance biográfico. Descendente 
		de uma tribo de antigos guerreiros, a juventude passou-a na Sibéria, no 
		seio de uma comunidade de criminosos, os Urca, orientado por um estrito 
		código de honra. Aos 6 anos dão-lhe a primeira faca, aos 12 é preso por 
		tentativa de homicídio, quando cresce é nomeado tatuador. As tatuagens 
		no seu corpo e as páginas deste livro contam a sua história. 
  
		Cavalo de Ferro. Khadji-Murat, 
		de Leo Tolstoi. Esta é a história bela e trágica de Khadji-Murat, o 
		chefe guerreiro do Cáucaso, que abandona os companheiros, a combater a 
		tirania do czar, e reivindica a sua liberdade, aliando-se ao inimigo 
		russo. Publicada a título póstumo em 1912, Khadji-Murat é mais uma obra 
		incontornável de Tolstoi, para muitos considerado o maior de todos os 
		romancistas. 
  
		Presença. Procura-se Diamante 
		para Relacionamento Sério, de Lauren Weisberger. Emmy, Leigh e Adriana 
		são três amigas, quase a chegar aos trinta anos, que apesar de tudo o 
		que conseguiram, não tem a certeza de estar a viver o que sonharam. É 
		então que Emmy e Adriana fazem um acordo: mudar por completo as suas 
		vidas no espaço de um ano. A autora de O Diabo Veste Prada regressa com 
		um livro refrescante para o Verão.  
  
		D. Quixote. Meia-Noite ou o 
		Princípio do Mundo, de Richard Zimler. Portugal. Início do século XIX. 
		John Zarco Stewart é ainda uma criança, sensível e curiosa, a crescer na 
		fé judaica. Um período de duras revelações e perdas coloca um ponto 
		final na sua inocência, e só a intervenção do mágico Africano, 
		Meia-Noite, podem ajudar John a encontrar o seu destino.  
  
		Europa-América. Os Filósofos no 
		Divã, de Charles Pépin. O que resultaria de um encontro entre Platão 
		Kant e Sartre? E se eles fossem pacientes de Freud? É este exercício que 
		Charles Pépin propõe aos leitores. Uma original abordagem à História do 
		Pensamento Ocidental e à vida daqueles que a protagonizaram.  
  
		Texto. As Consultas do Dr. 
		Serafim e a Bronquite da Senhora Adriana, de Rosário Alçada Araújo e 
		ilustrações de Afonso Cruz. A Senhora Adriana sofre de um feitio 
		terrível e de uma bronquite. A fim de se tratar da bronquite, já que 
		para o mau feitio não se conhece remédio, resolve consultar o Dr. 
		Serafim. Mas um bilhete onde falta o ponto de interrogação leva a uma 
		mudança inexplicável no dia do Dr. Serafim.  
  
		Cotovia. É Março e é Natal em 
		Ouagadougou, de António Pinto Ribeiro. O autor reuniu em livro as suas 
		impressões de viagens por lugares em África, América do Norte, América 
		Sul, China ou Europa. Compõem esta obra textos publicados na Revista 
		Obscura, no blog Próximo Futuro e inéditos.  
  
		Casa das Letras. Navegação Ponto 
		por Ponto, de Gore Vidal. Gore Vidal conduz o leitor numa viagem pelas 
		suas memórias, nos bastidores da literatura, televisão, cinema, teatro, 
		da política e da alta sociedade. Eleanor Roosevelt, Jacqueline Kennedy, 
		Tennesee Williams, Elian Kazan, Orson Wells, Frederico Fellini, Francis 
		Ford Coppola e Greta Garbo são alguns dos personagens reais deste livro 
		surpreendente.  
  
		Difel. A Espada de Avalon, de 
		Marion Zimmer Bradley. A acção decorre muitos anos antes dos 
		acontecimentos descritos em As Brumas de Avalon. Mykantor é vendido como 
		escravo a um príncipe ferreiro, e com ele aprenderá os fundamentos da 
		liderança. Mas a sua ausência lança Avalon numa luta pelo poder. O 
		regresso de Mykantor com Excalibur sustenta toda a esperança de uma 
		derrota do Feiticeiro Galid, e na paz de Avalon.
		    
		  
		  
      PELA OBJECTIVA DE J. 
		VASCO 
      Encontro de papagaios 
		  
		Decorreu entre 2 e 4 de Julho, em 
		Alcochete, o 9º Festival Internacional de Papagaios (de papel) - FIPA. 
		Tratou-se de um evento que contou com a presença de representantes de 
		Portugal, Suécia, Brasil, Itália, Espanha, França, Alemanha, Suíça, 
		Inglaterra, Holanda, Singapura, Índia e China. Um espectáculo para toda 
		a família ver e fazer (há ateliers gratuitos de construção de 
		papagaios). Em 2012 o FIPA volta com a sua 10ª edição. A não perder.
		  
		  
		  
		  
      Música 
		  
		Expensive Soul - Utopia. Com 
		mais um trabalho de carimbo nacional, a dupla de Leça da Palmeira está 
		de regresso aos discos com “Utopia”. New Max e Demo apresentam um dos 
		discos mais frescos deste Verão de 2010. O primeiro avanço do trabalho 
		foi o single “O Amor é mágico” que surpreendeu e conquistou o público 
		Português. O som da banda mantém a mesma linha dentro do hip hop, soul e 
		funk , com influências das músicas dos anos 60. 
		 
		A pausa de aproximadamente quatro anos permitiu preparar um disco mais 
		maduro, com uma boa evolução nas letras e na componente instrumental. 
		Este novo “Utopia” veio relançar e consolidar a carreira desta banda que 
		pode continuar a crescer no nosso panorama musical e a transmitir boas 
		vibrações. Em relação as destaques deste cd, em primeiro lugar o 
		fantástico single “O Amor é mágico”, e depois os temas “ Tem calma 
		contigo”, “Contador de histórias” e “Dou-te nada”. 
		 
		Na música este ano de 2010 tem para já um saldo muito positivo, muitos 
		projectos novos e vários discos novos de bandas e cantores já 
		consagrados. Os Expensive Soul vão no rumo certo para conseguirem o seu 
		“lugar ao sol”! 
  
		  
		 
		Kylie Minogue - Aphrodite. Kylie Minogue regressou aos discos com 
		“Aphrodite”, o 11º trabalho de uma carreira de sucesso que começou a 
		meio da década de 80. O cartão-de-visita foi o tema “All the lovers” que 
		chegou às Rádios no início deste Verão e em simultâneo às pistas de 
		dança através das remisturas que acompanham o single. 
		 
		Destaque para a versão de “Dada Life” e a excelente remistura que tem a 
		assinatura de Michael Woods que estão a marcar presença nas pistas de 
		dança em todo o mundo. Com este novo “Aphrodite” a Australiana conseguiu 
		colocar o seu nome de novo nos top´s, e assim tentar esquecer o 
		penúltimo trabalho “X” que passou muito despercebido! A sonoridade das 
		novas canções é totalmente dentro da linha electrónica de dança, o house 
		na sua componente mais comercial com algumas influências do electro. 
		 
		A cantora conta com um grande naipe de convidados ilustres como é o caso 
		de Calvin Harris, Jake Shears dos Scissor Sisters e Tim Rice dos Keane. 
		Destaque para o primeiro single “All the lovers” e a as faixas “Get 
		outta my way” e “Can´t beat the feeling”. Embora um pouco longe da 
		fórmula mágica utilizada em temas como “Can´t get you out of my head”, é 
		uma proposta interessante para este Verão de 2010. 
		  
		  
		 
		Enrique Iglesias - Euphoria. Um dos nomes mais credenciados da 
		música latina está de volta aos discos, Enrique Iglesias apresenta o 
		novo capítulo da sua carreira “Euphoria”. A primeira amostra do trabalho 
		foi dado a conhecer dois meses antes da edição do álbum, o single “I 
		like it” que tem a participação especial de Pitbull e influências do 
		clássico de Lionel Richie “All night long”. 
		 
		O trabalho é apresentado em Espanhol e Inglês e tem uma lista 
		interessante de convidados, como é o caso de Wisin & Yandel, o veterano 
		Juan Luis Guerra, Akon e a lindíssima Nicole Scherzinger. O novo 
		“Euphoria” é uma verdadeira caixa de surpresas, o músico apresenta um 
		trabalho bem diferentes dos anteriores, a música latina deixa de ser 
		dominante e surgem agora outros ritmos que o cantor ainda não tinha 
		utilizado. 
		 
		O romantismo e as baladas continuam presentes, mas a novidade está na 
		aposta na música electrónica e em outros ritmos como o reggae. Os temas 
		fortes são, o single “I like it” e os temas “Heartbeat”,”Why not me” e 
		“Dile que”. Tendo Anna Kournikova como musa inspiradora, inspiração não 
		deve faltar ao cantor...
		  
		Hugo Rafael 
		  
		  
		  
      APESAR DA CRISE 
      Portugueses foram mais 
		vezes ao cinema 
		  
		Mesmo num ano de nova contenção de 
		despesas, os portugueses foram mais ao cinema no primeiro semestre, 
		segundo dados divulgados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).O 
		relatório de estatísticas do ICA dá conta de que entre janeiro e junho 
		as salas de cinema registaram 7.800.309 espetadores, o que significa que 
		foram vendidos mais 533 mil bilhetes do que o primeiro semestre de 2009 
		(7.267.859 espetadores). 
		 
		Em termos de receita bruta de bilheteira, os valores são também de 
		crescimento, já que os filmes mais vistos estrearam-se em 3D, uma 
		tecnologia que encarece o preço dos bilhetes.  
		 
		Este ano, a venda de bilhetes de cinema comercial em Portugal rendeu 38 
		milhões de euros, um aumento de 4,8 milhões de euros comparando com o 
		mesmo período de 2009.  
		Janeiro foi o mês mais concorrido nas idas ao cinema, com cerca de 1,6 
		milhões de espetadores, e maio, mês de trabalho mais intenso para os 
		estudantes, com o pior resultado estatístico (967 mil espetadores).  
		 
		“Avatar”, de James Cameron, estreado em 3D, foi o filme mais visto, com 
		780 mil espetadores e 4,5 milhões de euros de receita de bilheteira. 
		Também em 3D, em segundo lugar figura “Alice no País das Maravilhas”, de 
		Tim Burton, com 455 mil bilhetes vendidos e 2,8 milhões de euros de 
		receita, e a animação “Como treinares o teu dragão”, de Dean Deblois e 
		Chris Sanders, com 337 mil espetadores e dois milhões de euros. 
		 
		Quanto à origem das produções de cinema, os Estados Unidos continuam em 
		supremacia, com os filmes “made in América” a somarem 5,9 milhões de 
		espetadores, contra os 570.929 de entradas para ver produções de cinema 
		europeu. 
		 
		Entretanto, a ficção “A bela e o paparazzo”, de António-Pedro 
		Vasconcelos, foi o filme português que mais espetadores teve no primeiro 
		semestre deste ano, mas entre os cinco mais vistos é o documentário que 
		domina. 
		 
		De acordo com dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual divulgados, 
		a comédia de António-Pedro Vasconcelos somou 98 722 espetadores e teve 
		434 mil euros de receita bruta de bilheteira.  
		 
		Em segundo lugar, muito longe dos valores de “A bela e o paparazzo”, 
		figura a produção de ficção independente “Um funeral à chuva”, de Telmo 
		Martins, com 9 142 espetadores. 
		Na tabela dos cinco filmes portugueses mais vistos entre janeiro e junho 
		os três restantes são documentários. 
		 
		“Pare, escute e olhe”, filme de Jorge Pelicano sobre a desertificação em 
		Trás-os-Montes e que se estreou em sala em abril, foi visto por 3 856 
		espetadores. 
		 
		O filme conquistou no festival DocLisboa os prémios de “Melhor 
		Documentário Português” e de “Melhor Montagem” e no festival Cine Eco, 
		em Seia, arrecadou o Grande Prémio do Ambiente, Grande Prémio da 
		Lusofonia e Prémio Especial da Juventude. 
		 
		Atrás surgem “Fantasia Lusitana”, de João Canijo, com 3 782 espetadores, 
		e “Ruínas”, de Manuel Mozos, com 2 367 bilhetes vendidos. 
		 
		Entre as curtas metragens, a mais vista foi “Canção de amor e saúde”, de 
		João Nicolau, com 2 367 espetadores.
		  
		Este texto foi escrito ao abrigo do 
		novo acordo ortográfico 
		  
		  
		  
      Educação às tiras 
		  
		Cartoon: Bruno Janeca 
		Argumento: Dinis Gardete 
		
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