QUATRO RODAS

Regressemos ao Rali Portas de Ródão, em
13 de Maio de 2000, terceira prova do Campeonato Nacional de Promoção.
Até aqui tinham dominado os Saxo de Armando Silva e Joaquim Bernardes e
o Golf GTI de Carlos Fulgêncio. Devíamos, no entanto, ter em atenção um
jovem recém-chegado das motos, que na segunda prova do campeonato andara
perto da vitória e partia para esta prova com o número 8, que era a sua
posição no campeonato.
Nove classificativas depois (onde se incluía a mítica Vilas Ruivas)
Armindo surpreendia toda a gente com uma arrasadora vitória. A sua
primeira vitória num rali de campeonato.
Agora nove, anos depois, Armindo já não surpreende com a sua brilhante
vitória, no Campeonato do Mundo de Ralis para viaturas de Produção.
Completou assim um percurso, que iniciou nas estradas de Vila Velha de
Ródão e acabou nas pistas Australianas do WRC, onde os adversários
passaram a chamar-se Al-Attiyah, Prokop e Sandell.
Até este título mundial, Armindo seguiu uma meticulosa carreira com o
título do Nacional de Ralis de Promoção do ano 2000 e 4 títulos do
Campeonato Nacional de Ralis Absoluto de 2003 a 2006, actuando em todos
os campos com um profissionalismo irrepreensível, sabendo como superar
os momentos menos bons.
Conheço as dificuldades pelas quais passa qualquer piloto português para
conseguir os meios necessários a estes feitos. É um problema que advém
de sermos um país com mercado diminuto.
Sem dúvida, Armindo Araújo vai ficar na história, mas seria injusto não
associar o seu co-piloto, Miguel Ramalho, a este feito. O co-piloto é
não só a pessoa que indica o caminho, mas também o “couch” que deve
animar quando é necessário, e refrear quando a situação o impõe. Só
assim se consegue a harmonia para estes sucessos.
Não me ocorre melhor forma de terminar esta crónica, que não seja a
felicitar o nosso Armindo e ressuscitar umas fotos da sua vitória em
Ródão num cartaz, então, produzido pela Escuderia Castelo Branco. É que
fotos das vitórias recentes encontramo-las na net aos “molhos”.

Paulo Almeida
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