Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XII    Nº141    Novembro 2009

Universidade

PSICOLOGIA EM DESTAQUE

Alemães distinguem Coimbra

A Área de Psicologia na Universidade de Coimbra integra o Grupo de Excelência do CHE-Excellence Ranking 2009, definido com base em critérios como a investigação e os estudos de pós-graduação. Este ranking, publicado pelo semanário alemão Die Zeit, integra pouco mais de 100 instituições de Ensino Superior que oferecem, na Europa, excelentes perspectivas para estudantes de Mestrado e de Doutoramento. Este ano apenas uma universidade portuguesa está representada nesta listagem, a Universidade de Coimbra, em cuja área de Psicologia são destacados a relevância científica, a orientação internacional e a mobilidade de docentes e alunos.

Ainda recentemente, o ranking elaborado por outro conceituado jornal, o britânico The Times, apresentava como único representante do sistema de Ensino Superior português a Universidade de Coimbra, situando-a entre as 400 melhores universidades mundiais e as 200 melhores europeias.
 

 

 

ISCTE

Luís Reto eleito reitor

O reforço da internacionalização da instituição e a concessão de mais apoios aos estudantes são dois dos principais objectivos do novo reitor do ISCTE-IUL, Luís Reto, o primeiro a ser eleito na história do Instituto Universitário de Lisboa.

Luís Reto, cuja eleição terá agora de ser homologada pelo Conselho de Curadores, defendeu um plano de acção assente em seis grandes áreas: reorganizar a instituição em função da nova realidade legal e estatutária, modernizar os processos de gestão, promover a excelência em todas as áreas de intervenção, reforçar a internacionalização da instituição, reforçar os apoios aos estudantes e desenvolver novas áreas de intervenção, quer no ensino, quer na investigação e prestação de serviços.

Na área da internacionalização, defende que “o desenvolvimento do ISCTE-IUL como research university requer um posicionamento mais competitivo à escala global”, sendo que esse posicionamento “só será realidade quando for possível disputar, pelo menos à escala europeia e nas áreas-chave do Instituto, o recrutamento de estudantes de segundo e terceiro ciclos”.

O reforço dos apoios aos estudantes deverá, segundo o plano de acção de Luís Reto, centrar-se em dois domínios principais, designadamente a melhoria do sistema próprio de bolsas e o investimento na ampliação e criação de infra-estruturas de suporte. Para o reitor do ISCTE-IUL, “o desenvolvimento de um sistema próprio de bolsas é crucial, dados os custos de frequência do ensino superior em Portugal suportados pelas famílias, os quais constituem um sério obstáculo à expansão das instituições universitárias, particularmente no segundo e terceiro ciclos. Constituem, também, uma barreira adicional à desejada internacionalização, uma vez que não são cobradas propinas em boa parte dos países da União Europeia.”

Luís Antero Reto, 57 anos, doutorado em Psicologia Social e das Organizações pela Universidade Católica de Lovaina e professor catedrático no ISCTE-IUL, era o presidente da instituição desde Fevereiro de 2005, tendo liderado o processo de transformação do ISCTE-IUL em Fundação.

 

 

 

UBI

Recepção ao caloiro correu bem

Pedro Venâncio, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) fez um balanço positivo da Recepção ao Caloiro, que teve início no dia 25 de Outubro e terminou a 31 de Outubro, sendo que o último dia, o mais aguardado da semana, com Táxi, Makongo e Supafly, superou as expectativas. O pavilhão da ANIL encheu e as bandas não desiludiram o público que tinha grandes expectativas para esse dia.

João Grande, vocalista dos Táxi, revela que gostaria de voltar à Covilhã para mais concertos. Os Makongo, que actuaram pela segunda vez na Covilhã, garantem que foi um dos melhores concertos que já tiveram. Supafly foi outra grande novidade. O Dj e cantor ingleses, que estiveram pela primeira vez em Portugal, animaram o recinto da ANIL e encerraram a última noite da recepção.

Na hora de fazer um balanço da semana, Pedro Venâncio, presidente da AAUBI, estava visivelmente satisfeito: “Recepção ao Caloiro 09 foi uma aposta ganha. equipa da Associação académica é uma equipa muito boa, constituída por pessoas muito trabalhadoras e isso foi o aspecto mais importante para que tudo corresse bem”.

Já a Serenata da Recepção, que juntou centenas de estudantes no Calvário, na noite de dia 25 de Outubro, contou com a presença do Grupo de Fados e Guitarradas “A Velha Cabra”, de Coimbra, e terminou com o habitual grito académico proferido pelo Imperatorum, responsável máximo pela praxe na UBI.

Joana Oliveira e Diogo Jesus

 

 

 

EFICÁCIA CONTRA O CANCRO

Coimbra investiga

Reduzir a elevada toxicidade da Adriamicina, um fármaco em uso clínico, bastante eficaz no combate a diversos tipos de cancro, mas com utilização cuidada devido aos danos causados em diversos órgãos, nomeadamente no coração, é o objectivo de uma investigação em curso, conduzida por uma equipa de cinco cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), através do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), em parceria com a Universidade do Minnesota (EUA), com a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, através do Centro de Investigação em Actividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) e com a Universidade Fernando Pessoa, no Porto.

Financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a investigação começou em 2002 e centra-se em estudar e perceber os mecanismos pelos quais a adriamicina interfere com a mitocôndria cardíaca, o organelo responsável pela geração de energia nas células. Esta investigação tem também levado ao estudo de moléculas que ajudem a prevenir e/ou bloquear os danos causados pelo medicamento no coração.

Das baterias de testes realizados in vitro (linhas celulares cardíacas) e in vivo (modelos animais) ao longo da pesquisa, da qual já resultaram 12 artigos científicos publicados nas revistas de referência, foi possível verificar, pela primeira vez, que para além do coração, outros órgãos são também afectados pela toxicidade do fármaco, embora seja de facto a mitocôndria cardíaca a mais sensível à toxicidade da adriamicina.

 

 

 

BLENDED-LEARNING

Aveiro forma em Cabo Verde

A Universidade de Cabo Verde foi o palco escolhido para a realização da cerimónia de encerramento do Projecto de Formação Avançada, nas áreas de Ensino a Distância e Didáctica de Línguas, que a Universidade de Aveiro executou entre 2006 e 2008 e que teve o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Este projecto de formação pós-graduada nas áreas da aplicação das TIC em educação e da didáctica do Português como língua segunda teve por destinatários docentes e quadros superiores do Instituto Superior de Educação (ISE), do Instituto Superior de Engenharia e Ciências do Mar (ISECMar), do Instituto Pedagógico (IP), da Rádio Educativa e da Direcção-Geral da Educação e Alfabetização de Adultos.

Foram leccionados durante dois anos o Mestrado em Multimédia em Educação e o Mestrado em Didáctica da Língua (especialidade Português, como língua segunda). O primeiro Mestrado foi frequentado por 18 formandos, o segundo por 10 e em ambos foi utilizada a modalidade de formação blended-learning. Esta modalidade baseia-se numa estratégia de formação mista, com actividades presenciais e não presenciais. As actividades não presenciais foram realizadas através da interacção a distância dos formandos e tutores através da Internet.

Na cerimónia de encerramento foram entregues 12 diplomas referentes ao Mestrado em Multimédia em Educação e oito ao Mestrado em Didáctica de Línguas, o que corresponde a uma taxa de aprovação de, respectivamente, 67% e 80 % dos alunos que frequentaram a 1ª edição do curso.

 

 

 

EDUCAÇÃO PARA OS MEDIA

Investigadores do Minho ganham

Três investigadores do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, Sara Pereira, coordenadora, Luís Pereira e Manuel Pinto, receberam o Evens Prize for Intercultural Education 2009 - Media Education, em Itália, numa cerimónia que teve lugar durante o 2º Congresso Europeu de Educação para os Media.

A candidatura apresentada pelo CECS traduziu-se num projecto intitulado Media Education in Booklets: Learning, Knowing and Acting. O prémio é atribuído pela Evens Foundation, da Bélgica, e tem o alto patrocínio da Comissária Europeia para a Informação, a Sociedade e os Media, Viviane Reding. Visa “realçar a importância da Educação para os Media e promover o desenvolvimento de propostas sustentáveis neste âmbito, dirigidas a crianças na Europa”.

O projecto do CECS foi submetido a 15 de Janeiro deste ano, tendo passado pelo ‘crivo’ de várias selecções intermédias e a visita à Universidade do Minho de um elemento do júri e coordenador de projecto da Evans Foundation. Consiste na produção de três livrinhos que incluem trabalho de criação gráfica de personagens e que visam sugerir a pais e educadores indicações úteis sobre como lidar com os media, no dia-a-dia, tendo por base investigações feitas no âmbito do CECS. O primeiro booklet, pronto para difusão, incide sobre a TV, seguindo-se outros dois sobre outros media.
 

 

 

UBI

Dança e fitness na Universidade

Os Serviços Sociais da Universidade da Beira Interior já iniciaram as actividades de lazer dirigidas pelo sector de Cultura e Desporto. O programa conta com várias modalidades, como o Step, Pilates, Workout, Ritmos Latinos, GAP, Aerocombat, UBI Mix e Dance Fusion. O UBI Mix é um “pacote” de várias actividades que se realiza três vezes por semana na hora de almoço. A grande novidade é o Dance Fusion, modalidade que junta de uma forma divertida o Fitness com a Dança, proporcionando aulas de maior intensidade e energia de movimentos. Com o objectivo de recreação e lazer na área da saúde, e deixando de lado a competição, as actividades procuram principalmente a adesão da comunidade Ubiana, alunos, docentes e funcionários. As aulas são efectuadas na sala panorâmica junto à cantina de Santo António.
 

 

 

UBI

UBI investiga na Guarda

Uma tese de doutoramento, na área da Física, desenvolvida na Universidade da Beira Interior, pretende elaborar um mapa de risco no que respeita à presença de radão na cidade da Guarda. Um estudo que irá apontar algumas formas de prevenção e respostas para casos actuais.

Segundo alguns estudos científicos, a cidade da Guarda e a região envolvente apresentam locais de grande concentração deste gás. Isto porque, o urânio está bem presente em certas rochas graníticas e a região da Guarda contava também com algumas explorações mineiras deste material. Todos estes estudos científicos não apresentam, todavia, um mapa de localização das zonas mais problemáticas, nem algumas indicações para minimizar o problema.

O estudo científico está a ser desenvolvido por uma professora de uma escola secundária da Guarda, e está a ser orientado por Sandra Soares, docente do Departamento de Física da UBI. O trabalho vai envolver também os alunos da escola onde a autora do trabalho científico é docente. Os estudantes vão ficar associados ao trabalho através da disciplina de Área de Projecto, no 12º ano de escolaridade, “para corroborar esta vertente pedagógica”, explica a orientadora da tese.

Esses grupos da área pedagógica podem depois escolher as diferentes vertentes em que querem trabalhar, “se na área social, se na área económica, ou outras”. Na vertente pedagógica, onde o trabalho dos alunos vai estar em grande relevância, “está programada a realização de um ciclo de palestras cuja temática central é o radão. Estamos a apontar para Maio do próximo ano, como data provável da realização destes encontros onde está também agendada uma visita de estudo às minas daquela região”, adianta Sandra Soares.

Eduardo Alves
 

 

 

NA UBI

Boa latada saiu tarde

A Latada na Universidade da Beira Interior desfilou este ano quase às escuras devido a alguns obstáculos inesperados. O Curso de Medicina, que deveria encabeçar o cortejo, não compareceu no ponto de partida do desfile, situação que se repetiu com mais 16 cursos. Apenas Ciências do Desporto, Ciências Biomédicas, Optometria e Filosofia, chegaram um pouco antes da hora prevista para o início do cortejo.

Com apenas metade dos cursos no lugar habitual, Catarina Paixão e Ana Patrícia Tenreiro, ambas finalistas do Curso de Ciências Biomédicas, estavam eufóricas por ser o seu último ano. A redução do número de vagas no curso e o aumento do valor das propinas, foram o tema do curso, que ficou entre os dez primeiros lugares.

Vanessa Martins, natural de Tortosendo e aluna de Filosofia, destacou que neste dia se “um ambiente de festa e apesar do número reduzido de caloiros que o curso tem, isto acaba por ser uma festa global, pois envolve todos os cursos, havendo uma enorme interacção”. Acrescentou ainda que “a relação entre os superiores e ao caloiros” começa agora a ganhar “contornos mais profundos”, sendo isto quase como que uma compensação por cinco semanas de praxe.

O curso de Engenharia Electromecânica, que deveria ter saído no 23º lugar, tinha como tema de Latada a comparação entre três gerações, caracterizadas por três carros: o do futuro, o clássico e, por último, o carro da idade da pedra. Mauro Pereira e Tobias Abrantes, caloiros de electromecânica, consideram que este dia era um dia diferente de todos os outros pois é o dia em que mostram “o trabalho de cinco semanas de praxe aos outros cursos”.

O curso de Optometria, que partiu na quinta posição, tinha como tema de Latada o Packman. Marisa Mendes, finalista de 22 anos, disse estar a passar um dia inesquecível: “quem passa por isto é que sabe”. Revelou ainda que sente muita tristeza em estar na recta final da sua vida académica e que a partir de agora acabou-se a festa, e é “estudar até mais não”.

Cátia Barbosa
 

 

AO ALMOÇO COM... JOÃO QUEIROZ, REITOR DA UBI

Viragem na investigação

A Universidade da Beira Interior poderá vir a criar infra-estruturas que permitam alojar jovens estudantes de doutoramento e pós-doutoramento, criando assim condições para aumentar o número de estudantes a este nível e, em consequência, dar um novo impulso à investigação realizada, quer em termos nacionais quer no âmbito de parcerias internacionais.

Este é, pelo menos, um dos desejos do novo reitor da instituição, João Queiroz, que foi o primeiro convidado da nova secção do Ensino Magazine, denominada “Ao almoço com…”. Numa conversa franca, à mesa do Restaurante Piornos, na Covilhã, o ex-responsável pela Faculdade de Ciências da Saúde explicou o seu plano para a UBI, bem como as estruturas que permitirão conseguir atingir os objectivos.

O reitor defende uma internacionalização com efeitos práticos na estratégia global para a UBI, que vá claramente além da troca de alunos através do programa Erasmus ou intercâmbio de alguns docentes. Essa internacionalização deve permitir incrementar a qualidade da formação e dos serviços, a melhoria da investigação realizada e a consequente afirmação da UBI.

O estabelecimento de parcerias a nível nacional e internacional, sobretudo em termos de mestrados e doutoramentos, são áreas caras à nova equipa reitoral. João Queiroz lembra que é dos doutoramentos que muitas vezes surgem contactos entre investigadores de diferentes instituições, que depois estão na base de parcerias em projectos de investigação.

“O caminho tem de ser por aí, pela participação em projectos europeus, pelo desenvolvimento de 3º Ciclos comuns com universidades europeias”, afirma. Por isso estão a ser acompanhados de perto casos de parcerias ao nível de alunos de doutoramento, como acontece em termos de Informática, com Espanha, da Medicina, com França, na Bioquímica, com a Suécia. “Estes são bons alicerces para o desenvolvimento de protocolos bastante mais latos com essas universidades, que são de referência na Europa”.

Reconhecimento. João Queiroz enquadra o seu plano na Estratégia de Lisboa, que defende um Ensino Superior mais forte e cooperante, pois considera que a melhoria da UBI a todos os níveis permitirá obter reconhecimento por parte de outras instituições europeias, o que será fundamental para manter o processo de fortalecimento da universidade.

É por isso que aposta claramente no 2º e 3º Ciclos, já que ao nível do 1º Ciclo de estudos, a UBI está bem e recomenda-se, não sendo previsível o aumento do número de alunos a curto prazo, tendo em conta as limitações impostas pelo Ministério. “Temos uma oferta de 1170 vagas, as quais temos preenchido. Só este ano, com transferências e reingressos, já temos mais de 1400 primeiras matrículas. Estamos satisfeitos. A aposta da minha equipa é aumentar o número de alunos no 2º e 3º Ciclos, sendo que este ano tivemos mais de 1500 candidaturas ao 2º Ciclo e também crescemos no 3º Ciclo (no qual vai propor uma revisão da parte curricular)”.

A lógica será a de potenciar os recursos humanos existentes, pois a UBI tem um corpo docente preparado para orientar novas teses, além de infra-estruturas adaptadas ao desenvolvimento da investigação, como é o caso dos laboratórios. Tal permitirá aumentar a produção científica e a visibilidade da universidade.

A UBI terá por isso, em breve, um sistema de incentivos à produção científica. “A UBI já tem o Instituto Coordenador da Investigação, como unidade orgânica. Estamos neste momento numa fase de produção de regulamentos e este mês foram eleitos os directores dos centros de investigação, os quais integram o Conselho Científico do Instituto. Agora, estamos a estabelecer parcerias com instituições financeiras para a criação de dois prémios, um de mérito científico em cada faculdade, que financia projectos a quem já provou a sua capacidade. O segundo prémio será de convergência científica, para investigadores mais novos, com muito valor, mas que estão no início da carreira. A ideia é financiar uma parte inicial dos seus projectos”.

O objectivo é que os mais jovens possam depois ganhar experiência e conseguirem financiamento externo para projectos futuros. Mas o apoio pretende ir mais longe, pois também os bolseiros de investigação poderão receber uma bolsa da universidade. “Através do Instituto Coordenador da Investigação vamos procurar identificar quem é merecedor dessa bolsa e quem a vai ter durante um ou dois anos”, garante.

O processo deverá estar em curso a partir de Janeiro e João Queiroz considera que marca “uma viragem”, pois “os pressupostos de quem hoje faz investigação em Portugal são diferentes de há 10 anos. A qualidade da investigação é muito importante, pelo que temos de nos reger por critérios bem definidos”.

 

 

 

CASTELO BRANCO E GUARDA

"Vamos sentar-nos à mesa para conversar"

A colaboração com os institutos politécnicos de Castelo Branco e Guarda é um dos objectivos do novo reitor. “Temos de encarar a questão de uma forma global e tentar cooperar a vários níveis, para nos tornarmos todos mais fortes. A Universidade da Beira Interior está disponível para se sentar à mesa e discutir a cooperação, quer ao nível de formação de pessoal docente e não docente, quer a nível do 1º e 2º Ciclos, entre outros”, refere.

João Queiroz defende que a UBI deve ter um papel estratégico no desenvolvimento regional, em conjunto com outros parceiros, razão pela qual defende uma posição “mais pró-activa”. Para isso, além da cooperação com os politécnicos, defende uma estratégia mais alargada, que envolva o poder local e o mundo empresarial, de forma a conseguir fixar na região os recursos humanos aqui formados. A lógica será a de aumentar a massa crítica, ao mesmo tempo que se combate o despovoamento.

 

 

 

NECESSIDADE DE EMPRESAS

Estamos a forma à medida?

Uma das preocupações de João Queiroz é a relação entre as competências que os alunos desenvolveram até ao momento em que terminam a formação na universidade e as competências que as empresas exigem aos seus novos quadros. “Gostaria muito de ver bem definidos e caracterizados os objectivos e as competências que os alunos desenvolveram à saída de cada ciclo de formação. Já o fizemos quando adaptámos a Bolonha, mas não estão suficientemente bem discutidas, a não ser em algumas áreas profissionais, como por exemplo a Medicina”.

Além de fazer esta discussão e definição, o reitor da UBI considera que é preciso aproveitar a maior abertura das instituições ao mundo empresarial e desenvolver projectos comuns, de forma a irem ajustando as competências aos objectivos das empresas. “Tal demora algum tempo e implica que os profissionais que já estão no sector participem na discussão, de modo a que a adaptação seja feita, aos poucos”.

 

 

NOVO PLANO

Avaliar é preciso

Depois de três meses “extremamente duros”, em que teve de estudar todos os dossiês, organizar a equipa, acompanhar a eleição dos novos órgãos nas faculdades, o reitor da UBI teve ainda de acumular o lugar de administrador, que entretanto estava vago. Mas agora, embora o trabalho não diminua, a pressão é menor e a gestão está a entrar em velocidade cruzeiro.

Uma das áreas que está a tingir essa velocidade é a implementação do Gabinete de Qualidade, que é muito caro ao reitor. “Se a UBI não tivesse pensado este Gabinete, estávamos completamente ultrapassados, pois a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior exige actualizações e validações. Sem este Gabinete não conseguíamos responder”.

Nesta primeira fase, o Gabinete está também centrado em avaliar a qualidade do ensino, bem como a qualidade dos cursos, das unidades curriculares, das taxas de sucesso e de insucesso, entre outras. A qualidade do serviço é avaliada por um outro sector, a cargo do administrador. A qualidade da investigação vai ser uma tarefa do Instituto Coordenador da Investigação.

Além de avaliar, a preocupação do reitor está agora em estabelecer um plano estratégico de desenvolvimento da UBI, a médio e longo prazo, ou seja, de cinco a 10 anos. A discussão já começou e a estratégia passará por discutir na equipa reitoral, alargar a discussão depois aos presidentes das faculdades. Depois serão os presidentes das faculdades a debaterem com os presidentes dos departamentos. E só depois do feed-back avançará a elaboração de um documento que João Queiroz quer apresentar ao Conselho Geral em meados de 2010.

 

 

 

BOLONHA É BOA, MAS FALTAM VERBAS

Ensino em mudança na UBI

A lógica de aprendizagem defendida na Declaração de Bolonha encaixa claramente na organização do curso de Medicina da UBI, que atribui grande relevância ao papel activo do aluno, à auto-aprendizagem e trabalho em pequeno grupo, orientado pelo professor, em lugar das tradicionais aulas magistrais. A organização está a resultar e o reitor defende que deverá ser alargada a toda a universidade.

“Esse é o objectivo. O conceito que foi aplicado no curso vai ser aplicado a toda a universidade”, garante. Mas ainda em relação a Bolonha, que defende claramente, o reitor faz alguns reparos à sua aplicação em Portugal. “Se os prazos impostos não fossem apertados, hoje ainda não teríamos nada de acordo com Bolonha, como acontece com outros países. Os prazos foram um mal menor. Agora temos de dizer que não foi tudo bem feito, que há muito por fazer. Penso que, daqui por 10 anos, voltaremos a fazer uma reflexão sobre Bolonha e, até lá, temos de implementar Bolonha como deve ser”.

No caso concreto da UBI, foi criado o Gabinete de Desenvolvimento e Apoio Educativo, que coordena a formação dos professores a vários níveis, caso da forma como deve encarar a relação com os alunos, como deve definir objectivos ou fazer a avaliação, que instrumentos deve utilizar. A formação está já em curso e”dentro em breve deverá dar frutos”, sendo que a aplicação da organização do Curso de Medicina deverá ser aplicada aos outros cursos a partir de experiências piloto desenvolvidas em cada faculdade.

Apesar do seu apoio a Bolonha, João Queiroz considera que se devia ter apostado em “não estrangular as universidades do ponto de vista financeiro. As universidades têm de se adaptar e isso implica ter outras condições, em termos físicos e humanos. Porque Bolonha é muito exigente. Mas não houve esse acompanhamento e todos temos de trabalhar no sentido de alertar os organismos responsáveis e o ministro para esse facto”.

 

 

 

RELAÇÃO COM O PARKURBIS

O potencial da Saúde

Enquanto presidente da Faculdade de Ciências da Saúde, o actual reitor defendeu sempre que o Parkurbis – Parque Tecnológico da Covilhã é fundamental na passagem do conhecimento da universidade para as empresas, mas também para a fixação dos graduados aqui formados. A ideia mantém-se e é alargada a toda a universidade.
“Nós temos de responder às solicitações do mercado e das empresas. Noto que a Faculdade de Ciências da Saúde e o Curso de Medicina, em particular, potenciou uma área de investigação muito específica, a da Saúde e Qualidade de Vida. Temos uma grande procura no interface entre tecnologia, medicina, hospitais e investigação base, de laboratório”.

Este sucesso deve-se à afirmação do centro de investigação na área da saúde, em termos nacionais e internacionais, bem como a diversidade de formações na área da Saúde, desde as ciências farmacêuticas, biomédicas, medicina e bioengenharia. A ligação das engenharias com a área da Saúde potencia a relação com as empresas, para o que contribui também a relação da UBI com o Parkurbis e as instituições de saúde da região. João Queiroz confia que esta área tem um grande futuro, atrairá empresas, e acredita no sucesso da candidatura que prevê a criação do Parkurbis Medical, um espaço de incubadora de empresas que poderia ser criado até 2011, nas instalações da universidade.


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