QUATRO RODAS
Gelei, simplesmente
gelei
Como é habitual o nosso Director ligou-me
a informar qual o dia de fecho do Ensino Magazine para lhe enviar o meu
habitual texto. Nesse momento estava no Porto em trabalho, e já tinha um
tema pensado para esta edição. No entanto algo de marcante, que ocorreu
durante a minha viagem para norte, mudou radicalmente a ideia inicial.
Mas vamos retroceder um dia, para o momento em fazia essa minha viagem
de automóvel. Estava um dia cheio de sol, o piso estava seco e havia
pouco trânsito. Eram mais ou menos onze da manhã e deslocava-me pela A25
com o limitador de velocidade ligado. Em plena subida numa altura em que
temos 3 faixas e sem que nada o fizesse prever, vislumbro alguns vultos
no meio da estrada a gesticular. Reduzi a velocidade e comecei a ver
alguns agentes da autoridade a forçar a passagem do trânsito pela faixa
central. Mais à frente começo a aperceber-me algo de grave se tinha
passado muitas ambulâncias, macas pelo chão, e alguns carros bastante
mal tratados entre os quais um bem encostado à esquerda. Um bombeiro
munido da famosa “tesoura” de desencarceramento, estava a cortar
literalmente este veículo, para libertar um dos ocupantes, que já tinha
colocado o colar cervical, e estava a receber uma solução intra-venosa.
Um cenário arrepiante, que passei rapidamente para não atrapalhar, pois
pareceu-me tudo controlado.
No dia seguinte já não pensava muito no que tinha acontecido, até que
durante o almoço, um colega mais atento começa a folhear o jornal e me
lê a notícia do acidente do dia anterior. Qual não foi o meu choque
quando ele me refere que tudo aconteceu porque um dos veículos
envolvidos vinha em plena auto-estrada no sentido contrário…GELEI. E se
por acaso passo meio hora mais cedo? Em vez de espectador, podia ter
sido um dos protagonistas, deste quadro macabro. Por muita experiencia
de condução que se tenha, se aparecer um carro em sentido contrário numa
via deste tipo, é daquelas coisas que são difíceis de evitar.
Tenho andado com isto na cabeça deste essa altura, e a pensar como se
podem evitar situações destas. Em primeiro lugar tenho de dizer que não
gostei da forma como o acidente estava sinalizado. Muita gente no local,
mas pouca eficiência. Aqui sugiro que as autoridades passem a usar
bandeiras amarelas agitadas, para sinalizar o perigo, seguindo o exemplo
do que se faz na competição automóvel e mesmo no ciclismo. Está tudo
inventado e assim poderemos diminuir os acidentes que ocorram na
sequência de outros acidentes.
Para evitar a entrada em contramão, que é mais fácil de ocorrer nas
auto-estradas sem portagens, penso que poderemos desenvolver um sistema
de controlo semelhante ao usado pelas concessionárias no controlo de
tráfego, para detectar os veículos que passem em sentido contrário nos
acessos. Ao ser detectada essa situação seria de imediato accionado um
semáforo, uma sirene de aviso ao veículo, ou mesmo uma baia para evitar
a sua entrada. Se tudo isto se fizer no acesso penso que teríamos
resultados positivos.
Não sei se estas ideias chegam ou não a quem de direito, mas depois do
que me aconteceu naquele dia, não podia deixar de usar este espaço para
contar o que me vai na alma.
Prometo voltar a falar destas coisas. Até lá tenham cuidado na estrada.
Paulo Almeida
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