GENTE & LIVROS
Paolo Giordano
«(...) Descobrem-se
números primos cada vez mais isolados, perdidos naquele espaço
silencioso e cadenciado feito apenas de cifras e nota-se o
pressentimento angustiante de que os pares encontrados até aí foram um
facto acidental, cujo verdadeiro destino é o de ficarem sozinhos.
Depois, quando se está prestes a desistir, quando já não se tem vontade
de contar mais, eis que se descobrem, abraçados, mais dois gémeos. Entre
os matemáticos é convicção comum que por mais que se avance na contagem,
existirão sempre mais dois, ainda que ninguém saiba dizer onde, até
serem descobertos.
Mattia achava que ele e Alice eram assim, dois primos gémeos, sós e
perdidos, próximos mas não o suficiente para se tocarem realmente. A ela
nunca lho dissera. Quando imaginava confessar-lhe estas coisas, a fina
camada de suor sobre as suas mãos evaporava-se por completo e durante
uns bons dez minutos não era capaz de tocar em nenhum objecto».
In A Solidão dos Números Primos
Paolo Giordano nasceu em
Turim em 1982. É filho de um médico ginecologista e de uma professora de
inglês e tem uma irmã mais velha 3 anos. Licenciou-se em Física na
Universidade de Turim e ganhou uma bolsa de doutoramento em Física de
Partículas. O seu primeiro, e por enquanto único romance, A Solidão dos
Números Primos (2008), conseguiu o reconhecimento imediato em Itália.
Foi o livro mais vendido no ano passado em Itália, venceu a 62º edição
do Prémio Strega e arrebatou uma menção honrosa na edição 2008 do Prémio
Campiello. A Solidão dos Números Primos é igualmente um sucesso de
vendas em Portugal.
Paolo declarou em entrevista à Agência Lusa que a personagem principal
masculina do livro «não sou eu, mas é como eu me sentia em criança»,
enquanto Alice, a personagem principal feminina, «Ela é como a soma de
três ou quatro raparigas que conheço, sim três e meia».
O autor que se diz «habituado a histórias tristes e a a gostar delas»
explica a preferência «acho sempre que escrever e contar histórias tem
mais que ver com dor do que com qualquer outra coisa e, por isso, apesar
de não ter realmente decidido escrever uma história triste, era o que eu
estava interessado em contar».
Paolo Giordano vive em Turim e quer continuar a escrever.
A Solidão dos Números
Primos. Alice é anoréctica e vive traumatizada por um acidente de
infância; Mattia é um brilhante estudante de matemática que carrega
desde criança um sentimento de culpa profundo.
Obrigada pelo pai a ter aulas de esqui, aos sete anos Alice sofre uma
queda numa pista que lhe deixa uma lesão permanente numa perna.
Irmão gémeo de uma menina com deficiência mental, em criança Mattia
deixa a irmã num banco de um jardim público para ir a uma festa de
aniversário. Ao voltar por Michela ela não está lá, e Mattia não mais a
encontra.
Eles conhecem-se em adolescentes, compreendem melhor do que ninguém a
dor do outro e parecem destinados a amarem-se. Mas a barreira de vidro
da solidão não quebra e Alice e Mattia relacionam-se como números primos.
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
Paralelo 40º. Bala Santa, de
Luís Miguel Rocha. Quais os acontecimentos que estiveram por detrás da
tentativa de assassinato do Papa João Paulo II, em 1981? Este é o
mistério que reúne os agentes dos serviços mais influentes do mundo e
vai cruzar os destinos de uma jornalista internacional, um ex-militar
português, e um muçulmano que vê a Virgem Maria. Está será uma missão
arriscada pois a descoberta da verdade não é o objectivo de todos os que
se movem no Vaticano.
Dom Quixote. A Feiticeira de
Florença, de Salman Rushdie. Num mundo dominado pelos homens uma mulher
luta para comandar o seu próprio destino. A sua vida irá atravessar duas
cidades tão distantes como fascinantes. A capital do império mongol,
onde um sábio imperador se confronta com traições familiares, crenças e
desejos; e Florença com uma corte poderosa uma filosofia humanista e
práticas desumanas. A Feiticeira de Florença amarra o leitor ao eterno
encanto das histórias de Rushdie.
Difel. O Caminho para Avignon,
de Lisa T. Bergren. O Caminho para Avignon vem encerrar a trilogia que
iniciou com A Carta Proibida e prosseguiu com O Mapa de Vidro. Com esta
saga regressamos ao século XIV e à irmandade dos Dotados, onde treze
homens e mulheres possuidores de um dom espiritual de origem Divina têm
por missão lutar contra as forças do Mal e a Inquisição.
Presença. A Rapariga das
Laranjas, de Jostein Gaarder. Georg Roed tem 15 anos quando perde o pai.
Ao saber da impossibilidade de acompanhar a vida de Georg, o pai
deixou-lhe uma carta. Será com esta missiva e a história que ela encerra
sobre a rapariga das laranjas que o diálogo entre pai e filho será
retomado. Jostein Gaarder é conhecido internacionalmente por O Mundo de
Sofia.
Piaget. Inteligência da
Complexidade Epistemlogia e Pragmática, de Edgar Morin e Jean-Louis Le
Moigne. A complexidade que durante muito tempo foi aceite como a
aparência superficial do real é, desde à meio século para cá, um
verdadeiro movimento esboçado e desenvolvido para restaurar a
inteligência da complexidade na cultura, no ensino, e no pensamento.
Europa-América. O Tibete, de
Claude B. Levenson. «Tecto do mundo», «Senhor das Águas da Ásia», com os
maiores rios que correm pelo continente, o Tibete é presentemente - e
desde 1950 - um país mártir, indevidamente ocupado pela China. Uma
proposta de descoberta do Tibete, da sua história e religião pautadas
pelo pacifismo, e de uma civilização fascinante e ameaçada.
Estampa. Guia Essencial de Nova
Iorque. Os Locais de interesse histórico, mapas especiais, as melhores
compras, preços, mapas de cidade, tudo num guia que promete ser o mais
acessível de sempre e merece viajar com o leitor até Nova Iorque.
Pergaminho. Amar, Sonhar, Viver,
de Gary Zurov. Amar, Sonhar, Viver apresenta as descobertas que o autor
fez na área do desenvolvimento e liberdade espiritual. Socorrendo-se de
histórias, exemplos e testemunhos Gary Zurov lança o desafio aos
leitores: «viver a existência merecida e cumprir um destino autêntico».
Âncora. Do Interior da
Revolução, entrevista de Maria Manuela Cruzeiro a Vasco Lourenço. Este é
um trabalho elaborado a partir de uma longa entrevista levada a cabo,
entre 1992 e 1995, para o projecto de História Oral do Centro de
Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra. A obra permite a
reconstituição de um período fundamental da nossa história vivido por um
dos seus protagonistas.
PELA OBJECTIVA DE J.
VASCO
Dia do Pescador
No próximo dia 31 de Maio celebra-se o
Dia do Pescador. Portugal, com uma excelente e atractiva costa tem, nas
pescas, problemas frequentes: uma frota pouco competitiva, população
activa mal preparada e envelhecida, quotas limitativas da actividade, o
desemprego como ameaça permanente. A tudo isto resistem heroicamente os
pescadores e suas famílias.
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