Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XII    Nº135    Maio 2009

Cultura

GENTE & LIVROS

Paolo Giordano

«(...) Descobrem-se números primos cada vez mais isolados, perdidos naquele espaço silencioso e cadenciado feito apenas de cifras e nota-se o pressentimento angustiante de que os pares encontrados até aí foram um facto acidental, cujo verdadeiro destino é o de ficarem sozinhos. Depois, quando se está prestes a desistir, quando já não se tem vontade de contar mais, eis que se descobrem, abraçados, mais dois gémeos. Entre os matemáticos é convicção comum que por mais que se avance na contagem, existirão sempre mais dois, ainda que ninguém saiba dizer onde, até serem descobertos.

Mattia achava que ele e Alice eram assim, dois primos gémeos, sós e perdidos, próximos mas não o suficiente para se tocarem realmente. A ela nunca lho dissera. Quando imaginava confessar-lhe estas coisas, a fina camada de suor sobre as suas mãos evaporava-se por completo e durante uns bons dez minutos não era capaz de tocar em nenhum objecto».


In A Solidão dos Números Primos
 

Paolo Giordano nasceu em Turim em 1982. É filho de um médico ginecologista e de uma professora de inglês e tem uma irmã mais velha 3 anos. Licenciou-se em Física na Universidade de Turim e ganhou uma bolsa de doutoramento em Física de Partículas. O seu primeiro, e por enquanto único romance, A Solidão dos Números Primos (2008), conseguiu o reconhecimento imediato em Itália. Foi o livro mais vendido no ano passado em Itália, venceu a 62º edição do Prémio Strega e arrebatou uma menção honrosa na edição 2008 do Prémio Campiello. A Solidão dos Números Primos é igualmente um sucesso de vendas em Portugal.

Paolo declarou em entrevista à Agência Lusa que a personagem principal masculina do livro «não sou eu, mas é como eu me sentia em criança», enquanto Alice, a personagem principal feminina, «Ela é como a soma de três ou quatro raparigas que conheço, sim três e meia».

O autor que se diz «habituado a histórias tristes e a a gostar delas» explica a preferência «acho sempre que escrever e contar histórias tem mais que ver com dor do que com qualquer outra coisa e, por isso, apesar de não ter realmente decidido escrever uma história triste, era o que eu estava interessado em contar».

Paolo Giordano vive em Turim e quer continuar a escrever.
 

A Solidão dos Números Primos. Alice é anoréctica e vive traumatizada por um acidente de infância; Mattia é um brilhante estudante de matemática que carrega desde criança um sentimento de culpa profundo.

Obrigada pelo pai a ter aulas de esqui, aos sete anos Alice sofre uma queda numa pista que lhe deixa uma lesão permanente numa perna.

Irmão gémeo de uma menina com deficiência mental, em criança Mattia deixa a irmã num banco de um jardim público para ir a uma festa de aniversário. Ao voltar por Michela ela não está lá, e Mattia não mais a encontra.

Eles conhecem-se em adolescentes, compreendem melhor do que ninguém a dor do outro e parecem destinados a amarem-se. Mas a barreira de vidro da solidão não quebra e Alice e Mattia relacionam-se como números primos.

Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

Paralelo 40º. Bala Santa, de Luís Miguel Rocha. Quais os acontecimentos que estiveram por detrás da tentativa de assassinato do Papa João Paulo II, em 1981? Este é o mistério que reúne os agentes dos serviços mais influentes do mundo e vai cruzar os destinos de uma jornalista internacional, um ex-militar português, e um muçulmano que vê a Virgem Maria. Está será uma missão arriscada pois a descoberta da verdade não é o objectivo de todos os que se movem no Vaticano.
 

Dom Quixote. A Feiticeira de Florença, de Salman Rushdie. Num mundo dominado pelos homens uma mulher luta para comandar o seu próprio destino. A sua vida irá atravessar duas cidades tão distantes como fascinantes. A capital do império mongol, onde um sábio imperador se confronta com traições familiares, crenças e desejos; e Florença com uma corte poderosa uma filosofia humanista e práticas desumanas. A Feiticeira de Florença amarra o leitor ao eterno encanto das histórias de Rushdie.
 

Difel. O Caminho para Avignon, de Lisa T. Bergren. O Caminho para Avignon vem encerrar a trilogia que iniciou com A Carta Proibida e prosseguiu com O Mapa de Vidro. Com esta saga regressamos ao século XIV e à irmandade dos Dotados, onde treze homens e mulheres possuidores de um dom espiritual de origem Divina têm por missão lutar contra as forças do Mal e a Inquisição.
 

Presença. A Rapariga das Laranjas, de Jostein Gaarder. Georg Roed tem 15 anos quando perde o pai. Ao saber da impossibilidade de acompanhar a vida de Georg, o pai deixou-lhe uma carta. Será com esta missiva e a história que ela encerra sobre a rapariga das laranjas que o diálogo entre pai e filho será retomado. Jostein Gaarder é conhecido internacionalmente por O Mundo de Sofia.
 

Piaget. Inteligência da Complexidade Epistemlogia e Pragmática, de Edgar Morin e Jean-Louis Le Moigne. A complexidade que durante muito tempo foi aceite como a aparência superficial do real é, desde à meio século para cá, um verdadeiro movimento esboçado e desenvolvido para restaurar a inteligência da complexidade na cultura, no ensino, e no pensamento.
 

Europa-América. O Tibete, de Claude B. Levenson. «Tecto do mundo», «Senhor das Águas da Ásia», com os maiores rios que correm pelo continente, o Tibete é presentemente - e desde 1950 - um país mártir, indevidamente ocupado pela China. Uma proposta de descoberta do Tibete, da sua história e religião pautadas pelo pacifismo, e de uma civilização fascinante e ameaçada.
 

Estampa. Guia Essencial de Nova Iorque. Os Locais de interesse histórico, mapas especiais, as melhores compras, preços, mapas de cidade, tudo num guia que promete ser o mais acessível de sempre e merece viajar com o leitor até Nova Iorque.
 

Pergaminho. Amar, Sonhar, Viver, de Gary Zurov. Amar, Sonhar, Viver apresenta as descobertas que o autor fez na área do desenvolvimento e liberdade espiritual. Socorrendo-se de histórias, exemplos e testemunhos Gary Zurov lança o desafio aos leitores: «viver a existência merecida e cumprir um destino autêntico».
 

Âncora. Do Interior da Revolução, entrevista de Maria Manuela Cruzeiro a Vasco Lourenço. Este é um trabalho elaborado a partir de uma longa entrevista levada a cabo, entre 1992 e 1995, para o projecto de História Oral do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra. A obra permite a reconstituição de um período fundamental da nossa história vivido por um dos seus protagonistas.
 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

Dia do Pescador

No próximo dia 31 de Maio celebra-se o Dia do Pescador. Portugal, com uma excelente e atractiva costa tem, nas pescas, problemas frequentes: uma frota pouco competitiva, população activa mal preparada e envelhecida, quotas limitativas da actividade, o desemprego como ameaça permanente. A tudo isto resistem heroicamente os pescadores e suas famílias.


Visualização 800x600 - Internet Explorer / Firefox

©2002-2009 RVJ Editores, Lda.  -  webmaster@rvj.pt