GENTE & LIVROS
Murilo de Carvalho
«O que me proponho a
escrever não são minhas memórias, não é um romance; será talvez, uma
longa reportagem sobre a história de várias guerras, grandes e pequenas,
que acompanhei ao longo desta vida de repórter. Mas principalmente sobre
a viagem de um homem em busca de sua alma e de seu povo. Esse homem se
chamou Pierre de Saint`Hilaire, foi soldado, músico, poeta, e mais tarde
transformou-se no Jaguar, o Iauaretê das pradarias do Sul».
In O Rastro do Jaguar
Jornalista, escritor,
argumentista e realizador de documentários, Murilo António de Carvalho
nasceu há 60 anos em Carvalhópolis, Minas Gerais, Brasil.
Durante os anos da ditadura militar brasileira, Murilo de Carvalho
passou muito tempo a trabalhar no que o Brasil chama de imprensa
alternativa - jornais que se opunham à ditadura militar e estavam sob
censura prévia.
Começou por escrever para o jornal Movimento, onde era responsável pela
secção Cenas Brasileiras (1975/1980). Nessa secção fazia um retrato da
realidade do povo brasileiro, e a pedido dos editores escrevia num certo
tom literário para tentar iludir uma censura implacável.
Neste período conviveu com tribos indígenas, fazendeiros e trabalhadores
rurais assistindo ao drama dos que perdiam as terras de onde tiravam o
sustento. Algumas das suas reportagens seriam depois publicadas em
livro.
O trabalho de jornalista prosseguia no Jornal Folha de São Paulo e em
revistas da editora Abril.
No Brasil publica dois livros de contos: Razões da Morte (1974); e Cara
Engraçada do Medo (1979); e em 1974 vence o Prémio Literário Concurso de
Contos do Paraná.
Murilo de Carvalho teve a cargo a realização de vários programas de
televisão e rádio e o guião do filme de longa metragem Fronteira das
Almas.
A realização de documentários é uma área onde Murilo de Carvalho tem
investido muito do seu tempo. Ultimamente esteve a trabalhar num
documentário na Amazónia.
O seu primeiro romance, O Rastro do Jaguar (2009), demorou cinco anos a
ser escrito e não passou despercebido, vencendo a primeira edição do
Prémio Leya (2008), atribuído pela Editora Leya, que o publicou em
Portugal.
O presidente do Júri do Prémio, o escritor Manuel Alegre, justificou a
escolha de O Rastro do Jaguar para vencedor do prémio com estas
palavras: «Obra de fôlego, que refigura uma vasta erudição, O Rastro do
Jaguar combina narrativa histórica e arte poética, elaboração wagneriana
e aura profética (...)».
O próximo romance do escritor já está escrito e tem o título de Memórias
de Isabel. Baseado na vivência do escritor nos anos da ditadura
brasileira, a história decorre no espaço de uma semana dividida pela
Bahia e São Paulo, e desenrola-se em torno da construção de uma barragem
no sertão e do assassinato de Vladimir Herzog - jornalista e amigo do
escritor, cujo impacto da morte contribuiria para a queda da ditadura.
No Rastro do Jaguar. No final da vida, Pereira, um jornalista de origem
portuguesa, revisita as suas memórias. Na segunda metade do século XIX,
quando o Brasil travava uma guerra contra o vizinho Paraguai e as
populações indígenas lutavam pela dignidade ultrajada pelos colonos,
dois homens percorrem o país. Enquanto Pierre entra numa demanda pela
sua identidade; Pereira fica com a missão de reportar as histórias da
guerra e a saga do melhor amigo, Pierre, O Jaguar.
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
Dom Quixote. Tempo Escandinavo,
de José Gomes Ferreira. Na estada do escritor, como cônsul, na Noruega,
começa a delinear-se este livro de contos. São 9 contos originais, 9
histórias soberbas que como o próprio autor afirma «(...) embora
baseados numa experiência de muitos anos, todos os episódios e
personagens desta narrativa foram totalmente inventados, para serem mais
reais e verdadeiros».
Difel. Não Tenhas Medo do
Escuro, de Gabriel Magalhães. Doente com cancro, uma professora procura
encontrar nos seus últimos dias um sentido para a vida. Mas uma criatura
de sombra persegue-a e após a morte o corpo dela desaparece. Nos poemas
que estudou com os alunos, nas pessoas que conheceu nos últimos meses,
está a explicação para o mistério. Não tenhas Medo do Escuro foi Prémio
Revelação da Associação Portuguesa de Escritores.
Piaget. Personalidade e
Desenvolvimento - Do Normal ao Patológico, de Grégory Michel e Diane
Purper Ouakil. As principais abordagens teóricas são tratadas nesta obra
que vem dar resposta ao que define em concreto a personalidade,
permitindo compreender se esta depende ou não do nosso ambiente social,
ou da educação; se muda com o desenvolvimento do indivíduo; se a sua
expressão é a mesma em crianças, adolescentes, adultos ou idosos; se se
altera com o que nos vai sucedendo ao longo da vida.
Europa-América. Sonhar as
Estrelas, de Linda Gillard. Marianne Fraser é cega de nascença, tem 40
anos, e vive com a irmã, uma escritora de sucesso, num elegante bairro
de Edimburgo. A vida muda radicalmente para Marianne quando se cruza com
Keir. Mas poderá ela confiar num desconhecido que quer levá-la para sua
casa e ensinar-lhe as estrelas?
Gradiva. Incompletude - A
Demonstração e o Paradoxo de Kurt Gödel, de Rebecca Goldstein. A autora
faz uma análise original da vida de Kurt Gödel. Recria a personagem
excêntrica que foi o maior lógico desde Aristóteles e o companheiro
intelectual de Einstein, e coloca de modo acessível o teorema da
incompletude.
Quimera. A Arte, Mestra da Vida
– Reflexões sobre a Escola e o Gosto pela Leitura, de Maria do Carmo
Vieira. O livro resulta do desejo da autora em partilhar reflexões e
preocupações sobre a Escola, e a sua missão tão fundamental e antiga de
preparar para vida, transmitindo conhecimento, cultura e arte.
Presença. Mar de Papoilas, de
Amitav Ghosh. Norte da Índia, ano de 1838. Nas vésperas da primeira
Guerra do Ópio, o navio Ibís recruta coolies indianos e transporta ópio.
O tempo é de mudança e agitação em toda a parte. Em terra os
agricultores são obrigados a substituir as plantações pela monocultura
do ópio; no Ibís a ordem é precária, e só o sentimento de fraternidade
entre a tripulação torna a vida a bordo possível.
Mar de Papoilas é um romance fascinante, finalista do Man Booker Prize
2008.
Cavalo de Ferro. O Que Resta do
Dia, de Judith Herzberg. O Que Resta do Dia é uma Antologia de poesia
com um texto em prosa, numa edição bilingue, de uma poeta holandesa que
é hoje uma das vozes representativas da poesia contemporânea europeia,
traduzida em vários idiomas e vencedora de muitos prémios.
Texto. Livro Com Cheiro a
Canela, de Alice Vieira, e Ilustrações de Raquel Pinheiro. Oito
histórias maravilhosas, perfumadas de canela, e muito bem ilustradas, de
uma autora amada por pequenos e crescidos.
Campo das Letras. Escrever a
Vida: Verdade e Ficção, de Paula Morão e Carina Infante do Carmo
(organização). Um contributo importante que vem alargar o campo de
estudo, perspectivas teóricas e análises de casos, e é dirigido a todos
os que escrevem biografias, ou autobiografias, e têm de se confrontar
com a tal linha esquiva que separa realidade e ficção.
PELA OBJECTIVA DE J.
VASCO
Dia Mundial do Meio
Ambiente
Dia 5 de Junho celebrou-se o Dia Mundial
do Meio Ambiente, 37 anos depois da sua criação pela Conferência das
Nações Unidas, na Suécia, no ano de 1972. Todos (uns mais que outros)
somos responsáveis pelo desenvolvimento sustentável do planeta. Façamos
a nossa parte e exijamos dos responsáveis que façam a sua.
MÚSICA
Green
day - 21st centrury break-down
Finalmente temos o regresso dos Green Day
em 2009, depois do grande sucesso do álbum “American Idiot” que vendeu
mais de cinco milhões de unidades em todo o mundo. A banda liderada por
Billie Joe criou, ao longo dos anos, um estilo próprio dentro do pop
rock direccionado para os mais novos, com mensagens muitas vezes com
conteúdo político.
Neste oitavo disco, a banda escolheu o tema “Know your enemies” como o
primeiro single. A produção esteve a cargo Butch Vig , um credenciado
produtor que já trabalhou com os Smashing Pumpkins ou Nirvana.
Estas dezoito faixas podem-se dividir em três partes, com a história de
Christian e Gloria, um jovem casal com alguns problemas mas com
esperança no futuro. As letras dos temas voltam a ter conteúdo politico,
abordando os actuais problemas dos Norte Americanos, com a perda de
confiança nos políticos.
O som da banda continua na mesma linha que os consagrou, embora em
algumas músicas deste “21st century breakdown” encontra-se um tom
clássico que traz à memória algumas bandas do passado. Os admiradores
dos Green Day não vão ficar desiludidos com este novo capítulo da banda,
destaque para o cartão de vista “Know your enemies” e o temas “21st
century breakdown”, Viva la Gloria”e “Peacemaker”.
Lily allen - it’s not me, it’s you.
Depois da edição do álbum estreia da britânica Lily Allen, que incluía
temas como “Smile”, e a assinatura da própria Lily Allen nas letras dos
temas, surge o novo registo “It´s not me, it´s you”,em que Lily convidou
apenas Greg Kurtin para a composição e produção do seu segundo álbum.
A sonoridade deste trabalho é muito actual e revela mais maturidade na
voz de Lily, sendo perfeita a relação da voz com as sonoridades pop,
electro, country e funk incluídas nas novas canções.
Nas letras são abordados temas como a discriminação, o racismo, as
drogas e os problemas dos famosos. A primeira amostra do álbum foi o
single “The fear” que em pouco tempo conquistou as charts em todo o
mundo. Um tema que recebeu algumas remisturas com sonoridades entre o
house e eletro, com destaque para a versão de Stonebrige.
Foi já neste mês de Junho que foi extraído o segundo single do cd, o
tema “Not fair” com um ritmo country e uma melodia contagiante. Das doze
faixas deste “It´s not me, it´s you”, detaque para os singles “The fear”,“Not
fair” e os temas “I could say” e “Who´d have know”.
Placebo - battle for the sun. Os
Placebo vão regressar a Portugal, no dia 10 de Julho, no Festival
Optimus Alive e trazem na bagagem o sexto álbum da banda que chegou ao
mercado no início deste mês de Junho.
A banda mudou de baterista em 2007, Stevie Hewett deu o lugar a Steve
Forrest. O primeiro avanço deste trabalho foi o single “For what it´s
worth”, que durante algum tempo esteve disponível para download gratuito
no site oficial da banda, actualmente é ainda possível ouvir alguns dos
temas novos após o respectivo registo. O sexto álbum de estúdio dos
Placebo tem a assinatura de Dave Bottrill e Alan Moulder, e ao longo das
treze faixas contam uma história com vários capítulos. Apesar da
emblemática voz de Brian Molko manter a mesma linha, a sonoridade
apresenta-se renovada com pequenas incursões na música electrónica, mas
sempre com acordes fortes e afinados de rock.
“Battle for the sun” foi lançado no tradicional formato de cd, em versão
digital e num pack dirigido aos fans da banda com um cd ao vivo, dois
dvd´s, e dois discos de vinil.Quanto aos destaques deste cd, os temas
mais fortes são, o single “For what it´s worth” e os temas “Ashtray
heart”, “For what it´s worth” e Bright lights.
Hugo Rafael
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