JORGE MENDES, PRESIDENTE
DO INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA
"Ensino Superior
deve ser discutido sem complexos"

O Instituto Politécnico da Guarda (IPG)
foi das primeiras instituições de ensino superior a ver os seus
estatutos aprovados. Foi também aquela que apresentou um modelo de
gestão diferente entre as diferentes escolas, com a nomeação dos seus
directores a ser da responsabilidade do presidente da instituição e
aprovada em Conselho Geral. Jorge Mendes, presidente do IPG refere que
são muitos os desafios que o Instituto tem pela frente. Em entrevista ao
Ensino Magazine considera que o ensino superior deve ser discutido sem
complexos. De caminho fala nos consórcios entre instituições, cujo
processo ainda não avançou, e da importância da nova Agência de
Acreditação.

No passado mês de Dezembro o
Politécnico assinalou mais um aniversário. Para este ano lectivo o
número de novos alunos correspondeu às expectativas?
Tivemos uma primeira fase bastante complicada, em que o número de
entradas ficou aquém do esperado. Depois com a segunda e terceira fases
e com os concursos especiais, como o >23, o resultado final situou-se
nos 85 por cento das vagas disponíveis preenchidas.
2008 foi um ano conturbado para as
instituições de ensino superior, as quais tiveram que aprovar novos
estatutos. Como é que correu o processo no IPG?
Tivemos os nossos estatutos aprovados pelo Ministério em 20 de Agosto de
2008, tendo sido publicados a 4 de Setembro, entrando em vigor um dia
depois. A partir dessa altura desenvolvemos todos os procedimentos para
a entrada em funcionamento dos novos órgãos. No entanto, muitos deles
estão dependentes da entrada em funções do Conselho Geral (CG), que é o
órgão mais importante do Instituto. Nesse sentido, fizemos a eleição dos
membros para o CG e a cooptação dos membros da comunidade. Agora o
Conselho Geral irá eleger, ainda este mês de Janeiro, o seu presidente.
Depois é dentro do Conselho Geral
que será eleito o presidente do IPG?
Nós somos uma das cinco instituições do país em que o presidente tem o
seu mandato válido até 2010, pelo que essa questão não se coloca. Neste
aspecto temos uma vantagem em relação à maioria das instituições, já que
só em 2010 é que o Conselho geral elegerá o novo presidente.
A nível dos estatutos, o IPG avançou
por um texto algo diferente. Por exemplo, os directores das escolas
passam a ser nomeados pelo presidente da instituição…
Foi uma questão de opção da Assembleia Estatutária e que esteve
relacionada com a nossa realidade. Discutimos muito essa questão e
chegámos a uma solução que é um pouco mista. Se por um lado é o
presidente do Politécnico que nomeia os directores, essa nomeação tem
que ser aprovada pelo menos com 23 votos (maioria qualificada) do
Conselho Geral. Se isso não acontecer, o presidente do Politécnico pode
voltar a apresentar os mesmos nomes precisando ainda assim de uma
maioria absoluta (17 votos), ou não mantém e escolhe outros nomes. Ou
seja, por uma questão de equipa, o presidente pode escolher os seus
elementos, mas por outro o Conselho Geral tem que se pronunciar. De
qualquer modo, penso que este sistema é vantajoso, já que passa a haver
projectos de escola idênticos aos do Instituto. Por outro lado, a
desnomeação só pode ser feita, a título excepcional e pelo Conselho
Geral.
Perante isto quais são os desafios
que se colocam ao IPG?
Há desafios que são globais a todo o ensino superior. Um deles diz
respeito à qualidade. Vai começar a funcionar a Agência de Acreditação e
os nossos cursos têm que cumprir os critérios para que possam ser
acreditados. Esse é o principal desafio do nosso instituto e penso que
de todas as instituições. Por um lado vai obrigar o apoio real à
formação de docentes para o grau de doutor, o que já estamos a fazer, e
por outro levanta a questão do título de professor especialista que a
tutela ainda não definiu muito bem, e para o qual as instituições apenas
têm 18 meses para ter o número exigido desses docentes. O segundo
desafio está relacionado com a aposta da Instituição em elaborar
propostas de mestrado e de formação pós graduada, já que no que respeita
à formação inicial a instituição já a tem.
Neste momento já há mestrados
aprovados?
Temos três mestrados aprovados, dos quais dois estão a funcionar na EST
e um terceiro vai funcionar na Escola Superior de Educação Comunicação e
Desporto. Mas temos propostas para o próximo ano. Além disso temos
apostado na formação pós graduada, individualmente ou em parceria com
outras instituições, como a Universidade Lusíada.
E ao nível dos doutoramentos está
prevista a abertura de cursos em parceria com universidades?
Estamos a estudar essa possibilidade com universidades portuguesas e
espanholas.
O facto da Guarda estar perto de
Espanha pode ser uma vantagem para a instituição…
É uma vantagem clara. Penso que nessa matéria a Guarda é o centro do
mundo…
Como referiu será a nova Agência a
acreditar os cursos das instituições. Esse é o caminho para separar as
águas e dizer-se, finalmente, quais as instituições e quais os cursos
que devem manter-se?
Tenho algum receio que por essa via algum governo possa ser tentado a
fazer uma reorganização da rede de ensino superior, transferindo para a
Agência essa responsabilidade. O que se deseja é que a nova entidade
faça, numa primeira fase, um trabalho de avaliação mas também de
aconselhamento. Se houver algum curso, em qualquer instituição que seja,
que não tem todos os requisitos exigidos, que seja dada a essa
instituição conselhos e um período para corrigir o que estiver menos
bem. Se assim não for, temo que se possa fazer uma reorganização da rede
de ensino pela via errada.
O responsável por essa Agência, o
professor Almeida e Costa, referia ao Ensino Magazine que seria este o
organismo a acreditar os cursos e não as Ordens. Concorda com esta
ideia?
É um factor muito positivo para as instituições de ensino superior. A
questão das Ordens é muito complicada. Nos últimos anos assistíamos, por
exemplo, antes da fase de candidaturas a Ordem dos Engenheiros informar
quais eram os cursos que estavam acreditados por si. As instituições não
podem fugir à avaliação e penso que o professor Almeida e Costa tem toda
a razão.
Uma questão, já abordada noutras
entrevistas, diz respeito à criação dos Consórcios entre instituições. O
que é certo é que o processo ainda não avançou por parte do ministério…
Mesmo tendo havido alguns sinais por parte da tutela que essa era uma
questão central, ela tem morrido. E esse é outro problema, já que as
instituições de ensino, nomeadamente os politécnicos, em muitos
aspectos, continuam de costas voltadas. Eu dou um exemplo de como o
entendimento entre instituições traz vantagens. No ano passado foi
aprovado um mestrado conjunto apresentado por sete instituições. E só
desse modo foi possível ele ser aprovado. Isto significa que há certos
tipos de formações, sobretudo de 2º ciclo, mas também de 1º, que fazem
todo o sentido funcionarem através de consórcios, definindo claramente
que essa formação pode funcionar num ano numa ou duas instituições e
noutro em instituições diferentes. A questão dos consórcios é, no meu
ponto de vista, central e não tem sido assumida dessa forma. O meu
receio é que alguém venha a impor parcerias ou dizer que esta ou aquela
instituição deve fechar.
Falou-se que esses consórcios
poderiam ser feitos tendo em conta as Nut’s. Concorda com essa
perspectiva?
Penso que é uma excelente base de trabalho. Nós próprios iremos
apresentar mestrados em conjunto com o Politécnico de Leiria, que está a
mais de 200 quilómetros…
O caminho pode ser esse?
Na minha opinião é. Admito que não seja uma posição consensual, até
dentro da instituição. Mas penso que é importante avançar-se através de
consórcios ou até através de uma Fundação que abranja vários
politécnicos. De resto, a questão de se criar um Fundação foi mesmo
lançada ao nível do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores
Politécnicos (Ccisp).
Eram todas estas mudanças que falava
no seu discurso no dia de aniversário do IPG?
É importante discutir a reorganização da rede. É uma questão central e
que exige que se tomem medidas. Andamos há uma série de anos a ouvir
dizer que há instituições a mais – eu tenho dúvidas que haja, e se as há
temos que ver onde estão a mais e onde é que fazem falta -, mas nada se
fez. Os Politécnicos e Universidades do interior do País são
importantes. Se os tirássemos desses locais essa medida seria gravosa
para as nossas cidades e regiões. Estamos a falar de uma situação
estratégica e o Governo tem que a tratar de uma forma política, tratando
os casos de formas diferentes. Quando se pede uma discriminação positiva
para as instituições do interior do país, importa questionar: estas
instituições são ou não importantes para a coesão do território. Se o
são, devem assumir os custos dessa decisão. E isso faz com que haja
dinheiro para as financiar. Não se pode aplicar uma fórmula que na sua
base diz respeito ao número de alunos quando essas instituições têm mais
dificuldades em atrair alunos.
Guarda debate saúde
O Instituto Politécnico da Guarda (IPG),
em colaboração com a Escola Superior de Saúde e a Escola Superior de
Tecnologia e Gestão, vai promover, no dia 30 de Abril de 2009, as II
Jornadas sobre Tecnologia e Saúde. Divulgar o que existe de mais
expressivo ao nível das tecnologias aplicadas à saúde; estabelecer o
diálogo entre investigadores e profissionais/estruturas de saúde
(médicos, enfermeiros, técnicos, profissionais e estudantes das áreas da
saúde e da tecnologia); dar a conhecer novos projectos e soluções
informáticas, permitir uma maior interacção entre ensino superior e as
empresas vocacionadas para as áreas referenciadas constituem os
principais objectivos destas Jornadas.
O programa vai incluir a apresentação de temas como “pHealth e a gestão
de doenças cardiovasculares”, por Paulo F. Pereira de Carvalho
(Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra);
“Factores de Sucesso na introdução de Sistemas de Informação na Saúde”,
por Paulo Teixeira (Instituto Politécnico do Cávado e do Ave); “eHealth
and Tobacco Cessation in Portuguese Young Adults”, através de Sofia
Ferreira e Yori Gidron (Brunel University West London); “Projecto Magic
Eye”, por Luis Figueiredo (Escola Superior de Tecnologia e Gestão do
Instituto Politécnico da Guarda) e “A tecnologia aplicada à Saúde: A
Realidade virtual no tratamento da acrofobia”, por Jorge Silvério,
Carlos Coelho, Jorge Almeida Santos e Carlos Fernandes da Silva
(Universidade do Minho).
No decorrer destas II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde falar-se-á ainda
de “NutriME – Um sistema de informação para a monitorização e
aconselhamento nutricional”, por João Varajão, e Vitor Fernandes
(Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); “Fabrico aditivo de
modelos médicos por impressão tridimensional”, por Fernando Cruz
(Instituto Politécnico de Setúbal); “Que tecnologia usar para
desenvolver um Registo Clínico Electrónico”, através de Eliana Amorim de
Sousa (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto); “Novas Técnicas
em Cardiologia”, por Cristina Gamboa (Unidade Local de Saúde da Guarda);
“A Videofluoroscopia como instrumento de avaliação e radiognóstico
funcional das perturbações da deglutição”, por Ricardo Ferreira Santos
(Hospital Privado da Trofa), e Adriano Rockland e Paulo Prata (Roche –
Divisão de Diagnóstico). “Web.Care – Plataforma on-line para estudos
clínicos multicêntricos”, por Pedro Farinha Silva (Serviço de
Bioestatística e Informática Médica da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto); NutriME – Um sistema de informação para a
monitorização e aconselhamento nutricional”, João Varajão, Vitor
Fernandes (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); “Blogs na
Saúde: um recurso informático como estratégia (in)formativa e
educativa”, Maria Rosa Silvestre, Faculdade de Ciências e
Tecnologia/Universidade Nova de Lisboa, e “Qualidade de sítios Web de
Unidades de Saúde – proposta de desenvolvimento de metodologia para
avaliação, comparação e melhoria”, Patrícia Leite Brandão, Instituto
Politécnico do Cávado e do Ave são outras das comunicações agendadas.
O programa destas II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde integra ainda a
apresentação de “posters” que têm como temas, entre outros, “Infrared
imaging possibilities in physiotherapy with an introduction to the data
acquisition technique”, da autoria de Lukas Orman (Universidade de
Kielce, Polónia); “Modelos experimentais para o estudo da regeneração do
tecido ósseo”, de Catarina Ferreira (Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra), Eduarda Ferreira (IPG); “Próteses auditivas
electroacústicas”, de David Tomé Simões (Escola Superior de Tecnologia
da Saúde do Porto); “Telecirurgia: Passado e Presente”, de Bárbara I.
Ferreira (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), Eduarda
Ferreira (IPG) e “Erros de Medicação e novas tecnologias”, de Ana Marisa
Cruz, Daniela Santos, Noémia Lima (Escola Superior de Saúde da Guarda /
IPG).
Os interessados em participar nestas Jornadas, que decorrerão no
Auditório dos Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda,
podem obter mais informações em
www.ipg.pt/tecnologia-saude2009 .
À semelhança do ano anterior haverá um espaço destinado a Expositores. 
CAMEIRA SERRA
Homenagem merecida

A Escola Superior de Educação,
Comunicação e Desporto da Guarda acaba de apresentar a sétima edição da
revista científica ESEG-Investigação, constituindo os artigos que a
compõem uma merecida homenagem ao Prof. Doutor Mário Cameira Serra,
recentemente aposentado.
Nas palavras do director da escola, Joaquim Brigas, “ uma instituição é
sempre o reflexo das pessoas que a compõem, não sendo preciso décadas
para reconhecer o trabalho das pessoas”. Aquele responsável realçou o
papel de Cameira Serra como antigo dirigente de órgãos da escola e o
investigador, mas acima de tudo, “como Homem, que deixa na memória dos
que com ele compartilharam e ainda partilham experiências e saberes”. Já
o Presidente do Conselho Pedagógico, António Pissarra, destacou a forma
afável e conciliadora, demonstrada por Cameira Serra, no trato com os
colegas e alunos, considerando-o “património da escola e da cidade”. A
sua actividade não se restringiu à Escola, mas também na colaboração
pontual com a comunidade. O professor jubilado Júlio Pinheiro enfatizou
o homem-professor, o homem na sociedade e na escola, e reflectiu ainda
sobre o país e a Europa em que vivemos.
Foi entregue ao homenageado, uma lembrança comemorativa deste acto.
Posteriormente, tomou a palavra, agradecendo aos presentes,
considerando-se um homem feliz e realizado. Destacou que sempre
encontrou nos alunos motivos para a aprendizagem, e que as escolas
fazem-se com renovação, de alunos e professores. A revista é constituída
por 8 artigos, escritos por colegas e amigos do homenageado, que
reflectem temáticas da educação e da cultura. 
COOPERAÇÃO
Acordo com a Lusíada
O Presidente do Instituto Politécnico da
Guarda, Jorge Mendes, e o Reitor da Universidade Lusíada, Diamantino
Durão acabam de assinar um protocolo de cooperação que engloba o já
existente com a Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto e o
Instituto Superior de Serviço Social da Universidade Lusíada. A
assinatura decorreu a 22 de Janeiro, nos Serviços Centrais do IPG. E
contou com a presença do presidente da Fundação Minerva, João Redondo.
Com esta parceria garante-se, por um lado, a continuidade na oferta
formativa pós-graduada, conferente ou não de grau académico, em áreas
carenciadas na região da Guarda, através do IPG, e por outro lado, o
intercâmbio de docentes e de conhecimentos técnico-científicos e
actividades de pesquisa e desenvolvimento conjunto de projectos. 
IPG
Red Pandora
Representantes das instituições
participantes no Projecto ‘Red Pandora’ de Cooperação Transfronteiriça
Portugal-Espanha do programa Interreg III (Ayuntamiento de Santa Marta
de Tormes, Ayuntamiento de Galindo y Perahuy, Instituto Politécnico da
Guarda, Câmara Municipal da Guarda e NERGA) reuniram-se recentemente em
Santa Marta de Tormes (Espanha) para realizar o encerramento desta
parceria.
O Projecto de cooperação permitiu estreitar as relações e conhecimento
das regiões fronteiriças, de forma a promover acções comuns para um
futuro de colaboração mútua, e desenvolvimento das regiões onde se
situam os promotores. Iniciado em 2006, o “Red Pandora” criou espaços
para melhorar a qualidade de vida das povoações, efectuou formações em
campos muito específicos, como o foram na área da agricultura biológica
e das ‘hortas’ escolares. Do lado de Portugal, a face mais visível dos
investimentos, situa-se no centro de apoio à mulher (Nerga), na Quinta
da Maunça (Câmara Municipal da Guarda) e no portal do projecto ( a cargo
do Instituto Politécnico da Guarda). De referir que foi assinada uma
declaração de intenções, no sentido de se continuar a promover o
intercâmbio de experiências. 
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