Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XII    Nº131    Janeiro 2009

Suplemento - Instituto Politécnico da Guarda

JORGE MENDES, PRESIDENTE DO INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA

"Ensino Superior deve ser discutido sem complexos"

O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) foi das primeiras instituições de ensino superior a ver os seus estatutos aprovados. Foi também aquela que apresentou um modelo de gestão diferente entre as diferentes escolas, com a nomeação dos seus directores a ser da responsabilidade do presidente da instituição e aprovada em Conselho Geral. Jorge Mendes, presidente do IPG refere que são muitos os desafios que o Instituto tem pela frente. Em entrevista ao Ensino Magazine considera que o ensino superior deve ser discutido sem complexos. De caminho fala nos consórcios entre instituições, cujo processo ainda não avançou, e da importância da nova Agência de Acreditação.

No passado mês de Dezembro o Politécnico assinalou mais um aniversário. Para este ano lectivo o número de novos alunos correspondeu às expectativas?

Tivemos uma primeira fase bastante complicada, em que o número de entradas ficou aquém do esperado. Depois com a segunda e terceira fases e com os concursos especiais, como o >23, o resultado final situou-se nos 85 por cento das vagas disponíveis preenchidas.
 

2008 foi um ano conturbado para as instituições de ensino superior, as quais tiveram que aprovar novos estatutos. Como é que correu o processo no IPG?

Tivemos os nossos estatutos aprovados pelo Ministério em 20 de Agosto de 2008, tendo sido publicados a 4 de Setembro, entrando em vigor um dia depois. A partir dessa altura desenvolvemos todos os procedimentos para a entrada em funcionamento dos novos órgãos. No entanto, muitos deles estão dependentes da entrada em funções do Conselho Geral (CG), que é o órgão mais importante do Instituto. Nesse sentido, fizemos a eleição dos membros para o CG e a cooptação dos membros da comunidade. Agora o Conselho Geral irá eleger, ainda este mês de Janeiro, o seu presidente.
 

Depois é dentro do Conselho Geral que será eleito o presidente do IPG?

Nós somos uma das cinco instituições do país em que o presidente tem o seu mandato válido até 2010, pelo que essa questão não se coloca. Neste aspecto temos uma vantagem em relação à maioria das instituições, já que só em 2010 é que o Conselho geral elegerá o novo presidente.
 

A nível dos estatutos, o IPG avançou por um texto algo diferente. Por exemplo, os directores das escolas passam a ser nomeados pelo presidente da instituição…

Foi uma questão de opção da Assembleia Estatutária e que esteve relacionada com a nossa realidade. Discutimos muito essa questão e chegámos a uma solução que é um pouco mista. Se por um lado é o presidente do Politécnico que nomeia os directores, essa nomeação tem que ser aprovada pelo menos com 23 votos (maioria qualificada) do Conselho Geral. Se isso não acontecer, o presidente do Politécnico pode voltar a apresentar os mesmos nomes precisando ainda assim de uma maioria absoluta (17 votos), ou não mantém e escolhe outros nomes. Ou seja, por uma questão de equipa, o presidente pode escolher os seus elementos, mas por outro o Conselho Geral tem que se pronunciar. De qualquer modo, penso que este sistema é vantajoso, já que passa a haver projectos de escola idênticos aos do Instituto. Por outro lado, a desnomeação só pode ser feita, a título excepcional e pelo Conselho Geral.
 

Perante isto quais são os desafios que se colocam ao IPG?

Há desafios que são globais a todo o ensino superior. Um deles diz respeito à qualidade. Vai começar a funcionar a Agência de Acreditação e os nossos cursos têm que cumprir os critérios para que possam ser acreditados. Esse é o principal desafio do nosso instituto e penso que de todas as instituições. Por um lado vai obrigar o apoio real à formação de docentes para o grau de doutor, o que já estamos a fazer, e por outro levanta a questão do título de professor especialista que a tutela ainda não definiu muito bem, e para o qual as instituições apenas têm 18 meses para ter o número exigido desses docentes. O segundo desafio está relacionado com a aposta da Instituição em elaborar propostas de mestrado e de formação pós graduada, já que no que respeita à formação inicial a instituição já a tem.
 

Neste momento já há mestrados aprovados?

Temos três mestrados aprovados, dos quais dois estão a funcionar na EST e um terceiro vai funcionar na Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto. Mas temos propostas para o próximo ano. Além disso temos apostado na formação pós graduada, individualmente ou em parceria com outras instituições, como a Universidade Lusíada.
 

E ao nível dos doutoramentos está prevista a abertura de cursos em parceria com universidades?

Estamos a estudar essa possibilidade com universidades portuguesas e espanholas.
 

O facto da Guarda estar perto de Espanha pode ser uma vantagem para a instituição…

É uma vantagem clara. Penso que nessa matéria a Guarda é o centro do mundo…
 

Como referiu será a nova Agência a acreditar os cursos das instituições. Esse é o caminho para separar as águas e dizer-se, finalmente, quais as instituições e quais os cursos que devem manter-se?

Tenho algum receio que por essa via algum governo possa ser tentado a fazer uma reorganização da rede de ensino superior, transferindo para a Agência essa responsabilidade. O que se deseja é que a nova entidade faça, numa primeira fase, um trabalho de avaliação mas também de aconselhamento. Se houver algum curso, em qualquer instituição que seja, que não tem todos os requisitos exigidos, que seja dada a essa instituição conselhos e um período para corrigir o que estiver menos bem. Se assim não for, temo que se possa fazer uma reorganização da rede de ensino pela via errada.
 

O responsável por essa Agência, o professor Almeida e Costa, referia ao Ensino Magazine que seria este o organismo a acreditar os cursos e não as Ordens. Concorda com esta ideia?

É um factor muito positivo para as instituições de ensino superior. A questão das Ordens é muito complicada. Nos últimos anos assistíamos, por exemplo, antes da fase de candidaturas a Ordem dos Engenheiros informar quais eram os cursos que estavam acreditados por si. As instituições não podem fugir à avaliação e penso que o professor Almeida e Costa tem toda a razão.
 

Uma questão, já abordada noutras entrevistas, diz respeito à criação dos Consórcios entre instituições. O que é certo é que o processo ainda não avançou por parte do ministério…

Mesmo tendo havido alguns sinais por parte da tutela que essa era uma questão central, ela tem morrido. E esse é outro problema, já que as instituições de ensino, nomeadamente os politécnicos, em muitos aspectos, continuam de costas voltadas. Eu dou um exemplo de como o entendimento entre instituições traz vantagens. No ano passado foi aprovado um mestrado conjunto apresentado por sete instituições. E só desse modo foi possível ele ser aprovado. Isto significa que há certos tipos de formações, sobretudo de 2º ciclo, mas também de 1º, que fazem todo o sentido funcionarem através de consórcios, definindo claramente que essa formação pode funcionar num ano numa ou duas instituições e noutro em instituições diferentes. A questão dos consórcios é, no meu ponto de vista, central e não tem sido assumida dessa forma. O meu receio é que alguém venha a impor parcerias ou dizer que esta ou aquela instituição deve fechar.
 

Falou-se que esses consórcios poderiam ser feitos tendo em conta as Nut’s. Concorda com essa perspectiva?

Penso que é uma excelente base de trabalho. Nós próprios iremos apresentar mestrados em conjunto com o Politécnico de Leiria, que está a mais de 200 quilómetros…
 

O caminho pode ser esse?

Na minha opinião é. Admito que não seja uma posição consensual, até dentro da instituição. Mas penso que é importante avançar-se através de consórcios ou até através de uma Fundação que abranja vários politécnicos. De resto, a questão de se criar um Fundação foi mesmo lançada ao nível do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (Ccisp).
 

Eram todas estas mudanças que falava no seu discurso no dia de aniversário do IPG?

É importante discutir a reorganização da rede. É uma questão central e que exige que se tomem medidas. Andamos há uma série de anos a ouvir dizer que há instituições a mais – eu tenho dúvidas que haja, e se as há temos que ver onde estão a mais e onde é que fazem falta -, mas nada se fez. Os Politécnicos e Universidades do interior do País são importantes. Se os tirássemos desses locais essa medida seria gravosa para as nossas cidades e regiões. Estamos a falar de uma situação estratégica e o Governo tem que a tratar de uma forma política, tratando os casos de formas diferentes. Quando se pede uma discriminação positiva para as instituições do interior do país, importa questionar: estas instituições são ou não importantes para a coesão do território. Se o são, devem assumir os custos dessa decisão. E isso faz com que haja dinheiro para as financiar. Não se pode aplicar uma fórmula que na sua base diz respeito ao número de alunos quando essas instituições têm mais dificuldades em atrair alunos.

 

 

 

Guarda debate saúde

O Instituto Politécnico da Guarda (IPG), em colaboração com a Escola Superior de Saúde e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão, vai promover, no dia 30 de Abril de 2009, as II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde. Divulgar o que existe de mais expressivo ao nível das tecnologias aplicadas à saúde; estabelecer o diálogo entre investigadores e profissionais/estruturas de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos, profissionais e estudantes das áreas da saúde e da tecnologia); dar a conhecer novos projectos e soluções informáticas, permitir uma maior interacção entre ensino superior e as empresas vocacionadas para as áreas referenciadas constituem os principais objectivos destas Jornadas.

O programa vai incluir a apresentação de temas como “pHealth e a gestão de doenças cardiovasculares”, por Paulo F. Pereira de Carvalho (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra); “Factores de Sucesso na introdução de Sistemas de Informação na Saúde”, por Paulo Teixeira (Instituto Politécnico do Cávado e do Ave); “eHealth and Tobacco Cessation in Portuguese Young Adults”, através de Sofia Ferreira e Yori Gidron (Brunel University West London); “Projecto Magic Eye”, por Luis Figueiredo (Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda) e “A tecnologia aplicada à Saúde: A Realidade virtual no tratamento da acrofobia”, por Jorge Silvério, Carlos Coelho, Jorge Almeida Santos e Carlos Fernandes da Silva (Universidade do Minho).

No decorrer destas II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde falar-se-á ainda de “NutriME – Um sistema de informação para a monitorização e aconselhamento nutricional”, por João Varajão, e Vitor Fernandes (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); “Fabrico aditivo de modelos médicos por impressão tridimensional”, por Fernando Cruz (Instituto Politécnico de Setúbal); “Que tecnologia usar para desenvolver um Registo Clínico Electrónico”, através de Eliana Amorim de Sousa (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto); “Novas Técnicas em Cardiologia”, por Cristina Gamboa (Unidade Local de Saúde da Guarda); “A Videofluoroscopia como instrumento de avaliação e radiognóstico funcional das perturbações da deglutição”, por Ricardo Ferreira Santos (Hospital Privado da Trofa), e Adriano Rockland e Paulo Prata (Roche – Divisão de Diagnóstico). “Web.Care – Plataforma on-line para estudos clínicos multicêntricos”, por Pedro Farinha Silva (Serviço de Bioestatística e Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto); NutriME – Um sistema de informação para a monitorização e aconselhamento nutricional”, João Varajão, Vitor Fernandes (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); “Blogs na Saúde: um recurso informático como estratégia (in)formativa e educativa”, Maria Rosa Silvestre, Faculdade de Ciências e Tecnologia/Universidade Nova de Lisboa, e “Qualidade de sítios Web de Unidades de Saúde – proposta de desenvolvimento de metodologia para avaliação, comparação e melhoria”, Patrícia Leite Brandão, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave são outras das comunicações agendadas.

O programa destas II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde integra ainda a apresentação de “posters” que têm como temas, entre outros, “Infrared imaging possibilities in physiotherapy with an introduction to the data acquisition technique”, da autoria de Lukas Orman (Universidade de Kielce, Polónia); “Modelos experimentais para o estudo da regeneração do tecido ósseo”, de Catarina Ferreira (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), Eduarda Ferreira (IPG); “Próteses auditivas electroacústicas”, de David Tomé Simões (Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto); “Telecirurgia: Passado e Presente”, de Bárbara I. Ferreira (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), Eduarda Ferreira (IPG) e “Erros de Medicação e novas tecnologias”, de Ana Marisa Cruz, Daniela Santos, Noémia Lima (Escola Superior de Saúde da Guarda / IPG).
Os interessados em participar nestas Jornadas, que decorrerão no Auditório dos Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda, podem obter mais informações em www.ipg.pt/tecnologia-saude2009 .
À semelhança do ano anterior haverá um espaço destinado a Expositores.

 

 

 

CAMEIRA SERRA

Homenagem merecida

A Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda acaba de apresentar a sétima edição da revista científica ESEG-Investigação, constituindo os artigos que a compõem uma merecida homenagem ao Prof. Doutor Mário Cameira Serra, recentemente aposentado.

Nas palavras do director da escola, Joaquim Brigas, “ uma instituição é sempre o reflexo das pessoas que a compõem, não sendo preciso décadas para reconhecer o trabalho das pessoas”. Aquele responsável realçou o papel de Cameira Serra como antigo dirigente de órgãos da escola e o investigador, mas acima de tudo, “como Homem, que deixa na memória dos que com ele compartilharam e ainda partilham experiências e saberes”. Já o Presidente do Conselho Pedagógico, António Pissarra, destacou a forma afável e conciliadora, demonstrada por Cameira Serra, no trato com os colegas e alunos, considerando-o “património da escola e da cidade”. A sua actividade não se restringiu à Escola, mas também na colaboração pontual com a comunidade. O professor jubilado Júlio Pinheiro enfatizou o homem-professor, o homem na sociedade e na escola, e reflectiu ainda sobre o país e a Europa em que vivemos.

Foi entregue ao homenageado, uma lembrança comemorativa deste acto. Posteriormente, tomou a palavra, agradecendo aos presentes, considerando-se um homem feliz e realizado. Destacou que sempre encontrou nos alunos motivos para a aprendizagem, e que as escolas fazem-se com renovação, de alunos e professores. A revista é constituída por 8 artigos, escritos por colegas e amigos do homenageado, que reflectem temáticas da educação e da cultura.

 

 

 

COOPERAÇÃO

Acordo com a Lusíada

O Presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Jorge Mendes, e o Reitor da Universidade Lusíada, Diamantino Durão acabam de assinar um protocolo de cooperação que engloba o já existente com a Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto e o Instituto Superior de Serviço Social da Universidade Lusíada. A assinatura decorreu a 22 de Janeiro, nos Serviços Centrais do IPG. E contou com a presença do presidente da Fundação Minerva, João Redondo. Com esta parceria garante-se, por um lado, a continuidade na oferta formativa pós-graduada, conferente ou não de grau académico, em áreas carenciadas na região da Guarda, através do IPG, e por outro lado, o intercâmbio de docentes e de conhecimentos técnico-científicos e actividades de pesquisa e desenvolvimento conjunto de projectos.

 

 

 

IPG

Red Pandora

Representantes das instituições participantes no Projecto ‘Red Pandora’ de Cooperação Transfronteiriça Portugal-Espanha do programa Interreg III (Ayuntamiento de Santa Marta de Tormes, Ayuntamiento de Galindo y Perahuy, Instituto Politécnico da Guarda, Câmara Municipal da Guarda e NERGA) reuniram-se recentemente em Santa Marta de Tormes (Espanha) para realizar o encerramento desta parceria.

O Projecto de cooperação permitiu estreitar as relações e conhecimento das regiões fronteiriças, de forma a promover acções comuns para um futuro de colaboração mútua, e desenvolvimento das regiões onde se situam os promotores. Iniciado em 2006, o “Red Pandora” criou espaços para melhorar a qualidade de vida das povoações, efectuou formações em campos muito específicos, como o foram na área da agricultura biológica e das ‘hortas’ escolares. Do lado de Portugal, a face mais visível dos investimentos, situa-se no centro de apoio à mulher (Nerga), na Quinta da Maunça (Câmara Municipal da Guarda) e no portal do projecto ( a cargo do Instituto Politécnico da Guarda). De referir que foi assinada uma declaração de intenções, no sentido de se continuar a promover o intercâmbio de experiências.


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