QUATRO RODAS

O esplendor do Dakar

Devido aos meus afazeres profissionais, faço longas viagens de automóvel, quase sempre acompanhado pela Antena 1. Esta estação tem programas muito bons, que nos conseguem entreter fornecendo ao mesmo tempo informação de qualidade.

Um dos programas que mais me atrai, passa em directo nas quintas-feiras das dezanove às vinte horas e chama-se “O Esplendor de Portugal”. Trata-se de uma conversa com personalidades oriundas de algumas comunidades de estrangeiros residentes em Portugal, moderada pelo veterano Rui Pêgo. Os convidados residentes são Juan Goldín, argentino, Fátima Monteiro, cabo-verdiana e Ronaldo Bonacchi, italiano. A ideia é transmitir-nos como é Portugal visto a partir de fora, ou seja, de que forma nos vê e entende o estrangeiro.

Embora o título do programa possa induzir o contrário, esta tertúlia não se restringe apenas ao que se passa no nosso País, comentado alguns acontecimentos além fronteiras.

O programa termina sempre com Rui Pêgo a perguntar a cada um dos convidados “o que o fez perder a cabeça” na semana que passou. Tem de ser uma resposta rápida, pois propositadamente o moderador cede apenas alguns segundos para estas respostas.

A pergunta é ambígua e proporciona respostas em sentido contrário. Sabendo disso os convidados aproveitam esta ambiguidade para responderem, tanto com situações que os irritaram, como com situações que lhe proporcionam grande prazer.

Mas então o que me terá chamado a atenção, nesta conversa, que tenha a ver com o mundo motorizado? Foi mesmo a resposta do italiano Ronaldo Bonacchi, que decidiu falar do “Rali Dakar”. Referiu este convidado, que o que realmente o fez perder a cabeça foi o facto de estar a disputar, na América do Sul, um rali chamado de Dakar. E continuou a dizer que talvez não seja de estranhar pois já se fez o Rock in Rio (de Janeiro) em Lisboa, e por este caminho iremos ter a volta a Portugal em bicicleta disputada no Japão… referindo é claro o despropósito destas situações.

Mas de despropósitos já nos habituaram os organizadores do “Dakar” com, o ainda por explicar, cancelamento da edição de 2008 que partia de Lisboa, e com a organização de uma corrida que realizaram em Portugal no passado mês de Setembro onde tiveram o mérito de a conseguir esconder dos espectadores.

Vamos lá entender esta gente.

Paulo Almeida