RICARDO ANDRADE, DIRECTOR
DO DEPARTAMENTO DE AUTO-PROMOÇÃO DA RTP
"É um mundo
louco porque não pára"


As televisões, mas também os outros meios
de comunicação investem cada vez mais em auto-promoção, pois esse é o
caminho de sucesso para que o público conheça os programas que vão
apresentar. E é assim que podem aumentar-se as audiências. Na RTP, o
papel do Departamento de Auto-Promoção não é diferente. Muitos jovens,
alguns deles formados na Esart, trabalham de segunda a domingo para
promover os programas o melhor possível. Este é um mundo que nunca pára
e, como refere o director do Departamento, Ricardo Andrade, o mais
interessante é que na segunda-feira recomeça outra vez.
A auto-promoção ocupa um papel
crescente nos espaços publicitários dos canais de televisão em Portugal.
Na sua opinião, a que se deve este crescimento?
A autopromoção numa estação de televisão tem como primeiro objectivo
divulgar e dar a conhecer ao grande público os programas que tem em
emissão. A forma como essa informação é passada para o exterior é que
tem sofrido grandes alterações e acima de tudo tem ganho um peso maior
quando se fala em audiências. Se nos recordarmos de como a comunicação
era feita no passado iremos lembrar-nos das locutoras de continuidade
que nos diziam constantemente a programação e nos faziam um resumo do
programa que iríamos ver. Essa informação era regra geral complementada
por quadros de programação que apareciam de uma forma constante. Hoje os
ritmos de emissão alteraram-se e o número de canais também, como tal a
autopromoção tem um papel vital na informação que pretende fazer chegar
ao público.
Qual o papel do gabinete de
auto-promoção da RTP?
O caso da RTP não é muito diferente do que se faz noutra qualquer
estação de televisão, a diferença reside na forma como é feita e no que
se pretende com a autopromoção. Por exemplo, a RTP tende a promover
todos os géneros de programas independentemente da sua audiência. Nas
televisões privadas a autopromoção é definida em função das audiências e
da faixa horária em que se insere.
Qual é a relação deste gabinete com
as agências de publicidade?
A relação entre uma área de autopromoção e de uma agência de publicidade
é algo que começa a dar os seus primeiros passos nesta altura, digo
primeiros com alguma consistência. Se olharmos para a BBC que é um
exemplo de televisão no mundo inteiro esta relação existe desde sempre.
A RTP tem hoje em dia campanhas que são desenvolvidas pelas duas áreas e
que se complementam na perfeição. Porquê? Porque o dia a dia de uma área
de autopromoção não consegue na maior parte das vezes parar e pensar
numa campanha a médio/longo prazo tal como uma agência de publicidade
não tem a capacidade de produzir 60 spots semana como é o caso da RTP.
Estas duas características tão típicas das duas áreas quando casadas
resultam na perfeição.
É possível explicar qual o papel que
a auto-promoção da RTP desempenha em termos de audiências dos dois
canais públicos?
A função da RTP é formar, informar e divertir. O papel da Autopromoção
da RTP tem de reflectir esta forma de estar. Claro que todas as
promoções são pensadas e produzidas para serem atraentes, esta é a nossa
função. Se me perguntar se faço promoções a pensar nas audiências a
minha resposta será não, mas obviamente ambiciono a que os nossos
programas possam ser apresentados de uma forma que o publico sinta
interesse em o ver.
Na sua opinião, a auto-promoção verifica-se mais na televisão, ou os
outros meios de comunicação tradicionais, como os jornais e a rádio, já
apostam fortemente na área?
A minha opinião é que a Autopromoção é utilizada por todos de igual
forma, claro que uma televisão chega a mais pessoas de uma forma directa
e daí parecer que a televisão investe mais neste sector.
Como classifica o contributo do
Ensino Superior ao nível da formação de profissionais que possam
trabalhar ao nível da publicidade e, logo, também na auto-promoção?
É essencial, cada vez mais esta área é uma ciência e a formação tem um
papel fundamental no conhecimento que transmite mas acima de tudo no
abrir os horizontes que proporciona a estes profissionais. A
autopromoção/publicidade vive do sabermos interpretar o que nos rodeia,
das tendências das cores, dos sons, das modas. Esta é uma área que
renasce todos os dias e ideias novas são necessárias à sua
sobrevivência. O Departamento de Autopromoção da RTP é maioritariamente
composto por jovens formados recentemente e que em muito modernizaram a
nossa linguagem, a ESART com os seus estágios na RTP tem ajudado a
manter a equipa actualizada.
Por que razão considera a
auto-promoção um mundo louco?
É um mundo louco porque não pára, porque produz 60 spots semana com
linguagem e para públicos diferentes. Porque nos obriga a estar atentos
ao que nos rodeia e a mantermo-nos actualizados. Porque é um mundo
competitivo e aliciante. E o melhor de tudo é que na 2ª feira seguinte
recomeça tudo outra vez.
Cara da notícia
Ricardo Di Giovine Freire de Andrade
Rodrigues entrou para a RTP em 1986 onde realizou um curso de assistente
de realização. Trabalhou com os maiores realizadores que a RTP tinha,
Oliveira Costa, Bento Pinto da França, Luís Andrade, Ferrão Kazenstein
entre muitos outros.
Em 1991 foi convidado para ingressar no Departamento de Autopromoção da
RTP, que se preparava para receber as televisões privadas. De uma forma
autodidacta aprendeu a manusear os equipamentos de montagem e a
linguagem de promoção tendo começado por ser o responsável pelas promos
de desporto. Ainda em 1991 realizou um estágio de autopromoção na Rede
Globo no Rio de Janeiro.
Em 1993 foi convidado pela TVI para fazer parte da sua equipa de
Autopromoção onde permaneceu por um ano. Em 1994 regressou para a RTP
desta vez com a responsabilidade de produzir as promos da RTP1. Em 1995
realizou, no centro de formação da RTP, um curso de promotor de
programas. Em 2002 tornou-se o responsável pelo Departamento de
Autopromoção da RTP que produz todos os spots para RTP1, RTP2, RTP
Internacional, RTP África, RTP Memória. Em 2008 realizou, no Centro de
Formação da RTP, um curso de Criatividade. 
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