Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XII    Nº138    Agosto 2009

Motor

QUATRO RODAS

Tínhamos aterrado por volta da meia-noite em Frankfurt, mas a dormida estava marcada para Stuttgart de modo a acordarmos bem perto do nosso objectivo. Nada que duas horas de auto-estrada (grátis) não pudessem resolver. Facilmente associamos esta cidade a uma mítica marca automóvel, de tal forma que a palavra Stuttgart aparece mesmo no seu emblema. Claro que me estou a referir à Porsche.

Não, não irei aqui historiar sobre a Porsche, mas vou relatar alguns dos momentos que recordo de uma visita à fábrica desta marca. Eu e os meus companheiros fomos uns privilegiados, porque habitualmente esta visita é oferecida apenas a quem adquire o seu Porsche, para que possa assistir aos últimos “passos” da sua viatura na cadeia de montagem. Não estávamos lá nessa situação, mas suspeitámos que o casal Clark que veio de Boston, pudesse estar lá com esse intuito.

Para nos guiar esperava-nos um rapaz que começou por estabelecer as regras da visita. Máquinas fotográficas e telemóveis não entram, e muita atenção aos robots que andam nas linhas amarelas. Também as secções de pintura e metalurgia não estão incluídas na visita.

Primeira zona a visitar a dos interiores. Aprendi ali que nos dias de hoje não há nenhum Porsche cujos interiores não sejam em pele. Há um cuidado extremo na escolha das mesmas, usando-se tecnologia laser para detectar os defeitos. Aplica-se uma pele completa em cada carro, para não haver peças com tons diferentes. Uma perfeição.

A seguir os motores. Ao contrário de outras marcas que visitei, nesta secção não há fabrico em série. É o mesmo engenheiro que constrói o motor do princípio ao fim, e no fim tem de o assinar. Caso haja algum problema será fácil encontrar o responsável. Podemos pois dizer que é a perfeita conjunção entre tecnologia e tradição.

Passamos depois para a cadeia de montagem. Começamos pela “BodyShell”, que vai encontrar o motor na “mariedge zone”. Por todo o lado circulam de uma forma aparentemente caótica pequenos robots com peças destinadas a determinados postos da cadeia de produção. Circulam sozinhos e se algum de nós se põe à frente, ele pára. Mal tem o caminho livre, retoma o seu percurso até ao destino onde um operário coloca as peças nos robots de montagem. Um verdadeiro ambiente de ficção científica.

Lá para o final da cadeia de montagem, os Clark começaram a ficar algo excitados. Percebemos entretanto que já tinham localizado o seu Carrera 4S. Minutos depois estaria à sua disposição numa alcatifa vermelha.

Ainda pudemos ver os Clark a rodar no seu carrão. A nós resta-nos as memórias de uma fábrica onde a tecnologia e o carinho são a chave do sucesso…e ainda uma foto que aqui vos deixo.

Paulo Almeida

 


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