GENTE & LIVROS
Miriam Assor
«Julho. Dia 19.1885.
Cabanas de Viriato. No centro do pais, numa das sete freguesias do
conselho do Carregal do Sal, no palacete Casa do Aido, Maria Angelina
Ribeiro de Abranches, filha de uma das famílias mais abastadas da Beira
Alta, mulher do conceituado juiz José de Sousa Mendes, entra num
trabalho de parto que se revelaria moroso. A Natureza encarregou-se de
explicar a demora das já passadas vinte e seis horas. Do ventre da
descendente dos viscondes de Midões irromperam dois bebés. Rapazes.
Gémeos verdadeiros. Do mesmíssimo óvulo. Com a curiosidade de terem
nascido em dias diferentes. César antes da meia-noite e Aristides poucos
minutos a seguir.»
In Aristides de Sousa Mendes - Um
Justo Contra a Corrente
Descendente de uma família
judaica ortodoxa, Miriam Assor nasceu a 13 de Junho de 1966, em Lisboa.
Estudava Psicologia Aplicada, em 1985, quando uma visita aos campos de
concentração nazis a leva a trocar Lisboa por Israel, e o curso pela
vida comunitária dos Kibbutz e o voluntariado.
Regressa 2 anos depois a Portugal. Retoma os estudos e ingressa
simultaneamente num curso de Comunicação no Instituto de Aperfeiçoamento
Acelerado. Contudo não exerce em nenhum dos cursos, entra para a
companhia aérea El Al, onde trabalha durante10 anos.
Estreia-se na poesia com Libi (1997), e um anos após a publicação do
livro escreve crónicas para o jornal Independente. Segue-se o livro
Sentidos (1999).
Coordena Luz (2001), obra de homenagem póstuma ao pai, Abraham Assor. O
pai, rabino da comunidade israelita de Lisboa durante meio século,
desempenhou um papel fundamental na vida de Miriam e na sua tomada de
consciência sobre o Holocausto.
Miriam coordena Gueto de Varsóvia (2003), e em consequência deste
trabalho comissaria duas exposições. A última, em 2005, coincide com a
exposição documental sobre a vida do Cônsul português Aristides de Sousa
Mendes.
Numa clara homenagem a uma personagem ímpar da História de Portugal, a
escritora publica a obra fotobiográfica e documental, Aristides de Sousa
Mendes - Um Justo Contra a Corrente (Guerra & Paz).
Miriam Assor exerce actualmente a profissão de jornalista freelancer.
Aristides de Sousa Mendes - Um Justo Contra a Corrente.
Aristides de Sousa Mendes exercia o cargo de cônsul português em Bordéus
quando é declarada a II Guerra Mundial. A França seria ocupada pelo
exército de Hitler, e os judeus perseguidos por toda a Europa. As ordens
de Portugal são claras, o governo de Salazar proibia expressamente a
emissão de vistos aos grupos que mais deles precisavam, nomeadamente o
povo judaico. Um homem corajoso ousa desobedecer. Em nome de Deus e da
humanidade, Aristides de Sousa Mendes emite todos os vistos que
consegue, salvando da morte centenas de judeus.
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
D. QUIXOTE. Status Ansiedade, de
Alain de Botton. Assumida ou não, a procura de Status é uma inquietação
quase universal. Como somos vistos pelo mundo? Qual é o nosso real
valor?
De uma forma envolvente e bem humorada, Alain de Botton analisa as
nossas preocupações com o status, e mais importante ainda, a melhor
maneira de as ultrapassar.
PRESENÇA. O Círculo da Morte, de
Andrew Pyper. Patrick Rush, um jornalista viúvo, com uma carreira
paralisada e o desejo de se tornar escritor, conhece Angela num curso de
escrita criativa. Ângela conta uma estória estranha e hipnótica que
ganha realidade, dando início a uma série de acontecimentos
perturbadores. O Círculo da Morte foi eleito Crime Novel of the Year
pelo New York Times.
PIAGET. A China no Século XX, de
Alain Roux. No fim do século XIX, a China era um Estado sem capacidade
para defender a sua soberania, presa a um atraso que a afastava do mundo
moderno; no início deste século, a China já sofrera as revoluções que
mudariam definitivamente o curso da sua história. É no século XX que
residem as explicações para tão significativas transformações.
CAMPO DAS LETRAS. Comunicação e
Sociedade, direcção de Móises Martins. O último número da revista do
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho
tem como tema a Cidadania e Literacias Mediáticas, e contém artigos
sobre Literacia, media e cidadania; Apropriação e uso dos Media; e
Ambientes Digitais Interactivos.
TEXTO. O Maravilhoso Mundo do
Espaço, de Andrew Fraknoi. O Maravilhoso Mundo do Espaço tem tudo para
cativar o interesse das crianças para o mundo da Astronomia. Informação
acessível, imagens com qualidade, e personagens dos grandes filmes da
Disney-Pixar.”Um pequeno passo para o homem, um grande passo para as
crianças”.
GRADIVA. Massa Crítica, de
Philip Ball. Partindo da física mas cruzando ciências tão distintas como
a sociologia, psicologia, ou economia, Massa Crítica demonstra até que
ponto o comportamento humano é afectado pela própria física, mais ainda
do que pela análise de acções individuais. O mundo rendeu-se ao carisma
da prosa de Philip Ball.
EUROPA-AMÉRICA. Coisas que as
Boas Mães Sabem, de Alexandra Stoddard. Na linha dos manuais de
auto-ajuda, Alexandra Stoddard apresenta um livro optimista sobre a
maternidade, e uma homenagem a todas as mães.
ESFERAS DOS LIVROS. Carlota
Joaquina - O Pecado Espanhol, de Marsilio Cassotti. Amada por uns,
odiada por outros, Carlota Joaquina de Borbón (1775-1830) foi a rainha
que mais paixões contraditórias suscitou nas cortes de Portugal. A
biografia retrata uma mulher com desejo de poder e vontade forte, na
condução da família real e dos destinos do país.
OCEANOS. A Noiva Indiana, de
Karin Fossum. Arrebatado pelas imagens de mulheres lindíssimas de saris
coloridos, o norueguês Gunder Jomann parte para a Índia à procura de
noiva. Nesse país distante conhece Poona e casa-se com ela. Regressa
sozinho à Noruega e fica à espera que a noiva se reúna com ele. Mas a
tranquilidade da pequena vila e de Gunder são abaladas, quando encontram
o cadáver de uma mulher indiana.
LIVROS HORIZONTE. Não Sei se Sou
Diferente - A (In) Visibilidade da Diversidade Cultural, de Luísa Lobão
Moniz. A autora defende uma Educação assente na diversidade cultural,
onde seja valorizado o que cada criança espera, e o que cada criança
leva para o espaço escola. O seu objectivo esta bem definido na
dedicatória da obra: «este livro é dedicado a todas as crianças que, por
graves injustiças sociais, não estão abrangidas pela Declaração
Universal dos Direitos da Criança, assim como a todas as crianças que
não têm voz activa no seu processo de aprendizagem.»
LUA DE PAPEL. Um Bom Pai diz
Não, de Asha Phillips.“Não” é uma palavra difícil, principalmente quando
temos de a usar com aqueles que mais amamos, os filhos. A autora ensina
os pais em que circunstância dizer “Não”, funciona como o mais correcto
e necessário gesto de amor.
PELA OBJECTIVA DE J.
VASCO
Dia Mundial da
Fotografia
Andava, em 2007, a fotografar a Feira
Nacional do Cavalo, na Golegã (que este ano se realiza de 6 a 15 de
Novembro), quando, no desfile dos cavaleiros e cavaleiras, param junto a
mim esta criança e aquele senhor (será o avô?) já com uma idade
avançada. O olhar tímido do jovem é equilibrado com a postura altiva do
senhor. É como uma passagem de testemunho, segura, entre gerações. Como
a 19 de Agosto se celebra o Dia Mundial da Fotografia decidi recuperar
esta imagem para celebrar o acontecimento.
MÚSICA
Manic Street Preachers - Journal For
Plague Lovers. “Journal For Plague Lovers” marca o regresso dos
Manic Street Preachers aos discos. A banda Britânica tem no seu
currículo temas como “A design for life”,“ Motorcycle emptiness” e o
fantástico “If you tolerate this your children will be next”. O nono
registo inclui letras que o guitarrista Richard Eduards escreveu antes
de desaparecer no rio Tamisa na cidade de Londres em Fevereiro de 1995,
o corpo nunca apareceu e o mistério continua. A capa de álbum que
utiliza uma pintura de Jenny Saville causou polémica nos Estados Unidos
e foi retirado de algumas lojas em Inglaterra.
Os novos temas foram produzidos por Steve Albini nos Rockfield Studios
no passado Inverno, e mostram um rock enigmático com acordes fortes e
alguns temas com uma sonoridade mais suave e acústica.
As letras das músicas já têm mais de uma década mais continuam bem
actuais, é facil descobrir o lado mais escuro e melancólico de Richard
Eduards. Das treze novas canções destaque para “Jackie Collins
existential time”,“This joke sport severed”,“Journal for Plague Lovers”
e “Doors Closing slowly”.
Este é um dos melhores registos da carreira desta banda e assim pode-se
recuperar a afirmação de Joan Jeet “I love rock n roll”!
Alesha Dixon - The Alesha show. Foi o tema “The boy does nothing” que
deu a conhecer a voz da britânica Alesha Dixon no final do ano de 2008.
Alesha Anjanette Dixon é modelo e começou a cantar no Trio “Miss-Teqq”
onde ganhou visibilidade e fama no panorama musical. Agora arriscou com
a sua carreira a solo e convidou o maestro Brian Higgins e a sua equipa
a Xenomania para a escrita de algumas canções e a produção do disco.
Este trabalho é uma verdadeira caixa de surpresas, depois do primeiro
single “The boy does nothing” ter encantado com a magia do mambo, surgiu
o segundo single “Breath slow” uma canção fantástica com uma melodia
arrepiante. Muito recentemente foi extraído o terceiro single “Let´s get
excited” que já roda nas rádios e com certeza vai fazer parte da banda
sonora deste Verão. O álbum é uma viagem pelo universo da pop e r&b com
excelentes melodias em temas calmos e com muito ritmo. Das quinze faixas
incluídas neste cd, destaque para os singles,“The boy does nothing”,“Breath
slow”,“Let´s get excited” e o tema “Chasing ghosts”. A Britânica tem
construído a sua carreira tirando partido da sua imagem, mas além da
beleza Alesha Dixon tem voz para surpreender o público nos próximos
tempos!
Moby - Wait for me. Um depois do
álbum “Mute” editado no ano passado, o Norte-Americano Moby está de
regresso com um novo trabalho que recebeu o título de “Wait for me”.
O tema “Shot in back of the head” foi o primeiro single do álbum e deu
logo para perceber as diferenças em relação ao seu antecessor.
Moby tem um enorme talento para criar melodias electrónicas. Neste cd
houve uma mudança de rumo. No último registo houve uma viagem até a
década de oitenta , e para os novos temas regressou a sonoridade que o
músico utilizou no final da década de noventa. Os novos temas mostram o
lado mais dramático e melancólico de Moby, com a fantasia que o músico
já nos tem habituado.
A vocalista da banda Singur Rós participa neste disco e traz uma energia
e magia muito especial.
Este não é seguramente o melhor álbum da carreira de Moby, que seguiu
uma linha menos comercial.
Algumas faixas são instrumentais de curta duração com a magia de Moby.
Neste disco o músico utilizou menos lupes nos vocais.
Destaque para o single“Shot in back of the head”,e para os temas ”Pale
horses”,”Study war” e Mistake”.
Os verdadeiros fãns de Moby vão gostar deste “Mute”!
Hugo Rafael
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