Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XII    Nº138    Agosto 2009

Cultura

GENTE & LIVROS

Miriam Assor

«Julho. Dia 19.1885. Cabanas de Viriato. No centro do pais, numa das sete freguesias do conselho do Carregal do Sal, no palacete Casa do Aido, Maria Angelina Ribeiro de Abranches, filha de uma das famílias mais abastadas da Beira Alta, mulher do conceituado juiz José de Sousa Mendes, entra num trabalho de parto que se revelaria moroso. A Natureza encarregou-se de explicar a demora das já passadas vinte e seis horas. Do ventre da descendente dos viscondes de Midões irromperam dois bebés. Rapazes. Gémeos verdadeiros. Do mesmíssimo óvulo. Com a curiosidade de terem nascido em dias diferentes. César antes da meia-noite e Aristides poucos minutos a seguir.»

In Aristides de Sousa Mendes - Um Justo Contra a Corrente
 

Descendente de uma família judaica ortodoxa, Miriam Assor nasceu a 13 de Junho de 1966, em Lisboa.

Estudava Psicologia Aplicada, em 1985, quando uma visita aos campos de concentração nazis a leva a trocar Lisboa por Israel, e o curso pela vida comunitária dos Kibbutz e o voluntariado.

Regressa 2 anos depois a Portugal. Retoma os estudos e ingressa simultaneamente num curso de Comunicação no Instituto de Aperfeiçoamento Acelerado. Contudo não exerce em nenhum dos cursos, entra para a companhia aérea El Al, onde trabalha durante10 anos.

Estreia-se na poesia com Libi (1997), e um anos após a publicação do livro escreve crónicas para o jornal Independente. Segue-se o livro Sentidos (1999).

Coordena Luz (2001), obra de homenagem póstuma ao pai, Abraham Assor. O pai, rabino da comunidade israelita de Lisboa durante meio século, desempenhou um papel fundamental na vida de Miriam e na sua tomada de consciência sobre o Holocausto.

Miriam coordena Gueto de Varsóvia (2003), e em consequência deste trabalho comissaria duas exposições. A última, em 2005, coincide com a exposição documental sobre a vida do Cônsul português Aristides de Sousa Mendes.

Numa clara homenagem a uma personagem ímpar da História de Portugal, a escritora publica a obra fotobiográfica e documental, Aristides de Sousa Mendes - Um Justo Contra a Corrente (Guerra & Paz).

Miriam Assor exerce actualmente a profissão de jornalista freelancer.

Aristides de Sousa Mendes - Um Justo Contra a Corrente.

Aristides de Sousa Mendes exercia o cargo de cônsul português em Bordéus quando é declarada a II Guerra Mundial. A França seria ocupada pelo exército de Hitler, e os judeus perseguidos por toda a Europa. As ordens de Portugal são claras, o governo de Salazar proibia expressamente a emissão de vistos aos grupos que mais deles precisavam, nomeadamente o povo judaico. Um homem corajoso ousa desobedecer. Em nome de Deus e da humanidade, Aristides de Sousa Mendes emite todos os vistos que consegue, salvando da morte centenas de judeus.

Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

D. QUIXOTE. Status Ansiedade, de Alain de Botton. Assumida ou não, a procura de Status é uma inquietação quase universal. Como somos vistos pelo mundo? Qual é o nosso real valor?
De uma forma envolvente e bem humorada, Alain de Botton analisa as nossas preocupações com o status, e mais importante ainda, a melhor maneira de as ultrapassar.
 

PRESENÇA. O Círculo da Morte, de Andrew Pyper. Patrick Rush, um jornalista viúvo, com uma carreira paralisada e o desejo de se tornar escritor, conhece Angela num curso de escrita criativa. Ângela conta uma estória estranha e hipnótica que ganha realidade, dando início a uma série de acontecimentos perturbadores. O Círculo da Morte foi eleito Crime Novel of the Year pelo New York Times.
 

PIAGET. A China no Século XX, de Alain Roux. No fim do século XIX, a China era um Estado sem capacidade para defender a sua soberania, presa a um atraso que a afastava do mundo moderno; no início deste século, a China já sofrera as revoluções que mudariam definitivamente o curso da sua história. É no século XX que residem as explicações para tão significativas transformações.
 

CAMPO DAS LETRAS. Comunicação e Sociedade, direcção de Móises Martins. O último número da revista do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho tem como tema a Cidadania e Literacias Mediáticas, e contém artigos sobre Literacia, media e cidadania; Apropriação e uso dos Media; e Ambientes Digitais Interactivos.
 

TEXTO. O Maravilhoso Mundo do Espaço, de Andrew Fraknoi. O Maravilhoso Mundo do Espaço tem tudo para cativar o interesse das crianças para o mundo da Astronomia. Informação acessível, imagens com qualidade, e personagens dos grandes filmes da Disney-Pixar.”Um pequeno passo para o homem, um grande passo para as crianças”.
 

GRADIVA. Massa Crítica, de Philip Ball. Partindo da física mas cruzando ciências tão distintas como a sociologia, psicologia, ou economia, Massa Crítica demonstra até que ponto o comportamento humano é afectado pela própria física, mais ainda do que pela análise de acções individuais. O mundo rendeu-se ao carisma da prosa de Philip Ball.
 

EUROPA-AMÉRICA. Coisas que as Boas Mães Sabem, de Alexandra Stoddard. Na linha dos manuais de auto-ajuda, Alexandra Stoddard apresenta um livro optimista sobre a maternidade, e uma homenagem a todas as mães.
 

ESFERAS DOS LIVROS. Carlota Joaquina - O Pecado Espanhol, de Marsilio Cassotti. Amada por uns, odiada por outros, Carlota Joaquina de Borbón (1775-1830) foi a rainha que mais paixões contraditórias suscitou nas cortes de Portugal. A biografia retrata uma mulher com desejo de poder e vontade forte, na condução da família real e dos destinos do país.
 

OCEANOS. A Noiva Indiana, de Karin Fossum. Arrebatado pelas imagens de mulheres lindíssimas de saris coloridos, o norueguês Gunder Jomann parte para a Índia à procura de noiva. Nesse país distante conhece Poona e casa-se com ela. Regressa sozinho à Noruega e fica à espera que a noiva se reúna com ele. Mas a tranquilidade da pequena vila e de Gunder são abaladas, quando encontram o cadáver de uma mulher indiana.
 

LIVROS HORIZONTE. Não Sei se Sou Diferente - A (In) Visibilidade da Diversidade Cultural, de Luísa Lobão Moniz. A autora defende uma Educação assente na diversidade cultural, onde seja valorizado o que cada criança espera, e o que cada criança leva para o espaço escola. O seu objectivo esta bem definido na dedicatória da obra: «este livro é dedicado a todas as crianças que, por graves injustiças sociais, não estão abrangidas pela Declaração Universal dos Direitos da Criança, assim como a todas as crianças que não têm voz activa no seu processo de aprendizagem.»
 

LUA DE PAPEL. Um Bom Pai diz Não, de Asha Phillips.“Não” é uma palavra difícil, principalmente quando temos de a usar com aqueles que mais amamos, os filhos. A autora ensina os pais em que circunstância dizer “Não”, funciona como o mais correcto e necessário gesto de amor.
 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

Dia Mundial da Fotografia

Andava, em 2007, a fotografar a Feira Nacional do Cavalo, na Golegã (que este ano se realiza de 6 a 15 de Novembro), quando, no desfile dos cavaleiros e cavaleiras, param junto a mim esta criança e aquele senhor (será o avô?) já com uma idade avançada. O olhar tímido do jovem é equilibrado com a postura altiva do senhor. É como uma passagem de testemunho, segura, entre gerações. Como a 19 de Agosto se celebra o Dia Mundial da Fotografia decidi recuperar esta imagem para celebrar o acontecimento.

 

 

 

MÚSICA

Manic Street Preachers - Journal For Plague Lovers. “Journal For Plague Lovers” marca o regresso dos Manic Street Preachers aos discos. A banda Britânica tem no seu currículo temas como “A design for life”,“ Motorcycle emptiness” e o fantástico “If you tolerate this your children will be next”. O nono registo inclui letras que o guitarrista Richard Eduards escreveu antes de desaparecer no rio Tamisa na cidade de Londres em Fevereiro de 1995, o corpo nunca apareceu e o mistério continua. A capa de álbum que utiliza uma pintura de Jenny Saville causou polémica nos Estados Unidos e foi retirado de algumas lojas em Inglaterra.

Os novos temas foram produzidos por Steve Albini nos Rockfield Studios no passado Inverno, e mostram um rock enigmático com acordes fortes e alguns temas com uma sonoridade mais suave e acústica.

As letras das músicas já têm mais de uma década mais continuam bem actuais, é facil descobrir o lado mais escuro e melancólico de Richard Eduards. Das treze novas canções destaque para “Jackie Collins existential time”,“This joke sport severed”,“Journal for Plague Lovers” e “Doors Closing slowly”.

Este é um dos melhores registos da carreira desta banda e assim pode-se recuperar a afirmação de Joan Jeet “I love rock n roll”!
 


Alesha Dixon - The Alesha show. Foi o tema “The boy does nothing” que deu a conhecer a voz da britânica Alesha Dixon no final do ano de 2008.

Alesha Anjanette Dixon é modelo e começou a cantar no Trio “Miss-Teqq” onde ganhou visibilidade e fama no panorama musical. Agora arriscou com a sua carreira a solo e convidou o maestro Brian Higgins e a sua equipa a Xenomania para a escrita de algumas canções e a produção do disco. Este trabalho é uma verdadeira caixa de surpresas, depois do primeiro single “The boy does nothing” ter encantado com a magia do mambo, surgiu o segundo single “Breath slow” uma canção fantástica com uma melodia arrepiante. Muito recentemente foi extraído o terceiro single “Let´s get excited” que já roda nas rádios e com certeza vai fazer parte da banda sonora deste Verão. O álbum é uma viagem pelo universo da pop e r&b com excelentes melodias em temas calmos e com muito ritmo. Das quinze faixas incluídas neste cd, destaque para os singles,“The boy does nothing”,“Breath slow”,“Let´s get excited” e o tema “Chasing ghosts”. A Britânica tem construído a sua carreira tirando partido da sua imagem, mas além da beleza Alesha Dixon tem voz para surpreender o público nos próximos tempos!
 

Moby - Wait for me. Um depois do álbum “Mute” editado no ano passado, o Norte-Americano Moby está de regresso com um novo trabalho que recebeu o título de “Wait for me”.

O tema “Shot in back of the head” foi o primeiro single do álbum e deu logo para perceber as diferenças em relação ao seu antecessor.

Moby tem um enorme talento para criar melodias electrónicas. Neste cd houve uma mudança de rumo. No último registo houve uma viagem até a década de oitenta , e para os novos temas regressou a sonoridade que o músico utilizou no final da década de noventa. Os novos temas mostram o lado mais dramático e melancólico de Moby, com a fantasia que o músico já nos tem habituado.

A vocalista da banda Singur Rós participa neste disco e traz uma energia e magia muito especial.

Este não é seguramente o melhor álbum da carreira de Moby, que seguiu uma linha menos comercial.

Algumas faixas são instrumentais de curta duração com a magia de Moby. Neste disco o músico utilizou menos lupes nos vocais.

Destaque para o single“Shot in back of the head”,e para os temas ”Pale horses”,”Study war” e Mistake”.

Os verdadeiros fãns de Moby vão gostar deste “Mute”!

Hugo Rafael

 


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