Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XI    Nº128    Outubro 2008

Motor

QUATRO RODAS

Arame farpado na pradaria

O título da nossa crónica de hoje é também “por coincidência” o título de um álbum do conhecidíssimo Lucky Luck. Nesta história, que se passava no velho oeste, alguns proprietários desataram a passar arame farpado nas terras que lhe pertenciam e ao que parece também nas que não lhe pertenciam. Na altura a terra era o fundamento para o sustento de uma sociedade que se preocupava mais com a actividade primária deixando a revolução industrial assentar especialmente no leste americano.

Neste cenário os proprietários menos poderosos começaram a ver-se ameaços pelo avanço do arame farpado, que os poderosos iam espalhando pelas pradarias. Mas dentro de um espírito de vigilância lá conseguiram convencer o grande herói do oeste a defender a sua causa. Como em todas as histórias do Lucky Luke esta também acaba bem com a vitória dos mais fracos e o recuo do arame farpado.

Mas onde é que esta história entra numa crónica dedicada ao desporto motorizado? Pois bem, há cerca de dez anos entrei no mundo das provas de todo-o-terreno no papel de organizador. Encorajado pelo meu amigo Luís Caramelo, juntámos um grupo de bem intencionados e mãos à obra. Sempre acompanhado do incansável Profirio Lima tive a oportunidade de desbravar a nossa região, qual oeste selvagem, delineando uma prova de todo o terreno que no ano seguinte entrou para o Campeonato Nacional. Na altura dava gosto efectuar este trabalho de campo utilizando os caminhos públicos e alguns particulares, onde a boa vontade dos proprietários imperava. Havia mesmo proprietários que pediam para que a prova entrasse nos seus terrenos. Claro que as “corridas” danificam um pouco os caminhos, mas também se conseguiu arranjar alguns que se não fosse pelas provas ainda estariam esquecidos.

Desde há uns anos para cá tem-se verificado, também na nossa região, a invasão do Arame Farpado, tal como na história do herói americano. Mas ao contrário do que se passou nesta história, a falta de vigilância faz com que o avanço pareça imparável, tornando impossível o acesso a caminhos que outrora foram públicos. Não os quero reclamar para as provas de todo o terreno, mas acho que os devo reclamar para todos nós. Mas afinal quem vigia estes abusos? Onde estão cadastrados destes caminhos públicos? A quem devemos pedir contas?

Espero que não haja uma conivência entre proprietários e instituições para que daqui a uns anos invoquem o chamado “uso capião” de modo a que deixem de ser um bem público.

Vejam o que aconteceu com o sistema financeiro mundial. A incompetência dos políticos ou a conivência com as jogadas dos ambiciosos banqueiros, quase que nos deixa sem poupanças…e esperemos que fique pelo quase.

Paulo Almeida

 


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