FERNANDO RAPOSO, DIRECTOR
DA ESCOLA
Contactar
profissionais é importante

Promovido pelo Curso de Design de
Comunicação e Produção Audiovisual da Escola Superior de Artes Aplicadas
(ESART) do Instituto Politécnico de Castelo Branco, o Reflexos 2008
pretende mostrar o que de melhor se produz em Portugal, na Europa e no
mundo nas áreas do design gráfico, multimédia e audiovisuais. São
mostras, palestras, exposições, conferências e master classes que visam
mostrar e reconhecer talentos do sector, proporcionando momentos de
partilha e conhecimento. Os participantes poderão também assistir a uma
mostra de publicidade e participar num workshop sobre o tema, levado a
cabo pela Fordoc e pela ESART.
Para Fernando Raposo, director da Escola Superior de Artes Aplicadas, “o
evento decorre de, à semelhança de outras iniciativas desenvolvidas
junto de outros cursos da escola, haver uma maior proximidade com os
profissionais da área”.
O director da Esart considera essa aproximação entre alunos e “o mercado
de trabalho muito importante. Desta forma estabelecem-se relações com o
tecido empresarial, permitindo aos alunos absorverem outros
conhecimentos”. Fernando Raposo destaca o facto do Reflexos estar também
aberto a toda a comunidade e a alunos do ensino secundário.
O evento conta com a participação de nomes de referência como o
brasileiro Alexandre Wollner, aluno da famosa escola alemã de Ulm e
pioneiro do design no Brasil. Com uma experiência de 50 anos na Master
Class, Wollner faz parte do grupo que deu origem à primeira instituição
de ensino superior de design naquele país, tendo formado o primeiro
atelier brasileiro do género.
Presente estará também, com uma Master Class e a exibição do filme “Esta
noite”, Paulo Branco, fundador e responsável pela produtora portuguesa
Madragoa Filmes e pela parisiense Gemini Films. Com uma carreira
internacional repartida entre Lisboa e a capital francesa, o conhecido
produtor de cinema conta com mais de duas centenas de filmes assinados
por realizadores portugueses e estrangeiros como Manoel de Oliveira, Wim
Wenders, João César Monteiro, João Botelho, Mário Grilo, João Canijo,
Teresa Villaverde, Paul Auster, entre outros.
ALUNO DA ESART NA
COMPETIÇÃO AMERICANA
Amorim ganha na
América

O jovem estilista é um dos vencedores do
concurso cuja final decorreu em São Francisco. Espera-o um estágio em
Paris com o “rei da pop”, autor do famoso casaco de ursos de peluche
utilizado por Madonna.
André Amorim, aluno do quarto ano do curso de Design de Moda e Têxtil da
Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) de Castelo Branco, é um dos
vencedores do Arts of Fashion 2008 – Fashion Students Competition,
competição internacional de moda promovida nos Estados Unidos da América
(EUA) pela The Arts of Fashion Foundation.
Seleccionado para a segunda fase do concurso juntamente com os colegas
Cristiana Rovisco, Fábia Lopes, Ricardo Teixeira e Selma Pereira, num
universo de meio milhar de candidatos admitidos, o estilista natural de
Santa Maria de Lamas (Santa Maria da Feira) integrou então uma lista de
60 finalistas na categoria de moda e de oito na categoria de acessórios.
Selma e André, que não puderam estar presentes no desfile, tinham já
concorrido no ano passado mas na altura, ao contrário de Hugo Costa, não
conseguiram ser apurados. “Quando chegou a Portugal, um dos meus colegas
que foi disse que ninguém da escola tinha recebido prémio e eu
acreditei”, recorda o estudante, surpreendido com a sua passagem à final
quando estava ainda em estágio em Londres, no ateliê do designer alemão
Armand Basi. “Na manhã seguinte, a Selma disse-me que tinha ganho um
prémio. Pensava que estava a gozar comigo”.
Em 2007 o jovem, que tem vindo a apostar nas competições estrangeiras,
fora um dos finalistas do Concurso Juvenil Internacional de Design de
Moda de Dalian, na China, ano em que participou ainda no concurso
nacional de novos talentos “Acrobatic”. A ESART, de novo a única escola
portuguesa presente no evento americano, foi uma das oito dezenas de
instituições em prova, grande parte dos EUA, mas onde estiveram
representados 22 países: Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá,
Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Filipinas, França,
Grécia, Índia, Israel, Itália, Japão, Peru, Polónia, Portugal, República
Checa e Roménia.
André Amorim propôs acessórios e uma colecção conceptual feminina sobre
a comunicação virtual, baseando-se em malhas com muitos pormenores
visuais e alguns apontamentos em vinil, os quais representam os
circuitos electrónicos das placas dos computadores, numa alusão,
conforme se pode ler na memória descritiva do projecto, à globalização
da artificialidade humana.
A segunda parte do concurso, de onde saíram oito finalistas, envolvia a
construção de dois acessórios ou peças de roupa da pequena colecção
seleccionada, apresentados na final a 28 e 29 de Outubro, em São
Francisco (Califórnia). Os seis vencedores foram premiados com estágios
de dois meses e bolsas de estudo em cidades como Antuérpia ou Nova
Iorque.
Paris é o próximo destino do agora finalista, que continua de olhos
postos em Londres ou Nova Iorque. “Na moda, sem dúvida que é a cidade
das oportunidades. Continua a ser a cidade onde estão as grandes casas e
marcas”, argumenta André Amorim. E ainda que o snobismo e a
superficialidade sejam, de acordo com o jovem, aspectos criticáveis na
moda francesa, esta “é uma oportunidade que nunca iria recusar”.
Espera-o agora um estágio no ateliê do estilista marroquino Jean Charles
de Castelbajac, conhecido pela abreviatura JC/DC e pelo uso delirante da
cor num trabalho que liga moda, arte e design, e que vai das colecções
de roupa ao mobiliário doméstico. Padrinho de designers como Cassette
Playa e The Coconut Twins, entre as criações do “rei da pop” destaca-se
um casaco feito com ursos de peluche, usado por Madonna e pela modelo
Helena Christensen no filme “Prêt-à-Porter”. 
Jorge Costa
Beira TV
Reconhecer talentos

Sendo objectivo do Reflexos evidenciar,
mostrar e reconhecer talentos e estabelecer momentos de partilha de
conhecimentos é com especial prazer que se vê aproximar a segunda edição
deste evento, sobretudo atendendo a este painel que muito nos dignifica.
Poder contar com a participação do produtor de cinema português Paulo
Branco é sem dúvida significativo, dado todo o seu percurso impar de
âmbito e reconhecimento internacional, repleto de prémios e sucessos.
Afinal foi já homenageado em festivais e cinematecas um pouco por todo o
mundo.
A reunião do produtor de cinema Paulo Branco com os nossos alunos será
certamente um momento fundamental no âmbito do saber fazer da área do
cinema. Será também visionado o último filme produzido Por Paulo Branco
- “Esta noite (Nuit de Chien)” que já recebeu um leão de ouro no
Festival de Veneza e ficou na secção Masters no Festival de Toronto.
Do brasileiro e designer de comunicação Alexandre Wollner poderemos
beneficiar de toda uma experiência de mais de cinquenta anos no activo
profissional em design de comunicação, profundamente marcados pela
formação na Escola Superior da Forma de Ulm (Hochschule fur Gestaltung)
na Alemanha. Fundador do ensino e prática profissional do design no
Brasil, herdeiro de um ensino no qual o design de comunicação tem
preocupações sociais, económicas e culturais, o seu trabalho
notoriamente influenciado pela Gestalttheorie e pelos sistemas de
proporção (Fibonancci, Leonardo da Vinci, Albrecht Durer a Le Corbusier)
– O design à escala humana.
Teremos também dois momentos lúdicos e didácticos nos quais os
participantes poderão também assistir a uma mostra e num workshop sobre
publicidade que resulta de um programa conjunto da Fordoc e da ESART.
Uma vez que o Reflexos é um evento aberto e que se vai repetir ao longo
do tempo, será apresentado o Fórum Internacional Audiovisual de Castelo
Branco 2009, a próxima iniciativa do Curso de Design de Comunicação e
Produção Audiovisual da ESART. 
Daniel Raposo
Conheça o programa
Dia 3 de Dezembro
14h30 – Segundo Foyer do Cine-Teatro Avenida: Master Class “Arte e
Design: Descoberta e Attitude”, com Alexandre Wollner
21h00 – Grande Auditório do Cine-Teatro Avenida: Mostra “Publi… Memory”
(Fordoc/ESART). Workshop “Publi…Cinema – The Hire” (Fordoc/ESART)
Dia 4 de Dezembro
14h30 – Segundo Foyer do Cine-Teatro Avenida: Master Class (Paulo
Branco)
21h00 – Grande Auditório do Cine-Teatro Avenida: Apresentação do Mostra
Internacional Audiovisual de Castelo Branco 2009. Visionamento do filme
“Esta noite/Nuit de Chien” (Paulo Branco). 
ALEXANDRE WOLLNER
Qualidade e rigor ao
serviço do trabalho

Alexandre Wollner é um dos mais
conceituados designer’s mundiais. A sua obra vai estar em destaque no
Reflexos 2008. Em entrevista ao Ensino Magazine, respondida por mail, a
partir do Brasil, o mestre explica as razões do seu sucesso e o modo
como os jovens devem encarar a profissão.
No seu trabalho é notória a
auto-exigência ao nível do rigor e da qualidade, bem como as
preocupações na adequação do projecto às verdadeiras necessidades e às
premissas dos sistemas clássicos de proporção. Isso significa que
procura a perfeição em todos os seus trabalhos?
Esse é um procedimento natural, que vai ao encontro de como todos
profissionais se manifestam, em qualquer nível. O treino, interesse em
estudar, informar-se, actualizar-se em relação ao desenvolvimento da
cultura e tecnologia, acaba por se integrar organicamente no resultado
do seu trabalho, em qualquer nível.
Alexandre Wollner é uma referência
no design mundial. Quando era jovem as oportunidades para estudar nessa
área não eram muitas e os meios também não. De que forma as novas
tecnologias podem moldar os designers?
A evolução como resultado do desenvolvimento tecnológico do pós-guerra,
resultante da segunda guerra mundial, exigiu, não uma continuação dos
anos 30, mas um salto qualitativo para uma nova atitude exigindo um novo
comportamento e significado na actuação do designer na sociedade.
Que papel podem desempenhar hoje as
escolas superiores de design, numa época em que a informação circula
depressa e em que os novos meios informáticos abrem novos horizontes a
quem estuda?
É justamente esse o problema: um professor de uma escola superior de
design não pode ser somente teórico. Tem que unir a experiência prática
ao conhecimento teórico. Não podemos admitir um doutor teórico sem
prática profissional, nem tão pouco um profissional prático sem
fundamento teórico. Isto é algo que precisamos de discutir para definir
o papel da escola nesta época.
Em 2003 publicou o seu livro
autobiográfico Design visual 50 anos, pela Cosac & Naify. Esse livro
como o classifica. É uma lição de vida?
A intenção foi mostrar como nós podemos desenvolver o talento e a
inteligência com que nascemos, independentemente do nosso nível. Nós
podemos superar todos os obstáculos, e isso depende do nosso empenho e
possibilidades.
Uma das questões que muitas vezes se
coloca são os direitos de autor de quem faz os projectos. Com a internet
e com o mundo mais global aumenta o risco de plágio? Qual a forma de o
evitar?
Aí não há jeito.
Pode dizer-se hoje que as empresas e
as instituições consideram o design mais importante, como uma peça
fundamental para se alcançar um objectivo?
Complementando a pergunta sobre as escolas de design: existe uma
necessidade de informar da maneira mais correcta possível o que é
design. Uma função que as escolas e os profissionais preparados devem
assumir, discutindo e consciencializando a comunidade, pelos meios de
informação quanto ao significado e à função do designer.
Que mensagem deixa para os jovens
estudantes nesta área?
Que desenvolvam o seu talento intuitivo, integrando conteúdos
conscientes e inconscientes, agregando valores de percepção ao seu lado
analógico, e paralelamente desenvolvam o conhecimento dos processos
tecnológicos, ou seja o seu lado digital. 
Cara da Notícia

Filho de imigrantes jugoslavos sedeados
no Brasil, o interesse pelo desenho e pela tipografia surgiu-lhe na
infância no ambiente da tipografia de seu pai e já adolescente,
frequentava os ateliês da Associação Paulista de Belas Artes.
Aos 22 anos, Alexandre Wollner entrou no curso de iniciação artística do
Instituto de Arte Contemporânea do MASP - Museu de Artes de São Paulo,
berço de formação de pioneiros do design no Brasil, criado em 1950 por
Pietro Maria Bardi, Lina Bo Bardi e Jacob Ruchti.
Destacou-se como aluno e envolveu-se em importantes produções artísticas
da época, como a realização dos cartazes de cinema para a Filmoteca
Brasileira do MAM; a colaboração na montagem da exposição retrospectiva
do arquitecto e designer suíço Max Bill (1908-1994) no MASP em 1951; e
montagens das duas primeiras Bienais de São Paulo, em 1951 e 1953, onde
participou com três pinturas e recebeu o Prémio Jovem Pintor Revelação
Flávio de Carvalho.
Em 1953, foi seleccionado por Max Bill para estudar na Escola Superior
da Forma de Ulm (Hochschule fur Gestaltung), na Alemanha. Em Ulm foi
aluno de Max Bill e colaborou Otl Aicher em atelier entre 1954 e 1958.
De regresso ao Brasil, numa época onde ainda tinha necessidade de
explicar o que é o design, iniciou com Geraldo de Barros, Rubem Martins
e Walter Macedo, o primeiro escritório de design do país: o FormInform -
responsável pelos pioneiros projectos de identidade visual de empresas
brasileiras.
Em 1962, com Aloísio Magalhães (1927-1982), iniciou um curso de
tipografia no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Esta
experiência originou o processo de estruturação e criação da Escola
Superior de Desenho Industrial (ESDI) no Rio de Janeiro, em 1963 - marco
histórico para a profissionalização do design no Brasil e que seguia
toda a filosofia de ensino de Ulm.
Na década de 1960, Alexandre Wollner criou o seu próprio escritório de
design de comunicação, onde desenvolveu projectos de design de
comunicação em diversos âmbitos, entre eles a identidade visual para os
elevadores Atlas, as sardinhas Coqueiro, o suplemento literário
Invenção, o jornal Correio Paulistano, a Metal Leve, a Eucatex, Bienal
da América Latina, a Ultragaz, a Papaiz, a eucatex, o banco itaú, Hering,
equipesca, argos industrial, entre muitos outros desenvolvidos ao longo
dos seus 50 anos de profissão.
No trabalho de Alexandre Wollner é notória a auto-exigência ao nível do
rigor e da qualidade, bem como as preocupações na adequação do projecto
às verdadeiras necessidades e às premissas dos sistemas clássicos de
proporção (desde Fibonancci, Leonardo da Vinci, Albrecht Durer a Le
Corbusier).
Ainda em exercício profissional, mantém actividade de âmbito
internacional, tem o seu portfolio publicado em diversas publicações, em
1999 foi publicado pela SENAC um livro e DVD documentário sobre a sua
obra e em 2003 publicou o seu lirvro autobiográfico Design visual 50
anos, pela Cosac & Naify. 
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