GENTE & LIVROS
Haruki Marakami
«O facto de eu ter
utilizado uma fotografia de carneiros para aquele anúncio publicitário,
isto olhando a questão do ponto de vista a), é fruto do acaso, mas se
encararmos a coisa do ponto de vista b), deixa de ser uma coincidência.
Eu andava à procura de uma fotografia adequada para ilustrar a página
daquela revista. Por acaso, encontrei uma foto de carneiros na minha
secretária. E servi-me dela. É o que se chama uma inocente coincidência
num mundo pacífico.
A fotografia dos carneiros estava no fundo da gaveta à espera que eu
desse por ela. Mesmo que não a tivesse utilizado naquela revista, mais
dia, menos dia teria feito uso dela para outro trabalho qualquer» (...).
In Em Busca do Carneiro Selvagem
Haruki Murakami nasceu em Kyoto, Japão, a 12 de Janeiro de 1949. Cresceu
na cidade portuária de Kobe, e formou-se em Dramaturgia Clássica no
Departamento de Literatura da Universidade de Waseda, em Tokyo. É também
na Universidade que protesta contra a guerra do Vietnam e conhece a
esposa, Yoko.
Apaixonado pelo Jazz, entre 1974 e 1982, foi dono de um bar de Jazz em
Tóquio, o Peter Cat. O seu amor pelos gatos deu nome àquele espaço,
sobre o qual afirmou um dia «Tudo o que preciso saber na vida aprendi no
meu bar de Jazz».
O primeiro romance, Hear The Wind Sings (1979), venceu o Prémio
Literário Gunzou e levou Murakami a dedicar-se quase em exclusividade à
escrita. Os livros Hear The Wind Sings (1979); Pinball 1973 (1980); e Em
Busca do Carneiro Selvagem (1982) – Prémio Noma – constituem a Trilogia
«o Rato», - o personagem principal é transversal aos três romances e
conhecido pelo nome de Rato.
Influenciado pela cultura Ocidental, nomeadamente a música e a
literatura, alguns dos seus livros tem mesmo títulos de músicas, de
bandas e cantores, que Murakami admira, como Dance Dance Dance (1988) -
The Dells -; Norwegian Wood (1987) – Beatles; South of The Border, West
of The Sun (1992) – Nat King Cole.
Após um período de viagens pela Europa, vai para os Estados Unidos, onde
passa 4 anos a dar aulas de Literatura. Regressa ao Japão em 1995,
aquando o terramoto de Kobe e o ataque com gás sarin no metro de Tóquio,
levado a cabo pela seita A Verdade Suprema.
A par da sua carreira como escritor, também traduziu para o japonês
obras de F. Scott Fitzgerald, Truman Capote, John Irving e Raymond
Carver.
Mais recentemente publicou Crónica do Pássaro de Corda (1999); Kafka à
Beira-Mar (2005) e A Rapariga que Inventou um Sonho (2008).
Tal como Kenzuburo Oe, Kobo Abe e Yukio Mishima, outros escritores
relevantes da Literatura Japonesa, Murakami já venceu o prestigiado
Prémio Literário Yomiuri.
Murakami vive actualmente em Tóquio, com a mulher e os gatos.
Em Busca do Carneiro Selvagem. Um publicitário namorado de uma modelo de
orelhas lindíssimas, recebe a visita de um homem misterioso, que o
intimida a mudar uma campanha publicitária. A fotografia do carneiro
selvagem não pode ser usada no anúncio, e existe até uma recompensa
monetária para que ele encontre esse mesmo carneiro. Que poderes
sobrenaturais tem esse estranho animal para que um enviado do Líder
Supremo se interesse pela sua existência? E o que faz um homem a quem
chamam «Rato», na história de um carneiro?
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
D. Quixote. O Rei do Volfrâmio – a
última viagem, com todo o requinte, de Miguel Miranda. O enriquecimento
dos volframistas portugueses, durante a segunda guerra mundial e a
guerra civil espanhola, e a sua ruína no pós-guerra, são tema para uma
tese de doutoramento do investigador João de Deus. Em Vilar das Almas,
João de Deus investiga o passado de Petrónio Chibante, o explorador da
mina Paraíso e Rei do Volfrâmio, e conhece a alma de Serafina Amásio,
sempre a reviver amores de outras épocas, daquela e de outras terras.
Este é o quinto romance de um autor que tem sabido construir um percurso
interessante nas letras portuguesas, e já venceu um grande Prémio do
Conto, da APE.
Europa-América. Que Tempo Fará
Amanhã?, de vários autores. Um grupo de especialistas na área da
Climatologia e da Meteorologia explicam como será o clima nas próximas
décadas e procuram dar respostas a questões tão inquietantes como: Os
bancos de gelo no Árctico estão condenados a desaparecer? O aquecimento
global é irreversível? Como será o Clima em 2050?
A obra confronta vários estudos num contributo valioso para a
compreensão do clima no futuro.
Presença. A Última Cartada, de
Ben Mezrich. Baseado numa história real, o livro conta a história de um
grupo de estudantes, que contra tudo o que seria de esperar, conseguem
enganar o sistema e em apenas quatro anos arrecadar milhões de dólares
dos casinos de Las Vegas. Durante a semana, Kevin Lewis e os amigos, são
alunos modelo do prestigiado MIT, mas aos fins-de-semana eles
transformam-se em génios das cartas. Viciante como um jogo, A Ultima
Cartada já foi adaptada ao cinema.
Difel. As Noites das Mil e Uma
Noites, de Naguib Mahfouz. A História começa onde terminam As Mil e Uma
Noites. Após três anos a ouvir as histórias de Xerazade, o Sultão decide
casar com ela. Mas se Xerazade conseguiu salvar a própria vida, não
alcançou contudo mudar a personalidade do sultão, pois ele continua sem
conhecer amor, justiça ou compaixão. O que falta acontecer para que o
sultão compreenda por fim o verdadeiro sentido do poder e da vida? Sobre
o livro, disse o próprio autor, e prémio Nobel da Literatura em 1988 «é
do mais importante que escrevi em toda a minha vida; nele se misturam a
tradição com a modernidade, a realidade com a lenda.»
Gradiva. Fernando Pessoa – Rei
da Nossa Baviera, de Eduardo Lourenço. «Quem sonhou todas estas ficções
foi o passeante da Rua dos Douradores, um homem triste por não existir
como se sonhava, irmão gémeo por dentro de Luís da Baviera, prisioneiro
de idênticos fantasmas. Enquanto se inventava poeta e nos sonhava mais
angustiados do que somos, mais perdidos do que ele se sentia, mais
tristes do que ele era, ia escrevendo como quem transcreve o sonho que o
está sonhando, o livro do seu Desassossego (...)» O grande pensador
Eduardo Lourenço fala de Fernando Pessoa. O poeta que reinou como
ninguém, naquela a que ele mesmo chamou a sua pátria, «a língua
portuguesa».
Estampa. Gentlemen, de Klas
Östergren. Um jovem escritor, arruinado e cheio de ilusões esconde-se
num apartamento em Estocolmo. Aí decide escrever a história dos
anteriores inquilinos, os irmãos Morgan, que conhecera um ano antes.
Henry Morgan, pianista, pugilista, empregado de bar e cavalheiro à moda
antiga é o companheiro de boémia do jovem escritor, até chegar o irmão
mais novo, Leo Morgan. Este é um poeta de renome que arrasta o irmão e o
amigo para um escândalo político, que envolve tráfico de armas e
gangsters.
Bizâncio. Da Escola Para o
Emprego – 79 Dicas para uma Carreira de Sucesso, de Lindsey Pollak. Esta
obra é um verdadeiro guia para conseguir a experiência e a confiança
indispensáveis para procurar o primeiro emprego e iniciar uma carreira
profissional. Os erros que é absolutamente necessário evitar e a atitude
que é imprescindível adoptar na busca de um primeiro emprego.
Campo das Letras. A Coragem do
General Sem Medo, de José Jorge Letria, e ilustrações de Evelina
Oliveira. « Quem seria aquele homem que era capaz de trazer tanta gente
para a rua, num tempo em que, conforme veio depois a saber, as pessoas
nem sequer liberdade tinham para se juntarem nas esquinas, no meio das
praças ou nos largos das suas terras, pois esses ajuntamentos logo
podiam ser entendidos como formas de protesto contra quem governava?»
José Jorge Letria, com extraordinário talento e sensibilidade, conta aos
mais pequenos a história de um homem de nome Humberto Delgado que
ensinou uma lição de liberdade a Portugal.
Cavalo de Ferro. A Última
Receita, de Torgny Lindgren. Em 1948, o correspondente de um jornal em
Avabäck, Suécia, é despedido do jornal onde trabalha, sob a acusação de
inventar notícias. A notícia de que se fala é a história de um professor
da escola primária e de um vendedor de ambulante de tecidos - do qual se
suspeita ser um ex-nazi - que unidos por uma mesma paixão culinária,
chegam inesperadamente à «última receita».
Cotovia. Um Punhado de Pó, de
Evelyn Waugh. O cavalheiro inglês Tony Last vive para a sua mansão
vitoriana e para o casamento que acredita feliz. Mas a sua esposa, Lady
Brenda, enerva-se com o gótico vitoriano que rodeia a sua vida e um
quotidiano rural que causa tédio. São esses os sentimento que a lançam
para um relacionamento com um jovem tão desinteressante e apático, como
a existência a que ela queria escapar. Com o humor e sátira, Evelyn
Waugh cria uma visão tragicómica da decadência das classes altas
inglesas.
PELA OBJECTIVA DE J.
VASCO
Dia Mundial da Dança
Bailarinos e companhias de bailado
celebraram, um pouco por todo o país, a 29 de Abril, o Dia Mundial da
Dança. No palco do teatro Malaposta, em Odivelas, nos arredores de
Lisboa, com a sala esgotada, a Companhia de Dança Contemporânea de
Sintra apresentou o espectáculo Chama-me Fado. Com direcção artística de
Lucília Baleixo, Esta coreografia foi dançada pelas bailarinas Joana
Mestre, Marta Martinez, Sara Calazans, Lucília Baleixo. A interpretação
musical esteve a cargo de Carlos Lopes, Manu Teixeira, Rui Silva, Tiago
Oliveira e Lara Afonso que deu voz (magnífica) aos fados.
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