Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XI    Nº124    Junho 2008

Desfile de moda

ESCOLA SUPERIOR DE ARTES APLICADAS
DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO

Uma escola ao serviço da Região

Dada a natureza dos cursos que ministra, a ESART tem hoje responsabilidades acrescidas em termos de serviços à comunidade, pelo que tem vindo a dinamizar um conjunto de iniciativas culturais, dirigidas ao público da cidade de Castelo Branco e de outras localidades da região e do país, que assenta essencialmente na realização de concertos, espectáculos de teatro, exposições, desfiles de moda, mostras de vídeo e multimédia.

Conscientes da natureza profissionalizante do ensino superior politécnico, têm sido promovidas inúmeras iniciativas de forma a tornar mais próxima a relação da escola com os diversos agentes do mercado de trabalho (Designers, Artistas Plásticos, Empresários, Instrumentistas e outros profissionais) tendo sempre presente, como linha de orientação, a melhoria da qualidade do ensino e da formação dos nossos alunos.

A ligação à comunidade e às empresas passa também pela realização de iniciativas nos domínios da Moda e Têxtil, de que a realização anual do desfile de moda é a sua expressão mais visível.

Ao longo das suas seis edições, o desfile de moda tem contado com a presença de prestigiados estilistas e marcas nacionais, contudo é a participação dos finalistas do curso de Design de Moda e Têxtil da ESART que dá sentido e constitui o motivo central desta iniciativa.

Os trabalhos agora apresentados são o resultado de um processo de ensino-aprendizagem em que o entusiasmo e dedicação dos alunos e a disponibilidade ilimitada dos docentes são a chave do sucesso.

Resta uma palavra de apreço por todos quantos se têm associado a esta iniciativa, especialmente à Câmara Municipal de Castelo Branco que desde a primeira hora tem acarinhado os projectos e iniciativas da ESART.

Fernando Raposo
Director da Esart

 

 

 

JOSÉ ANTÓNIO TENENTE EM ENTREVISTA

Rigor e profissionalismo são importantes

O José António Tenente é uma das referências do mundo da moda em Portugal. Há quem classifique o seu estilo como neo-romântico de sabor gráfico. Concorda com essa ideia? Porquê?

Ao fim destes anos todos, já me habituei a esse ‘rótulo’. De facto revejo-me um pouco nessa definição, já que o meu universo de referências é realmente romântico e trabalho muito também aspectos gráficos e decorativos. Os detalhes, os efeitos, os contrastes, são maioritariamente dominados por uma componente gráfica, talvez até porque o meu método de trabalho resida bastante no desenho em papel. As ideias são muito desenhadas antes de passarem à execução prática.
 

Nos seus mais de 20 anos de carreira, conseguiu impor a sua marca como sinónimo de qualidade. Que passos considera que foram decisivos para essa afirmação?

Alguns desses passos podem até ter sido dados sem grande consciência, no entanto, penso que o rigor e o profissionalismo foram muito importantes para traçar um caminho que nem sempre foi muito fácil. Definir bem o projecto que se quer desenvolver e especialmente o que não se quer fazer, é fundamental para conseguir implantar uma marca.
 

Certamente que a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique que lhe foi atribuída pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, é um dos momentos marcantes da sua carreira. Ficou surpreendido com essa distinção?

Posso afirmar-lhe que sim. É sempre muito animador e reconfortante ver o nosso trabalho reconhecido, mas de facto não penso nisso normalmente e por essa razão não estava nada à espera.
 

Essa distinção foi também uma homenagem à moda em Portugal?

Para além da enorme honra pessoal que esta distinção representa, considero-a também duma extraordinária importância para a Moda Nacional e mais um passo muito significativo na sua afirmação e divulgação.
 

Hoje pode dizer-se que os jovens que querem enveredar por essa área (moda), sobretudo aqueles que se encontram no ensino superior, têm mais oportunidades de singrar no mundo na moda, do que há alguns anos atrás?

Actualmente a formação na área de moda é bastante mais completa e proporciona aos jovens mais e melhores valências para as várias saídas profissionais. Nem tudo será mais fácil, até porque se por um lado existe maior conhecimento em geral, por outro há uma maior exigência. No início do movimento da moda em Portugal, havia lugar para uma inconsciência ligada à inexperiência e novidade, que hoje não tem mais lugar. Os requisitos são muitos e mais definidos para quem está começar. O mercado mudou muito e é muito mais implacável.
 

Sente que há uma maior abertura da indústria e dos empresários nacionais em apostar nos criadores portugueses?

Infelizmente essa abertura não é proporcional ao crescimento e à evolução da moda nacional enquanto projecto criativo. Não há de facto uma aposta significativa nos projectos dos criadores nacionais, nem existe de facto uma grande relação com a indústria. Parcerias reais, para além das evidentes contratações de designers para desenvolverem as marcas industriais, praticamente não existem.
 

Além do vestuário, os acessórios de moda José António Tenente constituem uma das referências do seu atelier. Isso significa que os estilistas não devem resumir o seu trabalho apenas ao vestuário?

O nosso trabalho assenta efectivamente na criação de um look total e por isso é natural que os projectos de acessórios surjam naturalmente no desenvolvimento da marca. A mim particularmente, não me interessa assinar vários produtos sem terem qualquer ligação com o universo JAT, apenas pela difusão. As condições têm que estar reunidas e temos que ter a consciência que poderemos desenvolver um bom trabalho, quer pela nossa parte, quer pelos parceiros envolvidos. As parcerias que estabelecemos com a Praxis, para uma linha de escrita, ou com a Prooptica para eyewear, são dois bons exemplos, já com alguns anos de consolidação e implantação no mercado.
 

Nos seus mais de 20 anos de carreira esteve envolvido em desafios importantes para o país, como a criação das fardas da EXPO 98 ou a promoção da imagem de Portugal na China. Neste momento há algum projecto importante que possa partilhar connosco?

Há de facto momentos importantes num percurso, com maior visibilidade para o público, como os que refere na pergunta e que foram para nós muito importantes, do ponto de vista profissional e também pessoal. No entanto, há muitos outros, menos visíveis para o público mais geral, mas que são para nós igualmente importantes. Neste momento, e numa outra escala de impacto, estamos a desenvolver vários projectos que nos estão a entusiasmar muitíssimo. Na área das licenças da marca, uma linha de jóias e outra de perfumes, ambas com assinatura JAT, a serem lançadas ainda este ano. Na área da criação de imagem de empresas e instituições, acabámos de ser seleccionados para desenvolver a imagem dos funcionários do atendimento ao público da Fundação Calouste Gulbenkian, que é uma instituição à qual muito nos honra ficar de algum modo ligados.
 

Que mensagem deixaria aos jovens estudantes de moda do ensino superior?

Penso que hoje a percepção da MODA dum jovem que quer seguir esta profissão, é já bastante mais consciente do que seria há uns anos, no entanto, reforço sempre a questão deste ser um mundo que apesar de todo o glamour envolvido, e de exigir de facto de muito, mas muito trabalho. O dia-a-dia da nossa actividade pouco ou nada tem que ver com festas e desfiles. Esses momentos acabam por representar uma percentagem reduzida do nosso trabalho que é de facto ocupado a prepará-los intensivamente. Desenvolver colecções, projectos vários, questões de produção, etc, etc… Mesmo o lado mais criativo tem que ser trabalhado. Há que ter disciplina, ter horários. No fundo é como qualquer actividade artística para qual se tem que ensaiar, estudar… Nesse sentido, o meu conselho será sem dúvida a formação, a acumulação de experiências e vivências diferentes, a abertura ao mundo que a minha geração não teve do mesmo modo. Hoje há muito mais ‘ferramentas’ ao dispor, é preciso saber e estar desperto para utilizá-las. É muito importante para alguém que trabalha nesta área ter pontes com outras áreas da criação e não ficar ‘fechado’ apenas na Moda. Dá muito trabalho também, até porque o tempo em Moda é o nosso pior inimigo.

 

 

 

Dielmar apresenta colecção

Colecção pluritenden-cial onde as influências atravessam tempos, modos de vida e atitudes. Future Proof , Irish Citizen, Mr. Clean, London Fog e The Modern Gunslinger são os temas em que se compõe uma paleta diversificada de cores, tecidos, desenhos e estruturas e que tem como fio condutor o homem actual, urbano, moderno e sobretudo atento às tendências de uma sociedade cada vez mais globalizada.

A opacidade predomina nas cores. Uma vasta gama de cinzas em ton sur ton ou animados por branco gesso, azuis profundos mesclados com beiges e castanhos que por sua vez se misturam com beiges pedra. Verdes musgo e garrafa animados com pequenos toques de dourado e vermelho e finalmente a cor sob a luz dos violetas e liláses.

Nos tecidos continuamos a assistir à predominância de micro estruturas e falsos lisos para uma atitude mais urbana e xadrezes de tipo irlandês em versões sport/casual. As riscas tornam-se discretas e por vezes quase imperceptíveis dando a falsa sensação do liso.

Lãs superfinas enriquecidas com misturas de cachemira e seda super 100’s, 120’s e super 140’s proporcionam fluidez a fatos e casacos de corte impecável. Como novidade da estação surgem os tecidos de lã ou misturas com aspecto de algodão inclusive em versões lavadas ou de aspecto lavado.
As botas, cachecóis e bonés são os acessórios a não dispensar.

 

 

 

FILIPE FAÍSCA

Simplicidade das formas

TEMA/CONCEITO: “Vestido, vestidos, despidos”
O exercício sobre o vestido. As declinações do vestido revisitando a década de 60. O prazer do vestido em ser vestido, a sensualidade da simplicidade das formas e dos materiais.

SILHUETA: Pincel, fluida. Masculino-Feminino.
CORES: Preto e cinzas, vermelho, castanho, roxo, rosa, pó de arroz.

MATERIAS: Jersey, twill, crepe e mousseline de seda. Gabardine e jersey viscose. Cabedal.

ACESSÓRIOS/STYLING: -
DIVERSOS:
Som – Alexandre Azinheira
Coreografia – Isabel Branco

Filipe Faísca
2008- Vencedor da categoria de melhor estilista de 2007 - Globos de Ouro

2006-08 - Apresentação colecção Filipe FaÌsca - ModaLisboa

2007 - Concepção e execução do projecto de fardas para Bairro Alto Hotel, Lisboa.

2005 - Fardas para Staff Lux “Criação de linha de acessórios para Nosso Design “Sete criadores, Sete propostas”

2004 - Fardas para Staff da Estalagem do Sado, Setúbal Criação de linha de acessórios que integrou a colecção Ana Salazar Primavera-Verão 2005

2003 - Fardas para staff do restaurante Bica do Sapato
Pap’açorda
Fardas para staff da Discoteca Lux Frágil

2001 - Concepção e execução da colecçãoo Primavera-Verão JotaFaÌsca

1997- Fardas do pessoal auxiliar da Culturgest

1993 - Assistente do gabinete de estilismo de ANA SALAZAR

1992-06 - Direcção do Atelier de Costura Filipe Faísca

1990-92 - Dirigiu a colecção da loja JONATAS

1991 - Bienal de jovens criadores da europa do mediterrâneo, Valência espanha - selecção oficial
Primavera / Verão 92 Moda Lisboa
Colecção de malhas Primavera / Verão - Têxtil Cabral, Lisboa 1988 “””SVERA”” Colecção de Senhora - Fil Moda Outono / Inverno, Lisboa”
 

GUARDA-ROUPA CONCEPÇÃO E EXECUÇÃO

2008 “Ópera “”La Clemenza de Tito””. Encenação de Joaquim Benite. Produção Teatro S. Carlos.”

2006-08 Concepção e execução das vitrines Fashion Clinic

2005-08 Concepção e execução das vitrines Hermés - Lisboa

2007 Guarda-roupa para “Call Girl”” de António Pedro Vasconcelos com Soraia Chaves e Joaquim d’Almeida.

 

 

 

Conceito - Colecção INV 08

O ponto de partida para a silhueta que caracteriza a colecção foram as manchas Rorschach, cujas imagens resultam de uma simetria sugestiva.

A colecção Outono/Inverno 2008 pode remeter para diferentes interpretações, tal como as próprias manchas, onde projectamos algo da nossa personalidade (projecção).

Silhueta:
Fluida e estruturada com pormenores simétricos.

Ombros marcados
Rigor técnico ao nível dos volumes.

Materiais:
Jersey, fazenda, tecidos acetinados e brilhantes e malha bouclé

Cores:
Preto, cinza, verde e beige.

 

 

 

Alexandra Moura

Docente da ESART.

(...) Mencionada como um dos jovens designers de moda europeus com impacto no futuro da moda no livro “Young European Fashion Designers”.

Integrou a mostra de design “Portugal Corner” na feira Blickfang que decorreu na cidade de Viena, em Outubro de 2007.

Participa no Leilão de Arte Moderna e Contemporânea do Palácio do Correio Velho em Lisboa, “vestindo” uma jarra Atlantis Crystal no projecto “Liga Bem” em prol da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Responsável pelo guarda-roupa de Teresa Salgueiro na Digressão do grupo Madredeus – “Um Amor Infinito”
 

2008

Apresenta colecção Inverno 08 no Ideal Berlin Showroom.

 

 

 

19 DE JUNHO

Museu recebe desfile de moda

A Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) e o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) promovem no próximo dia 19 de Junho mais uma edição do já tradicional Desfile de Moda. A iniciativa, apresentada em conferência de Imprensa pela presidente do IPCB, Ana Maria Vaz, sub-directora da Esart, Alexandra Cruchinho e pela vereadora da cultura da Câmara de Castelo Branco, Cristina Granada, é aberta à comunidade. O Desfile regressa este ano aos espaços abertos, estando prevista a sua realização na zona envolvente ao Museu Francisco Tavares Proença Júnior.

Montra do trabalho desenvolvido pelos alunos do quarto ano do curso de Design de Moda e Têxtil, que assim podem contactar mais de perto com alguns profissionais do meio empresarial, o desfile traz de novo à cidade alguns dos melhores estilistas e manequins provenientes de diversas agências de modelos do país. Para além dos coordenados desenvolvidos pelo finalistas de moda da ESART, serão apresentadas colecções das marcas Dielmar e Onda, bem como propostas dos criadores Alexandra Moura, José António Tenente e Filipe Faísca, este último recentemente distinguido nos Globos de Ouro da SIC com o prémio de Melhor Estilista.

Recorde-se que a organização do evento envolve professores e estudantes de várias licenciaturas da ESART, dos ramos de Design Gráfico e Design Multimédia e Audiovisual do curso de Artes da Imagem, aos cursos de Design de Interiores e Equipamento e Música Electrónica e Produção Musical, abrangendo, entre outros trabalhos, a cenografia do desfile, a concepção dos suportes gráficos, a realização das animações de vídeo ou a produção dos temas que servem de base à apresentação das colecções de coordenados.

Na edição deste ano do Desfile de Moda, a entrada é paga, sendo que os bilhetes custam dois euros para os estudantes, e cinco euros para o restante público.


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