Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XI    Nº125    Julho 2008

Cultura

GENTE & LIVROS

Naguib Mahfouz

«No meu pequeno apartamento deprimia-me com muita frequência. Por isso, desejava encontrar outro lugar para viver, mas onde? Mudei a disposição das divisões da casa, vendi a cama e comprei outra nova, mas foi inútil: Tahiya tinha entrado na minha vida mais do que eu havia imaginado. A minha tristeza não era das que começam com força e depois diminuem pouco a pouco, pois começara por ser relativamente suportável – provavelmente por causa da minha passividade – para se tornar tão intensa que a minha única esperança de esquecer era a passagem do tempo.(...)».
In Festas de Casamento
 

Prémio Nobel da Literatura em 1988, o escritor egípcio Naguib Mahfouz nasceu no bairro cairota de Gamaliyya, Cairo, a 11 de Dezembro de 1911. O mais novo de sete irmãos de uma família da Classe Média egípcia, começou a escrever com 17 anos.

No liceu aprofunda conhecimentos sobre Literatura árabe medieval, e mais tarde opta por estudar Filosofia na actual Universidade do Cairo.

Após concluir a universidade escreveu mais de 80 short stories nos seis anos seguinte.

Palácio de Desejo (1957); a trilogia Cairo (1956-1957) onde cada um dos livros tem como título o nome de um bairro da capital do Egipto; A Palavra de Deus (1950); O Pedinte (1965); Miramar (1967); O Café do Gato Preto (1969); Festas de Casamento (1981), são alguns dos romances que o celebrizam.

A par da carreira de escritor, desempenhou alguns cargos públicos. Foi director do Gabinete de Censura Egípcio; director do gabinete de Censura Egípcio na Fundação para o Desenvolvimento do Cinema, entre 1954 e 1969; e a partir de 1969 consultor cinematográfico para o Ministério da Cultura do Egipto, de onde se reforma em 1972.

Sofre um atentado em 1994. É esfaqueado no pescoço por um fundamentalista islâmico.

Em Julho de 2006 é internado no Hospital do Cairo devido a problemas pulmonares e renais, vindo a falecer no mês seguinte, a 30 de Agosto de 2006.
 

Festas de Casamento. Abbás Karam Yunis cresce numa família desagregada. A mãe, Halima, luta com os fantasmas do passado, o pai, Karam Yunis, sucumbe ao vício do ópio e do jogo. Abbás acredita que a salvação possível virá da sua arte e do amor de Tahiya. Mas com a morte da mulher e do filho, a peça de teatro Festas de Casamento, que alguns confundem com a sua história, será a catarse necessária e o visto de entrada para uma nova vida.

Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

Dom Quixote. O Tesouro do Veleiro Espanhol, de Mafalda Moutinho e ilustrações de Umbert Stagni. Esta é mais uma aventura da série juvenil Os Primos. Ana, Maria e André partem com os embaixadores Torres numas férias a bordo do veleiro Mi Vida. Ao descobrirem a boiar no mar um misterioso saco com 4 cópias da relíquia sagrada mais desejado do mundo, - o Santo Graal - começa um novo mistério.
 

Cavalo de Ferro. O Jogo do Mundo, de Júlio Cortázar. Quando o livro foi publicado pela primeira vez em 1963, constituiu uma verdadeira revolução no romance mundial. A linguagem, e a transgressão à ordem tradicional na forma como a história está contada, fazem deste romance, um livro único.
 

Europa-América. Aqui Jaz Artur, de Philip Reeve. E se Arthur não tivesse sido quem a história diz que é? E o mago Merlin fosse um mágico, mas um mágico com as palavras, capaz de transformar um homem rude e vulgar no mais extraordinário rei da terra? Uma versão alternativa de a lenda intemporal.
 

Difel. Enzo, de Garth Stein. Na véspera da sua morte, Enzo faz um balanço da existência ao lado de Denny Swift. Recorda a luta de Denny para conseguir triunfar como piloto de automóveis, preservar a família após a morte da mulher e obter a custódia da filha. Melhor do que o homem para falar da condição humana, só um cão como Enzo.
 

Gótica. Um Universo Diferente – reiventar a Física na era da emergência, de Robert B. Laughlin. O autor, Prémio Nobel da física, defende neste livro que a impossibilidade de experimentação das recentes teorias da Física nunca ira conduzir ao «fim da ciência». Apresenta razões pelas quais a actual forma de pensar a Física precisa ser reavaliada, defendendo que os seus maiores mistérios não estão nos confins do universo, mas bem próximo de nós.
 

Âncora. A Arte Tibetana de Viver, de Christopher Hansard. A medicina tibetana convida-nos a percorrer o caminho do auto-conhecimento. Mas todo o caminho encerra dificuldades - sobretudo tratando-se de um percurso interior - e só o equilíbrio entre corpo, mente e alma são garante de saúde e bem-estar. Este livro procura ser um guia, na busca tão sagrada da felicidade.
 

Paralelo 40º. Sexo Dependentes- 21 Histórias de Mulheres Radicais, de Paula Izquierdo.
O que liga nomes como Mata Hari, Janis Joplin, Josephine Baker, Virgínia Woolf e Sarah Bernhardt? São todas mulheres famosas, e segundo a autora Paula Izquierdo, fizeram da sexualidade uma bandeira importante na sua vida.
 

Mediatexto. Teatros em Portugal – espaços e arquitectura, de Duarte Ivo Cruz. O autor tem dedicado grande parte da sua vida ao teatro dando a conhecer ao público a história dos teatros de Portugal. Nas palavras do autor do prefácio, Guilherme d‘Oliveira Martins «Estes lugares de vida permitem, deste modo compreender melhor a essência do património cultural e da sua importância fundamental».
 

Campo das Letras. O Nosso Século é Fascista – O mundo visto por Salazar e Franco (1936-1945), de Manuel Loff. Um documento histórico imprescindível para se compreender a natureza fascista das duas ditaduras ibéricas, e como conduziram portugueses e espanhóis à mais cruel ilusão do séc. XX.
 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

A festa do Fado

Integrada nas Festas da Cidade de Lisboa, a Festa do Fado decorreu no Castelo de S. Jorge nas noites de sexta-feira e sábado do mês de Junho. Esta iniciativa mostrou-se uma excelente montra quer do Fado quer da cidade e do país, pois foram sempre muitos os estrangeiros que ajudaram a encher o recinto. Por lá passaram, entre outros Camané, José Mário Branco, Jorge Fernando, Mafalda Arnauth (na foto) e Carlos do Carmo, que encerrou a Festa.


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