GENTE & LIVROS
Naguib Mahfouz
«No meu pequeno
apartamento deprimia-me com muita frequência. Por isso, desejava
encontrar outro lugar para viver, mas onde? Mudei a disposição das
divisões da casa, vendi a cama e comprei outra nova, mas foi inútil:
Tahiya tinha entrado na minha vida mais do que eu havia imaginado. A
minha tristeza não era das que começam com força e depois diminuem pouco
a pouco, pois começara por ser relativamente suportável – provavelmente
por causa da minha passividade – para se tornar tão intensa que a minha
única esperança de esquecer era a passagem do tempo.(...)».
In Festas de Casamento
Prémio Nobel da Literatura
em 1988, o escritor egípcio Naguib Mahfouz nasceu no bairro cairota de
Gamaliyya, Cairo, a 11 de Dezembro de 1911. O mais novo de sete irmãos
de uma família da Classe Média egípcia, começou a escrever com 17 anos.
No liceu aprofunda conhecimentos sobre Literatura árabe medieval, e mais
tarde opta por estudar Filosofia na actual Universidade do Cairo.
Após concluir a universidade escreveu mais de 80 short stories nos seis
anos seguinte.
Palácio de Desejo (1957); a trilogia Cairo (1956-1957) onde cada um dos
livros tem como título o nome de um bairro da capital do Egipto; A
Palavra de Deus (1950); O Pedinte (1965); Miramar (1967); O Café do Gato
Preto (1969); Festas de Casamento (1981), são alguns dos romances que o
celebrizam.
A par da carreira de escritor, desempenhou alguns cargos públicos. Foi
director do Gabinete de Censura Egípcio; director do gabinete de Censura
Egípcio na Fundação para o Desenvolvimento do Cinema, entre 1954 e 1969;
e a partir de 1969 consultor cinematográfico para o Ministério da
Cultura do Egipto, de onde se reforma em 1972.
Sofre um atentado em 1994. É esfaqueado no pescoço por um
fundamentalista islâmico.
Em Julho de 2006 é internado no Hospital do Cairo devido a problemas
pulmonares e renais, vindo a falecer no mês seguinte, a 30 de Agosto de
2006.
Festas de Casamento. Abbás
Karam Yunis cresce numa família desagregada. A mãe, Halima, luta com os
fantasmas do passado, o pai, Karam Yunis, sucumbe ao vício do ópio e do
jogo. Abbás acredita que a salvação possível virá da sua arte e do amor
de Tahiya. Mas com a morte da mulher e do filho, a peça de teatro Festas
de Casamento, que alguns confundem com a sua história, será a catarse
necessária e o visto de entrada para uma nova vida.
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
Dom Quixote. O Tesouro do Veleiro
Espanhol, de Mafalda Moutinho e ilustrações de Umbert Stagni. Esta é
mais uma aventura da série juvenil Os Primos. Ana, Maria e André partem
com os embaixadores Torres numas férias a bordo do veleiro Mi Vida. Ao
descobrirem a boiar no mar um misterioso saco com 4 cópias da relíquia
sagrada mais desejado do mundo, - o Santo Graal - começa um novo
mistério.
Cavalo de Ferro. O Jogo do
Mundo, de Júlio Cortázar. Quando o livro foi publicado pela primeira vez
em 1963, constituiu uma verdadeira revolução no romance mundial. A
linguagem, e a transgressão à ordem tradicional na forma como a história
está contada, fazem deste romance, um livro único.
Europa-América. Aqui Jaz Artur,
de Philip Reeve. E se Arthur não tivesse sido quem a história diz que é?
E o mago Merlin fosse um mágico, mas um mágico com as palavras, capaz de
transformar um homem rude e vulgar no mais extraordinário rei da terra?
Uma versão alternativa de a lenda intemporal.
Difel. Enzo, de Garth Stein. Na
véspera da sua morte, Enzo faz um balanço da existência ao lado de Denny
Swift. Recorda a luta de Denny para conseguir triunfar como piloto de
automóveis, preservar a família após a morte da mulher e obter a
custódia da filha. Melhor do que o homem para falar da condição humana,
só um cão como Enzo.
Gótica. Um Universo Diferente –
reiventar a Física na era da emergência, de Robert B. Laughlin. O autor,
Prémio Nobel da física, defende neste livro que a impossibilidade de
experimentação das recentes teorias da Física nunca ira conduzir ao «fim
da ciência». Apresenta razões pelas quais a actual forma de pensar a
Física precisa ser reavaliada, defendendo que os seus maiores mistérios
não estão nos confins do universo, mas bem próximo de nós.
Âncora. A Arte Tibetana de
Viver, de Christopher Hansard. A medicina tibetana convida-nos a
percorrer o caminho do auto-conhecimento. Mas todo o caminho encerra
dificuldades - sobretudo tratando-se de um percurso interior - e só o
equilíbrio entre corpo, mente e alma são garante de saúde e bem-estar.
Este livro procura ser um guia, na busca tão sagrada da felicidade.
Paralelo 40º. Sexo Dependentes-
21 Histórias de Mulheres Radicais, de Paula Izquierdo.
O que liga nomes como Mata Hari, Janis Joplin, Josephine Baker, Virgínia
Woolf e Sarah Bernhardt? São todas mulheres famosas, e segundo a autora
Paula Izquierdo, fizeram da sexualidade uma bandeira importante na sua
vida.
Mediatexto. Teatros em Portugal
– espaços e arquitectura, de Duarte Ivo Cruz. O autor tem dedicado
grande parte da sua vida ao teatro dando a conhecer ao público a
história dos teatros de Portugal. Nas palavras do autor do prefácio,
Guilherme d‘Oliveira Martins «Estes lugares de vida permitem, deste modo
compreender melhor a essência do património cultural e da sua
importância fundamental».
Campo das Letras. O Nosso Século
é Fascista – O mundo visto por Salazar e Franco (1936-1945), de Manuel
Loff. Um documento histórico imprescindível para se compreender a
natureza fascista das duas ditaduras ibéricas, e como conduziram
portugueses e espanhóis à mais cruel ilusão do séc. XX.
PELA OBJECTIVA DE J.
VASCO
A festa do Fado
Integrada nas Festas da Cidade de Lisboa,
a Festa do Fado decorreu no Castelo de S. Jorge nas noites de
sexta-feira e sábado do mês de Junho. Esta iniciativa mostrou-se uma
excelente montra quer do Fado quer da cidade e do país, pois foram
sempre muitos os estrangeiros que ajudaram a encher o recinto. Por lá
passaram, entre outros Camané, José Mário Branco, Jorge Fernando,
Mafalda Arnauth (na foto) e Carlos do Carmo, que encerrou a Festa.
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