CRÓNICA
Tratantes
Anda o mundo às avessas
E, para maior galantaria,
Os que hão-de valer não valem
E os que valem não têm valia.
(popular)
Outros para valer se valem
Do valor de quem o cria,
Até que as avessas do mundo
Lhes dêem a volta um dia.
(Poesia de Costumes)
Segundo a ideologia burguesa e
ocidental, a Democracia é um bem social supremo, legitimado pelo voto
livre e universal do povo. Esta faz pendant com o célebre Estado de
Direito (cujo benefício é directamente proporcional à capacidade
financeira dos utentes). Tais preceitos devem ser observados por todos,
mesmo que não sejam burgueses nem ocidentais, sob pena de poderem não
ser considerados democráticos.
Assim é o entendimento estabelecido para qualquer latitude, excepto para
um pequeno grupo de prevaricadores antidemocráticos, mas que, no sítio
onde estão, dão um jeitão do caraças.
Primeira citação de Gabriel de Fochem:
" Dizem os 'doutores' da burguesia que o povo é sábio. Não dizem, nunca
disseram e nunca dirão, que é analfabeto, em percentagem grave; que,
ainda que alfabetizado, padece de uma iliteracia igualmente grave; que
estes défices são habilmente provocados e mantidos pelo poder da
burguesia."
Acontece que os nossos governantes, senhores da Democracia, de Portugal
e da Europa, não acham relevante o sufrágio do novíssimo Tratado de
Lisboa, enquanto constituição europeia, que a todos diz respeito,
simplesmente para não dar o mau exemplo da consulta à populaça ignorante
que, iludida com promessas de falsos paraísos, os elegeu, mas, na
circunstância, é bem capaz de estar a ver melhor as coisas, à custa de
muita cabeçada, e tramar o arranjinho.
Segunda citação de Gabriel de Fochem:
"Aqui e ali, quando um qualquer filho do mesmo povo põe em causa o poder
da burguesia, é, de pronto, olhado com desconfiança, quando não acusado
de servir as tais forças ocultas que apenas pretendem prejudicar a
sociedade e obter ilícitos benefícios. É, em toda a linha, o dividir
para reinar…"
Entretanto, trazem já pela trela uns quantos escribas, meio
comentadores, meio cronistas, a apalpar terreno relativamente a mais
esta esparrela, com a agravante desta se inscrever também no rol de
promessas não cumpridas.
Terceira e última citação de Gabriel de Fochem:
"E assim vai o povo vivendo na ilusão de que a democracia, a tal palavra
grega que afinal significa 'poder do povo', é o povo ser governado pelos
'doutores' da burguesia".
João de Sousa Teixeira
teijoao@gmail.com
PAU DE GIZ
Era só o que me
faltava
Vê lá tu a minha cabeça, Vai para três
dias e não faço mais nada senão ouvir lembranças.
Do dia em que dei conta do nome Mancebo: da concertina do Belarmino, das
gargalhadas na burricada a trote ao Ponsul, da pescaria na represa do
moinho do Coelho (os peixes para a miga), do garrafão de cinco litros
para cada um. Uma paródia.
Do dia em que fui às sortes : de despir a roupa, estar em fila a abrir a
boca e contarem-me os dentes. De cirandarem batas brancas e aventais
sebentos com patentes não identificadas: de chamarem sargento ao da
secretária a registar numa folha de papel o meu peso e altura, de
dizerem capitão ao que põe uma cruz no respectivo quadrado pela
evidência dos óculos deixando em branco de cruzes (firmadas a tinta
encarnada ) os restantes quadrados para as maleitas que impeçam a
incorporação. De nisto estar a pensar : sair daqui para o serviço
auxiliar é um vexame, ficar livre um alívio e sem uma coisa nem outra
(contentes que nem um alho), pregámos a fita vermelha de apurado no
peitilho da camisa segura com um alfinete de dama e comprámos uma
pandeireta.
Tendo tomado dois carros de alugo fomos outra vez beber vinho, outra vez
junto a um rio, desta vez aos pés de Marvão e o resto do dia gastou-se a
cabriolar em bailes macho, a tirar fotografias doidivanas e a fazer
escarcéu no Tarro, acabando ao sol posto a mudar um pneu furado nas
curvas da Mangação. Uma paródia.
Vê lá tu a minha cabeça, Ainda ontem - de manhã - assentei praça na EPI
chamavam-me, VinteTrês (o meu nome de família constava impresso numa
fita de pano cosida no peito, para nada) e já sinto saudades da recruta
no Calhau joanino : do primeiro banho no chuveiro colectivo e da água
muito fria, do cabelo à escovinha (pêras, moscas, patarras, barbas e
bigodes rapados) e ansiosos por ver a nossa figura fardados tínhamos à
espera, no beliche da camarata, uma sacada de roupa nova para estrear
(deram-nos um braçado de fardamento à entrada, as medidas tiradas a
olho). Uma paródia.
Recordo os crosses (o pelotão em duas carreiras na estrada para a
Ericeira): de me desenfiar para a taberna na berma do lado direito, dos
ovos mexidos com chouriço e cerveja preta, de esperar pelo regresso e
alcançar o quartel com os bofes de fora, a barriga a chocalhar, um terço
da prova feita de pança atestada. Nas descidas à Foz do Lizandro, a meio
da descida: de desligar a Dyane, abrir a porta, saltar em andamento
(enrolamento à retaguarda como mandam as nep) e o Vítor Serpa, de A
Bola, a gritar porque se vê sem condutor até o carro parar enterrado no
meio do areal. Lembro-me de outros: de alguns à roda da mesa na Toca do
Caboz em jantaradas. Uma paródia.
Vê lá tu a minha cabeça, Ainda ontem - à tarde - aspirante formado em
atirador de infantaria ( três meses de especialidade, sete fins de
semana enclausurado, uma greve ao rancho, uma formatura sem arma, a
semana de campo interrompida pelo desasseeis de março das Caldas ), a
jurar bandeira de boca fechada e a dizer para dentro, Era só o que me
faltava.
Hoje - muito cedo - entrei em Caçadores 6 de marcha atrás.
Telefonaram-me para casa, Apresente-se de seguida passou-se qualquer
coisa em Lisboa. Estava de folga, estive de serviço na véspera, a
revolução passava em directo no Carmo (reforçaram a segurança na porta
de armas sem necessidade) e, ao perde paga, oficiais contra sargentos a
jogar futebol: garrafas de dimple, sagres médias, copos pequenos de
triplice seco. Uma paródia.
Há pouco – quase à hora do escurecer - drapeja uma bandeira na ponta de
um ferro, não se ouvem conversas: ouve-se um silêncio anuviado (ouve-se
assim quando só ouvimos memórias dentro de nós) e soldados
desconsolados, hábitos de frades malhados em tons de camuflado arrastam
os pés peados, acarretam sacos de lona e malas baratas para a parada. Em
Infantaria 16 (outro antigo convento) o jantar foi servido mais cedo sem
corneta a bradar para a mesa e a costumada estropiada das botas pelos
claustros e escadarias soa discreta, diria, Até parece monja. Fingem-se
assuntos inadiáveis, adia-se a partida, outra vez roupa nova vestida
(arranjada à medida no alfaiate): camuflados, capas de chuva,
assombrações embaciadas.
Passei o dia reconfortado a fingir fingindo ouvir lembranças destes
dias, e durante a viagem até Figo Maduro (o nosso cão ao longe a ladrar)
passam garrafas de bebidas brancas caseiras de mão em mão. No riscar de
um fósforos de fugida uma carantonha calada, fechada, diria, Até parece
cera.
Aqui chegado (a este aprisco): na frente um aeroporto, atrás um muro
alto e um portão fechado, detrás do muro a multidão apinhada grita,
Estamos aqui (a ouvir chamar por mim subo as escadas de embarque).
Se tens no teu nome o meu nome próprio (não te servindo de muito, devido
ao pouco uso) não quero que o ouças chamar assim em despedidas, pois não
e nunca te desejo este amargor que trago colado no céu da boca.
Bem basta eu, António Luís.
António Luís Caramona
paudegiz@gmail.com
CONTRABAIXO
A morte do artista
Supletivo, Articulado, Ensino Integrado,
Ensino Artístico Especializado, estas são algumas das palavras e
expressões que enriqueceram o vocabulário mediático nas últimas semanas.
A razão para tal? Uma "reforma" do ensino artístico que se baseia num
documento que consegue o pleno na oposição por parte de professores e
músicos e de muitos pais e alunos dos Conservatórios de todo o país.
Trata-se do relatório final do Estudo de Avaliação do Ensino Artístico,
realizado ao longo de 10 meses por uma equipa da Faculdade de Psicologia
e de Ciências da Educação, da Universidade de Lisboa. A Srª. Ministra da
Educação falou em arrogância, por parte da Escola de Música do
Conservatório Nacional, mas esquece que, no referido estudo, foram
escritas coisas deste calibre:
O facto do ensino ser denominado especializado não faz das suas escolas
e dos seus professores "especiais"; na verdade, num certo sentido, todas
as escolas e todos os professores são "especiais". (página 25)
A Srª Ministra diz que não assinou nada e que se tiraram conclusões
precipitadas. Para perceber a debilidade do argumento basta ler, no
referido relatório, o seguinte: O regime de frequência dos alunos em
todas as escolas públicas do ensino artístico especializado deve ser
essencialmente o regime integrado. (página 27). Mas há muitos outros
aspectos curiosos. A dada altura, o estudo refere o seguinte:
No contexto do ensino artístico não superior que é proporcionado pelo
sistema educativo, o ensino da Música é aquele que tem maior expressão e
visibilidade, envolvendo um total de 111 escolas especializadas e
profissionais, cerca de 18 000 alunos e 2 100 professores. Se tivermos
em conta os números referentes ao sistema educativo, a sua dimensão é
obviamente reduzida mas nem por isso deixa de constituir uma importante
realidade social e cultural e de ter um papel insubstituível na educação
e na formação musical de milhares de crianças, jovens e adultos. Nos
últimos anos tem havido um aumento sistemático do número de alunos e
também do número de instituições do ensino particular e cooperativo.
(página 43)
Atentem num pormenor curioso. Reparem no número de professores e no
número de alunos. Mesmo que haja lugar a alguma optimização de recursos,
já estão a imaginar como é que o tal "universo", demagogicamente, passa
de 17000 para 1,5 milhão. Vamos buscar professores à China? Ou não será
mais importante garantir que com os recursos existentes se possa prestar
cada vez melhor serviço, mas dentro do que é razoável, sem abdicar, por
exemplo, da necessidade de aulas individuais na aprendizagem do
instrumento e sem retirar a possibilidade de trabalhar com alunos do 1º
Ciclo nos Conservatórios.
E, agora, digam-me qualquer coisa sobre a ciência desta afirmação:
As escolas públicas do ensino artístico e, muito especialmente, as
escolas do ensino especializado da Música, parecem debater-se entre
concepções que advogam a sua vocação de escolas que preparam músicos
profissionais e as realidades que lhes impõem largas centenas de
crianças que ali são quase "depositadas" pelas famílias. Acontece que a
maioria dessas crianças acabam por não revelar qualquer "inclinação" ou
"vocação" para prosseguir os seus estudos musicais. (página 45)
Pois é. São assim como aquele pós-doutorado que foi meu aluno de
guitarra e que me diz que nunca a largou durante o seu percurso
universitário e que, ainda agora que já exerce, continua a tocar sempre
que pode. Ou como outro que está a concluir o doutoramento numa área da
Psicologia e que me fala sobre a importância que o instrumento teve na
sua vida. É tudo coisa pouca. Tal como o facto de a esmagadora maioria
dos nossos melhores músicos terem passado por essas mesmas escolas e,
muitos, em regime supletivo. Esses foram os da boa inclinação ou
vocação, com toda a certeza. Já estamos a imaginar, com o novo sistema,
os tais 1,5 milhões a revelarem vocações e a fazerem parte das
Orquestras Sinfónicas que cada Junta de Freguesia vai poder alimentar.
Porque é que teremos de aceitar como bom um estudo que é a base da
destruição de algo que foi crescendo exemplarmente ao longo de cerca de
30 anos? Sim, porque a rede de Conservatórios e Academias que cobre de
uma forma muito equilibrada o território nacional é um investimento que
pode ser desintegrado e desbaratado se as ideias peregrinas do
Ministério de Educação avançarem.
Carlos Semedo
carlossemedo@gmail.com
OPINIÃO
Cartas desde la ilusión
Querido amigo:
Ya han pasado las fiestas de Navidad y hemos comenzado el nuevo año “con
buen pie”.
Mis alumnos han regresado todos felices por volver a verse. En los
primeros momentos de toma de contacto con ellos les dejé que charlasen
animadamente sobre sus impresiones de estas fiestas, los regalos que
recibieron, etc. Hubo un barullo continuado durante unos minutos,
mientras se saludaban y se contaban sus cosas entre ellos.
Poco a poco se fueron sentando en sus lugares y el ambiente del aula se
fue sosegando. Pero observé que, a medida que se iban sentando, cada uno
de ellos fue sacando de su mochila su “cuaderno de bitácora” que habían
rellenado durante las vacaciones. Fue como una especie de contagio.
Comenzó una niña. Sacó su “diario de vacaciones” y lo colocó sobre la
mesa. A continuación, los alumnos que la rodeaban hicieron lo mismo… y
poco a poco, todos estaban sentados en sus pupitres con su libro encima
de la mesa.
Al ver esto pensé: realmente, cuando tratamos a los alumnos con cariño y
con respeto, cuando les consideramos personas humanas, ellos responden
como tales… y me sentí feliz. En ese momento, no dudé en expresarles lo
feliz que me sentía por volver a estar con ellos. Me levanté de mi
asiento y fui chocando mi mano con la mano de cada uno de ellos mientras
les decía: “Estoy feliz de volver a verte”… “Estoy feliz de volver a
verte”… “Estoy feliz de volver a verte”…
A continuación, aprovechando el momento emocional que se había creado,
les invité a que todos hiciesen lo mismo, a que se dijesen todos a
todos, de uno en uno “estoy feliz de volver a verte”, mientras se daban
un abrazo o un beso, o un apretón de manos… Puedes imaginar cómo subió
el “tono” emocional en el aula. En ese momento me di cuenta de que
estaba consiguiendo que el grupo de mis alumnos se considerasen
realmente unidos. Y volví a sentirme feliz…
Una vez que todos y cada uno de ellos hubiese expresado su agrado por
haberse encontrado de nuevo con todos sus compañeros, volvió el silencio
y el sosiego al aula. Confieso que me sentí fuertemente emocionado y,
por un momento, dudé cómo continuar nuestra sesión inicial del segundo
trimestre.
Pero, a continuación, insinué: “¿Alguien quiere decir algo a todos los
demás acerca de sus vacaciones de Navidad? ¿Alguien quiere leer algo de
su “diario de vacaciones”?”.
Puedes suponer que todos levantaron la mano pidiendo ser quien abriera
la “sesión”. No podía elegir, porque caería en la parcialidad. Por eso
les dije: “Vamos a hacer un juego”. Les expliqué que el juego
consistiría en que cada uno de ellos extraería una bola numerada (como
las que se usan para jugar al bingo) de un saquito que tenemos en el
aula (lo utilizamos siempre que queremos decidir al azar quién comienza
alguna actividad); quien sacase el número 4, sería la/el primera/o en
actuar; entonces, la/el alumna/o, leería su diario o diría algo de sus
vacaciones al resto de sus colegas; y una vez que finalizase su
comunicación, elegiría a la/el colega que haría lo mismo a continuación.
Fue una sesión encantadora… Disfruté enormemente, y creo que mis alumnos
también disfrutaron ampliamente de la sesión de intercambio.
Pero, lo siento, ya no tengo más espacio.
En mi próxima carta te volveré a contar mis experiencias (entre ellas se
encuentra nuestro primer uso del blog en Internet… ¡fue genial!).
Juan A. Castro
juancastrop@gmail.com
Xº ANIVERSÁRIO
Ensino Magazine
Ibérico
O Ensino Magazine assinala, este mês, o
seu 10º aniversário, assumindo-se como a principal publicação dedicada
ao ensino, cultura e educação do país, com distribuição gratuita nas
escolas, desde o ensino básico ao superior, num universo que ultrapassa
os 200 mil leitores. O momento é, por isso, de satisfação mas também de
novos desafios que estamos a abraçar.
Com o projecto consolidado a nível nacional, o Ensino Magazine vai
partir para a sua internacionalização, passando a ser distribuído, já
este ano, nas universidades e escolas espanholas localizadas na zona
raiana, como as universidades de Salamanca ou Extremadura. Como referia
Ignacio Bergudo, antigo reitor daquela que é uma das mais antigas
universidades do Mundo, "a educação não tem fronteiras".
A ideia é por nós partilhada com sentido de responsabilidade, e com o
espírito de prestar um melhor serviço aos nossos leitores, os quais
atravessam a pirâmide etária. É com satisfação que vemos os jovens que
se candidatam ao ensino superior procurarem nas páginas do nosso jornal
as instituições e os cursos disponíveis. O Ensino Magazine é uma
referência de credibilidade para esses estudantes, mas também para as
suas famílias que, de um modo mais documentado podem decidir o futuro
dos seus filhos. Mas merece também a leitura atenta dos professores e o
respeito das instituições que tutelam os diferentes níveis de ensino em
Portugal.
A missão do Ensino Magazine está a ser cumprida. Em boa hora aceitámos o
desafio lançado por João Ruivo, director fundador da publicação. Em boa
hora lançámos o desafio ao Semanário Reconquista, que de pronto
acreditou no projecto, surgindo assim uma parceria editorial com a RVJ -
Editores.
Os 10 anos de experiência acumulada são um trunfo forte para os
objectivos que ainda queremos concretizar. Este mês o Ensino Magazine
viu nascer o seu primeiro filho, o Ensino Jovem. Um suplemento
permanente, com um grafismo moderno, onde os temas que mais cativam os
alunos do 3º ciclo e do secundário, são apresentados sem tabus, e com a
sua participação. O corpo principal do jornal sofreu, no último ano,
alguns reajustamentos, não só ao nível de grafismo como de conteúdos.
Significa que estamos atentos àquilo que são os desejos dos nossos
leitores, pelo que a aposta continuará a passar pela inovação, com o
aparecimento de outras secções, como a saúde.
É neste espírito de confiança que desafiamos o futuro e que nos temos
empenhado em diferentes parcerias com instituições, na promoção de
iniciativas. Os exemplos são muitos, dos quais destaco a realização das
feiras de acesso ao Ensino Superior, Futurália e Qualifica (em Lisboa e
no Porto), por onde passaram mais de 80 mil visitantes, os certames
dedicados ao Emprego e Pós Graduações (numa parceria com a Jobfair, em
Lisboa e no Porto), o Ciclo de Colóquios do Pensar (com a Associação
Nacional de Professores) e o Debate Nacional de Educação (promovido sob
a chancela do Conselho Nacional de Educação). Envolvemos também a
comunidade académica e as principais instituições de ensino superior no
Concurso Nacional de Fotografia, em 2006, e no Concurso Nacional TNT -
Tou na Net, em 2007.
Nestes 10 anos estão também de parabéns todos os colaboradores do Ensino
Magazine, os quais, de uma forma empenhada, tornam possível a sua
produção. A riqueza dos conteúdos publicados exigem que façamos uma
retrospectiva daquilo que foi o ensino em Portugal nos últimos dez anos,
pelo que iremos lançar a colecção literária Ensino Magazine, com a
publicação de vários livros, dos principais editoriais, das entrevistas
que marcaram esta década, das crónicas que deliciaram os nosso leitores
e da poesia de João de Sousa Teixeira.
João Carrega
carrega@rvj.pt
Xº ANIVERSÁRIO
Evitar a cegueira para
afastar a morte
Dez anos e 121 edições depois, o Ensino
Magazine chega hoje às mãos dos leitores mantendo a política inicial de
conseguir a atenção de públicos diversificados entre os milhares de
estudantes e professores de todos os graus de ensino, mas também junto
de toda a comunidade escolar e educativa. É por isso que esta edição
integra novidades como o Ensino Magazine Jovem.
A hora é de alguma expectativa por parte da malta cá da casa. Como
sempre, queremos saber até que ponto respondemos às expectativas de um
público crescente em número e exigente em conteúdos e aspecto gráfico.
E ainda bem que essa exigência é sentida do lado de cá. Por um lado é
uma prova de que o jornal tem público e que esse público se preocupa com
o jornal. Por outro lado, essa exigência de melhorar permanente
motiva-nos, permite-nos a combater a cegueira de quem pensa já saber
tudo e a evitar as rotinas que conduzem inevitavelmente à morte.
É por isso que queremos ser melhores todos os dias, que queremos fazer
um trabalho com mais qualidade, que solicitamos a colaboração de pessoas
interessadas e participativas, que não temem ser criticadas, pois sabem
que só quem trabalha pode falhar. Felizmente, temos conseguido contar
com pessoas assim, em qualidade e num número crescente. Neste número de
aniversário a família do Ensino Magazine cresceu.
Mas dez anos depois é também hora de recordar as muitas pessoas que
ajudaram a construir este projecto. Em 1998, quando muitos de nós se
dividiam entre outros trabalhos e a escola, poucos nos auguravam futuro.
Mas esses poucos eram bons. As palavras de incentivo permitiram superar
os maus agoiros. Sentimos hoje que o trabalho valeu a pena. Vale a pena.
Valerá a pena.
Então, o Professor João Ruivo e o Reconquista foram fulcrais na
concretização do projecto. O Professor ganhou a satisfação de ver uma
ideia concretizada. O Reconquista aproximou-se das escolas e da
Universidade. Hoje, além de jornal regional de referência, que já era,
integra um projecto universitário internacional de Educação para os
Média. E nós? Nós somos eles e somos muitos. Mas, perdoem-me a
imodéstia, eu, o João e o Rui aprendemos que a humildade, o trabalho e o
espírito de iniciativa superam qualquer Velho do Restelo, por mais velho
e poderoso que seja. Que assim continue a ser!
Vitor Tomé
vitor@rvj.pt
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