GENTE & LIVROS
Jon Krakauer

«A revista que Franz
pedia era o número da Outside de Janeiro de 93, que publicava um artigo
de fundo sobre a morte de Chris McCandless. A carta era dirigida aos
escritórios da Outside em Chicago; como tinha sido eu o autor do artigo
sobre McCandless, foi-me reencaminhada.
Durante a sua hégira, McCandless deixou uma marca indelével em várias
pessoas, a maior parte das quais passou apenas alguns dias na sua
companhia, no máximo uma semana ou duas. Contudo, ninguém se revelou
mais profundamente afectado na sequência do contacto com o rapaz do que
Ronald Franz, que tinha oitenta anos de idade quando os seus caminhos se
cruzaram, em Janeiro de 1992.»
In O Lado Selvagem
Jornalista, escritor e
alpinista Jon Krakauer nasceu a 12 de Abril de 1954, em Massachusetts.
Estudou no Hampshire College, em Massachusetts e em 1976 recebe o
diploma em Estudos Ambientais.
Na revista Outside desempenhou funções de jornalista e editor; colaborou
também em publicações como a National Geographic e a GEO. Admirador
confesso de Truman Capote, o seu estilo jornalístico tem a influência do
escritor.
Convidado pela revista Outsider a escrever um artigo sobre expedições
arriscadas, levadas a cabo por pessoas sem preparação em alpinismo, Jon
Krakauer parte a 10 de Maio de 1996 numa expedição ao Monte Everest . A
expedição saldou-se numa tragédia, morrem 8 pessoas incluindo o guia. A
experiência ficaria registada no livro No Ar Rarefeito (1998).
Publica Homens e Montanhas (1999) e A Bandeira do Paraíso (2003), mas é
com a história trágica do jovem Christopher McCandless e da sua viagem
sem regresso até ao Alasca que se torna conhecido no meio literário. O
Lado Selvagem (1998) foi vendido para vários países como Portugal,
Itália, França, Holanda, Dinamarca, Brasil, e ficou mais de dois anos na
lista dos livros mais vendidos do New York Times.
Até à data em que escreve O Lado Selvagem, Jon esteve cerca de 20 vezes
no Alasca para escalar montanhas, trabalhar como carpinteiro, pescador
de salmão, comerciante e jornalista.
Into the Wild foi adaptado ao cinema em 2007 pelo actor e realizador
Sean Penn, e tal como o livro, foi um sucesso.
A American Academy of Arts and Letters distinguiu em 1999 a obra
jornalística de Jon Kraukauer com o Academy Award in Literature.
O Lado Selvagem. Esta é a saga de um único personagem, esta é história
verídica de Cristopher McCandless. Em Abril de 1992, um jovem embarca
numa aventura solitária até ao Alasca. Quatro meses depois, um grupo de
caçadores encontra o corpo de Chris em decomposição.
Após completar uma licenciatura com distinção, McCandless deixa a
civilização, a família e o próprio nome. Passa a chamar-se Alexander
“Supertramp” – super-vagabundo – doa todo o dinheiro da sua conta
poupança, - vinte e quatro mil dólares - a uma obra de caridade,
abandona o carro e quase tudo o que traz consigo e começa a construir a
sua própria lenda. 
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
Cavalo de Ferro.
Jardins de Kensington, de Rodrigo Fresán. Ao longo de uma noite
fantástica, o famoso autor de livros infantis, Peter Hook, conta a sua
história. A infância marcada pelos pais, entre personagens como Bob
Dylan, John Lennon e Kubrick, e os acontecimentos trágicos que o levam a
refugiar-se no mundo mágico de Peter Pan, e a desenvolver uma obsessão
pelo seu criador, o escritor J.M. Barrie.
Dom Quixote. Um Homem Muito
Procurado, de John Le Carré. Um jovem russo é introduzido
clandestinamente em Hamburgo. Diz-se um muçulmano devoto e afirma
chamar-se Issa. Annabel é uma idealista advogada alemã, especializada em
direitos humanos, que toma a seu cargo salvar Issa da deportação, mesmo
que para tal tenha de comprometer a carreira. Profundamente humano e
actual, será este um Livro Muito Procurado.
Quimera. Portugal Panoramas, de
Nuno Cardal. Portugal imagem a imagem. Do rio Minho à costa Meridional
Algarvia, do Cabo da Roca à Serra da Estrela, Nuno cardal fotografa
monumentos conhecidos, paisagens escondidas e remotas mas sempre
pontuadas por uma extrema beleza.
Europa-América. História
Desatinada de Portugal, de Luís Mascarenhas Gaivão. O autor compilou as
respostas mais incríveis que os seus alunos deram sobre o nosso país. Se
quer saber porque: «uma capitania é um conjunto de capitães»; «os
colonizadores dos Açores foram os alentejanos de Miranda»; e ao ocupar o
ministério das finanças Salazar «não entrou em negócios com mais
ninguém, era só a sua ideia e mais nada.», tem de ler esta original
versão da história.
Difel. O Banqueiro dos Pobres -
O Microcrédito e a Luta contra a pobreza no Mundo, de Muhammad Yunus. O
autor, prémio Nobel da Paz, devolve-nos a esperança ao contribuir para
um sistema económico justo e inclusivo, que não esmaga nem desiste dos
socialmente mais frágeis, mas cria mecanismos de oportunidade para
erradicação da pobreza.
Gótica. Terra dos Sonhos, de
Dennis Lehane. Boston. Finais da Primeira Guerra Mundial. A vida de
Danny Goughlin e Luther Laurence cruzam-se. O filho do chefe da polícia,
Danny, persegue radicais violentos; Laurence está em fuga. Luta para
escapar ao chefe do crime em Tulsa e poder voltar a casa. Em Terra dos
Sonhos, dois homens aparentemente diferentes, fundamentam a existência
num mesmo ideal.
Piaget. Explorar a História das
Ciências e das Técnicas - Actividades Exercícios e Problemas, de Marcel
Thouin. A história das ciências e das tecnologias é tratado nesta obra
de acordo com vários temas agrupados nas disciplinas de Física, Química,
Astronomia, Ciências da Terra, Biologia e Tecnologia. Não se trata de um
manual escolar destinado aos alunos, mas uma fonte de ideias para
professores e animadores.
Gradiva. A Vida num Sopro, de
José Rodrigues dos Santos. Decorrem os anos 30 em Portugal e Salazar
acaba de ascender ao poder. Luís, um estudante idealista, conhece Amélia
num liceu de Bragança. O amor surge entre eles, mas esse sentimento será
duramente posto à prova por acontecimentos que os ultrapassam. O autor
está de volta ao romance, desta vez inspirado na história dos Avós.
Nova Gaia. Um Amigo de Gelo, de
Conceição de Sousa Gomes, e ilustrações de Carlos Campos. Era uma vez um
boneco de neve chamado Adolfo, feito por um menino na Serra da Estrela.
O menino sempre cuida para que nada de mal aconteça ao Adolfo e a sua
neve não derreta, mas poderá a amizade deles sobreviver depois do
Inverno?
Campo das Letras. Cem Sonetos de
Amor, de Pablo Neruda. « Amo-te e não te amo/ como se tivesse nas minhas
mãos a chave da felicidade/ e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te./ Por isso te amo quando não te
amo e por isso te amo quando te amo.» - poema XLIV. Ainda, sempre, Pablo
Neruda. 
BOCAS DO GALINHEIRO
Fulgor e morte de
Joaquim Murieta
A lenda do bom ladrão, que tira aos ricos
para dar aos pobres, ou a do bom bandido, que luta por ideais de
justiça, contra a tirania e a opressão, tem percorrido a história. Desde
a idade média que esse herói mítico e popular é cantado por trovadores.
O mais célebre de todos é sem dúvida Robin dos Bosques, popularizado no
grande écran por Errol Flynn, apesar de dezenas de variantes deste herói
dos bosques de Sherwood. Noutro registo, mas com premissas semelhantes,
os casos do Zorro e de Batman, vão de encontro a este imaginário popular
do salvador que, contra tudo e contra todos está sempre do lado dos
fracos contra a tirania.
Quando em 1850, se propagou a notícia de que havia ouro na Califórnia,
uma imensa multidão de chilenos, entre os quais se encontrava o ainda
desconhecido Joaquim Murieta, correu para aquela região, chegando às
jazidas antes dos americanos. A presença de uma “fauna” humana das mais
variadas origens, a mistura do ouro, os copos e as guitarradas e a
presença de mulheres, fez desencadear a violência. Os americanos
promoveram associações racistas de guardas, que atacavam as residências
onde viviam os latino- americanos, incendiando, arrasando e até matando.
Rosita, a mulher de Murieta, bela demais para aqueles lugares, onde a
qualquer momento explodia a brutalidade e o desejo, foi violada e
assassinada. Joaquim Murieta cioso de vingança, tornou-se um “fora da
lei”, para combater aqueles grupos organizados e as suas investidas
contra os emigrantes. Nascia aí um novo herói e, como sempre, Hollywood
não ficou indiferente a esta história carregada de episódios
fascinantes.
Apesar de não serem muitos os filmes consagrados à Califórnia pelo
cinema americano, em comparação com a popularidade da qual beneficiou o
“Far-West”, um dos melhores, pois, reproduz esta realidade rude e
pitoresca, é talvez até hoje, “Robin Hood of Eldorado” (A cidade do
ouro), realizado em 1936, pelo cineasta, W. Wellman, para a Metro
Goldwyn Mayer.
Wellman constrói uma evocação de Murieta, preservando a sua reputação, a
sua declaração guerra aos Estados Unidos, dentro de território que
deveria ser o estado da Califórnia. Murieta, devido ás injustiças
sofridas como Wellman nos mostra, chegou a comandar o mais temível bando
de “desperados” de toda a Califórnia de então (1845 – 1950). Embora os
produtores tornassem mais suave o projecto inicial, Wellman descreve de
modo impressionante a atitude “imperialista” dos americanos face ao povo
mexicano. O tiroteio final mostra-nos uma matança sangrenta, aliás uma
das características do estilo sem concessões do cineasta, provando
também ter sido sua intenção, não só reabilitar a memória de Murieta,
como ainda estigmatizar os erros cometidos nas épocas tumultuosas do
passado da América. Parece que hoje ainda continuam a cometer erros
semelhantes. Adiante. Raramente o reconhecimento é deste mundo, e
Murieta é morto numa emboscada, a sua cabeça é comprada e exibida de
acampamento em acampamento, antes de descansar longos anos no formol de
um museu em S. Francisco.
É ainda a Metro G. Mayer que produz em 1938 uma série de curtas
metragens entre as quais a dirigida por Fred M. Wilcox (1908 – 1964),
dando seguimento á saga de Joaquim Murieta.
Para que não se perca a cabeça de Joaquim Murieta, em 1964, o cineasta
Goerge Sherman recupera este revoltado já histórico, assinando um filme
com o título de Joaquim Murieta e o sub título, Vendetta, produzido em
Espanha.
O “cast” tinha Jeffrey Hunter no papel título, Arthur Kennedy é o
capitão Love e Rosita era vivida pela latina Sara Leezano. Sherman com a
sua vasta experiência de “Westerns”, narra a história em segurança e
entusiasmo, com mexicanos a falar um mau Inglês, talvez dentro do estilo
do “Western” latino. Nas sequências finais o ritmo decai um pouco,
talvez devido ás expectativas anteriormente criadas.
Earl Bellamy, um cineasta mais afeito à televisão do que ao cinema
conduz um telefilme no ano de 1970 com o titulo de “Joaquim Murieta”.
Argumento diferente das películas atrás referidas, vemos bons actores
tais como Ricardo Montalban que é Murieta, Slim Peckins, Anthony Caruso,
Earl Holliman talvez o melhor no papel de proscrito Clay,
movimentando-se todos numa narrativa de ritmo acelerado, talvez um filme
ideal para preencher 83 minutos num horário de televisão.
O espanhol Louiz Calvo Teixeira, realizou em 1975, outro telefilme com o
rótulo do poema de Neruda “Fulgor e muerte de Joaquim Murieta”. Falar de
Joaquim Murieta é como alguém disse “é abrir um túmulo”. Parece que até
hoje mexicanos e chilenos não se entendem sobre a nacionalidade daquele
proscrito. Talvez para decidir a contenda a seu favor, Pablo Neruda,
poeta chileno, escreveu o poema, enaltecendo o homem que do procurar uma
hipótese de fortuna, teve de enfrentar a maldade e o racismo dos homens.
Tendo como base no poema de Pablo Neruda, “Fulgor e morte de Joaquim
Murieta”, o chileno Roberto Merino, encenou já este ano o referido texto
no teatro Carlos Alberto, no Porto. Uma espécie de ópera, onde nunca
vemos o legendário Murieta no palco, apenas a sua sombra. Uma sombra que
pairará e nos lembrará um homem que para conseguir entrou no campo da
lenda... e são as lendas que vivem. 
Luís Dinis da Rosa com
Joaquim Cabeças
PELA OBJECTIVA DE J.
VASCO
E se a terra tremesse
mesmo?

No passado mês de Novembro a Protecção
Civil realizou um simulacro de sismo na área da Grande Lisboa.
Testaram-se instituições, homens e equipamentos de forma a eliminar
eventuais dificuldades em situação real. Outra questão é o que fazer até
lá? Como lidar urgentemente com os muitos edifícios degradados, ruas
onde os carros dos bombeiros não entram, agressões permanentes às linhas
de água com reflexos evidentes em situações de cheias e num solo
extremamente frágil. Aqui fica, numa foto de arquivo, o que sucedeu em
Novembro de 2003, em Campolide, Lisboa, quando um autocarro no seu
percurso habitual foi subitamente engolido por um abatimento de solo.
Não basta saber o que fazer quando, é importante saber fazer e fazer
desde já. 
Música

Jay Sean - My own way. Jay Sean
nasceu em 1981 em Kamaljit Singh Bhamra, durante dois anos frequentou um
curso de medicina numa escola privada em Inglaterra. Durante esse
período ele percebeu que queria mesmo era cantar, compor e conquistar os
palcos, e acabou por abandonar o curso e gravar o seu primeiro álbum. "My
Own way" é o segundo trabalho deste cantor britânico-asiático que
rapidamente conquistou as terras de Sua Majestade. Teve as participações
especiais de Jared Cotter e Thara Prashad. O primeiro single deste cd
foi o tema "Ride it"que teve muito air play nas rádios nacionais. Mas o
melhor ainda estava para vir! Seguiram-se mais dois singles que
colocaram em definitivo o nome de Jay Sean como uma das melhores
revelações dos últimos tempos. Este registo está recheado de melodias
R&B ao mais alto nível, destaque para os temas "Ride it","Stay", Maybe"
e "Stuck in the middle" Este é um dos melhores álbuns de R&B editados
neste ano de 2008! Jay Sean veio para ficar no panorama internacional...

Pink - Funhouse. 2008 é um ano
de muitos regressos, a Norte Americam Pink aposta agora neste "Funhouse",
o seu quinto álbum. Alicia Moore ou seja Pink, editou o primeiro álbum
em 2000 e durante oito anos já conseguiu vender mais de vinte milhões de
cópias dos seus discos. "Funhouse"é um álbum bem pessoal de Pink, depois
de ter terminado o seu casamento, Pink fala nas letras dos seus temas
sobre esta fase menos feliz da sua vida. Este registo é menos comercial
que os anteriores, mas bem ao estilo rebelde de Pink, entre o pop o rock
e um pouco de funk. Pink contou com a ajuda de Max Martin, Eg White e
Billy Mann neste novo disco. O cartão de visita escolhido para este
registo foi "So what", um dos temas fortes deste cd. Além do primeiro
single , destaque para as faixas "Sober", "I don't believe you" e "It's
all your fault". O ponto fraco deste cd é mesmo a capa, uma foto
infantil , numa altura em que a cantora revela mais maturidade no seu
trabalho.

Dido - Safe trip home. Safe Trip
Home é o terceiro álbum da britânica Dido, um disco muito aguardado
pelos seus fãs. "Don´t believe in love" foi a primeira amostra deste cd,
e durante algum tempo foi possivel fazer o download do tema no site
oficial da cantora. Este trabalho foi produzido nas cidades de Londres e
Los Angeles, e tem a assinatura de Jon Brion, ainda conta com
participação especial numa faixa de Brian Eno. Depois dos álbuns "Life
for rent" e "No angel", as expectativas eram muito elevadas para este
registo, mas Dido ficou longe de atingir a qualidade dos anteriores
trabalhos. Dido tenta mudar de rumo neste trabalho, e nota-se a
influência do novo produtor. Mas acabou por perder a magia, e aparece
com pouca alma a voz cristalina de Dido. Este 'Safe Trip Home' tem uma
edição especial com um cd extra com três temas inéditos e o making of do
álbum. Destaque para o primeiro single "Don´t believe in love", e para
os temas "Quiet times","Grafton street"e "Us 2 little gods". 
Hugo Rafael

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