Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XI    Nº130    Dezembro 2008

Cultura

GENTE & LIVROS

Jon Krakauer

«A revista que Franz pedia era o número da Outside de Janeiro de 93, que publicava um artigo de fundo sobre a morte de Chris McCandless. A carta era dirigida aos escritórios da Outside em Chicago; como tinha sido eu o autor do artigo sobre McCandless, foi-me reencaminhada.

Durante a sua hégira, McCandless deixou uma marca indelével em várias pessoas, a maior parte das quais passou apenas alguns dias na sua companhia, no máximo uma semana ou duas. Contudo, ninguém se revelou mais profundamente afectado na sequência do contacto com o rapaz do que Ronald Franz, que tinha oitenta anos de idade quando os seus caminhos se cruzaram, em Janeiro de 1992.»

In O Lado Selvagem

 

Jornalista, escritor e alpinista Jon Krakauer nasceu a 12 de Abril de 1954, em Massachusetts.

Estudou no Hampshire College, em Massachusetts e em 1976 recebe o diploma em Estudos Ambientais.

Na revista Outside desempenhou funções de jornalista e editor; colaborou também em publicações como a National Geographic e a GEO. Admirador confesso de Truman Capote, o seu estilo jornalístico tem a influência do escritor.

Convidado pela revista Outsider a escrever um artigo sobre expedições arriscadas, levadas a cabo por pessoas sem preparação em alpinismo, Jon Krakauer parte a 10 de Maio de 1996 numa expedição ao Monte Everest . A expedição saldou-se numa tragédia, morrem 8 pessoas incluindo o guia. A experiência ficaria registada no livro No Ar Rarefeito (1998).

Publica Homens e Montanhas (1999) e A Bandeira do Paraíso (2003), mas é com a história trágica do jovem Christopher McCandless e da sua viagem sem regresso até ao Alasca que se torna conhecido no meio literário. O Lado Selvagem (1998) foi vendido para vários países como Portugal, Itália, França, Holanda, Dinamarca, Brasil, e ficou mais de dois anos na lista dos livros mais vendidos do New York Times.

Até à data em que escreve O Lado Selvagem, Jon esteve cerca de 20 vezes no Alasca para escalar montanhas, trabalhar como carpinteiro, pescador de salmão, comerciante e jornalista.

Into the Wild foi adaptado ao cinema em 2007 pelo actor e realizador Sean Penn, e tal como o livro, foi um sucesso.

A American Academy of Arts and Letters distinguiu em 1999 a obra jornalística de Jon Kraukauer com o Academy Award in Literature.

O Lado Selvagem. Esta é a saga de um único personagem, esta é história verídica de Cristopher McCandless. Em Abril de 1992, um jovem embarca numa aventura solitária até ao Alasca. Quatro meses depois, um grupo de caçadores encontra o corpo de Chris em decomposição.

Após completar uma licenciatura com distinção, McCandless deixa a civilização, a família e o próprio nome. Passa a chamar-se Alexander “Supertramp” – super-vagabundo – doa todo o dinheiro da sua conta poupança, - vinte e quatro mil dólares - a uma obra de caridade, abandona o carro e quase tudo o que traz consigo e começa a construir a sua própria lenda.

Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

Cavalo de Ferro. Jardins de Kensington, de Rodrigo Fresán. Ao longo de uma noite fantástica, o famoso autor de livros infantis, Peter Hook, conta a sua história. A infância marcada pelos pais, entre personagens como Bob Dylan, John Lennon e Kubrick, e os acontecimentos trágicos que o levam a refugiar-se no mundo mágico de Peter Pan, e a desenvolver uma obsessão pelo seu criador, o escritor J.M. Barrie.
 

Dom Quixote. Um Homem Muito Procurado, de John Le Carré. Um jovem russo é introduzido clandestinamente em Hamburgo. Diz-se um muçulmano devoto e afirma chamar-se Issa. Annabel é uma idealista advogada alemã, especializada em direitos humanos, que toma a seu cargo salvar Issa da deportação, mesmo que para tal tenha de comprometer a carreira. Profundamente humano e actual, será este um Livro Muito Procurado.
 

Quimera. Portugal Panoramas, de Nuno Cardal. Portugal imagem a imagem. Do rio Minho à costa Meridional Algarvia, do Cabo da Roca à Serra da Estrela, Nuno cardal fotografa monumentos conhecidos, paisagens escondidas e remotas mas sempre pontuadas por uma extrema beleza.
 

Europa-América. História Desatinada de Portugal, de Luís Mascarenhas Gaivão. O autor compilou as respostas mais incríveis que os seus alunos deram sobre o nosso país. Se quer saber porque: «uma capitania é um conjunto de capitães»; «os colonizadores dos Açores foram os alentejanos de Miranda»; e ao ocupar o ministério das finanças Salazar «não entrou em negócios com mais ninguém, era só a sua ideia e mais nada.», tem de ler esta original versão da história.
 

Difel. O Banqueiro dos Pobres - O Microcrédito e a Luta contra a pobreza no Mundo, de Muhammad Yunus. O autor, prémio Nobel da Paz, devolve-nos a esperança ao contribuir para um sistema económico justo e inclusivo, que não esmaga nem desiste dos socialmente mais frágeis, mas cria mecanismos de oportunidade para erradicação da pobreza.
 

Gótica. Terra dos Sonhos, de Dennis Lehane. Boston. Finais da Primeira Guerra Mundial. A vida de Danny Goughlin e Luther Laurence cruzam-se. O filho do chefe da polícia, Danny, persegue radicais violentos; Laurence está em fuga. Luta para escapar ao chefe do crime em Tulsa e poder voltar a casa. Em Terra dos Sonhos, dois homens aparentemente diferentes, fundamentam a existência num mesmo ideal.
 

Piaget. Explorar a História das Ciências e das Técnicas - Actividades Exercícios e Problemas, de Marcel Thouin. A história das ciências e das tecnologias é tratado nesta obra de acordo com vários temas agrupados nas disciplinas de Física, Química, Astronomia, Ciências da Terra, Biologia e Tecnologia. Não se trata de um manual escolar destinado aos alunos, mas uma fonte de ideias para professores e animadores.
 

Gradiva. A Vida num Sopro, de José Rodrigues dos Santos. Decorrem os anos 30 em Portugal e Salazar acaba de ascender ao poder. Luís, um estudante idealista, conhece Amélia num liceu de Bragança. O amor surge entre eles, mas esse sentimento será duramente posto à prova por acontecimentos que os ultrapassam. O autor está de volta ao romance, desta vez inspirado na história dos Avós.
 

Nova Gaia. Um Amigo de Gelo, de Conceição de Sousa Gomes, e ilustrações de Carlos Campos. Era uma vez um boneco de neve chamado Adolfo, feito por um menino na Serra da Estrela. O menino sempre cuida para que nada de mal aconteça ao Adolfo e a sua neve não derreta, mas poderá a amizade deles sobreviver depois do Inverno?
 

Campo das Letras. Cem Sonetos de Amor, de Pablo Neruda. « Amo-te e não te amo/ como se tivesse nas minhas mãos a chave da felicidade/ e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te./ Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.» - poema XLIV. Ainda, sempre, Pablo Neruda.
 

 

 

BOCAS DO GALINHEIRO

Fulgor e morte de Joaquim Murieta

A lenda do bom ladrão, que tira aos ricos para dar aos pobres, ou a do bom bandido, que luta por ideais de justiça, contra a tirania e a opressão, tem percorrido a história. Desde a idade média que esse herói mítico e popular é cantado por trovadores. O mais célebre de todos é sem dúvida Robin dos Bosques, popularizado no grande écran por Errol Flynn, apesar de dezenas de variantes deste herói dos bosques de Sherwood. Noutro registo, mas com premissas semelhantes, os casos do Zorro e de Batman, vão de encontro a este imaginário popular do salvador que, contra tudo e contra todos está sempre do lado dos fracos contra a tirania.

Quando em 1850, se propagou a notícia de que havia ouro na Califórnia, uma imensa multidão de chilenos, entre os quais se encontrava o ainda desconhecido Joaquim Murieta, correu para aquela região, chegando às jazidas antes dos americanos. A presença de uma “fauna” humana das mais variadas origens, a mistura do ouro, os copos e as guitarradas e a presença de mulheres, fez desencadear a violência. Os americanos promoveram associações racistas de guardas, que atacavam as residências onde viviam os latino- americanos, incendiando, arrasando e até matando. Rosita, a mulher de Murieta, bela demais para aqueles lugares, onde a qualquer momento explodia a brutalidade e o desejo, foi violada e assassinada. Joaquim Murieta cioso de vingança, tornou-se um “fora da lei”, para combater aqueles grupos organizados e as suas investidas contra os emigrantes. Nascia aí um novo herói e, como sempre, Hollywood não ficou indiferente a esta história carregada de episódios fascinantes.

Apesar de não serem muitos os filmes consagrados à Califórnia pelo cinema americano, em comparação com a popularidade da qual beneficiou o “Far-West”, um dos melhores, pois, reproduz esta realidade rude e pitoresca, é talvez até hoje, “Robin Hood of Eldorado” (A cidade do ouro), realizado em 1936, pelo cineasta, W. Wellman, para a Metro Goldwyn Mayer.

Wellman constrói uma evocação de Murieta, preservando a sua reputação, a sua declaração guerra aos Estados Unidos, dentro de território que deveria ser o estado da Califórnia. Murieta, devido ás injustiças sofridas como Wellman nos mostra, chegou a comandar o mais temível bando de “desperados” de toda a Califórnia de então (1845 – 1950). Embora os produtores tornassem mais suave o projecto inicial, Wellman descreve de modo impressionante a atitude “imperialista” dos americanos face ao povo mexicano. O tiroteio final mostra-nos uma matança sangrenta, aliás uma das características do estilo sem concessões do cineasta, provando também ter sido sua intenção, não só reabilitar a memória de Murieta, como ainda estigmatizar os erros cometidos nas épocas tumultuosas do passado da América. Parece que hoje ainda continuam a cometer erros semelhantes. Adiante. Raramente o reconhecimento é deste mundo, e Murieta é morto numa emboscada, a sua cabeça é comprada e exibida de acampamento em acampamento, antes de descansar longos anos no formol de um museu em S. Francisco.

É ainda a Metro G. Mayer que produz em 1938 uma série de curtas metragens entre as quais a dirigida por Fred M. Wilcox (1908 – 1964), dando seguimento á saga de Joaquim Murieta.

Para que não se perca a cabeça de Joaquim Murieta, em 1964, o cineasta Goerge Sherman recupera este revoltado já histórico, assinando um filme com o título de Joaquim Murieta e o sub título, Vendetta, produzido em Espanha.

O “cast” tinha Jeffrey Hunter no papel título, Arthur Kennedy é o capitão Love e Rosita era vivida pela latina Sara Leezano. Sherman com a sua vasta experiência de “Westerns”, narra a história em segurança e entusiasmo, com mexicanos a falar um mau Inglês, talvez dentro do estilo do “Western” latino. Nas sequências finais o ritmo decai um pouco, talvez devido ás expectativas anteriormente criadas.

Earl Bellamy, um cineasta mais afeito à televisão do que ao cinema conduz um telefilme no ano de 1970 com o titulo de “Joaquim Murieta”. Argumento diferente das películas atrás referidas, vemos bons actores tais como Ricardo Montalban que é Murieta, Slim Peckins, Anthony Caruso, Earl Holliman talvez o melhor no papel de proscrito Clay, movimentando-se todos numa narrativa de ritmo acelerado, talvez um filme ideal para preencher 83 minutos num horário de televisão.

O espanhol Louiz Calvo Teixeira, realizou em 1975, outro telefilme com o rótulo do poema de Neruda “Fulgor e muerte de Joaquim Murieta”. Falar de Joaquim Murieta é como alguém disse “é abrir um túmulo”. Parece que até hoje mexicanos e chilenos não se entendem sobre a nacionalidade daquele proscrito. Talvez para decidir a contenda a seu favor, Pablo Neruda, poeta chileno, escreveu o poema, enaltecendo o homem que do procurar uma hipótese de fortuna, teve de enfrentar a maldade e o racismo dos homens. Tendo como base no poema de Pablo Neruda, “Fulgor e morte de Joaquim Murieta”, o chileno Roberto Merino, encenou já este ano o referido texto no teatro Carlos Alberto, no Porto. Uma espécie de ópera, onde nunca vemos o legendário Murieta no palco, apenas a sua sombra. Uma sombra que pairará e nos lembrará um homem que para conseguir entrou no campo da lenda... e são as lendas que vivem.

Luís Dinis da Rosa com
Joaquim Cabeças
 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

E se a terra tremesse mesmo?

No passado mês de Novembro a Protecção Civil realizou um simulacro de sismo na área da Grande Lisboa. Testaram-se instituições, homens e equipamentos de forma a eliminar eventuais dificuldades em situação real. Outra questão é o que fazer até lá? Como lidar urgentemente com os muitos edifícios degradados, ruas onde os carros dos bombeiros não entram, agressões permanentes às linhas de água com reflexos evidentes em situações de cheias e num solo extremamente frágil. Aqui fica, numa foto de arquivo, o que sucedeu em Novembro de 2003, em Campolide, Lisboa, quando um autocarro no seu percurso habitual foi subitamente engolido por um abatimento de solo. Não basta saber o que fazer quando, é importante saber fazer e fazer desde já.

 

 

 

Música

Jay Sean - My own way. Jay Sean nasceu em 1981 em Kamaljit Singh Bhamra, durante dois anos frequentou um curso de medicina numa escola privada em Inglaterra. Durante esse período ele percebeu que queria mesmo era cantar, compor e conquistar os palcos, e acabou por abandonar o curso e gravar o seu primeiro álbum. "My Own way" é o segundo trabalho deste cantor britânico-asiático que rapidamente conquistou as terras de Sua Majestade. Teve as participações especiais de Jared Cotter e Thara Prashad. O primeiro single deste cd foi o tema "Ride it"que teve muito air play nas rádios nacionais. Mas o melhor ainda estava para vir! Seguiram-se mais dois singles que colocaram em definitivo o nome de Jay Sean como uma das melhores revelações dos últimos tempos. Este registo está recheado de melodias R&B ao mais alto nível, destaque para os temas "Ride it","Stay", Maybe" e "Stuck in the middle" Este é um dos melhores álbuns de R&B editados neste ano de 2008! Jay Sean veio para ficar no panorama internacional...

 

Pink - Funhouse. 2008 é um ano de muitos regressos, a Norte Americam Pink aposta agora neste "Funhouse", o seu quinto álbum. Alicia Moore ou seja Pink, editou o primeiro álbum em 2000 e durante oito anos já conseguiu vender mais de vinte milhões de cópias dos seus discos. "Funhouse"é um álbum bem pessoal de Pink, depois de ter terminado o seu casamento, Pink fala nas letras dos seus temas sobre esta fase menos feliz da sua vida. Este registo é menos comercial que os anteriores, mas bem ao estilo rebelde de Pink, entre o pop o rock e um pouco de funk. Pink contou com a ajuda de Max Martin, Eg White e Billy Mann neste novo disco. O cartão de visita escolhido para este registo foi "So what", um dos temas fortes deste cd. Além do primeiro single , destaque para as faixas "Sober", "I don't believe you" e "It's all your fault". O ponto fraco deste cd é mesmo a capa, uma foto infantil , numa altura em que a cantora revela mais maturidade no seu trabalho.

 

Dido - Safe trip home. Safe Trip Home é o terceiro álbum da britânica Dido, um disco muito aguardado pelos seus fãs. "Don´t believe in love" foi a primeira amostra deste cd, e durante algum tempo foi possivel fazer o download do tema no site oficial da cantora. Este trabalho foi produzido nas cidades de Londres e Los Angeles, e tem a assinatura de Jon Brion, ainda conta com participação especial numa faixa de Brian Eno. Depois dos álbuns "Life for rent" e "No angel", as expectativas eram muito elevadas para este registo, mas Dido ficou longe de atingir a qualidade dos anteriores trabalhos. Dido tenta mudar de rumo neste trabalho, e nota-se a influência do novo produtor. Mas acabou por perder a magia, e aparece com pouca alma a voz cristalina de Dido. Este 'Safe Trip Home' tem uma edição especial com um cd extra com três temas inéditos e o making of do álbum. Destaque para o primeiro single "Don´t believe in love", e para os temas "Quiet times","Grafton street"e "Us 2 little gods".

Hugo Rafael

 

 

 


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