CRÓNICA
A cara dos guardiães
Desde que vieram a lume as notícias sobre
professores a quem foi negada a aposentação por incapacidade, vindo
aqueles a falecer, passado pouco tempo, dessa mesma incapacitante
doença, para além de queixas mais antigas e também mais recentes, que só
a mediatização faz parecer problema novo, que me deito a tentar imaginar
a focinheira dos membros das chamadas juntas médicas da Caixa Geral de
Aposentações.
Pelo rosto fazemos, muitas vezes injustamente, juízos de valor da
criatura que o transporta entre as orelhas, que é como quem diz, quem vê
caras, não vê corações. É por isso que há trombas em cima dos ombros de
excelentes pessoas e há bestas-quadradas com cara de anjo. Mas àqueles,
por mais que me esforce, não consigo imaginar os contornos do rosto.
Contudo, mantenho que pela cara se descobre com relativa facilidade o
que vai na alma do seu utente.
As ditas Juntas serão constituídas por médicos e representantes da
Caixa. De forma simplista, diríamos que estes últimos estão a fazer o
seu papel. Mas não é a verdade toda. Há quem se preste a papéis cujo
excesso de zelo e a prepotência é preciso acautelar. Pelos vistos, é
gente de moral, no mínimo, duvidosa, e de um conceito muito estranho de
cidadania. São uns caras de pau.
E os médicos? Os médicos são incompetentes como parecem ou prestam-se ao
trabalhinho sujo de aceitar orientação clínica de quem não tem
competência para tal, à revelia do que estão obrigados deontologicamente
perante a Ordem e a sociedade?
Para responder a esta pergunta teremos então que falar nos bastidores de
onde decorre esta farsa. E aqui é sem dúvida o sistema, e este como é
sabido não tem cara. Se tivesse, não teria qualquer dúvida em afirmar
que é gente com cara de poucos amigos.
O sistema há muito que conhece o problema. Melhor: foi o sistema que
criou, alimentou e aplaudiu, desde sempre, a filosofia destas juntas,
como os gabinetes da antiga censura, dos quais não havia apelo, e a
haver, era para piorar. São reminiscências duma administração
totalitária, cujas raízes ainda perduram, como ervas persistentes,
daninhas. Por isso não se pode apenas mudar as caras, desde logo porque
não há energúmenos bons e energúmenos maus.
O Estado e as instituições que tutelam organismos de tamanha e
sensibilidade não podem demitir-se das suas responsabilidades ou,
fingindo-se surpreendidos com os escândalos noticiados, dizerem que são
casos excepcionais ou que tudo se resolve com medidas mais ou menos
burocráticas. Porque não adianta grande coisa nomear médicos
especialistas e dar primazia à respectiva opinião, se as orientações
forem mais do mesmo. Não, é preciso tomar medidas urgentes para que
estas juntas chamadas médicas cumpram o seu papel com justiça, com
humanidade e com critérios bem definidos. É preciso rever o papel de
quem representa a Caixa e com que objectivos; é preciso que não
prevaleçam preceitos corporativos, onde tudo está sempre bem e a culpa
morre solteira; é preciso que os cidadãos sejam respeitados como seres
humanos e não como qualquer coisa que está ali para ser usada como
qualquer ferramenta de trabalho.
Não adianta assobiar para o lado e fazer cara de cu.
João de Sousa Teixeira
PAU DE GIZ
O sabor do terraço
Tirei da tupperware dos biscoitos uma
broa de açúcar passada, meio dura.
Molhei-a debaixo da torneira do lava loiças antes de a comer, a broa não
me soube igual, como me sabiam as broas de açúcar meio duras, molhadas
com todo o cuidado debaixo da torneira da talha da água. A talha de Nisa
no tripé altarico.
Daí um certo desencanto. Que passo a decifrar.
O terraço era a construção mais sólida da casa, uma placa de cimento a
cobrir a cozinha do verão e a casa de banho, onde aos domingos ouvíamos
da janela escancarada do escritório os relatos do rádio, estendidos na
manta de trapos, de papo para o ar, a ver os fios da electricidade
directos à bomba do poço, e a ouvir contar, Tem cuidado uma vez a mana
ficou ali pendurada não fosse o pai mandá-la logo abaixo com um pau
conforme ela fosse um figo de palma e teria lá ficado agarrada pelas
duas mãos.
Não é do meu tempo mas por baixo, na horta, havia uma capoeira.
Diziam, Fechada por cima para os bicos não se pisgarem onde caiu o Mário
Rui e o que ele guinchou com o susto os braços abertos a boiar sobre a
rede a esgadanhar e aos gritos, Ai Jesus acudam-me.
Era no terraço, à sombra das parreiras, que fazíamos as corridas das
caricas com toques habilidosos, contornando curvas e contracurvas sem
sair do traçado riscado a giz, a giz de marcar de três em três, nas
ourelas, os metros nas peças da fazenda enfestada.
Desciam-se e subiam-se dois degraus para a camisola do prémio da
montanha e, quem cortasse a meta em primeiro, pintava de amarelo a sua
latinha por dentro, ganhando o direito a largar em primeiro na etapa
seguinte.
Ou jogávamos hóquei sem patins, de cana na mão, em meias a escorregar no
cimento.
Depois, um patim calçado à vez à vez, partilhando o par dos patins
extensíveis que vieram do Porto, uma baliza riscada no degrau da soleira
da porta de acesso ao sobrado, a outra no tanque que abastecia as
torneiras no rés do chão, cheio à mão a regador quando a bomba do poço
desferrava, o que muitas vezes acontecia.
Por mais afinações e buchas que o serralheiro lhe metesse, a bomba
empanava, até que o Ti Adorindo fez uma bomba das dele, como deve ser,
tendo sido até hoje um descanso.
A descambar para a horta é de apreciar o muro. Que passo a decifrar.
Construído em tijolos maciços, montados de lado e em bico, rebocados e
pintados a oca, cuja disposição deixava uns buracos na parede, a fazer
de conta: podiam ser a vigia dos navios de guerra, se brincássemos às
guerras contra uma frota alemã invisível ; podiam ser o cavalo se
fossemos em caubóiadas, e se assim fosse, por cima do muro prendia-se
com um cinto esfiapado a almofada vermelha, a da cadeira de braços, a
fazer de sela, e improvisavam-se as rédeas com as colas, surripilhadas
da barrica junto à mesa de enrolar, atadas aos ferros da latada.
As aberturas do muro, ao faz de conta, eram estribos e montados na
parede seguíamos a galope.
Na mão a fisga, o colt dourado ou a espingarda de pau com o percutor de
elástico a disparar bolotas, feito duma câmara de ar furada do Dodge, e
duravam a tarde inteira as perseguições aos malfeitores que assaltavam o
banco - num canto do terraço uma tábua sobre duas cadeiras, as notas
recortes do Diário de Notícias, ou aos ataques aos índios - assomando ao
cimo das escadas, entre as folhas e as flores brancas do limoeiro,
anunciados por uma pena do galo, ou de alguma galinha de pescoço pelado,
penduradas no cabelo.
Outras vezes, caçavam-se búfalos na pradaria que dali se avistava
povoada de laranjeiras, couves, girassóis gigantescos e feijoeiros de
embarrar.
Se calhava haver perseguições, fora dos limites do terraço, seguiam-se
pelas searas da vizinhança e o inimigo distinguia-se, conforme a época
do ano no verde da sementeira, ou no amarelado do restolho, pelas penas
coloridas na cabeça, quando avistado era abatido à voz, Pum! Ou apanhava
com uma bolota certeira no costado, ouvindo um triunfal, Morreste!
Acabava a brincadeira, chegava a hora da merenda, a hora de comer na
concha da mão uma broa de açúcar meio dura, guardada na lata amarela das
anilinas com os emblemas da ciba, molhada com todo o cuidado debaixo da
torneira da talha da água, não se fosse a broa de açúcar desfazer-se no
chão.
Guloseima que arremedei saborear, para saber se me sobrava ainda daquele
velho sabor.
Não saboreando o esperado, pensei, Só pode ter sido porque usei água da
rede é a única diferença que vejo.
Decifrado este novo sabor, ao menos sobejou-me do terraço o mesmo sabor,
nada mau.
António Luís Caramona
paudegiz@gmail.com
CONTRABAIXO
Revoluções
Um dos grandes sucessos dos concertos
Proms deste ano foi a venezuelana Orquestra de Jovens Simón Bolívar
dirigida por Gustavo Dudamel. Este maestro já nomeado para dirigir a
Sinfónica de Los Angeles, a partir de 2009, electrizou uma audiência
eclética e muito exigente, com uma interpretação da 10ª Sinfonia de
Schostakovich que não terá deixado ninguém indiferente.
Não pude assistir mas ouvi o concerto através do sítio na Internet da
BBC e não será exagero se afirmar que é um daqueles momentos a partir do
qual se pode mudar a nossa percepção de uma determinada obra, tal foi a
energia que se sentia brotar daqueles jovens instrumentistas.
A Venezuela assiste desde há cerca de trinta anos à emergência de um
projecto notável de formação de instrumentistas de orquestra, pelo qual
já passaram mais de 250 mil jovens. É um projecto que surge como de
intervenção social, característica que nunca renegou e que envolve as
crianças desde a mais tenra idade, normalmente a partir dos três anos.
Os resultados são impressionantes: para além das centenas de milhar de
crianças e jovens envolvidos, os resultados incluem a criação de
praticamente uma centena de Orquestras e uma alteração radical das
necessidades em termos de profissionais qualificados e dos próprios
espaços físicos como, por exemplo, auditórios e escolas.
Poderá ser um pouco redutor observar que a Orquestra de Jovens Simón
Bolívar e o próprio Gustavo Dudamel serão uma espécie de “cereja no topo
do bolo”, mas acredito que o impacto social que o programa já obteve ao
longo de todos estes anos embora seja um dos aspectos fundamentais,
ganha uma dimensão diferente quando se escuta o agrupamento em concerto
e se confirma a excelência artística do mesmo. O contacto directo que
tive oportunidade de manter com um jovem profissional e que me contou a
sua experiência de crescimento no seio deste projecto mostrou-me que de
uma certa forma tudo foi assumido um pouco como uma revolução, com uma
enorme ilusão, mas suportada num trabalho contínuo e tenaz. Uma das
outras faces desta revolução é o efeito de contaminação aos países
limítrofes. Por exemplo no Brasil já se trabalha nesta mesma direcção e
com a grande vantagem de poder aproveitar a experiência acumulada na
Venezuela.
Em Portugal e num contexto completamente diferente, acaba de ser criada
a Orquestra de Câmara Portuguesa, dirigida pelo excelente percussionista
Pedro Carneiro. Sobre se há espaço no nosso país para um projecto destes
singrar só o futuro poderá responder, mas há na génese deste projecto
algo que é fundamental, neste preciso momento: é um projecto dirigido
aos jovens instrumentistas o que, já aqui o referi no Contrabaixo, é uma
urgência. Agora será necessário criar as condições para que o projecto
se possa cimentar. Num certo sentido, é necessária em Portugal uma
pequena revolução e esta Orquestra de Câmara Portuguesa é também mais um
sinal inequívoco dessa premência.
Num outro registo, não posso deixar de dar os parabéns à RVJ, editora do
Ensino Magazine, pelos seus 10 anos de contínua procura de um espaço
original no mercado nacional. Este projecto do Ensino Magazine é a prova
de que valeu a pena.
Carlos Semedo
carlossemedo@gmail.com
OPINIÃO
Há País para além do
Litoral
Um estudo realizado pela empresa de
consultoria Coface revela que o número de empresas falidas no primeiro
semestre de 2007 diminuiu em relação ao período homólogo de 2006. Boas
notícias para o país? Talvez, mas não para todo o território. De acordo
com o referido estudo, nos distritos do interior - Castelo Branco,
Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança - o número de falências continuou a
aumentar. Estes números são mais uma consequência das políticas de
litoralização do país desenvolvidas pelos últimos governos. E o processo
não pára: a actual reorganização das forças de segurança vai encerrar
postos da Guarda Nacional Republicana em localidades do interior. A
reorganização do sistema de saúde encerrou maternidades, urgências e
Serviços de Atendimentos Permanente. Por fim, jardins-de-infância e
escolas do Ensino Básico têm vindo a ser progressivamente encerradas.
Onde? No interior.
O argumento para estes encerramentos é sempre o mesmo: redução da
despesa pública. Curiosamente, enquanto faltam recursos para manter
determinados serviços no interior, os governantes discutem a localização
de mais uma ponte sobre o Tejo, se o país precisa de um novo aeroporto
ou basta melhorar uma estrutura já existente, ou quantas linhas deve ter
um TGV que, vendo bem, o país nem precisa.
Um estudo recente da Marktest mostra que o saldo entre depósitos
bancários e crédito concedido é positivo no interior do país e negativo
no litoral. Ou seja, no interior os depósitos excedem o crédito, ao
passo que no litoral se verifica exactamente o contrário. O que poderia
ser um bom indicador é, afinal, mais uma prova das dificuldades vividas
por estas paragens. O reduzido volume de crédito concedido acontece
porque uma parte da população local não tem condições para recorrer ao
crédito, enquanto outros nem sequer pensam em créditos pois não sabem se
a empresa onde trabalham estará aberta por muito mais tempo. O elevado
volume de depósitos não resulta da poupança, pois o baixo nível dos
salários não o permite, mas das remessas dos emigrantes, ou seja, dos
que se viram obrigados a abandonar a região para conseguirem melhores
condições de vida. Senhores governantes, caso não tenham reparado, há
país para além do litoral!
João Canavilhas
MEMÓRIAS FICCIONADAS
Não copiarás
Era longa e arrastada a época de exames.
Uma espécie de corrida de obstáculos em que se testava a capacidade de
memorização em sucessivas provas escritas e orais, durante mais de dois
meses. De acordo com a economia académica, havia que dosear o esforço
(«gerir» seria o termo tecnocrático hoje usado). Na hierarquia
curricular, umas quantas disciplinas não lhes mereciam ralações de maior
por as considerarem de segunda: a ajuda dos colegas, as cábulas e até a
consulta directa na fonte (a sacrossanta sebenta) eram o instrumental
mínimo para se passar no exame. Assim, ganhavam uns dias extra para se
prepararem convenientemente para os cadeirões: Etnografia, Introdução à
Sociologia, Migrações e Povoamento, Economia Política e, a mais temida,
Finanças, regida pelo director do Instituto, um ultra conservador de má
memória.
Uma das cadeiras de 3º ano que não lhes queimava as pestanas, como já os
não prendera muito nas aulas, era a de «Noções Práticas, Obras Públicas,
Construções e Topografia» (por ali, as designações eram do tamanho da
légua-da-póvoa). Arcílio e o seu grupo de amigos não vislumbravam
qualquer utilidade futura àquelas matérias “práticas” debitadas de forma
teórica: dos caboucos ao travejamento, do reboco à fossa céptica, do fio
de prumo à utensilagem do topógrafo agrimensor. Conteúdos que podiam
constar de um “Guia Prático” para autodidactas, mas a que não
reconheciam dignidade universitária ou valia para emprego. Aquilo não
era numa escola profissional e os CET só seriam inventados por um
ministro que, na altura, ainda estudava (e militava) nos bancos do
Técnico. Aquela juventude aguerrida não reivindicava, no entanto, aulas
práticas (fazer a massa com as proporções certas de cimento, areia e
água) ou visitas de estudo (a um edifício em construção, por exemplo).
Não estavam ali para mudar o currículo, mas sim para cumprir o plano de
estudos, e sem chumbos; caso contrário, lá se ia o adiamento militar e a
certeza de «bater com os costados» em África. As suas lutas eram outras:
mais políticas (contra a guerra colonial) que pedagógicas (pela
qualidade de ensino). Aquelas matérias talvez fizessem algum sentido
noutros tempos: quando o pragmatismo colonizador pensava habilitar o
chefe-de-posto com conhecimentos generalistas (hoje seria imperioso
acrescentar as “competências tranversais”), úteis no trabalho quotidiano
de supervisão da mão-de-obra indígena. Era suposto ele saber (fazer) de
tudo um pouco. Uma espécie de pau para toda a “obra”, neste caso,
“pública” e pretensamente civilizadora.
Apesar do calor, Arcílio punha casaco, como sempre em dia de exame,
fazendo assim aumentar o número de bolsos (excelentes esconderijos para
cábulas) para doze. Mas a cadeira de “Topografia” nem isso merecia.
Antes procurar um lugar junto de uma daquelas colegas “marronas”
(avessas ao namoro precoce, e transbordantes de espírito cristão,
aprendido no austero interior beirão e transmontano, que não negava um
cisco de solidariedade estudantil aos mais necessitados). O ideal era
ficar ao lado da inseparável parelha de zelosas funcionárias públicas, a
versão feminina do Bucha e Estica. Essas davam sempre garantias de
resposta certa. Só que para isso, teria que chegar bem cedo pois esses
lugares estratégicos, para um profícuo copianço, eram escassos e muito
disputados.
Naquele dia, a primeira surpresa tiveram-na ao saber que o exame não se
realizaria no local habitual – o anfiteatro. Aí decorriam vários exames
em simultâneo e ficando cheio, os professores não queriam grandes
maçadas numa vigilância de sobe-e-desce; a idade, o gosto da cavaqueira
ou o pôr a leitura em dia eram ponderosas escusas para o seu imobilismo.
Atitude bem apreciada e a merecer aplauso dos estudantes.
O exame decorreu então no chamado anfiteatro pequeno, de bancadas
corridas, onde tinham normalmente as aulas. Ainda que o controlo ali
fosse mais apertado, tal não impediu o recurso generalizado aos
“auxiliares de memória”. Aquilo era uma fartar vilanagem, num contexto
de faz-de-conta: parecia haver um pacto implícito entre o docente que
fingia nada ver de ilícito e os alunos que se esforçavam por não dar
muito nas vistas. Afinal, aquela era uma cadeira percepcionada como fora
do tempo, não valorizada e, portanto, achavam natural que lhe fossem
prestadas menores atenções avaliativas. Por isso, ficaram estupefactos
quando o professor irrompeu indignado na direcção do Morenus, sentado
numa das filas detrás, acusando-o, pasme-se, de estar a copiar. Mas
estavam todos! A turma ficou suspensa, assistindo incrédula à tremenda
descompostura que lhe pregava, carregada de princípios éticos e morais.
E não se ficou pela admoestação, ao terminar salomónico:
– Tem o seu exame anulado! Venha cá na 2ª época!
Acharam tudo aquilo um despropósito. Morenus seria, de todos eles, o que
menos merecia tal desanda: rapaz atilado, assíduo e estudioso, formado,
durante anos, nos saudáveis valores do seminário. Sabia de cor, desde a
catequese, os mandamentos bíblicos e o «não copiarás!» estava ausente do
decálogo.
O primado da literacia, a invenção da escola e a massificação da
aprendizagem formal já deviam ter levado à actualização das tábuas da
lei, introduzindo-o como 11º mandamento. Mas nesta sociedade das
navegações googlianas em banda larga, quando os trabalhos (virtuais) se
tornam a modalidade de avaliação dominante, talvez o mais apropriado
seja mesmo o «não plagiarás»!
Luís Souta
lsouta@ese.ips.pt
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