Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano X    Nº116    Outubro 2007

Cultura

GENTE & LIVROS

Jordi Sierra i Fabra

«(...) a fotografia ou a imagem é o que comprova a naturalidade do acontecimento, o que o cerifica e autentica. Podes contá-la ao mundo inteiro, em mil ou em cem mil palavras, e o mundo acreditar-te-á. Inclusivamente, estremecerá com o relato. Mas dá-lho em imagem, e então será teu. Irás feri-lo no meio da alma, irás arranhar-lhe a razão, e comover-lhe a consciência.

Apesar disso, tinha preferido estudar jornalismo. Nunca seria tão bom como Chema, com uma câmara nas mãos. O seu meio eram as palavras. E um dia, os dois viajariam para cobrir uma revolta ou uma guerra, um terramoto ou o estoiro de um vulcão. Os dois. Fariam as melhores reportagens, e no final toda a gente leria: « texto: Isaac Soler./ Fotos: Chema Soler».

Como os sonhos acabam depressa.

E como é amargo o despertar (...)».


In Um Homem com um Garfo numa Terra de Sopas
 

Jordi Sierra i Fabra nasceu a 26 de Julho de 1947, em Barcelona. Aos 8 anos já manifesta vocação literária, aos 12 escreve o primeiro romance de 500 páginas. A adolescência passa-a em grande parte na companhia da música. É um fundador do El Gran Musical (cadena SER, Madrid) e colaborador na Rádio Barcelona. Escreve artigos para a Imprensa de Barcelona e no Novo Diário de Madrid. Abandona os estudos de arquitectura em 1970, para poder trabalhar como comentarista musical e director do semanário Disco Express, em Barcelona. Viaja pelo mundo na companhia de bandas musicais e o primeiro livro publicado, 1962-1972 História da Música Pop (1972), é a primeira obra do género editada em Espanha e um significativo sucesso de vendas. No ano de 76 desliga-se das várias revistas musicais em que trabalhou para se dedicar com exclusividade à literatura e à outra grande paixão, as viagens.

Os anos oitenta marcam o inicio dos primeiros Ciclos de Conferências do escritor. Um pouco por toda a Espanha, visita Escolas e Institutos. Os seus livros para a infância e juventude são um enorme sucesso literário e em 1991 ganha pela terceira vez em 10 anos, o Prémio Gran Angular de literatura. Os romances O Regresso de Johnny Pickup e El Tiempo del Olvido têm os direitos cinematográficos comprados em 1996. Nesse mesmo ano, o escritor vence o Prémio Joaquim Ruyra da literatura juvenil. Não param as conferências que dá agora por vários países, com destaque para os latinoamericanos. Em 2004 supera os 7 milhões de livros vendidos só em Espanha e segundo dados oficiais é o autor juvenil mais solicitado e lido nas Bibliotecas desse país. São criadas duas fundações com o nome do autor, uma em Espanha – Barcelona – e a outra na Colúmbia – Medelin – que tem como objectivo ajudar os jovens escritores. Com mais de duas centenas de livros e de 30 prémios literários, em 2006 falou-se pela primeira vez no Prémio Literário Jordi i Fabri.

Da sua vasta bibliografia, fazem parte os seguintes títulos de narrativa juvenil: Em Busca de Jim Morrison (1990); A Guitarra de John Lennon (1990); Nunca Seremos Estrelas de Rock (1995); A Estrela da Manhã (1996); A Música do Vento (1998); Onde o Vento dá a Volta (2001); Sete Minutos para a Revolução (2005); Sem Volta Atrás (2005); Chamando às Portas do Céu (2006).
 

Um Homem com um Garfo numa Terra de Sopas. O jovem estudante de jornalismo Chema Soler é confrontado com o suicídio do irmão mais velho. O que levou o célebre fotógrafo Isaac Soler, - recentemente galardoado com World Press Photo por uma imagem do massacre dos indígenas em Chiapas, - à suprema desistência? Atrás da verdade Chema arrisca a vida numa investigação que o conduz de Espanha até à Selva Lancadona. No coração do conflito, surgem as explicações que faltam, até para a misteriosa frase na carta de despedida de Isaac. Afinal, o que faz um homem com um garfo numa terra de sopas?

Eugénia Sousa

 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

Dia Internacional da Música

Com muitas e variadas iniciativas decorreu, no passado dia 1 de Outubro, o Dia Internacional da Música. A foto representa uma homenagem às imensas bandas filarmónicas que por este país, em difíceis condições, levam o espectáculo musical, de modo gratuito, à generalidade da população.

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

Dom Quixote. Responde se és Homem - Epístolas aos Incrédulos, de Rita Ferro e Rosado Fernandes. Em nome das mulheres deste país, a autora lança um repto a Rosado Fernandes. Ele tem de responder a algumas questões que inquietam o género feminino. Um verdadeiro “Ligações não Perigosas”. Com humor e sentido crítico, a correspondência dos autores atesta que o diálogo homem-mulher pode, e muito bem, ser franco, honesto e feliz.
 

Campo das Letras. Fados e Desgarrados, José Xavier Ezequiel. O autor vai buscar à cultura americana o essencial do romance negro, adaptando-o com grande vitalidade e fôlego à realidade portuguesa. « Tens a visão sulfúrica das personagens que eu só encontrei no Chandler, no Hammett e, por vezes no Spillane» - Dennis McShade.
 

Gradiva. Leva-me Contigo, de M. J. Hyland. John Egan possui um talento que o torna especial: sabe quando alguém está a mentir. Ele sonha que esse dom ainda lhe trará fortuna e fama, mas a realidade é bem mais dura quando passa por uma família demasiado frágil. Leva-me Contigo, que o escritor J.M. Coetzee apelidou de romance de grande qualidade, foi Prémio Hawthornden 2007; Prémio Encore 2007; e Finalista do Prémio Man Booker 2006.
 

Presença. O Meu Nome é Vermelho, de Orhan Pamuk. Istambul, últimos anos do Século XVI, o sultão encomenda um livro secreto que celebre a sua vida e o seu império de forma extraordinária. Os mais talentosos miniaturistas do país são chamados para iluminarem o livro e um crime é cometido. O Meu Nome é Vermelho é um dos mais aclamados romance do autor, prémio Nobel da Literatura em 2006.
 

Texto Editores. Sintra 7 Anos Numa Ilha, de Emídio Copeto Gomes e Gustavo Figueiredo. Pode-se ler no prefácio «Foram sete anos a percorrer e a conhecer Sintra a pé, desde os primeiros dias em que nos vimos como que num reino celestial pousado sobre a Terra, todo ele inexplorado, repleto de vestígios de heróis e santos de outrora. (...)». Como quem fotografa sonhos, os autores libertaram neste livro o encanto, o misticismo e a poesia, de uma terra mágica.
 

Europa-América. Polegares, Dedos dos Pés e Lágrimas, de Chip Walter. São seis as principais características e comportamentos que nos separam dos restantes animais: o dedo grande do pé, o polegar oponível, uma faringe com forma invulgar e a magnífica capacidade e rir, beijar e chorar. Com esta obra extraordinária o autor conta-nos como estas definições, aparentemente sem ligação, evoluíram para nos tornarem a espécie que somos.
 

Cotovia. O Livro do Chá, de Kakuzo Okakura. «A Filosofia do Chá não é mero esteticismo na acepção vulgar do termo, porque exprime, conjuntamente com a ética e a religião, todo o nosso ponto de vista a respeito do homem e da natureza (...)». O Livro do chá contribui, em grande parte com filosofia e reflexão, na apologia de uma das mais respeitadas beberagens do mundo.
 

Cavalo de Ferro. Pânico no Scala, de Dino Buzzati. Publicado pela primeira vez em 1949, e após o êxito de O Deserto dos Tártaros e de Os 7 Mensageiros, este é o segundo livro de contos do autor. As 25 histórias que o compõem testemunham bem o talento de Dino Buzzati, a quem os críticos de todo o mundo não pouparam nunca elogios, chamando-lhe génio, brilhante, e provocador.
 

Piaget. A Literatura Europeia, de Jean-Louis Backès. «A história da literatura europeia é a da curiosidade insaciável» defende Backès. A literatura europeia - muito mais do que a soma das literaturas de cada país – a sua génese e evolução, surge nesta obra abordada de forma acessível e com indiscutível interesse.
 

Guerra & Paz. Guia Terapêutico de Cinema – Como curar insónias, fobias, depressões e desastres amorosos, de Pedro Marta Santos. Após um período de doença em que o autor se socorre do cinema para ultrapassar as horas menos boas, eis que surge a ideia de alargar a terapêutica a outros casos. Assim, receita-se um livro divertido sem poderes curativos, mas que funciona como excelente placebo.
 

Difel. Adriana Mater, de Amin Maalouf. Num país em guerra, Adriana fica grávida depois de ter sido violada. Resistindo à opinião da irmã, decide ficar com o filho. Ao vê-lo crescer, pergunta-se qual será o sangue que prevalece, o dela, ou o do seu carrasco. Quando adulto, o filho promete matar o progenitor e parte nessa missão. Ao regressar, ela recebe-o com estas palavras: «Esse homem merecia morrer, mas tu, meu filho, não merecias matá-lo.». Adriana Mater é um libreto comovedor.
 

Flamingo. Moda Fácil, de Dinah Bueno Pezzolo, e ilustrações de Anita Ljung. Este é um livro prático aconselhado a todas as mulheres que desejam encontrar o seu próprio estilo.Com muitas sugestões de roupas e acessórios para várias ocasiões, desde o trabalho, passando pelas viagens, festas e cerimónias de casamento, não faltam dicas de beleza e cuidados para se estar sempre bem.
 


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