SECRETÁRIO DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO ANUNCIA
Ensino Especial com
novas regras
O Secretário de Estado da Educação,
Valter Lemos, anunciou, ao Ensino Magazine, novas regras para a Educação
Especial, passando a haver redes “de escolas públicas de referência para
alunos surdos, cegos, para unidades de multi-deficiências, e autismo. O
regime prevê ainda que as actuais escolas de ensino especial se
transformem em centros de recursos especializados, que trabalharão com
as escolas de ensino regular onde as crianças e os jovens estarão”.
De acordo com Valter Lemos, o objectivo é que as crianças e jovens com
necessidades especiais tenham condições de apoio específico dentro das
escolas e, eventualmente, fora da escola em instituições de ensino
especial, como as Appacdm’s ou Cercis. “Este tipo de colaboração já
existe em muitos casos, garantindo que as crianças estejam na escola, no
ensino regular, e que esse Centro de Recursos Especializados garanta o
apoio à criança, nas suas instalações, ou com a ida de técnicos às
escolas”, refere.
O Secretário de Estado considera que desta forma será possível “garantir
que as crianças sinalizadas tenham o melhor apoio possível. Deste modo,
ficam em condições de sociabilização normal nas escolas, onde também têm
o apoio com os professores de educação especial e o outro fornecido
pelas instituições especializadas”.
O novo quadro da Educação Especial que tem vindo a ser desenvolvido, nos
últimos dois anos, de uma forma progressiva, está agora sistematizado
numa nova Lei, já aprovada em Conselho de Ministros. O diploma, a que
tivemos acesso, define os apoios especializados a prestar na educação
pré-escolar e nos ensinos básico e secundário dos sectores público,
particular, cooperativo ou solidário. O documento visa a criação de
condições para a adequação do processo educativo às necessidades
educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível
da actividade e da participação num ou vários domínios de vida,
decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter
permanente, resultando em dificuldades continuadas ao nível da
comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do
relacionamento interpessoal e da participação social.
De acordo com aquele documento, “a educação especial tem por objectivos
a inclusão educativa e social, o acesso e o sucesso educativo, a
autonomia, a estabilidade emocional, bem como a promoção da igualdade de
oportunidades, a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma
adequada preparação para a vida profissional e para uma transição da
escola para o emprego das crianças e dos jovens com necessidades
educativas especiais nas condições acima descritas”. Deste modo, “as
escolas ou os agrupamentos de escolas, os estabelecimentos de ensino
particular com paralelismo pedagógico, as escolas profissionais, directa
ou indirectamente financiados pelo Ministério da Educação, não podem
rejeitar a matrícula ou a inscrição de qualquer criança ou jovem com
base na incapacidade ou nas necessidades educativas especiais que
manifestem”.
Além disso, “as crianças e jovens com necessidades educativas especiais
de carácter permanente gozam de prioridade na matrícula, tendo o
direito, nos termos do presente diploma, a frequentar o
jardim-de-infância ou a escola nos mesmos termos das restantes
crianças”. Do mesmo modo, “têm direito ao reconhecimento da sua
singularidade e à oferta de respostas educativas adequadas”.
O Diploma envolve também os pais em todo o processo. “Os pais ou
encarregados de educação têm o direito e o dever de participar
activamente, exercendo o poder paternal nos termos da lei, em tudo o que
se relacione com a educação especial a prestar ao seu filho, acedendo,
para tal, a toda a informação constante do processo educativo. Quando,
comprovadamente, os pais ou encarregados de educação não exerçam o seu
direito de participação, cabe à escola desencadear as respostas
educativas adequadas em função das necessidades educativas especiais
diagnosticadas”.
INVESTIGAÇÃO NA SUPERIOR
AGRÁRIA
Protocolo assinado em
Beja
A Escola Superior Agrária de Beja e o
Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Baixo Alentejo e
Litoral (CEBAL) acabam de assinar um protocolo que vai permitir que este
último funcione nas instalações da ESAB.
O CEBAL tem como objectivos a investigação científica, a participação na
leccionação de pós-graduações com universidades e a transferência de
tecnologia, sendo por isso uma importante mais valia para a região.
No protocolo assinado, para além das instalações, está também presente
uma estreita colaboração em acções de Investigação e Experimentação nas
áreas da Biotecnologia aplicada às Ciências Agrárias, Ciências dos
Alimentos e Ciências do Ambiente, nomeadamente através da apresentação
de candidaturas conjuntas a projectos de I&D com interesse para o Baixo
Alentejo e Alentejo Litoral.
TOMAR
Barquinha há 300 mil
anos
Os arqueólogos que trabalham no sítio
arqueológico da Ribeira da Atalaia, em Vila Nova da Barquinha, acabam de
descobrir vestígios de presença humana naquele que é o local onde se
descobriram os mais antigos vestígios de vida no território nacional,
datados de há 300 mil anos.
Uma atenção especial é dedicada à transição de uma economia baseada na
caça e recolecção para a agricultura e pastorícia, processo iniciado há
cerca de 7500 anos. Mas as grandes novidades em 2007 dizem respeito aos
primeiros sinais da presença humana.
Em 2005 foram recolhidas amostras para efectuar datações absolutas que
conferem ao sítio da Ribeira uma importância singular no panorama da
investigação nacional. Não só porque foram identificados níveis com
cerca de 300 mil anos (os mais antigos que se conseguiu datar, até hoje,
em Portugal), mas também com 90 000 e com 24 000. Ou seja, existem
potenciais vestígios de ocupações do Paleolítico inferior, Médio e
Superior. Sendo que nestes níveis foi identificada e escavada uma
estrutura de combustão.
O local está a ser alvo de intervenção de uma equipa internacional de
arqueólogos desde 1999, no âmbito do projecto Tempoar, Território,
Mobilidade e Povoamento do Alto Ribatejo. Este projecto visa estudar o
comportamento dos seres humanos que ocuparam o vale do Tejo na
Pré-História e compreender como ocuparam o território, bem como a sua
capacidade em gerir os seus recursos e a tecnologia utilizada.
Este projecto de investigação interdisciplinar tem conjugado dezenas de
investigadores de diversas nacionalidades, bem como estudantes do
Mestrado de Arqueologia IPT/UTAD e de outras instituições. Com efeito,
todos os anos chegam a Vila Nova da Barquinha estudantes de toda a
Europa, em particular da Universidade de Trento com a qual está
estabelecido um protocolo de estágio.
ACESSO AO ENSINO SUPERIOR
Portalegre brilha na
1ª fase
Nas Escolas do IPP, na 1ª Fase de Acesso
ao Ensino Superior, foram colocados 430 alunos, o que representa um
acréscimo de 13%, em relação ao ano passado. "Serviço Social",
"Enfermagem" e "Enfermagem Veterinária" continuam a ser os cursos a
registar maior procura. Também os novos cursos de "Engenharia das
Energias Renováveis e Ambiente" e "Educação Básica" recolheram as
preferências de um número significativo de candidatos. Aquém da procura
esperada ficaram os cursos que vão funcionar em regime pós-laboral. Por
outro lado, ao abrigo do concurso especial de acesso ao ensino superior
para maiores de 23 anos foram colocados, numa primeira fase, 79 alunos.
UNIVERSIDADES E O
FINANCIAMENTO
Marçal Grilo critica
reitores
O ex-ministro da Educação Marçal Grilo
criticou os reitores que se queixam publicamente de sub-financiamento,
por prejudicarem a imagem da Universidade.
Falando em Aveiro, numa conferência promovida pelo Foro Universal sobre
o tema "Que Educação/Universidades que temos e queremos?", Marçal Grilo
frisou que "ninguém vive com o que gostaria de ter" e disse que a forma
de encarar o problema "não é vir para a rua dizer que há
sub-financiamento das universidades.
"A imagem da universidade é devastada quando alguns reitores vêm para a
rua falar de sub-financiamento. Os reitores deviam estar a procurar ir
buscar dinheiro a outras fontes de financiamento", comentou.
Segundo Marçal Grilo, que deu o exemplo das universidades
norte-americanas, "está por montar um verdadeiro "foundrising", capaz de
trazer financiamento para as universidades portuguesas".
Sobre os sistemas de governo das universidades não se quis alongar em
considerações, devido à entrada em vigor do novo regime, mas anotou como
"pontos essenciais a acautelar o reforço das lideranças, a prestação de
contas e a transparência".
O conferencista censurou o "corporativismo" que subsiste no meio
universitário, "com a tendência para cooptar os seus elementos em
sistemas fechados", realçando que as universidades devem é ter em conta
os legítimos interesses dos seus estudantes.
"A ideia de que alguns entram aos 17 anos e saem de lá aos 70 anos, tem
de ser combatida de forma frontal", ironizou.
Elegeu como factores de sucesso das universidades conceitos como visão,
missão, liderança, comprometimento e motivação, embora reconheça que
dificilmente se verificam em simultâneo.
Discorrendo sobre o tema do ensino superior, Marçal Grilo considerou que
"o processo de Bolonha ainda está no início e é preciso repensar a
formação de base".
O ex-ministro elogiou a Declaração de Bolonha mas admitiu que haveria
aspectos a corrigir, se fosse possível voltar a 1999.
"Nós, os 29 ministros falhámos num ponto: devíamos ter acompanhado a
Declaração de um instrumento para o diálogo entre as universidades
europeias, que ficaram paradas até 2001 e não foram capazes de criar os
acordos que hoje se fazem, com os incentivos financeiros existentes",
assumiu.
"Entusiasta das redes institucionais", Marçal Grilo admitiu que hoje
"não há défice de contactos internacionais" mas observou que é
necessário "criar redes mais consolidadas".
"Tem de se ir mais longe do que os protocolos. A Europa tem muito mais
potencial do que mostra e as universidades, através dessas redes, podem
optimizar os seus recursos e empurrar a economia e o desenvolvimento
social", concluiu.
MSO/Lusa
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