Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano X    Nº110    Abril 2007

Opinião

CRÓNICA

Revelação

Após o reconhecimento, o Mestre disse, agora em verdade vos digo, podereis levar a minha palavra a todas as partes e com ela os mandamentos da nova edificação, a qual será erguida pedra sobre pedra até ao fim dos tempos. Eles concordaram e deram inicio ao trilho ecuménico, não só com a palavra, mas com todos os certificados de que assim haveria de ser como ouviram dizer ao Mestre.

Ao longo do caminho, muitas foram as provações: algumas vezes por duvidarem dos mensageiros, muitas vezes por ser demasiado o sacrifício e tão evasivo o proveito, quase sempre porque eram muitas as dúvidas sobre as habilitações do Messias e o seu desinteressado empenhamento em que todos ficassem senhores da verdade.

Então, os pregadores diziam que uma luz renovável e ecológica haveria de descer sobre todos, e esta, mais do que vista para os olhos, seria claridade para as mentes e que assim até os mais incrédulos poderiam ver as rosas onde havia esterco, pão onde havia miséria e felicidade em cada criança que chorasse.

Em nome desta fé foram projectadas as obras que os vindouros haveriam de saber construir com o suor do seu rosto e o sacrifício das próprias vidas; em nome dos desígnios foram impostos princípios de austeridade, em cujo princípio eram apenas impostos; em nome das convicções soltaram os cães às carnes imunes dos crentes e aos ossos daqueles para quem a dúvida legítima fazia algum sentido.

E disse depois o que se sentava na principal cadeira, que faria novas todas as coisas, pois ele seria o princípio e o fim, para que ninguém duvidasse um só instante das suas palavras, claras como a água que brota das fontes, simples como o pergaminho das suas leis, porque a benignidade do Mestre seria para com os santos - e santos são os que evangelizam com a sua palavra - quanto aos demais, sobretudo aos que negassem a verdade consabida, haveriam de morder a língua e o sangue dessa ferida, que o maligno transformaria em peçonha, matá-los-ia.

Mais ainda acrescentou que quem ousasse discordar ou fazer notícia sem sua orientação ou conhecimento seria primeiro avisado mas se teimasse, fosse reincidente ou desdenhasse, seria infernizado para o resto dos seus dias, caso não fosse imediatamente feito em cinzas.

Abençoados por isso os que sobreviverem, os que tomarão lugar na nova ordem, incluindo os excedentários dóceis, os pobres de espírito, os que sempre acreditaram na infinita justiça, mesmo quando tudo parecia abalar debaixo dos pés. Pelo contrário, os insubmissos, os que exibem édito (apesar de certificado) mas de outro saber, os que fazem da verdade algo dialéctico sem certezas absolutas, esses terão que trabalhar de sol a sol para seu sustento, sem garantias e com salários de miséria, e não terão lugar na terra prometida, disse o mestre. E, depois, concluiu em tom conciliador: tal como os primeiros, mas sem a minha bênção. Então estarei noutros lugares, em cadeiras que ainda me faltam abranger

João de Sousa Teixeira

 

 

 

PAU DE GIZ

Os meus calções com peitilho

Este sábado por acaso ao acordar fazia escuro e deixei-me ficar de olho aberto, a rebolar no colchão, meio a magicar, meio a ouvir e a ver daquelas fotographias guardadas na escrivaninha.

Daí, a ver-te em tipo postal, meio tapada pelas da primeira comunhão, foi um salto.

Descortinei a assomar do bibe as florinhas da tua roupa de baixo por cima da fralda de pano, enxerguei o teu vulto trangalhadanças de menina, distingui o teu andar como um pato de asas abertas periclitantes, estás de pé agarrada ao guiador do triciclo de madeira, e por detrás do teu sorriso há uma porta escancarada.
Resumindo, dessa fotografia marcada esta manhã na minha ideia, há ainda o azul forte dos meus calções com peitilho.

Enterrado na almofada avisto onde moravas, na passagem para a velha fábrica ardida, em frente ao cais da lenha para a caldeira da outra fábrica, numa casa baixa por rebocar, naquele correr de casas com portas de duas folhas que dão para a passagem onde passam as pessoas apressadas pelo apitar da sirene. As portas estreitas e altas, as portas parelhas umas às outras, as portas abertas e dentro das casas escuro, porque essas casas não tinham janelas. 

A sonhar acordado uma porta cruzei de relance, e à luz do sol escoada da rua desenterrei lembranças mais velhas que a terra. 
Das caixas de madeira untadas pela oleína, umas cheias outras meias com bobines e meadas e da noveladeira verde, com as patas de ferro enferrujadas, a trabalhar sem ninguém. Dos fios feitos novelos, os novelos cintados com a etiqueta azul dos dois elefantes a puxar um fio retorcido a dois cabos (no desenho, cada elefante a puxar para seu lado), os novelos organizados por cores arrumados na estante, fofos como molas coloridas de sumaúma, empilhados até ao tecto. E, na penumbra da divisão, do saco de papel com as lamelas do produto da bayer, senti o cheiro acre e penetrante do anti-traça industrial.

Saio cabisbaixo, encostando a porta por protecção, não por temer um ataque de traça mas para conservar intacto e preservado em mãos-cheias da naftalina o que ali encontrei.

À cautela abri ao lado outra fresta e espreitei as minhas primas mais velhas, muito mais novas, vi-as solteiras ouvindo-as cantar a Santa Cruz e o 13 de Maio, estavam a cortar os cobertores nas medidas corriqueiras, a embainhar e a sacudir como se acudissem apressadas aos lençóis de flanela, estendidos na corda da roupa, por cair uma trovoada. 

Cosiam etiquetas, dobravam e embalavam os cobertores nos sacos de plástico com a marca Cober escrita a letras vermelhas, sobre a mesa de enrolar.

Um tio meu, o meu tio João, chega dos correios vem a fumar os cigarros Paris, reparei nele a entrar e ouvi-o mesmo dizer, Cachopas trago aqui mais postais com encomendas. Enquanto mostra confiante, de mão no ar, a correspondência do Eduardo Martins, dos Armazéns do Chiado e das Galerias de Paris.

A passar na rua (há quanto tempo deixou de passar ali gente, mesmo que não seja gente apressada ?), escutei os taipais da camioneta a bater e a cobertura de oleado, por trazer as pontas soltas, ouvi clarinho a fustigar.

Junto ao portão de ferro, na descida para a casa dos teares, adivinho o alarido do Barata, Chofer das de Cima, que faz as entregas de fios, mantas e fazenda, bate as palmas com muita força e fala a atroar uma linguagem de caserna. E ganha relógios de pulso - como prémio - por cada vez que atinge outros cem mil quilómetros sem ser preciso abrir o motor à camioneta, naquela oficina na Marechal Carmona onde se vê o emblema da Hanomag pregado na parede.

Hoje, dizia, por acaso ao acordar fazia escuro e por ter ficado espojado, a ver passar os comboios, ouvi, vi e revi numa fotographia o teu sorriso, o triciclo esfolado e as portas abertas que só me fazem lembrar o buraco da guarita de lata, na Deveza, não sei porque carga de água me fui lembrar do casinhoto à porta de armas no quartel de cavalaria.

Daqui a nada, assim que me vista, vou revoltar gavetas, vou procurar a fotographia e a apontar vou passar o dia nisto, Alguém me diz quem é esta? 

Até que alguém me diga.

E, se te encontrar, na segunda feira envio-te por correio normal uma cópia do retrato embrulhada num rebotalho de pano azul deslavado, o que resta dos meus calções com peitilho, os quais - como tu - esta manhã não me saem da ideia.

António Luís Caramona
paudegiz@gmail.com

 

 

 

OPINIÃO

Mais quatro anos

A UBI celebrou 21 anos. Mais 4 anos para atingir os 25, as bodas de prata. São os 4 anos de um novo reitorado.

Já neste momento os tempos são de grandes dificuldades, sobretudo orçamentais. As verbas vindas directamente do Orçamento de Estado não chegam a 21 milhões de euros e os encargos salariais atingem os 25 milhões. E sendo essa a dificuldade mais premente, não é a mais grave. O principal desafio da UBI reside na sua consolidação académica, científica e pedagógica. A UBI arrisca-se a ver-se relegada para uma formação de primeiro ciclo de estudos superiores, e a ficar sem mestrados e doutoramentos. Desde logo por falta de alunos, e depois por Ministério privilegiar descaradamente as instituições do Litoral. O caso dos mestrados integrados nas Engenharias, apontado no discurso reitoral do 30 de Abril, é a prova clara desse favorecimento desigual e até vergonhoso.

As universidades e os reitores tiveram a vida facilitada quando o número de alunos aumentava todos os anos e os dinheiros públicos iam, mal ou bem, suportando o crescimento, físico e de pessoal, das instituições. O CRUP era uma força unida e poderosa, fazendo ouvir a sua voz na sociedade portuguesa. As coisas mudaram de vez quando o número de candidatos ao ensino superior baixou significativamente, as diferentes escolas começaram a competir entre si pelos poucos alunos, e o financiamento de universidades e politécnicos foi sendo estrangulado à medida da pressão de Bruxelas para diminuir o défice das contas do Estado. As universidades deixaram de falar a uma só voz, o Ministério apoiou a divisão, tratando-as de forma desigual, e cada escola centrou-se no seu umbigo, segundo o mote de que com o mal dos outros se pode bem.

Que pode fazer a UBI, que tem de ser feito no novo reitorado? A resposta é, e tem de ser, de continuidade e mudança. De continuidade com o que foi feito por Passos Morgado e Santos Silva, de ter e seguir um plano estratégico, de apostar em boas infra-estruturas, bibliotecas, laboratórios e salas de aula, de qualificar rapidamente um corpo docente próprio, de concentrar a universidade numa cidade, de ter uma instituição a uma só voz, sem divisões partidárias ou de outra espécie. Continuar a afirmar a UBI como instituição autónoma, sem enfeudamentos político-partidários, autárquicos, regionais, ou de qualquer outra espécie. Mas também tem de haver mudança no novo reitorado, na prioridade dada à investigação, na eficiência e agilidade dos serviços académicos, de inclusão e responsabilização de mais professores na gestão de novos projectos, na constituição da universidade como pólo cultural dinâmico, no empenho firme e total no parque tecnológico.

As engenharias sofrem a crise da falta de alunos, mas abrem-se-lhes as tremendas e fantásticas oportunidades de avançar com empresas inovadoras e de ponta, de entrar no Parkurbis, de fazer aqui o que outras universidades por esse mundo fazem, isto é, assumirem um papel activo e central na renovação industrial. A UBI tem de ir por aí, de aproveitar o enorme capital que construiu ao longo de mais duas décadas na formação do qualificado corpo docente na área das engenharias, e criar um vivo e criativo alfobre de empresas tecnológicas. 

A última coisa a fazer seria reagir à míngua de alunos com o despedimento de professores que tanto custou qualificar. Isso seria desperdiçar descaradamente recursos preciosos. É preciso entender que as pós-graduações em engenharia estão ligadas cada vez mais à cultura empresarial de pequenas empresas de elevado potencial científico e tecnológico. Para que os segundos e terceiros ciclos desses estudos, isto é, os mestrados e doutoramentos, possam continuar a ser leccionados na UBI é imprescindível que muitas empresas surjam e requeiram elas mesmas engenheiros cada vez mais qualificados.

As engenharias são um importante património histórico e de identidade na UBI que deve ser acarinhado e potenciado. Não é por viverem um período de crise na procura pelos alunos que agora devem receber menor atenção e sofrerem desinvestimento.
Os desafios que se colocam à UBI como pequena universidade do Interior de Portugal exigem tanto uma liderança forte como agregadora de todos os docentes e alunos. Infelizmente os problemas decorrentes da baixa demografia, da diminuição de alunos persistirão e até se agravarão; mas as universidades ganharão novas funções à medida que a sociedade se tornar mais e mais uma sociedade do conhecimento. O próximo mandato reitoral terá de ter em conta essas novas realidades. Para que a UBI seja melhor universidade daqui a 4 anos, em 2011, por ocasião dos seus 25 anos.

António Fidalgo

 

 

 

CONTRABAIXO

Ensino artístico

Depois de ler o Relatório Final do Estudo de Avaliação do Ensino Artístico, não posso deixar de ficar assustado com a recomendação que aponta o ensino integrado como a referência. O susto resulta, em primeiro lugar, de não conseguir perceber como é que se pode criar uma referência para um subsistema tendo como base de análise uma pequena parte do mesmo. A rede de escolas do ensino artístico, em termos de abrangência territorial e número de alunos, é dominada pelo sector privado. Este sector é abordado de forma incipiente no referido estudo, condicionando, a meu ver, a eficácia e pertinência de grande parte das recomendações. Em segundo lugar, temos já disponível uma perspectiva de integração, sobretudo na área da música, com a generalização das chamadas actividades de enriquecimento curricular implementadas este ano lectivo. Essa perspectiva revela, por um lado, um desaproveitamento de muitos dos projectos que estavam a funcionar, em alguns casos, há mais de uma década e que conduziu a situações aberrantes como, por exemplo, a de professores de outras áreas estarem a "leccionar" música. Esta perspectiva falha num aspecto essencial: a não integração no horário lectivo, tornando as actividades facultativas e vistas, pela maior parte dos encarregados de educação, como ocupação de tempos livres ou um passatempo. Se é a este "modelo" que vamos beber a inspiração, estaremos conversados, pois o caminho só nos vai conduzir à ineficácia e degradação.

Num quadro no qual o discurso político estabelece uma estratégia que se alicerça na qualificação e educação como factor de desenvolvimento do país, é necessário dar resposta urgente aos que apostaram na sua formação. Pode dizer-se, com toda a segurança, que nunca Portugal teve tantos estudantes de música e tantos bacharéis ou licenciados em instrumento ou formação musical, citando apenas alguns cursos. Significa que estamos perante uma oportunidade, porventura, única. Há umas semanas atrás, um jovem violoncelista português que iniciou a sua formação numa escola portuguesa, apresentou-se num festival, tocando a integral das Suites para Violoncelo Solo de J. S. Bach. De forma brilhante, atestaram alguns músicos profissionais. Tive oportunidade de lhe perguntar se estava nos horizontes próximos voltar para o nosso país. A resposta veio rápida e incisiva: nem pensar, não tenho condições para tal.

Poderemos argumentar que é natural que alguns escolham permanecer no estrangeiro e que sempre assim foi. Mas o que me parece importante é saber se as alterações que se perfilham têm em conta esta mudança radical do número e da qualidade dos jovens músicos que se formaram nos últimos 10/15 anos e que, na sua grande maioria, ficam por cá. Nesse aspecto, o documento assemelha-se a um labirinto que não clarifica, antes baralha ainda mais o que já por si é uma realidade bastante fragmentada.

As escolas tiveram oportunidade de se pronunciar sobre o relatório. Resta saber se haverá vontade para ouvir com ouvidos de músico.

Carlos Semedo 
carlossemedo@gmail.com
 

 

 

 

CRÓNICA

Cartas desde la ilusión

Querido amigo:

En mi carta anterior te indicaba que había conseguido que mis alumnos se mostraban capaces de valorar el esfuerzo personal como base y fundamento de la construcción no sólo del conocimiento, sino también del propio desarrollo personal.

Acabé esa carta prometiendo contarte cómo lo conseguí.

Creo que fue todo muy sencillo. Comencé contándoles la anécdota que se narra del encuentro entre Buda y un bandido que se llamaba Angulimal. Por si no la sabes, o no la recuerdas, te la transcribo a continuación. Está tomado del libro de Anthony De Mello: La oración de la rana, vol. 2. Santander, Sal Terrae, pág. 98. Dice así:

«En cierta ocasión, Buda se vio amenazado de muerte por un bandido llamado Angulimal.

–”Sé bueno”, le dijo Buda, “y ayúdame a cumplir mi último deseo. Corta una rama de ese árbol”.

Con un golpe de su espada, el bandido hizo lo que le pedía Buda.

–”¿Y ahora qué?”, le preguntó a continuación.

–”Ponla de nuevo en su sitio”, dijo Buda.

El bandido soltó una carcajada:

–”¡Debes de estar loco si piensas que alguien puede hacer semejante cosa!”

–”Al contrario”, le dijo Buda. “Eres tú el loco al pensar que eres poderoso porque puedes herir y destruir. Eso es cosa de niños. El poderoso es el que sabe crear y curar”».

La expresión de los ojos de mis alumnos cuando acabé esta corta narración me dio el feedback sobre el impacto que había producido en ellos. Les invité, entonces, a dibujar un árbol, con sus ramas, en una hoja de papel. Una vez dibujado, les indiqué que lo recortasen, de tal manera que, al colocarlo en pie, encima de la mesa, cada uno tuviera su árbol con sus ramas. Entonces les dije que rompieran, con su mano, una de las ramas. 

– ¿Ha sido fácil?, les pregunté.

Todos asintieron. Les invité a continuación a que dejaran el árbol como estaba antes de romperle una rama. Ellos comentaron que era imposible, porque, aunque se pegara la rama con cola, o con un adhesivo, el árbol ya no sería el mismo, porque se había producido “algo importante” para el árbol. Esto me recordó la historia de “los clavos”, que en su día te contaré, y cómo me sirvió también para que mis alumnos reflexionaran. Pero sigamos con lo que sucedió en el aula en relación con el ejercicio del árbol.

Les indiqué, a continuación, que tomaran una hoja de papel y que la arrebujaran con las manos haciendo una “pelotita”. Todos lo hicieron. Después les pedí que, por favor, volviesen a dejar la hoja tan lisa como estaba antes de haberla convertido en “pelotita”. Todos sonrieron y me miraron como transmitiéndome la idea de que aquello era imposible, pues la hoja ya no volvería a ser la misma (ni siquiera planchándola).

Acto seguido les propuse reunirse en pequeños grupos para discutir y proponer nuevas situaciones en las que se muestre lo fácil que es destruir y lo difícil (o imposible) que es reponer las cosas en su estado anterior antes de su destrucción. Una vez concluida la reunión en pequeño grupo, se pusieron en común, en gran grupo, no sólo las situaciones que ellos habían comentado, sino que también aparecieron algunas reflexiones espontáneas acerca de la diferencia entre destruir (que ellos constataron que se hacía, en muchísimas ocasiones, sin esfuerzo) y construir las cosas (lo que supone siempre un esfuerzo). La pregunta clave que yo les hice, entonces, fue la siguiente: ¿merece la pena el esfuerzo? A partir de ahí comenzamos un trabajo de reflexión todos los días durante varias semanas. Llegamos incluso a abrir la sesión de clase algún día con la pregunta: ¿merece la pena el esfuerzo?

Parece mentira, pero he conseguido que se enganchen al esfuerzo, y ahora están manteniendo esa actitud de una manera espontánea. Creo que les ha “calado” el sentido del esfuerzo.

Nunca imaginé las consecuencias que ese cambio de actitud iba a tener. Ahora estoy recogiendo los frutos de esa actuación del comienzo del curso, junto con otras que ya te iré contando en sucesivas cartas. Realmente me siento contento en el aula, como te dije al principio, y me siento realizado como educador. He conseguido una “sinergia” especial con mis alumnos. Creo que estamos todos convencidos de que somos un grupo, pero con una característica especial: somos un “grupo de triunfadores”, porque somos capaces de esforzarnos y de realizar las tareas todos juntos, así como de resolver los problemas que se plantean de una manera plenamente colaborativa.

Evidentemente, aparecen errores y conflictos. Pero, poco a poco, he conseguido que no se asusten de los errores y los conflictos, sino que los acepten como una propuesta más que se debe analizar, porque al error y al conflicto se llega a través de un camino. Del análisis de ese camino podemos aprender también, porque tanto los errores como los conflictos son una oportunidad más para el aprendizaje, y no tanto acontecimientos que conducen a la sanción.

Pero de este tema de los errores y de los conflictos te hablaré en otra ocasión. Creo que es más importante que te cuente cómo fui introduciendo a mis alumnos no sólo en la valoración del esfuerzo, sino también en la potenciación de sí mismos para poder esforzarse mediante la construcción de su autoestima.

Hasta la próxima. Te deseo “salud y felicidad”.

J. A. Castro Posada
( Salamanca )

 


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