QUATRO RODAS
O grande Giovanni
Salvi
A minha presença no ambiente dos
clássicos tem permitido o contacto com “velhas glórias” do desporto
automóvel, que depois de abandonarem a competição, perpetuam o contacto
com este mundo através dos Ralis de Regularidade Histórica.
Ainda no passado fim-de-semana tive o prazer de jantar com Miguel
Oliveira, o patrão da famosa equipa Diabolique. António Peixinho também
aparece de vez em quando ao volante de um Volvo “Marreco” e é sempre uma
delícia ouvir as suas aventuras. Vasco Correia Mendes, a quem se deve a
introdução dos Karts em Portugal, é uma simpatia de pessoa, que pontua
mais nas organizações do 100 à Hora e ACP Clássicos. Muitos, muitos
outros andam por aqui e certamente deles falarei em outras escritas.
Não referi ainda, aquele grande campeão do passado, que se tornou uma
figura incontornável no mundo das regularidades históricas.
Não se comporta como uma vedeta, quando o podia fazer. Por ser muito
discreto, apenas fui conhecendo as suas façanhas menos conhecidas,
através dos relatos dos antigos navegadores como José Maria Barbosa da
Gama e Jorge Cirne.
Giovanni Salvi, italiano de nascença, mas português de coração, começou
no desporto motorizado, no início dos anos 60, nas famosas corridas de
vespas, organizadas na pista de ciclismo do antigo estádio de Alvalade.
Passou-se depois para as quatro rodas, onde acumulou vitórias. Não me
interessa no entanto falar aqui das suas vitórias que são por demais
conhecidas de entusiastas mais atentos. Se o fizesse este seria apenas
mais um dos imensos artigos de imprensa, que se podem encontrar em
publicações da especialidade, cheio de números e estatísticas.
Do Giovanni devemos reter do passado as suas qualidade de piloto
extremamente rápido e muito calmo, de acordo com os relatos dos que
privavam com ele dentro dos carros de competição. Fora do carro era a
anti-vedeta, de uma humildade que por vezes se podia confundir com
timidez.
Do presente temos de reter a sua rapidez, que ainda possui, e a
capacidade de conviver com todos nós que nos anos 70 o víamos passar nas
bermas das classificativas, Estar com o Giovanni Salvi num ambiente
tertuliano é uma experiência deveras enriquecedora.
Aqui fica pois o meu tributo a Giovanni Salvi resumido em três
fotografias: a primeira no Rali de Castelo Branco de 1978, onde desistiu
quando comandava; a segunda no podium do Rali Choice de 1979, que
venceu. De comum estas duas primeiras fotos têm o fotografo que era eu
com 16 e 17 anos de idade, usando uma antiga máquina fotográfica da
minha mãe, escondido no anonimato da multidão que ovacionava este grande
piloto. Por fim, uma foto em que tive o privilégio de trocar o lado de
trás da máquina fotográfica pelo lugar ao lado do grande Giovanni
durante o Rali Terras do Norte, realizado há poucos dias. Aqui fica pois
Giovanni Salvi um grande senhor que continua a passear a sua classe nas
estradas de Portugal.
Paulo Almeida
|