ENSINO SUPERIOR
Sampaio quer novo
regime alterado
O ex-presidente da República Jorge
Sampaio contestou a proposta de lei do regime jurídico do ensino
superior, nomeadamente no que respeita ao novo processo de escolha do
reitor, e defendeu um melhoramento do diploma.
Falando no final do primeiro painel da convenção da Universidade de
Lisboa, o também membro do conselho consultivo considerou que é preciso
“trabalhar afincadamente” estendendo o prazo para discussão do diploma.
“Tenho esperança que a Assembleia da Republica possa com calma,
serenidade e eficácia aperfeiçoar algumas coisas. Não acho que se deva
cilindrar a discussão por causa de um calendário que me parece rápido de
mais”, afirmou lembrando que este diploma deverá vigorar por vários
anos.
Entre os pontos que mereceram maior contestação de Jorge Sampaio está o
novo processo de escolha de reitor, que passa pela sua nomeação por um
conselho geral e não pela eleição.
O responsável entende que a eleição deveria ter o mínimo de
representatividade e que o reitor não deve ser designado opor um colégio
tão pequeno.
Quanto às funções que vão estar dependentes do reitor Jorge Sampaio
considera que são excessivas para uma pessoa só e defende uma “gestão
efectiva personalizada dependente do Reitor” mas conciliada com o
conselho geral.
A distinção entre universidade para o ensino e universidade para a
investigação prevista no diploma merecerem também critica por parte
deste responsável que questiona as vantagens e a necessidade de uma
separação entre as duas instituições.
Jorge Sampaio apontou ainda o dedo ao relatório da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que inspirou a elaboração
deste regime jurídico, considerando que critica muito mas aponta poucas
soluções para a “necessária reforma do ensino superior”.
NÓVOA. Já o reitor da
Universidade de Lisboa, em entrevista à Agência Lusa, a propósito da
Convenção da Universidade de Lisboa (UL), faz duras críticas à proposta
de Lei do Governo, mas admite que esta tem muitas vantagens.
“O novo regime jurídico tem muitos aspectos positivos, sobretudo no que
diz respeito à avaliação e à regulação do sistema de ensino superior,
público e privado, universitário e politécnico, e ao papel dos
investigadores nas universidades”, afirma António Nóvoa, que admite
mesmo concordar com a grande maioria dos 184 artigos da proposta de lei.
Contudo, não esconde o seu “desapontamento pela falta de ambição e de
ousadia”, sobretudo no que respeita à liberdade das universidades, que
considera claramente ameaçada por um documento “uniformizador” e gerador
de “obstáculos” à inovação e à mudança.
O documento contém duas medidas que o responsável da Universidade de
Lisboa considera mesmo “inaceitáveis”: o processo de escolha do reitor e
a possibilidade de qualquer escola ou faculdade poder passar a fundação,
separando-se institucionalmente da universidade a que pertence.
No que diz respeito à primeira medida, Nóvoa contesta que o reitor seja
nomeado como se fosse “um qualquer alto dirigente ou director-geral”,
explicando que a substituição da eleição por um processo de nomeação
“enfraquece a sua autoridade e a sua legitimidade”.
Acresce que a lei concede ao reitor um excesso de missões e competências
internas, como forma de compensar a sua fragilização externa, o que
afirma ser outro erro.
Quanto à possibilidade de escolas ou faculdades poderem ser
transformadas autonomamente em fundações, o responsável da UL é
peremptório: com esta medida “qualquer ministro pode destruir em poucos
dias” uma instituição que demora muitas décadas a construir.
“Pode ser que esta medida sirva interesses conjunturais de alguns, mas
não serve seguramente os interesses do país e impede, obviamente,
qualquer orientação estratégica sobre o futuro de uma universidade. É
uma concepção política errada da instituição e da missão universitária”.
ENSINO SUPERIOR
Petição pela mudança
O Reitor da Universidade de Coimbra e
presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP),
Fernando Seabra Santos, considera que a proposta do Governo para o novo
Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), é baseada
num mau conhecimento do sistema, em informação incompleta e no
preconceito de que os Reitores são responsáveis por todos os problemas.
Seabra Santos, que recebeu no final de Junho os promotores de uma
petição contra o RJIES que conta já com 1070 assinaturas, concordou com
a necessidade de introdução de melhorias no funcionamento das
universidades, mas considerou que o texto votado no dia 28 de Junho na
Assembleia da República põe em causa a autonomia universitária e promove
a fragmentação das instituições, contrariamente ao que acontece por toda
a Europa, permitindo às unidades orgânicas que saiam das respectivas
universidades.
O Reitor criticou ainda o prazo de seis dias úteis, em plena época de
exames universitários, que foi dado às universidades para se
pronunciarem sobre o RJIES, bem como o que considerou ser um desrespeito
pelos actuais órgãos de gestão no processo previsto para a elaboração
dos novos estatutos das instituições de Ensino Superior, ao não dar ao
Reitor as ferramentas necessárias para garantir, como lhe compete, que o
processo decorra da melhor forma. “O tempo escolhido e o prazo dado para
reagir a esta Lei é sintomático de uma vontade de não facilitar uma
tomada de posição sobre a mesma”, afirmou.
COM O SANTANDER-TOTTA
Coimbra dá bolsas
A Universidade de Coimbra e o banco
Santander Totta entregaram 32 bolsas de estudo, a 29 de Junho, numa
iniciativa que inserida na política de mecenato desenvolvida por ambas
as instituições e que resulta, aliás, de um protocolo estabelecido entre
elas.
As bolsas destinam-se a estudantes, docentes e investigadores da
Universidade de Coimbra ou originários dos Países de Língua Portuguesa
ou da América Latina, que irão, respectivamente, frequentar
estabelecimentos de ensino naqueles países ou estudar e desenvolver
actividades de investigação na Universidade.
Os bolseiros foram seleccionados segundo critérios previamente
definidos, nomeadamente o mérito académico, a motivação e o potencial
dos trabalhos propostos. Este ano, foram contemplados 32 alunos e
docentes portugueses, argentinos e brasileiros.
Em 2006, do total de 30 Bolsas Santander Totta distribuídas pela
Universidade de Coimbra, seis foram atribuídas a portugueses, que se
deslocaram na sua maioria ao Brasil: dois para a Universidade de São
Paulo e os outros três para a Universidade Federal do Espírito Santo, a
Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade Federal de
Pernambuco. O sexto português contemplado com uma bolsa estudou no
Instituto Nacional de Tecnologia Industrial, na Argentina.
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Prémio ambiente
atribuído
O Prémio Nacional de Inovação Ambiental
distinguiu, este ano, duas tecnologias inovadoras que se destinam a
remover e, num dos casos, reutilizar metais pesados dos efluentes
industriais, resolvendo um problema ambiental de forma eficaz e
económica.
Carlos Cupeto, professor do Departamento de Geociências da Universidade
de Évora e director da revista Indústria e Ambiente, que atribui o
galardão, explica que estes foram alguns dos critérios que levaram à
escolha dos projectos, de entre cerca de dez concorrentes.
“Além da inovação, são processos que permitem resolver um problema
ambiental, com uma análise custo-benefício muito vantajosa. A
aplicabilidade é outro dos critérios que valorizamos”, declarou à
Agência Lusa.
Os metais pesados, que em concentrações superiores às normais são
prejudiciais à saúde e ao ambiente, surgem como sub-produtos em diversas
indústrias, mas o seu tratamento é, geralmente, bastante dispendioso.
Os projectos distinguidos com o prémio de Inovação Ambiental propõem
soluções economicamente vantajosas, recorrendo a tecnologias e materiais
acessíveis.
Uma destas tecnologias foi desenvolvida no Departamento de Energias
Renováveis do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI)
e visa remover metais pesados em soluções aquosas usando granulados de
cortiça.
Este processo permite aproveitar um produto da indústria corticeira
relativamente barato (granulado) e pode ser aplicado em diversas
indústrias: vidro e cristais, galvanoplastia, tintas, têxteis, curtumes,
refinarias, mineiras e de fundição.
A outra tecnologia, da responsabilidade dos Departamentos de Engenharia
Biológica e de Engenharia Química da Universidade do Minho, refere-se a
um processo de tratamento de efluentes líquidos que permite recuperar e
reutilizar o crómio.
O crómio é um poluente muito tóxico, presente nas águas residuais de
diversas indústrias. Com este processo, o que constituía uma despesa (o
tratamento do resíduo) passa a ser considerado como um produto
comercializável.
Os vencedores do Prémio Nacional de Inovação Ambiental são os
concorrentes portugueses ao Prémio Europeu da Imprensa Ambiental (EEP
Award) e vêem reconhecido o seu contributo para um bom desempenho
ambiental através das suas inovações.
O prémio vai ser entregue no dia 12 de Julho, seguindo-se uma sessão
técnica de apresentação dos projectos.
|