EDUARDO LOURENÇO,
ENSAISTA
"É prioritário obter
resultados nas ciências exactas"
O autor do “Labirinto da Saudade” defende
que o Estado deve incentivar e privilegiar os candidatos aos cursos de
ciências exactas, como forma de criar elites em domínios onde existem
lacunas. Eduardo Lourenço critica o sentimento de “espera” latente nos
portugueses e afirma que falta um projecto colectivo mobilizador ao
país. O ensaísta culpa a Europa pela actual dimensão do imperialismo
americano e acusa o presidente Bush de “construir” o 11-S “ao melhor
estilo do cinema de Hollywood”. Sobre a revolução digital, diz que
inaugurou “outro” mundo e dividiu o universo em “informados e
info-excluídos”.
Estamos a gravar a entrevista no dia
10 de Junho. O professor vive em França, mas vem com muita regularidade
a Portugal. Como é que observa o país, actualmente, à luz da integração
europeia?
Portugal e os portugueses vivem num esquema europeu e o próprio “Velho
Continente” está envolvido num ciclo mais vasto, que é global. As
distâncias inter-europeias são menores, tanto fisicamente como
simbolicamente. Logo, é através da perspectiva europeia que os
portugueses vão resolvendo os seus problemas. E é preciso não esquecer
que os efeitos dessa nova proximidade são enormes.
Esta integração europeia consegue
atenuar o sentimento de crise latente?
Portugal é um dos espaços públicos menos problemáticos na cena europeia,
mas está acometido por uma sensação de espera directamente decorrente do
impasse em que se encontra o projecto europeu. A Europa está
politicamente suspensa e seria desejável que retomasse rapidamente a sua
marcha. Espero francamente que os 6 meses da presidência portuguesa da
União Europeia sejam profícuos, para evitar este estado de imobilismo do
processo europeu, orientado o rumo no sentido da construção.
A nível interno não acha que o
sentimento de espermismo nunca nos abandonou desde a batalha de
Alcácer-Quibir?
Sim, esse sentimento está muito presente. A vida política tem as suas
normas próprias. Aqui em Lisboa estamos na véspera de eleições e não se
nota um interesse especial por este acto eleitoral fundamental. Era bom
que os cidadãos da capital do país se mobilizassem para escolher os que
vão liderar os destinos desta cidade.
O poder político tem feito tudo o
que está ao seu alcance para inverter a tendência de crise?
O programa deste governo foi alicerçado na preocupação de Portugal não
se atrasar relativamente aos parceiros europeus. O problema do défice é
um tremendo “handicap” que não é de agora, é de sempre.
O défice é a raiz de todo o mal?
O problema é mais fundo. Portugal não tem neste momento um projecto
colectivo mobilizador. Não quer dizer que ele não exista, na teoria,
mas, pelo menos, não está em marcha. E o governo pode ter pecado por não
ter explicitado de forma visível esse projecto. Por isso, a opinião
pública aguarda e espera por um acontecimento que a mobilize. Enquanto
isso, permanece na expectativa.
É essa passividade que nos vai
matando aos poucos?
Há alturas em que os países parece que estão parados e, de um momento
para o outro, tudo se altera. Veja o que aconteceu nas presidenciais
francesas quando, do dia para a noite, se alterou a ideia, que a Europa
em geral tinha, que a sociedade gaulesa estava em declínio e de costas
voltadas para os problemas do seu país. Mais de três quartos da
população foi a votos. Isso remobilizou toda uma nação e a França
emerge, de novo, plenamente consciente das suas responsabilidades
enquanto nação europeia. É evidente que Portugal não tem a força e o
ânimo que a França demonstrou, mas tem a sua palavra a dizer em matéria
de construção europeia. Os próximos 6 meses poderão ser decisivos para o
projecto e também para a nossa imagem.
No seu livro mais conhecido, “O
Labirinto da Saudade”, diz que não se aproveitou o fim do império
colonial para repensar Portugal. Está por realizar esse exercício de
reflexão?
Muitas vezes pensamos que as grandes questões que nos atormentam se
resolvem por si mesmas. Muitos esquecem, que de um dia para o outro
perdemos um império com 500 anos de existência e foi durante esse
período que se desenhou o horizonte normal da inscrição do nosso povo no
mundo. Quando o império se esfumou, ficámos reduzidos à nossa porção
europeia e ao capital de memória como país colonialista.
Quer dizer que o fim do império não
foi psicologicamente ultrapassado pelo colectivo?
O fim do império significou um traumatismo natural. Fizemos luto, embora
silencioso, durante a própria guerra colonial, que foi, em si mesma, um
absurdo. Ficar livre desse pesadelo histórico, que foi a guerra, não
deixou ninguém indiferente. Quando os colonizados tomaram consciência da
sua situação e reivindicaram a sua autonomia, Portugal entrou em
contradição profunda consigo próprio. Mas é bom notar que não fomos o
único país da Europa que não resolveu positivamente o seu trauma
colonial. Estamos a pagar as contas normais de todas as colonizações
que, ao contrário do que se possa pensar, não são eternas. O caso da
França relativamente à Argélia, por exemplo, e comparativamente com
Portugal, foi extremamente traumático, pois os gauleses sempre pensaram
que esta colónia lhes iria pertencer para sempre.
O 25 de Abril correspondeu a um
marco de viragem e de esperança. 33 anos depois somos um dos países que
mais desigualdades apresenta. Não acha isto incongruente face aos
objectivos fundadores da revolução de 1974?
Essa leitura é parcialmente verdadeira. A perspectiva revolucionária
significou uma viragem que durou 1 ano, não mais. O que se passou foi o
seguinte: Portugal viveu a aurora revolucionária em 1974 num momento que
coincidiu com a crise de um longo ciclo revolucionário moderno que tinha
sido inaugurado pelo movimento bolchevique em 1917 e que teria o seu
epílogo com a implosão do império soviético e a queda do Muro de Berlim.
Seria desejável que o ideário que acabou por triunfar, tivesse deixado
traços e exigências mais fortes no que diz respeito às conquistas e
garantias no âmbito das igualdades sociais.
Foi a conjuntura internacional a
impedi-lo?
Uma nação tão pequena como a nossa, não podia escapar à onda vertiginosa
de neo-liberalismo à qual, aliás, nenhum país consegue escapar. As
perspectivas utópicas revolucionárias de hoje em dia só podem ser
cultivadas por países que ainda não atingiram níveis democráticos
mínimos.
Nestes 30 anos, Portugal reajustou-se a si mesmo, depois do interregno
de um longo regime não democrático de quatro décadas.
A maioria dos cidadãos elegeu
Salazar como o maior português. Tratou-se de um concurso irrelevante ou
assistimos a uma manifestação de saudosismo de (alguns) portugueses?
As pessoas não atribuíram a esse concurso o interesse político devido e
reduziram o episódio a uma espécie de jogo. Creio que estamos perante um
fenómeno mais importante do que muitos julgam. E pela negativa.
Atribui estes resultado a uma
mobilização espontânea ou concertada?
Houve uma mobilização de pessoas, planeada ou não, que entenderam que
Salazar foi a figura mais importante de sempre. É verdade que já antes
se tinha dito que o antigo Presidente do Conselho tinha sido o português
do século XX, o que me parece incontestável, mas neste caso estávamos
perante a análise de toda a História de Portugal.
Encontra explicação para o facto de
o seu amigo Mário Soares não figurar nos 10 primeiros lugares?
Os portugueses não têm perspectiva histórica temporal vivida para estar
a julgar personagens de época distintas e recuadas no tempo e mesmo
outras que lhes são mais familiares, por estarem mais próximas
cronologicamente. A Cultura, a Literatura e o Ensino português, não dão
uma atenção tão forte às personalidades mais antigas da nossa História.
Salazar, quer se simpatize com ele ou o odeie, é uma personalidade
conhecida, mas beneficiou de estar próximo da memória dos portugueses.
Os que votaram em Salazar consideram um acto de justiça para o
esquecimento a que votaram o ditador. Por seu turno, os adversários do
Estado Novo - não se deram por vencidos e desvalorizaram uma vitória
póstuma do salazarismo. Nesta perspectiva, o país dividiu-se.
Regressando à actualidade, como
interpreta que as figuras simbólicas do Portugal moderno estejam ligadas
ao futebol, casos de Cristiano Ronaldo e José Mourinho?
Vivemos na sociedade do espectáculo e da publicidade em que vender
imagens é a preocupação quotidiana. O grau de celebridade dos nossos
treinadores e jogadores é doméstico, europeu e mundial. Mas acho que
esta projecção representa uma mais-valia para nós. O Brasil tem os seus
jogadores espalhados por todo o mundo, que são estrelas de primeira
grandeza neste domínio. Mas, como país de uma dimensão e riqueza
inigualável, nem precisa de publicidade. Nós, pelo contrário, estamos
bem carenciados de alguma promoção...
Voltamos aos assuntos de política
europeia. Pensa que Sarkozy e Merkl, o mesmo é dizer o tandem
Paris-Berlim, vai conseguir libertar a Europa da encruzilhada e
revitalizar o tratado constitucional?
Acredito que sim. Sarkozy está a dar mostras de dinamismo e penso que
pode entender-se com Merkl. A Europa actual está inclinada para uma onda
mais próxima das apostas políticas globais do novo presidente gaulês.
Acredita, como o escritor francês
Vitor Hugo pressagiou, que teremos algum dia «os Estados Unidos da
Europa que coroarão o Velho Mundo da mesma forma que os EUA coroam o
mundo novo»?
Possível é, mas só ao fim de muitos anos. Nem daqui a 100 anos teremos
uma Europa federal, os tais Estados Unidos da Europa. A menos que estale
um grande conflito no “Velho Continente”. A Europa inventou um conceito
muito particular de nação e essa dimensão que fala é um cenário limite,
já que não há, até ver, outra expressão política tão auto-reguladora e
tão eficaz. Como a Europa é um conjunto de nações, não sente qualquer
necessidade de ultrapassar a dimensão que tem, ou seja ser uma
super-nação.
A Europa tem condições para ser uma
super-nação?
Uma super-nação pressupõe uma nação que federa as outras e a história
europeia é feita de milhares de anos e feita também de inúmeros exemplos
que contradizem esse conceito. Cada uma das grandes nações europeias, a
Espanha, a França, a Alemanha, a Rússia, tentou ser Europa e nenhuma
conseguiu. Isto é um sonho do Império Romano e que não cobria
propriamente todo o espaço europeu. O paradigma de uma Europa federal do
ponto de vista militar, financeiro e político, parece-me inviável.
As resistências dos países
escandinavos, a recusa da Inglaterra em aderir ao euro e do «não» em
França e Holanda ao Tratado, são sinais de uma Europa dividida?
Evidentemente. Por exemplo, a Inglaterra nunca se reviu em qualquer
outra coisa que a subordinasse. Ela foi o primeiro império moderno de
âmbito universal durante quase 150 anos.
Como será o futuro da Europa,
partindo do princípio que não haverá nenhum conflito fracturante?
Um processo longo e uma coexistência de nações, salvaguardando as
identidades culturais.
Não é propriamente um adepto da
administração republicana. Que legado deixa Bush quando abandonar a Casa
Branca, no final de 2008?
Este não foi um mandato tradicional. O 11 de Setembro transformou toda a
visão e a prática da política americana. George W. Bush entendeu que o
ataque às “Torres Gémeas” seria uma oportunidade única de os americanos
expandirem, a níveis nunca vistos, o seu imperialismo. Os europeus
contribuíram, ouso dizer que foram os grandes culpados, para os
americanos terem vestido esse manto imperialista.
O facto de os americanos serem
considerados os “polícias do mundo” é responsabilidade da Europa?
A culpa do imperialismo americano é de toda a Europa. Fomos nós que
chamámos os americanos para que nos defendessem na I Guerra Mundial e,
na II Guerra, nem se fala.
Estão a celebrar-se os 60 anos do Plano Marshall, período em que a
Europa atravessou um estado de impotência política, económica,
financeira e organizacional e essa ajuda foi uma espécie de auxílio de
um pai que quando vai arrumar a casa do filho, acaba por lá ficar.
Não está a revelar algum
anti-americanismo?
Estou bem longe de ser um anti-americano, sou é bastante crítico do
comportamento da Europa durante praticamente todo o século XX: a Europa
revelou uma postura suicidária durante as sucessivas lutas intestinas
que atravessou. Esteve à beira da auto-destruição nos dois conflitos
mundiais e, passado esse momento apocalíptico, recuperou, fruto do Plano
Marshal, reorganizou-se face à ameaça soviética, por um lado, e , por
outro, encetou o processo de construção europeia. Por isso, se a Europa
e os europeus têm de se queixar de alguém, é deles próprios.
O Iraque é comparado por muitos
analistas a um enorme “vespeiro” que os americanos foram desafiar. Vê
fim à vista para um conflito que muitos comparam ao Vietname?
O Iraque é, num certo sentido, pior para os americanos, comparativamente
com o Vietname. O Vietname estava inscrito na lógica do confronto da
guerra fria. Os americanos também foram para o Vietname pela
incapacidade da França em resolver os problemas da Indochina. Nesse
sentido, a lógica imperialista americana fazia algum sentido, na
contenda entre dois impérios. No caso actual, o imperialismo ostentado
pelos americanos no Iraque é grosseiro e desnecessário. Eles são tão
fortes que não precisam de este tipo de demonstração do seu poderio.
Se se confirmar que a motivação da guerra do Iraque é a cobiça pelas
grandes fontes de petróleo naquela zona do Globo, então estamos perante
o imperialismo indigno e do mais baixo estofo do país que é o
representante da democracia ocidental.
Uma vitória do partido democrata nas
presidenciais de 2008 nos EUA pode significar um novo relacionamento
entre Washington e a Europa?
Cada vez que a presidência da Casa Branca muda, a relação com o “Velho
Continente” também se altera, ganhe o partido republicano ou democrata.
A dinastia Bush na presidência
americana pode ter sequência?
O caso Bush está encerrado. Não haverá um Bush III. A actual
administração já suavizou o seu comportamento. Uma coisa é certa: já não
é possível continuar na lógica do 11 de Setembro. Está esgotada. O
atentado não foi inventado, mas a sua leitura foi adulterada e a
chantagem feita ao resto do mundo, como que se pairasse uma ameaça
apocalíptica sobre o EUA, foi inadmissível. O 11-S foi construído
voluntariamente pela administração Bush ao melhor estilo do cinema de
Hollywood.
O ensino é sempre um sector com
muita turbulência. Os investimentos não geram os resultados práticos
consequentes. Encontra motivos?
Será verdade? Tenho as minhas dúvidas. Mas a verdade é que Portugal
sempre teve um grande handicap em termos educacionais e andámos
permanentemente a reboque dos diversos progressos que se faziam nos
outros países europeus, que nós tomámos por modelo. Mas lentamente,
fomos acompanhando, o que se fazia. Mas, é um facto, mantemo-nos
distanciados dos países mais dinâmicos nesse domínio.
Teríamos a ganhar se perfilhássemos
o «modelo irlandês»?
Para começar, acho que é prioritário obter resultados no domínio das
ciências exactas em detrimento do saber cultural puro e humanístico. De
pouco vale ter muitos milhares de formados em História. Se investíssemos
em cursos e nas disciplinas relacionadas com as ciências exactas, menos
procuradas pelos estudantes, provavelmente os resultados globais do
ensino seriam melhores.
Defende algum tipo de incentivos aos
que sigam essas áreas?
Penso que devem ser concedidos privilégios e incentivos aos que optem
por enveredar pelos caminhos mais difíceis e menos procurados. Saber
mais literatura ou poesia, em suma matérias sobre humanismo e cultura, é
saudável para o aperfeiçoamento pessoal, mas pouco aporta para as
necessidades reais e quotidianas de um país. Faço um apelo para que se
promovam cursos de ciências exactas, onde temos imensas carências, em
detrimento do cursos de “caneta e papel”, actualmente em maioria. Para
ter elites nesses domínios é preciso fazer algo e o papel cabe ao Estado
e aos estabelecimentos de ensino.
A Internet e a web 2.0. são
realidades indiscutíveis que roubam, todos os dias, terreno aos jornais,
à rádio e, também, à televisão. Como caracteriza esta vertiginosa era
dos blogues, do You Tube, do Hi5 e do Second Life?
Estamos perante meios de informação, no sentido lato do termo,
completamente novos . É uma revolução que já começou e com consequências
incalculáveis. Mudámos de paradigma e eu diria mesmo que já estamos
“noutro mundo”. Eu, por ser de outra geração, estou fora desse “mundo”.
Preocupa-me o excesso de informação disponível e, de futuro, o segredo
residirá na capacidade de gerir esta funcionalidade e evitar os perigos
e malefícios que ela encerra, como a pedofilia, etc. Estou em crer que o
controlo será decisivo.
Como é que a actual geração deve
lidar com estes meios?
A utilização destes meios vai colocar problemas específicos. A
utilização é, para já, passiva. Mas o salto será dado na quantidade de
informação difundida. O período actual que vivemos só é comparável,
observando outras rupturas do passado, com a invenção da imprensa por
Gutenberg, que dividiu a Humanidade em duas: os que lêem e os que não
sabem ler. Agora, o combate é travado entre os informados e os
info-excluídos.
Nuno Dias da Silva
CARA DA NOTÍCIA
Criador do "Labirinto
da Saudade"
“A história portuguesa do século XXI será
escrita por Lobo Antunes, Mário Cláudio ou Eduardo Lourenço”. Quem disse
esta frase foi o cantor Pedro Abrunhosa, no DN do passado dia 16 de
Junho e revela a importância da figura de um dos mais prestigiados
pensadores nacionais, nascido em São Pedro de Rio Seco, Almeida, em
1923. As suas análises são essenciais para entender o lugar de Portugal
na Europa e a evolução da construção europeia.
“Heterodoxia” e “Labirinto da Saudade – A psicanálise mítica do destino
português”, são os dois livros mais conhecidos, sendo este último
provavelmente um dos maiores clássicos sobre a identidade portuguesa.
Em termos académicos, cursou ciências histórico-filosóficas na Faculdade
de Letras de Coimbra, onde foi professor assistente de Filosofia.
Enquanto docente, leccionou nos anos 50, nas universidades de Heidelberg,
Montpellier, São Salvador da Baía, Grenoble e Nice, aposentando-se desta
última, em 1988, fixando a sua residência na zona da Côte D’Azur, na
localidade de Vence.
As distinções e condecorações são inúmeras e difíceis de enunciar em tão
curto espaço, por isso, destacamos apenas estas: Prémio Camões, Prémio
Virgílio Ferreira, Prémio Latinidade, Prémio Extremadura para a Criação,
Grau Oficial da Ordem Nacional de Mérito de França, Ordem do Infante D.
Henrique e Grã-Cruz da Ordem da Torre e Espada. Actualmente exerce o
cargo de administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian.
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