GENTE & LIVROS
Khalil Gibran

A Amizade
«Um jovem disse: Fala-nos da Amizade.
- O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades. É o vosso campo
semeado com dedicação e amor. É a vossa mesa e a vossa casa, porque
recorreis a ele para saciar a vossa fome e para vos recolher na paz da
sua amizade.
Quando o vosso amigo revela o seu pensamento, não temais o não do vosso
próprio espírito, nem lhe recuseis o sim. E quando ele estiver
silencioso escutai com o coração o que ele diz.
Porque na amizade todos os pensamentos, todos os desejos, todos os
sonhos nascem sem palavras e partilham-se numa alegria de silêncio (…)».
In O Jardim do Profeta
Poeta e prosador, ensaísta, filósofo, conferencista e pintor, Gibran
Khalil Gibran nasceu a 6 de Dezembro de 1883, no Líbano.
Emigra com a mãe e os irmãos para os Estados Unidos, em 1894. Toda a
família se instala em Boston, com excepção do pai que permanece no
Líbano.
Para completar os estudos árabes, regressa ao seu país, entre 1898 e
1902. Estuda no Colégio da Sabedoria, em Beirute.
O irmão e a mãe morrem e Khalil Gibran volta para os Estados Unidos. Em
Boston escreve poemas e meditações para o jornal árabe Al-Muhajer (O
Emigrante).
Viaja até Paris onde passa dois anos, de 1908 a 1910, a estudar pintura
na Academia Julien. Trabalha ininterruptamente nesse período, frequenta
exposições, museus, e bibliotecas. Conhece Rodin, Debussy e Rostand, um
dos seus quadros é escolhido para a Exposição de Belas Artes de 1910.
A tristeza assombra a vida de Gibran uma vez mais, o pai e uma das suas
irmãs morrem. Volta a Boston em 1910, e nesse mesmo ano muda-se para
Nova Iorque. Vive só num apartamento sóbrio, a quem o próprio Gibran e
os amigos chamam As-Saumaa (o Eremitério).
À sua volta reúnem-se escritores árabes e sírios, que vivem nos EUA, mas
escrevem em Árabe. O grupo forma a liga literária Ar-Rabita Al-Kalamia e
o seu trabalho será um contributo importante para o renascimento das
letras árabes.
A escrita é a companheira dos dias do poeta árabe da inspiração mística,
do cultor da pureza e da beleza das formas, até 10 de Abril de 1931,
quando morre em Nova Iorque.
Khalil Gibran escreveu quase exclusivamente em árabe até 1920,
publicando sete livros nessa língua. A Música (1905); As Ninfas do Vale
(1906); Espíritos Rebeldes (1908); Asas Partidas (1912); Uma Lágrima e
um Sorriso (1914); A Procissão (1919); e Temporais (1920) - após a sua
morte é publicado um oitavo livro, Curiosidades e Beleza.
Escreveu em inglês: O Louco (1918); O Precursor (1920); O Profeta
(1923); Areia e Espuma (1927); Jesus, o Filho do Homem (1928);Os Deuses
da Terra (1931) - a título póstumo são editados O Errante (1932); e o
Jardim do Profeta (1933). 
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
Dom Quixote. O Afinador de Pianos,
de Cristina Norton. Ao madrileno Benjamín está destinado ser um peão dos
acontecimentos políticos da História do seu tempo. Na profissão de
afinador de pianos é obrigado a viajar até à Galiza, nas vésperas da
Guerra Civil Espanhola. Durante os três anos do conflito fica afastado
da família, e tem de encetar uma fuga que o leva até Lisboa, e por fim a
Buenos Aires.
O afinador de Pianos é um romance de «desencontros e culpas», escrita
intensa e pura.
Presença. Boas Notícias, Más
Notícias, de David Wolstencroft. Devido a um erro burocrático, dois
homens são colocados pelos Serviços Secretos Britânicos a trabalhar sob
o mesmo disfarce, numa mesma missão. Quando ambos recebem ordens para
eliminar o outro, começam os problemas. Boas notícias? Charlie e George
são amigos e estão dispostos a colocar a amizade acima de qualquer
missão. Más notícias? A luta que têm de travar para continuarem vivos, é
sem dúvida extraordinária.
Asa. Abril em Paris, de Michael
Wallner. II Guerra Mundial, a cidade de Paris está ocupada pelas tropas
alemães. Roth é um soldado alemão a trabalhar como tradutor nas salas de
interrogatório das SS; Chantal faz parte da resistência francesa. Na
noite de Paris, Roth deixa o papel de alemão e sob a protecção da língua
francesa - que fala correctamente -, adopta o alter ego de Antoine. É
como Antoine que conhece Chantal e se apaixonam, sem que nenhum deles
revele a sua verdadeira identidade. E quando a verdade surge de forma
tão inesperada, ainda haverá tempo para o amor?
Cotovia. Da colecção Livros da
Raposa da editora Cotovia, Época de Acasalamento, de P.G.Wodehouse. Em
torno de Wooster e Jeeves, cavalheiro e mordomo, e da sua louca viagem
para a aldeia de Deverill Hall há todo um carrossel alucinante de
personagens cómicas. Tias de nariz empinado, primos estouvados,
raparigas espertas e rapazes desajeitados relacionam-se como podem numa
Inglaterra rural e tremendamente divertida.
Cavalo de Ferro. A Senhora dos
Açores, de Romana Petri. Através do olhar de uma mulher estrangeira,
contactamos com uma terra de beleza, solidão e pobreza que dificilmente
sustenta os que nela vivem. João de Freitas é o guia açoriano que conduz
uma italiana pelos percursos da ilha, enquanto lhe fala da sua emigração
forçada para os Estados Unidos, e de uma promessa de amor e regresso que
fez à esposa morta.
Com este livro, Romana Petri consegue a magnífica proeza de aproximar o
nosso coração aos Açores.
Estampa. Os Grandes Piratas da
História, de Shelley Klein. Lendas de Piratas alimentam sonhos de
juventude, e inspiram autores e realizadores até aos dias de hoje.
Navios sulcando os oceanos, mapas e ilhas do tesouro, juramentos e
códigos de honra. Homens e mulheres como Henry Morgan, Capitão Kidd,
John Avery ou Anne Bonny conquistaram a ferro e fogo um lugar na
História.
Campo das Letras. Zeca Afonso -
o andarilho da voz de ouro, de José Jorge Letria. Vinte anos após a
morte de José Afonso, o país continua a sentir saudade, e os amigos,
mais ainda. O amigo José Jorge Letria conta de forma poética aos mais
novos, a vida do homem, que, como cantor, compositor e poeta, deixou uma
mensagem inesquecível de esperança e liberdade.
Ambar. O Que Eu Vou Ser Quando
Crescer, de José Jorge Letria. Veterinário? Bibliotecário? Músico ou
Poeta? Estas são algumas das profissões que os mais pequenos costumam
afirmar querer ser, quando questionados sobre o assunto, e que o autor
homenageia aqui com a imaginação, a sensibilidade e a mestria, que fazem
parte de todo o seu trabalho.
Piaget. Teorias Económicas de
Regulação – Grupos de Interesse, Procura de Renda e Aprisionamento. De
acordo com a introdução do próprio autor « Este livro pretende
contribuir, ainda que modestamente, para uma identificação tão completa
quanto possível da (i) natureza do fenómeno regulador e dos (ii)
interesses que serve. Dito de outra maneira, procura saber se a
regulação resulta apenas de factores sistemáticos a priori, de decisões
racionais, ou se depende igualmente de eventos fortuitos, e quem ela
beneficia e prejudica (...)». Ao contrário do que defende o autor, este
livro revela-se um contributo importante.
Texto Editores. O Amor Absurdo e
outras histórias improváveis, de Beatriz Pacheco Pereira. O Estranho
Caso da Rua da Torrinha; A Plataforma; O Homem do Rio; As Utilidades
Medianas; e A Beleza é Tudo, são alguns dos doze contos que constituem
esta colectânea. É um retorno bem sucedido ao universo da autora, da sua
visão imaginativa, dos pormenores únicos, dos personagens só
aparentemente normais.
Europa-América. Cultivar a
Felicidade ao Longo dos Anos, de Francis Léonard. Assumir-se enquanto
pessoa; poder mudar perante a adversidade; dar um sentido à vida; ser
positivo; ser altruísta; saber perdoar; ficar activo; tornar-se útil e
enfim... aceitar a sua idade! Como se de um tratado se tratasse, o autor
desenvolve neste livro numa demonstração que a felicidade não só é
possível, como pode ser para toda a vida.
Guerra&Paz. Do Fanatismo – O
verdadeiro crente e a natureza dos movimentos de massas, de Eric Hoffer.
Com as ameaças terroristas que estão a acontecer no mundo, mais do que
nunca, o fanatismo está na ordem do dia. Publicado pela primeira vez em
1951, esta é uma obra que mantem a actualidade e dá uma explicação
racional para este estranho e inquietante fenómeno.
Eugénia Sousa
Educação às tiras

Desenho: Bruno Janeca | Argumento:
Dinis Gardete
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