Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano X    Nº107    Janeiro 2007

Editorial


Novas ofertas educativas

A formação da identidade do professor, o sentido da sua profissionalidade, constitui hoje uma das grandes preocupações das associações profissionais e sindicais dos docentes, dadas as implicações da actuação profissional na prática social.

Infelizmente, a regulação destas práticas e a monitorização da actividade docente tem sido deixada ao acaso, com múltiplos agentes a reclamarem o seu controle. 

Apesar de ser aceite que os professores devem ser vistos como parceiros na transformação da qualidade da escola, nem sempre lhes é cometida a tarefa de apontarem renovados caminhos institucionais, face aos novos e constantes desafios do mundo contemporâneo, com competência, com profissionalismo, com elevada ética e com consciência social. 

Se assim fosse, talvez a escola pudesse desempenhar um papel mais relevante no processo de formação de cidadãos aptos a viverem na actual sociedade da informação e do conhecimento, permitindo ao sistema educativo fornecer os meios para dominar a proliferação de informações, de as seleccionar com espírito crítico, preparando os educandos para lidarem com uma enorme quantidade de informações que nos chegam, a todo o momento, dentro e fora do espaço escolar. 

Importaria, pois, que se reconhecesse a importância do papel dos professores, enquanto agentes dessas transformações; que se admitisse que eles têm um papel determinante na formação de atitudes dos alunos e na criação das condições necessárias para o sucesso da educação formal e da educação permanente, promovendo o desenvolvimento da curiosidade pelo mundo que nos rodeia, e a autonomia do pensamento reflexivo, com apelo ao rigor intelectual, como forma de criar as condições para o “saber aprender a aprender”, pilar fundamental para uma educação ao longo da vida. 

Por sua vez, essa educação ao longo da vida deveria constituir um direito de todas as pessoas, independentemente da sua idade, habilitações e percurso profissional, proporcionando-lhes instrumentos para identificarem os seus interesses e as suas necessidades, desenvolvendo neles capacidades para intervirem e agirem adequadamente. Esse direito deverá pressupor a disponibilização de condições para a actualização e domínio de novos saberes e tecnologias, e a certificação das competências adquiridas, por via formal ou informal, nomeadamente as adquiridas ao longo da sua actividade profissional.

Uma estratégia de educação ao longo da vida tem de articular e dar coerência a todas estas vertentes: a formação inicial e a transição da escola para a vida activa; a acreditação e a certificação das competências, formais e informais; a educação e a formação de adultos, ou mesmo a formação permanente nos locais de trabalho.

O cenário educacional contemporâneo mostra, ainda, uma forte tendência: a crescente inserção dos métodos, técnicas e tecnologias de educação à distância num sistema integrado de oferta de ensino superior, permitindo o estabelecimento de cursos com combinação variável de recursos pedagógicos, presenciais e não presenciais, sem que se criem dois sistemas separados. Nesse novo e promissor cenário, o próprio conceito de educação à distância ganha uma dimensão renovada, tornando-se, na verdade, numa educação sem distâncias.

A escola é, ainda, a grande alavanca do desenvolvimento. Mas os conteúdos da actividade docente estão em enorme transformação. Mudanças que atingem a sua ética e os descritores da sua profissionalidade. 

Estamos perante uma época de ruptura com as anteriores estruturas que tentaram enquadrar e dar sentido ao profissionalismo e ao associativismo dos docentes. Oxalá seja possível ultrapassar este novo desafio sem comprometer o futuro da escola e o pensamento daqueles que protagonizam essas políticas.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt

 


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