Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano X    Nº108    Fevereiro 2007

Suplemento Fórum Esart

NOVO GRAFISMO DO ENSINO MAGAZINE

Contributo importante

Joana Mota e Sandra Nascimento, alunas do 4º ano do Curso de Artes da Imagem, da Esart, participaram na reformulação gráfica do Ensino Magazine. As duas alunas desenvolveram, no ano passado, um projecto sobre o grafismo do Ensino Magazine, lançando o desafio aos responsáveis pela publicação de alterarem o aspecto gráfico da publicação. Muitas das ideias propostas foram aceites.

O trabalho foi feito no âmbito da disciplina de projecto do 3º ano daquele curso. “Na escola havia a tradição de se desenvolverem marcas gráficas no Projecto. Nós quizemos apostar na vertente editorial. Como o Ensino Magazine é um jornal dedicado ao ensino, pesámos que seria interessante revê-lo do aspecto gráfico, tornando-o mais atractivo para os jovens”, referem.

O desafio foi aceite pelos responsáveis do Ensino Magazine e o trabalho das duas alunas finalistas da Esart foi desenvolvido de forma eficaz. “Avaliámos o jornal nas suas várias fases, desde o número zero até aos mais actuais, depois analisámos outras publicações e começámos a esboçar ideias e a procurar os melhores tipos de letra, tendo em conta o público alvo. Só depois passámos ao trabalho informático”, explicam.

A vertente editorial é uma das áreas que mais atraem as duas estudantes. “Já anteriormente, também no âmbito de uma disciplina do curso, criámos o projecto gráfico de uma revista”.

A concluírem o curso, as duas estudantes pretendem avançar para uma segunda licenciatura na área de audiovisual e multimédia, para depois partirem para um mestrado.

 

 

 

ADRACES DE MÃOS DADAS COM O FÓRUM

Bordado de Castelo Branco em alta

O director da Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul (Adraces), António Realinho, considera que a parceria que aquela entidade estabelece com a Escola Superior de Artes Aplicadas, ao nível do Fórum Esart, é um “excelente exemplo” do trabalho que deve ser desenvolvido no mundo rural. O projecto relativo ao Bordado de Castelo Branco é a prova de algo que pode ser feito “no sentido de fazer com que a arte e a cultura tenha um papel determinante no desenvolvimento económico, nomeadamente através da diversificação de actividades e da criação de emprego”.

Em declarações ao Ensino Magazine, aquele responsável afirma que “a Adraces actua no território de acordo com uma estratégia bem definida, a qual é integrada por diferentes abordagens do território, entre elas a artística e cultural”. Foi aliás, nesse sentido, que surgiu a parceria com o Politécnico de Castelo Branco, que agora se concretiza através da Superior de Artes Aplicadas.

Aquele responsável refere ainda que o projecto em que entra o Politénico, a Esart e a Adraces inclui ainda duas instituições cuja colaboração entende como fundamental, casos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior e da Câmara de Castelo Branco. “É assim que entendemos os projectos de parceria. Depois de definida a estratégia, não há uma entidade a concretizá-los, mas sim o conjunto de entidades melhor colocado para desenvolver os diferentes aspectos desse projecto”, afirma.

No caso concreto, em relação ao Bordado de Castelo Branco, o objectivo “passa por aproveitar um produto regional de excelência e torná-lo o ex-libris, pelo que será acautelada toda a fileira, de modo a que a certificação venha a ser uma realidade”. Para isso, estão a ser desenvolvidos sub-projectos a vários níveis, que António Realinho elogia.

“Em primeiro lugar, está a ser desenvolvido um software que permite o desenho mais rápido e cómodo do Bordado de Castelo Branco, ao mesmo tempo que viabiliza a criação de um arquivo dos desenhos realizados”, afirma. Assim, o desenho das colchas e de outros artigos do Bordado não terá de ser feito manualmente, à escala de um por um, tarefa que, por vezes, leva meses.

Ao mesmo tempo, está a ser feito o estudo de uma cadeira, em termos ergonómicos, no sentido de ser definido um modelo que permita um trabalho mais cómodo às bordadeiras, sem que esse trabalho tenha consequências nefastas na sua saúde. Este aspecto é importante, pois, até agora, muitas das bordadeiras queixam-se de mal estar, em virtude da profissão as obrigar a estarem muito tempo na mesma posição. “Além do aspecto da saúde, poderá melhorar também a qualidade do bordado e a produtividade”, explicam.

A um terceiro nível, está a ser desenvolvido um estudo para a criação de uma marca unificadora do Bordado de Castelo Branco. “O concurso está em andamento e já foram apresentadas propostas”, esclarece António Realinho, para quem este tipo de iniciativas “suscita nos alunos da Esart o interesse por questões relacionadas com a sua formação, podendo abrir portas para depois desenvolverem ideias semelhantes para outros produtos”.

Finalmente, também está a ser realizado um estudo no sentido de ser desenvolvida uma proposta de lay out para a realização das exposições do Bordado de Castelo Branco, sendo ao mesmo tempo definidas as condições que os locais de exposição devem ter, pois “um produto de excelência deve ser promovido em locais que reúnam todas as condições para esse efeito”, afirma.

Além desta colaboração com a Esart a este nível, a Adraces tem parcerias em curso a vários níveis estruturantes, tais como a valorização do património existente, bem como do artesanato, das tradições e de outros produtos tradicionais de excelência. Uma das apostas passa por projectos inovadores a vários níveis: “Criámos condições para o aparecimento de projectos inovadores, aproveitando as competências e a criatividade das pessoas que actuam no território. Estes projectos permitem qualificar pessoas para novas funções, contribuindo para um modelo de desenvolvimento alternativo ao modelo existente”.

A diversificação de actividades é outro dos ramos estruturantes da estratégia da Adraces, pois “o modelo centrado no desenvolvimento da agricultura, enquanto grande actividade económica, não dá resposta aos anseios das pessoas”. É aliás, também por essa razão, que António Realinho defende uma intervenção ao nível do mundo rural que “defina e implemente linhas estruturantes para o futuro de toda a região”. E essa estratégia, reforça, “tem de passar por parcerias como esta, em que entidades sem relação directa entre si, unem esforços para implementarem iniciativas de sucesso”.

 

 

 

ENTREVISTA A GRAÇA GUEDES

Portugal deve competir internacionalmente

Doutorada em Engenharia Têxtil, Gestão e Design, docente e investigadora da Universidade do Minho nas áreas de Marketing, Desenvolvimento de Novos Produtos, Tendência de Mercado, Criação de Marcas de Marcado e Design de Vestuário, Graça Guedes será uma das oradoras do Fórum Esart. Em entrevista ao Ensino Magazine, a directora do Curso de Licenciatura em Design e Marketing de Moda e do Curso de Mestrado em Design e Marketing explica o que está a mudar no marketing e no design no nosso país, e aborda os novos desafios do sector.

O Design e Marketing de moda são áreas em expansão no nosso país. Pode dizer-se que hoje o sector empresarial já procura gente qualificada nessas áreas?

A procura na área de design tem aumentado muito mas há poucos profissionais a trabalhar em Marketing de Moda, enquanto tais. Ou seja, as ofertas de moda são tratadas como as restantes, sem considerar as suas especificidades a vários níveis. Creio que a procura de profissionais tende a aumentar progressivamente mas um pouco enviesada pois o negócio da moda em Portugal não está tão desenvolvido como noutros países. No que respeita às actividades de Marketing muitos empresários ainda perguntam: Quanto é que isso vai custar? Ainda não passaram para a fase de questionar: O que vamos ganhar com isso? O conceito de recurso imaterial não está suficientemente difundido. A noção de que a marca é o principal capital da empresa não está claramente estabelecida entre os empresários portugueses. E, sem isso, nem os nossos designers podem mostrar o que valem, nem os marketeers fazem milagres. Mas não tenho dúvidas de que esta situação se vai alterar rapidamente. A necessidade de aumentar a competitividade das empresas no mercado vai conduzir cada vez mais empresas a desenvolver as áreas de design e de marketing. 

Ainda há falta de quadros superiores nestas áreas no nosso país?

Sim, claramente. Mas é complicado pois sem que a procura se intensifique significativamente as ofertas formativas tendem a manter-se reduzidas e a sua qualidade não fica claramente estabelecida. É importante que se diga com clareza: ter uma formação em design e/ou em Marketing não confere aos diplomados todas as competências necessárias. A criação de experiência, o conhecimento permanente do mercado e a possibilidade de actualização contínua são fundamentais. O mercado move-se muito depressa e as exigências são crescentes. Nenhum profissional pode dar-se ao luxo de parar, de considerar que já sabe o bastante…

Será que Portugal conseguirá ser competitivo com os outros estados membros da União Europeia?

Portugal tem condições para se tornar competitivo no mercado internacional. Algumas empresas estão já a realizar um trabalho muito bem sucedido ao nível da internacionalização. Mudar a perspectiva de produção que ainda impera no país é um processo lento. Ficamos demasiado tempo orientados para a produção em vez de procurarmos lançar produtos e marcas próprios e dominar a rede de distribuição e comercialização. Este processo é substancialmente mais complexo e requer um conjunto de competências mais vasto. Talvez por isso, apesar todos sabermos que teríamos de nos posicionar no mercado e optar por factores de competitividade dinâmicos mais cedo ou mais tarde, esse momento foi adiado sucessivamente. O resultado é a crise económica que enfrentamos. E só sairemos dela se rapidamente abraçarmos, sem mais reservas, o imperativo de criar produtos e marcas de mercado com alto valor acrescentado para o cliente e as soubermos comercializar. 

Quais os desafios que se colocam aos jovens estudantes nesta área?

Os jovens que possuam formação na área de design e de marketing necessitam, antes do mais, desenvolver uma perspectiva internacional, se possível global, da sua actividade e do seu trabalho. Na realidade confrontam-se com a concorrência das marcas estrangeiras que conquistam cada vez uma maior quota de mercado em Portugal. Não basta ser bom em termos nacionais. É fundamental que aproveitem todas as oportunidades para conhecerem o mundo que os rodeia, as múltiplas culturas que contracenam na Europa e no planeta. A moda é um fenómeno mundial. Possui uma dinâmica global que é importante conhecer e compreender. E é preciso criar espírito empreendedor e de risco, não ter receio de atravessar fronteiras e enfrentar desafios. É, de facto, a melhor forma de criar experiência e crescer profissionalmente e como pessoas.

Os trunfos de um sector têxtil de sucesso deixaram de ser apenas os preços baixos. O design das peças assume um papel decisivo para o sucesso das empresas? 

Actualmente as exigências estéticas afectam todos os produtos e muito particularmente os de moda. O design, não só das peças como das colecções de produtos têxteis e de vestuário, é um factor de sucesso incontornável. O design tem, necessariamente, que estar presente. É importante que possua elevada qualidade sob todos os pontos de vista e, sobretudo, seja correctamente orientado para as necessidades, gostos e preferências dos consumidores-alvo para quem são orientados os produtos ou marcas.

Isso significa que os designers devem ser capazes de apresentar propostas que acompanhem as mudanças de mercado?

As mudanças de mercado impõem novas correntes de gostos e preferências e alteram comportamentos face aos produtos ou marcas já existentes no mercado. As mudanças são constantes e constituem oportunidades para consolidar marcas bem como para permitir o lançamento de novas propostas. É sobretudo no campo da detecção e análise das novas oportunidades de mercado que o marketing, associado a um bom design, pode constituir a diferença entre o sucesso e o fracasso das empresas.

 


Visualização 800x600 - Internet Explorer 5.0 ou superior

©2002 RVJ Editores, Lda.  -  webmaster@rvj.pt