Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano X    Nº108    Fevereiro 2007

Editorial


Porta aberta aos adultos

No contexto das exigências da sociedade do conhecimento e da tendência para a globalização dos mercados, a formação profissionalizante dos estudantes e a construção de uma cultura centrada no empreendedorismo revela-se fundamental para as instituições de ensino politécnico e universitário que, também elas, queiram ser competitivas nas apertadas teias dos sistemas educativos europeus. Se a globalização está associada a uma aceleração do tempo e a uma progressiva integração do espaço, então importa que se esteja aberto às exigências dos processos irreversíveis que contaminam, positiva e negativamente, os agentes económicos. 

Aprender a viver com isso, ou apesar disso, é alvo que deve continuar a nortear as decisões estratégicas, já que a questão que se coloca é a de saber identificar e aproveitar as oportunidades que emergem de uma economia internacional, sem fronteiras, também ela cada vez mais integrada e integradora.

A contemporaneidade exige que os futuros profissionais possuam e demonstrem competências em diversas áreas do saber e do saber fazer, muitas delas pouco tradicionais e geralmente expurgadas dos templos de ciência estática em que se transformaram muitos politécnicos e universidades. Já ninguém se pode dar ao luxo de ignorar que os jovens que estamos agora a qualificar para o mercado de trabalho irão mudar, ao longo da vida, várias vezes de emprego, de profissão e estarão sujeitos a uma forte pressão de mobilidade geográfica.

Daí que a preocupação com a aprendizagem, quer no seu percurso inicial, quer nos trilhos que se deparam ao longo da vida, fomenta a importância e o valor ético da igualdade de oportunidades, bem como da qualidade e pertinência das possibilidades de aprendizagem que devem estar no centro das estratégias conducentes à realização de um espaço europeu de educação.

Neste enquadramento que condiciona, mas também estimula, a escola continuará a desempenhar um papel fundamental em todo o processo de formação destes cidadãos que se querem aptos a viverem na sociedade da informação, sabendo assumir-se como líderes audazes das próprias carreiras. Mas também importa que os politécnicos e as universidades saibam lançar-se na busca de novos públicos. Novos públicos constituídos por adultos ainda integrados na força do trabalho, que interiorizaram o princípio da aprendizagem ao longo da vida e procuram novos saberes que reforcem a qualidade de exercício da sua vida profissional. 

Neste âmbito, a recente legislação, vulgarmente conhecida por “mais 23”, é uma oportunidade que não pode ser perdida. Mas para que o não seja, é necessário que as escolas adquiram uma cultura de acolhimento e acompanhamento destes “adultos”, em vez de terem a tentação facilitista de os considerar alunos “normais” de formação inicial. Aqui, o regime de tutorias, o atendimento pós laboral e a disponibilização de elementos de estudo on-line, marcam a diferença.

Sabemos, pois, que estes novos públicos obrigam a mudanças radicais nas rotinas organizacionais das nossas instituição. Mudanças que abarcam sectores tão diferenciados quanto os que se reportam aos horários de funcionamento, ou ao atendimento e entendimento pessoal e personalizado. Mudanças que envolvem, ainda, a criação de bibliotecas virtuais, e a implementação de procedimentos de comunicação próximos do que poderíamos designar por “pedagogia digitalizada”.

Os desafios que os novos tempos proporcionam às instituições de ensino superior devem ser motivadores. Os docentes e investigadores devem procurar responder a estas oportunidades de mudança com a celeridade que a evolução económica, social e tecnológica exige. Não é mau mudar as rotinas e os procedimentos. Criticável é ficar parado e com isso comprometer o futuro das pessoas e das instituições em que estas trabalham.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt

 


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