Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano X    Nº118    Dezembro 2007

Motor

QUATRO RODAS

Uma revolução estúpida

Quase sem se dar por isso ocorreu este ano uma revolução no mundo dos Automóveis Antigos em Portugal.

Revoluções há-as boas e más, mas esta é uma revolução estúpida. Mal aconselhado, mas mesmo muito mal aconselhado o nosso governo decidiu acabar com o regime de importação de veículos antigos, implementado um novo imposto apelidado de ISV.

Até ao passado mês de Julho uma comissão verificava se os automóveis clássicos importados deviam ou não ser considerados de interesse histórico, autorizando assim a sua vinda para Portugal sem grandes custos adicionais.

Bem ou mal este sistema permitiu desenvolver em Portugal uma próspera indústria de restauro. Importavam-se automóveis baratos, muitas vezes nos EUA, recuperavam-se e vendiam-se depois, com valor acrescentado para a empresa que efectuou o trabalho.

Alguns destes automóveis restaurados eram de novo exportados. Ficava no entanto em Portugal o valor do trabalho de restauro e mantinham-se algumas centenas de empregos especializados. Outros ficavam em Portugal, enriquecendo assim o património nacional.

Não sei qual o mal desta actividade, ou que “cócegas” provou aos nossos governantes que conseguiram criar este estúpido imposto indexado à cilindrada de cada carro, independentemente do seu custo e estado de conservação.

O jornalista Adelino Dinis, que muito estimo, conseguiu provar a estupidez desta medida, num trabalho da Revista Motor Clássico de Dezembro de 2007.

O trabalho foi desenvolvido, durante a feira de Hershey nos EUA e consistiu em simular o custo de cada um dos 68 veículos analisados se fossem adquiridos para Portugal.

Não analisei todos mas retive-me num Corvette de 1973, com um preço de venda 13,999 euros, a que correspondia um imposto 98,578 Euros. Meus senhores, o imposto é sete vezes mais do que o preço do carro… é preciso dizer mais alguma coisa.

Resultado, quem se vai começar a rir, são as empresas de restauro de países vizinhos, ou então os mais atrevidos empresários portugueses que vão começar deslocalizar as suas oficinas para outros países.

E afinal no que vai dar a “chico esperteza” do estado português? Dinheiro do ISV, não o vai cheirar, pois as importações vão acabar. Perdem-se também os impostos e contribuições das oficinas de restauro, que vão procurar melhor poiso, e a isso podem-se juntar mais algumas décimas às estatísticas do desemprego.

As últimas palavras para o Adelino Dinis, director da revista Motorclássico e profundo conhecedor desta matéria. Foi após a leitura do seu ultimo editorial na Motorclássico que me senti impulsionado a “escrever” sobre esta situação.

Possivelmente não estou na posse de todas as informações sobre este processo, mas de fora é esta a interpretação que dou ao que está a acontecer… Adelino vamos à luta.

Paulo Almeida

 


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