QUATRO RODAS
Locutores e "locuteiros"
Longe vão os tempos em que o desporto
automóvel arrastava multidões…é certamente um lugar comum o que acabei
de escrever, mas ainda bem, pois assim fica mesmo clara a ideia que
quero transmitir.
Com o aparecimento de novas modalidades de carácter radical a corridas
de automóveis passaram para segundo plano. Em primeiro lugar porque
algumas marcas de produtos novos, apostaram em desenvolver as “suas
próprias” modalidades e comprar espaço televisivo onde a colagem da
marca ao desporto faz vender os seus produtos. Façam uma visitinha ao
site da Red Bull e compreendem melhor o que quero dizer.
Em segundo lugar porque, em Portugal, a promoção e locução dos eventos
automobilísticos continuou a ser feitos por alguns “velhinhos” dando
pouco espaço aos melhores.
Realmente não costumo usar os meus escritos, para deixar críticas, mas a
recente “cobertura” que a SPORTV fez do circuito da Boavista, atingiu o
ponto mais baixo a que já assisti, mas já lá vamos.
Abordemos primeiro algumas situações exemplares. No caso da Formula 1
longe vão os tempos em que se conseguiu juntar o Domingos Piedade e o
José Miguel Barros. Sem dúvida os melhores de sempre. Depois deles, foi
degradante o que se passou, mas nem vale a pena falar nisso.
Recentemente a SPORTV recuperou o “Zé Miguel” e tudo passou a ser mais
rico e interessante, notando-se um trabalho de pesquisa e muito cuidado
em fornecer informações precisas e actualizadas, apesar dos comentários
serem agora efectuados às distância…deixou por isso de existir o tão
conhecido “enviado especial”.
Outro caso de sucesso é o de João Carlos Costa. Este locutor que em
tempos pertenceu à RTP, rapidamente se afirmou com especialista em
desporto motorizado. Mas como no futebol, também aqui há “olheiros”, e
rapidamente este excelente profissional foi contratado pelo canal
Eurosport. Outro caso que não posso deixar de referir é o do Ricardo
Santos Carvalho, mais conhecido por PeeWee. Embora toque em todas as
vertentes do automobilismo o Ricardo, especializou-se nas corridas de
clássicos, onde sobressai a sua principal característica, que é a
capacidade de fazer humor sem beliscar a dignidade das pessoas. Um
verdadeiro artista do microfone e também da escrita.
Não conheço muitos mais casos de sucesso, mas depois de referir com
algum entusiasmo, os melhores exemplos que temos, é pena acabar com um o
exemplo degradante. Aconteceu como já referi, na transmissão da corrida
do PTCC, efectuada pela SPORTV, com o locutor Vitor Abreu e o piloto
Manuel Mello Breyner. Dizia um deles mais ou menos isto “… lá vem o
concorrente do carro cor de laranja…olha o acidente foi provocado por
aquele piloto, mas não sei quem é …” . Meus amigos isto é inadmissível,
este senhores nem uma lista de participantes tinham à frente para
identificar bem os pilotos…deviam ter feito o seu “trabalho de casa”, e
isto aconteceu vezes sem conta durante a transmissão. Para cúmulo
acabaram a criticar a forma como a Federação Portuguesa faz a promoção
deste desporto. Se estes senhores querem mesmo ajudar, aconselho o
senhor Manuel Mello Breyner a não sair do carros durante as corridas
onde sem dúvida consegue mostrar o que sabe fazer, ao locutor Vitor
Abreu tenho que pedir para estudar mais a matéria, para não voltar a
fazer aquela figurinha. Também não fica mal recolher algumas informações
interessantes no “paddock” para utilizar ao longo da transmissão, ao
estilo José Miguel Barros. Mas se isso for difícil pelo menos que tenha
uma listinha de inscritos para ajudar o espectador.
Mas já chega de críticas, pois o dia até acabou bem, uma vez que no
final, mudei para o Eurosport onde me pude deliciar com os comentários
do João Carlos Costa à corrida do WTCC… excelente.
Paulo Almeida
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