GENTE & LIVROS
P. G. Wodehouse
«Mas, esperem aí um
minutinho. Esqueci-me que não fazem a mais pálida ideia do que tudo isto
seja. É o que normalmente acontece quando se começa a contar uma
história. Uma pessoa sai a correr à frente, todo alegre e bem disposto
como um garboso cavalo de batalha prestes a dar início à rotina diária
e, quando uma pessoa se dá conta, os clientes estão de pé nas patas
traseiras a gritar por notas de rodapé. (…)».
In Época de Acasalamento
Pelham Grenville Wodehouse
nasceu a 15 de Outubro de 1881, em Guildford, Surrey. Grande parte da
infância decorre em Hong Kong. Mais tarde estuda no Dulwich College, de
Londres, e aos dezoito anos já trabalha na delegação do Banco de
HongKong & Shanghai.
Começa muito cedo a escrever para jornais e revistas, o Globe e o Punch
publicam textos seus. O primeiro livro, The Pothunters (1902), revela-se
um sucesso, levando Wodehouse a dedicar-se em exclusivo à escrita.
Caricaturou com mestria as instituições e os tiques da sociedade
britânica escrevendo, obras tão aclamadas como Leave It to Psmith
(1923), French Leave (1956), e The Plot of That Thickened (1973). Em
Portugal estão traduzidas títulos como, Época de Acasalamento (1949);
Por sua dama (1936); Isso é Consigo! (1938); Um Homem de Visão (1949);
Dinheiro Molesto (1958); O Tio Fred à Solta (1959); e O Código dos
Woosters (1960).
Em 1904 o escritor vai para Nova Iorque. Na Broadway, escreve musicais
aclamados pelo público e crítica.
Regressa a Inglaterra em 1932, mas por pouco tempo. Decide instalar-se
com a mulher, Ethel Newton, e a filha dela, em Le Touquet, no Norte de
França. Aqui, o escritor é preso com outros residentes britânicos, pelas
tropas nazis, e obrigado a fazer um speech em inglês, na rádio alemã.
Isto custar-lhe-á uma acusação de traição à Inglaterra, e nem o facto de
ter sido levado para campos de prisioneiros, comoveram a opinião pública
e o governo inglês.
Libertado pelos alemães com a chegada dos americanos a Paris, é
novamente preso, desta vez pelos franceses. Reside em Paris até 1947,
ano da mudança definitiva para os Estados Unidos.
Os amigos, entre os quais se contam o escritor George Orwell e os
jornalista da BBC, Malcom Muggeridge, fazem os possíveis para reabilitar
o seu nome, mas a má vontade da opinião pública e do governo britânico
persiste. O escritor não mais voltaria a Inglaterra, obtendo a cidadania
americana em 1955.
Por ordem da rainha Isabel II, Wodehouse é feito cavaleiro em 1975, e,
nesse mesmo ano, a 14 de Fevereiro, morre em Long Island. Deixa mais de
130 títulos, do qual fazem parte colectâneas de contos, romances,
musicais e vinte argumentos para cinema.
Época de Acasalamento. Quando o aristocrata Wooster e o seu mordomo
Jeeves – um verdadeiro “cavalheiro ao serviço de cavalheiros” - decidem
passar uns dias em Deverill Hall, começa uma estonteante “saga”, num
verdadeiro reino da patetice. A “fauna” é variada e abrange tias
emproadas, primos estroinas e raparigas astutas. Para aumentar a
confusão, Wooster usa durante a estada uma falsa identidade, e, é um
vale quase tudo, em época de acasalamento.
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
Presença. Aristides de Sousa
Mendes – Um Herói Português, de José-Alain Fralon. Este é o retrato mais
que justo de um homem que nos faz sentir orgulho de ser portugueses. É
preciso conhecer a história do cônsul em Bórdeus, que obedecendo à
vontade de Deus, e contra as ordens de um governo injusto, assinava
noite e dia vistos de saída para libertar homens e mulheres de uma morte
quase certa às mãos do nazismo.
Dom Quixote. O Quinto Dia, de
Frank Schätzing. Acontecimentos estranhos ocorridos no mar perturbam os
cientistas. Com cardumes e baleias a atacar humanos no litoral do Peru,
enquanto os furacões e os tsunamis causam a morte e a destruição. À
escala global a natureza desencadeou a sua vingança contra a humanidade.
Este Eco-Thriller é já um best-seller nacional e internacional.
Cavalo de Ferro. Regresso à
Ilha, de Romana Petri. Em A Senhora dos Açores, conhecemos através do
olhar profundo e sensível de uma estrangeira, uma terra de beleza,
solidão e pobreza e a história do guia açoriano, João de Freitas. Ele
fala-lhe da sua emigração forçada para os Estados Unidos, e de uma
promessa de amor à esposa morta. Com Regresso à Ilha, fecha-se a
belíssima história de João de Freitas.
Asa. O Último Cabalista de
Lisboa, de Richard Zimler. Em Abril de 1506, durante as celebrações da
Páscoa, cerca de 2000 cristãos novos são mortos num pogrom em Lisboa.
Neste cenário de extrema intolerância religiosa, o cristão-novo
Berequias Zarco encontra-se a braços com os assassinatos do tio e de uma
mulher desconhecida, e um manuscrito misterioso por decifrar. Este
romance empolgante, tornou Zimler conhecido em Portugal.
Europa-América. Mussolini, de
Martin Clark. Quem era afinal o ditador fascista que governou a Itália
de 1922 até 1943? Durante quase 20 anos, a história da sua vida
confunde-se com a história do regime que liderou e do seu país. Mas o
autor vai mais longe, e para além de um profundo conhecimento do
contexto histórico onde se moveu Mussolini, dá-nos um retrato relevante
das contradições profundas que o conduziram.
Difel. O Detective Global nº 2,
de Toby Clements. Quando aparece um cadáver na Biblioteca da Faculdade
Algema, em Oxford, são contratados os quatro detectives mais famosos do
mundo para o desvendar. As únicas pistas do crime são uma lança espetada
no peito da vítima, e uma etiqueta com o preço de edredão da IKEA. Esta
é uma sátira divertida aos policiais, pelo mesmo autor do bestseller, O
Código Stravinci.
Ambar. Histórias de Ir à Bola,
de José Jorge Letria. A pensar nos mais novos, o autor criou estas
histórias fantásticas. O futebol e o humor entram em campo, onde bola, o
apito do árbitro, e até os animais que servem de símbolos aos grandes
clubes, são personagens principais. Recomendado pelo Plano Nacional de
Leitura.
Campo das Letras. Pensar a
Música, Mudar o Mundo: Fernando Lopes-Graça, de Mário Vieira de
Carvalho. Agora que se completam cem anos sobre o nascimento de Fernando
Lopes-Graça, é mais que oportuno recordar o músico, que, sem nunca
embarcar no êxito fácil, ou na preocupação com a moda, seguiu o seu
próprio percurso, e, construiu a sua individualidade artística de forma
exemplar.
Estampa. O Homem que era
Quinta-feira, de G.K. Chesterton. O revolucionário anarquista Lucian
Gregory, e o “poeta cumpridor da lei”, Gabriel Syme cruzam os seus
destinos. A partir de Saffron Park, oficina de artistas onde são urdidas
tramas de um extraordinário “nonsense”, eles tem de se confrontar com o
Conselho Central Europeu dos Anarquistas e o Serviço da Polícia.
Gradiva. A Vingança de Gaia, de
James Lovelock. Nas próprias palavras do autor « Chegou a altura em que
todos nós temos forçosamente de evitar a insustentatiblidade que agora
atingimos devido à utilização inapropriada da tecnologia; é muito melhor
retroceder agora, enquanto dispomos de tempo e energia. (…)». Desde
sempre que o homem tem explorado os recursos da terra de forma
irresponsável e como se não houvesse amanhã. Agora os padrões climáticos
estão alterados e é urgente trabalhar seriamente para salvar a terra.
Pergaminho. Saúde e Medicina
Natural, de Andrew Weill. Este livro é um clássico absolutamente
incontornável da medicina alternativa. Através das cerca de quinhentas
páginas que o compõem, permite desenvolver um estilo de vida saudável;
fortalecer o sistema imunitário; e elaborar planos nutricionais
equilibrados. Um guia completo para a sua saúde e bem-estar.
Eugénia Sousa
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