Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano IX    Nº105    Novembro 2006

Editorial


As TIC no espaço rural

O Projecto Ruraltech – Rede Europeia para a Promoção das Novas tecnologias em Territórios Rurais, do qual participou o Instituto Politécnico de Castelo Branco, através do seu Centro de Estudos e de Desenvolvimento Regional, envolveu a criação de uma rede transnacional composta por parceiros da Cantábria, da Galiza e de Rioja (Espanha), da Aquitania (França), de Gales (Reino Unido) e do Mid West (Irlanda).

O objectivo era o de ampliar a utilização das novas tecnologias da comunicação e da informação nos espaços rurais do Espaço Atlântico, enquanto estratégia de primeira ordem para promover o desenvolvimento equilibrado entre o tecido económico urbano e o rural. O resultado desta experiência, interessante e inovadora, foi agora publicado em livro, numa edição do IPCB, sob o título “Tecnologias da Informação e da Comunicação no Espaço Rural – Fiat Lux”, e no qual os procedimentos e resultados desta proposta comunitária estão profusamente descritos e fundamentados. 

Para lá das palavras que perpetuam os acontecimentos, só a História nos dirá quais os efeitos perduráveis da iniciativa que se esforçou por suavizar a iliteracia digital a que se viram condenadas as populações rurais, e que representa um dos principais obstáculos à promoção da igualdade de oportunidades entre os espaços urbanos e os espaços rurais e, dentro destes, entre os que já se conseguiram incorporar nas redes de comunicação e informação e os que foram deixados à margem da sociedade do conhecimento.

Como se refere na obra, acredita-se que o acesso às redes de comunicação promoverá o desenvolvimento de novas empresas, favorecerá a competitividade dos agentes económicos, gerará novos empregos e qualificará as competências da população activa residente, com evidentes melhorias na sua qualidade de vida e na fluidez de adaptação a novos desempenhos que a evolução dos mercados venha a sugerir. 

As bibliotecas estão atulhadas de estudos que continuam a revelar a existência de boas e de más experiências nesta matéria. Todavia, é importante que se sublinhe que todos os especialistas reconhecem que, quando está em causa o uso e manipulação das tecnologias digitais, nenhum cidadão deve ser deixado para trás, já que a globalização e a sociedade da informação são irreversíveis e os seus efeitos demasiado perduráveis.

Revela-se, por isso, necessário diminuir o fosso digital entre os que têm acesso aos instrumentos proporcionados pela revolução tecnológica e os que ainda vivem nos contextos do incremento promovido pelas revoluções agrícola e industrial. Logo, não faria qualquer sentido se o investimento em capital tecnológico não fosse acompanhado por idêntico investimento no capital humano, já que a aprendizagem e o uso dessas tecnologias da informação e da comunicação deve ser encarado como um procedimento que visa o desempenho de mais competências consideradas indispensáveis ao êxito profissional e social. 

Na era da informação, a oferta de trabalho de profissões baseadas, exclusivamente, em competências manuais, está em declínio. Daí que novas aprendizagens baseadas na manipulação e na gestão da informação, designadamente a proporcionada por bases de dados digitalizados, se afigure indispensável na abordagem dos objectivos e modelos de vida de todas as gerações. Importa, pois, que se invista na “actualização contínua” das máquinas, e também na “formação permanente” das populações que a elas têm acesso. 

Sabemos que escola pode contribuir para o atenuar da exclusão digital a que muitos estariam votados. Isto, se souber democratizar ao acesso e a manipulação destes novos instrumentos educativos, organizando-se em torno de objectivos claros, de equipamentos acessíveis e de um corpo docente motivado. E para lá da instituição escolar? Que fazer aos duplamente excluídos: aos descolarizados e aos marginalizados pela sociedade da informação? 

Vivemos uma época social caracterizada por um sistema em permanente adaptação. A “inclusão digital” é, pois, imperativa para todos os cidadãos deste novo século se quisermos aceitar o desafio de assegurar que a Europa seja reconhecida como uma referência pela qualidade das suas instituições, garantindo que homens e mulheres de todas as idades tenham acesso à aprendizagem e actualização ao longo da vida. 

Não vale a pena continuar a iludir ou a ignorar estas questões. O desenvolvimento equilibrado do território europeu e a coesão económica e social das regiões ultra periféricas assim o exige.

Por todas estas considerações reportamos importante o projecto que se desenvolveu em torno da promoção das Tic nos espaços rurais de zonas periféricas do da Comunidade Europeia e cujos resultados agora nos são publicitados por esta interessante edição.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt


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