Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano IX    Nº97    Março 2006

Motor

Rali de Portugal para sempre

Há uns meses escrevi neste espaço um texto, sobre o Lisboa-Dakar. Tratou-se de um evento impar realizado no nosso País que contribuiu muito para projectar a imagem de Portugal em todo o mundo. Desta vez vou falar de outro evento que durante muitos anos foi a grande referência do automobilismo nacional, o Rali de Portugal. E vou falar do Rali de Portugal para evidenciar o esforço que o ACP está a desenvolver para trazer de volta os WRC (World Rally Cars), e que teve um passo importante quando este mês realizou a sua prova candidata, que foi inspeccionada pela FIA - Federação Internacional do Automóvel.

Esta história começa, no entanto quando Carlos Barbosa assumiu a presidência do Automóvel Clube de Portugal, e regenerou esta ideia dando-lhe toda a força. O primeiro passo foi “contratar” um general (leia-se director de prova) para planear e comandar as tropas que no terreno construíram esta superprodução. A escolha recaiu sobre Pedro de Almeida, antigo navegador que se notabilizou ao lado de Carlos Torres, e que ultimamente tem aparecido em lugares de destaque nas organizações de José Megre.

A primeira grande decisão de Pedro de Almeida, recaiu sobre a localização do evento, e foi com alguma surpresa que o Algarve apareceu como o local eleito.

Mas vejamos… será mesmo surpreendente esta decisão?

Recuando no tempo, relembro que uma das causas que estivaram na origem da saída do rali do campeonato do mundo, em 2001, foram as condições atmosféricas. Escolher o Algarve significa pois escolher a região do País com mais horas de sol, reduzindo desde modo a eventualidade deste problema voltar a incomodar a organização. Para além disso, a região tem um bom aeroporto internacional, e quanto à oferta hoteleira nem sequer restam dúvidas sobre a qualidade. Talvez as infra-estruturas de saúde sejam o ponto menos forte desta localização, mas um pequeno reforço pontual resolve o problema.

Não nos podemos no entanto esquecer da “matéria-prima” necessária para organizar um rali do campeonato do mundo. Refiro-me às estradas onde se têm de disputar as provas especiais. Mas até neste aspecto o Algarve é impar, pois a menos de 20 quilómetros daquela primeira linha onde proliferam as infra-estruturas de lazer, temos um mundo completamente diferente onde os montes e vales são rasgados por estradões de terra batida, que parecem talhados para um super rali. Se fossem necessárias estradas de asfalto, também não haveria muita dificuldade, mas definitivamente termos de nos focar na terra pois neste momento nenhum rali de asfalto ponde ambicionar entrar no campeonato do mundo. Sabe-se que estes ralis têm mais ou menos de metade dos telespectadores quando comparados com as provas disputadas na neve ou em terra batida, e como quem manda são as audiências, é nesse sentido que teremos de trabalhar.

Falta-nos a penas a cereja para enfeitar o bolo, refiro-me ao local escolhido para o centro de operações. Os nossos políticos sem querer construíram, no melhor local a melhor sala de visita para este efeito. Sabem do que estou a falar?...Pois bem não deve ser difícil adivinhar. Para quem atravessa o Algarve não passa despercebido o famoso Estádio Algarve que foi palco de 3 jogos de futebol no nosso Euro. Como os “futeboleiros” não conseguem dar utilização a este magnifico local, têm de ser os homens dos automóveis a dignificar esta construção fazendo dela o centro nevrálgico do rali. 

E é realmente uma autêntica invasão que o evento faz ao Estádio Algarve e aos vários hectares de toda a zona envolvente, onde encontramos o parque fechado, a zona VIP, o parque de assistência, o parque de logística, e já nas salas do estádio não posso deixar de destacar a magnífica sala de imprensa com todas as tecnologias ao serviço da comunicação social, com a impecável coordenação do Luis Caramelo.
Ainda no edifício temos as várias salas da direcção de prova onde podemos constatar o forte investimento efectuado. Ao passar pelas várias salas equipadas com numerosos monitores de plasma, plenos de informação que chega por vários canais, sejam os tempos via satélite, a informações de segurança via rádio VHF, imagens das TV´s, num mundo de tecnologia utilizada ao mais alto nível, que certamente passa despercebida até mesmo ao maior entusiasta, tudo isto sempre muito bem coordenado pelo António Mocho.

E a logística de tudo isto? Será que funciona tudo bem? Podem querer que sim, um dedicado e super organizado Vitor António, coordena uma equipe que não pode falhar e está sempre pronta a fornecer os meios necessários para que tudo corra sobre rodas.

Depois desta descrição, que mostra apenas uma pequena parte do que se passa neste mega evento, podem perguntar…será que isto é verdade? Como é que o redactor sabe tudo isto?

Pois bem, podem querer que tudo isto é verdade, pois tive o enorme prazer de ser convidado a participar na organização deste desígnio nacional que é o regresso do Rali de Portugal ao mundial. Este ano a prova foi de novo candidata ao campeonato do mundo e desta vez teve dois observadores FIA, que pela forma como tudo correu só podem levar boas informações.

E quanto ao resultado de tudo isto qual será? Na minha opinião só poderemos ter êxito, o Pedro de Almeida para além de planear tudo ao milímetro é um excelente condutor de homens com uma enorme capacidade para motivar as tropas, que de uma forma altruísta levaram a bom termo todas as tarefas.

É sempre injusto quando se referem alguns nomes numa vasta organização, pois ficam sempre de fora pessoas importantes. Por exemplo não referi o David Cabral, e o autêntico “gentleman”, que é o Eng.º Martins da Silva, presidente do ACP Motorsport, presente em todos momentos, constituindo com Pedro de Almeida e Carlos Barbosa um trio que só pode ter como desígnio VENCER
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Paulo Almeida

 


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