Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano IX    Nº99    Maio 2006

Cultura

GENTE & LIVROS

Luigi Pirandello

«Parecera-me uma sorte que me julgassem morto? Pois bem, estou realmente morto. Morto? Pior que morto; recordou-me o senhor Anselmo: os mortos já não têm de morrer e eu, sim, eu ainda estou vivo para a morte e morto para a vida. Com efeito, que vida pode ser a minha? O tédio, a solidão, a companhia de mim mesmo?

Escondi o rosto com as mãos e deixei-me cair em cima do sofá.

Ah, se pelo menos eu fosse um patife! Poderia talvez adaptar-me a permanecer assim na incerteza da sorte, abandonado ao acaso, exposto a um risco contínuo, sem consistência, sem eira nem beira. Mas eu? Eu não. E que fazer então? Ir-me embora? E para onde? (...)»

In Ele foi Mattia Pascal



Nascido a 28 de Junho de 1867 na cidade Siciliana de Agrigento, Luigi Pirandello haveria de se tornar uma referência fundamental na literatura, influenciando outros grandes nomes das letras, como Jean-Paul Sartre, Samuel Beckett, Eugene Ionesco, Jean Genet ou Eugene O‘Neill. 

Pirandello começa por estudar Filologia na Universidade de Roma e, mais tarde, faz o doutoramento com uma tese sobre o dialecto de Girgenti - actual Agrigento - na Universidade de Bonn, na Alemanha. É também na Alemanha que estuda Filosofia.

Casa em 1894 com Antonietta Portulano e vão viver para Roma. Dedica-se exclusivamente à escrita, iniciando-se na poesia e passando depois à narrativa e ao romance realista.

Seria no principio do século 20 que os problemas financeiros da família o levariam a dar aulas de Italiano num Instituto em Roma e a profissionalizar-se como escritor.

Com o advento do fascismo Pirandello torna-se membro do partido, conseguindo o apoio necessário para a criação do Teatro Nacional de Arte de Roma.

Mas as relações com o partido não são as melhores, algumas das suas obras são criticadas pelo Fascismo e ele não está de acordo com todas as decisões do partido, nomeadamente a invasão da Etiópia pela Itália. 

Inovador do drama moderno será todavia com o teatro que ficará célebre ao ponto de ganhar o Prémio Nobel da Literatura em 1934. A consagração chega tarde, dois anos depois do Nobel, a 10 de Dezembro de 1936, Luigi Pirandello morre em Roma.

Da sua vasta bibliografia fazem parte os romances: Ele foi Mattia Pascal (1904); O Velho e o Jovem (1913); Um, Nenhum e Cem Mil (1926); as peças de teatro: Assim é se lhe Parece (1917); Seis Personagens à Procura de Autor (1921); Henrique IV (1922); O Imbecil ( 1926); e Esta Noite Representa-se de Improviso (1930). 

Ele foi Mattia Pascal. Cansado de uma família que não o compreende - uma esposa neurótica e uma sogra insuportável - soterrado em dívidas e quebrados os últimos laços que o ligavam a casa, Mattia Pascal aproveita um golpe de sorte inesperado - uma pequena fortuna ganha ao jogo - e um equívoco - a notícia da sua própria morte no jornal, falando do seu suicídio - e decide assumir outra identidade. Mas “a vida de um morto” é mais complicada do que Mattia Pascal previa, e o golpe que se afigurava como a resolução de todos os problemas, começa a desenhar-se como o maior de todos eles?

Página coordenada por
Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades

PRESENÇA. O Espírito do Amor, de Ben Sherwood. Charlie St Cloud é o irmão mais velho de Sam, que aos doze anos morre num trágico acidente de viação. Incapaz de se conformar com a perda, Charlie jura ficar sempre com Sam, ainda que num plano intermédio entre a vida e a morte. Passam treze anos desses encontros diários, até que Charlie conhece Tess, uma jovem navegadora, que lhe irá propor um compromisso total com este lado da vida. Mas para Charlie nada há a temer, mais forte que a morte é o amor.

DOM QUIXOTE. A Mulher de Neruda, de Hugo Santos. O autor já está habituado a ver o seu trabalho reconhecido, primeiro com As Mulheres que Amaram Juan Tenório, vencedor do Prémio Miguel Torga, e agora com A Mulher de Neruda, Prémio Albufeira de Literatura, na categoria de ficção em 2005. Nas palavras de outro escritor, Urbano Tavares Rodrigues, este livro é «Um romance de amor anti-convencional, que privilegia o momento mágico dos encontros e reencontros sem amanhã.». 

CAVALO DE FERRO. Amores Feiticeiros, de Tahar Ben Jelloun. É sempre com extremo agrado que se abrem as portas à chegada das histórias mágicas do escritor marroquino Ben Jelloun. O escritor já premiado com os Prémios Goncourt e IMPAC oferece-nos agora amores que enfeitiçam, paixões que se fabricam e dissolvem, traições e amizades sempre sob o signo do encanto. «Conta-me uma história de amor, uma história oriental, uma bela história de amor, de ciúme, de sangue e de morte! Conta-me uma história senão mato-te!

GRADIVA. O Grande Conflito, de Shirley Hazzard é National Book Award 2003. A II Guerra Mundial marca profunda e igualmente a Europa e a Ásia e nas sociedades que começam a delinear-se, cruzam-se personagens que têm em comum as marcas do conflito, mas que reagem a essas recordações de forma diferente. Os irmãos Driscoll escondem-se por detrás das páginas dos livros, os veteranos Leith e Exley procuram analisar os crimes cometidos durante a guerra. Num cenário de pós-guerra, quando as relações são necessariamente mais intensas, acontecem amores, separações, desilusões e reencontros.

COTOVIA. Teatro 3, de Bertolt Brecht. Com uma introdução explicativa da obra do escritor, da autoria de Vera San Payo de Lemos, o livro reúne as peças: O voo dos Lindbergh - uma peça didáctica radiofónica para rapazes e raparigas; A peça didáctica de Baden-Baden Sobre o Acordo; O que Diz Sim. O que Diz Não; A Decisão; A Santa Joana dos Matadoros; A excepção e a Regra; e A Mãe. Para ler ou revisitar um dos maiores nomes das letras contemporâneas. 

MINERVA. Pergaminho de Poemas, de Ana Amorim e Hugo Justo. Da parceria entre a mulher que afirma « Escrevo as lágrimas e os sorrisos de outras almas, palavras de conforto e compaixão ou simplesmente, o que sinto» e de um homem para quem «O Amor pela escrita não se adquire, descobre-se» surge uma colectânea de cerca de cem poemas de amor, divino, natureza e sentimento, prefaciados por Marcelo Rebelo de Sousa.

GATAFUNHO. Quando a Mãe Grita, com texto e ilustrações de Jutta Bauer. A mãe Pinguim gritou com o filhote Pinguim. O pequeno Pinguim ficou destroçado e sentiu mesmo que o seu corpo se partia em vários pedaços que se espalhavam por todo o lado. Mas os desentendimentos das mães e dos filhos não são para durar e a história tem um final que deveriam ter todas as histórias “de” e “para” crianças: feliz. 

PIAGET. Histórias Portuguesas e Timorenses para as Crianças, de Fernando Vale com ilustrações de Dorindo Carvalho. As histórias lusas contam peripécias emocionantes de fidalgos e plebeus, ora ingénuos ora manhosos, a rivalizar como podem; as histórias Timorenses são repletas de realismo mágico, onde não faltam as lendas e o diálogo entre o homem e o animal. A palavra a criar belas pontes entre portugueses e timorenses, uma relação de tempo e história e principalmente afectos. 

AMBAR. Um Mundo Sem Medo, de Baltasar Garzón. Pela sua postura corajosa e determinada o juiz espanhol Baltasar Garzón passou pelas páginas dos jornais de todo o mundo. Com este livro conta-nos o que são dezassete anos de luta contra a impunidade, o crime organizado, o terrorismo e a corrupção.

O ideário de um homem que não se rende porque sabe que uma sociedade sem medo assenta na justiça. É preciso ler para fazer justiça a um livro assim. 

EUROPA-AMÉRICA. A Maldição de Adão - A ameaça genética que paira sobre o futuro do Homem, de Bryan Sykes. Um dos mais reconhecidos geneticistas do mundo decide partilhar as suas descobertas. O resultado é uma obra interessante e provocadora sobre o cromossoma Y. Haverá uma causa genética para a ganância, agressão e promiscuidade dos homens? A instabilidade do cromossoma Y será responsável pelo aumento constante das taxas de infertilidade? Será possível fazer algo para salvar os homens de uma extinção quase certa? Sorte um livro assim, azar ser homem.

CAMPO DAS LETRAS. Álvaro Cunhal Íntimo e Pessoal, de Miguel Carvalho. Um dicionário com cerca de 500 entradas e mais de 600 citações sobre o que o carismático líder do PCP português pensava sobre a Arte, a Beleza, a Ciência, o Cinema, a Literatura, a Música, as Viagens, a Morte e muitos outros temas. Englobando os testemunhos de quem teve o privilégio de o entrevistar, como a jornalista Ana Sousa Dias e o escritor Mário de Carvalho.

LUA DE PAPEL. O Mind Gym, ginásio para a mente. Nos anos 80 a preocupação centrava-se do corpo, nos anos 90 a procura passava pela espiritualidade, - yoga e feng shui estavam na ordem do dia -, actualmente o interesse recai sobre a fusão de todos esses interesses: corpo, alma e mente. O que se pode então esperar dos exercícios compreendidos neste livro? Muito. Vista o fato de treino, deite-se no sofá, pegue no Mind Gym, ponha a mente a mexer.

 


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