INSTITUTO POLITÉCNICO DE
TOMAR
Apostar na diferença

O Instituto Politécnico de Tomar, com cerca de 3200 alunos, tem bem definidos os objectivos a que se propõe alcançar e no entender do seu novo presidente poderá chegar aos 4500 estudantes. Pires da Silva, explica isso mesmo ao Ensino Magazine, numa entrevista onde foca os desafios que o ensino superior em Portugal tem pela frente. No seu entender o Instituto Politécnico de Tomar é uma instituição de referência nas áreas em que ministra formação. Para o próximo ano o Instituto já está a trabalhar em novas propostas. “Vamos continuar a apostar nas ofertas que temos e reformular alguns cursos. Neste momento estamos dependentes das intenções do Governo, pelo que só quando houver uma regulamentação da Lei é que podemos avançar com as nossas propostas. Se até 31 de Janeiro não surgir nenhuma regulamentação, vamos apresentar dois ou três novos cursos nos moldes actuais, e que abrangem as áreas da arqueologia e as tecnologias de informação”.
No que respeita à implementação da Declaração de Bolonha, Pires da Silva diz que o Instituto Politécnico de Tomar deve “alinhar com uma posição de consenso obtida no Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos”.
As pós-graduações e os Cursos de Especialização Tecnológica são outras das apostas do Politécnico de Tomar. Pires da Silva sublinha que “o IPT já está a apostar nessas vertentes. Exemplo disso são o curso preparatório de acesso ao ensino superior, o qual teve uma adesão razoável, as pós graduações, cuja oferta foi aumentada, e diversos cursos de especialização tecnológica que temos a funcionar”. Já no que respeita a mestrados “estamos a ministrar essas ofertas nas áreas da arqueologia, conservação da natureza, química do património (conservação) e museulogia, em colaboração com a Utad, Universidade Nova de Lisboa, Universidade dos Açores e Universidade Clássica”.
TRUNFOS. O facto de estar situado no interior do país e rodeado por diversas instituições de ensino superior, faz do Instituto Politécnico de Tomar um organismo diferente, que aposta em “ofertas formativas de qualidade e de cursos de excelência, que não existem nas outras instituições. É o caso da Conservação e Restauro ou Fotografia, que são cursos únicos em Portugal”.
Pires da Silva defende um entendimento entre as instituições de ensino superior, de forma “permitir a realização de um trabalho em rede, que todos deveriam respeitar”. O presidente do IPT diz mesmo que seria possível “fazer uma intervenção ao nível da Politécnica, a associação que reúne os institutos politécnicos da zona centro do País, casos de Castelo Branco, Guarda, Tomar, Leiria ou Portalegre, entre outros”.
O presidente do Instituto Politécnico de Tomar vai mais longe e recupera a ideia de denominar de Universidades Politécnicas os Institutos. “Infelizmente o termo universidade, na mentalidade das pessoas, dá um outro status. Apenas por isso, pois aquilo que os institutos politécnicos estão a dar ao país é um ensino superior de qualidade”.
No que respeita à entrada de novos estudantes, o Politécnico de Tomar alcançou os objectivos definidos. “A entrada de novos alunos para o IPT decorreu dentro das expectativas traçadas e dos estudos que tínhamos feito, embora, pessoalmente, eu gostaria de poder contar com mais alunos”, começa por referir aquele responsável.
No entender de Pires da Silva a questão da “nota mínima de 9,5 valores afectou também o Instituto Politécnico de Tomar. É um factor que vai continuar a influenciar a entrada de novos alunos. Daí que estejamos já a preparar alternativas para fazer face a essa situação. Mas esse combate não deve ser feito de forma isolada. Existe uma actuação concertada, ao nível do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (Ccisp), a qual resultará numa proposta a entregar ao Ministério de Ensino Superior”. De acordo com Pires da Silva a proposta envolve, no imediato, “três hipóteses de escolha para os candidatos, com a preposição ou, e a longo prazo duas específicas em alternativa”.
Pires da Silva considera que não faz sentido a exigência dos 9,5 valores. “Nas específicas não isso não faz sentido. Já na nota de candidatura essa nota deve ser exigida. O que se verifica é que há muitos jovens com médias de candidatura acima do 10 e do 11 e que pelo facto de terem 9 valores a uma disciplina específica em exame nacional não entram no ensino superior. Seria mais correcto a utilização de um percentil ou de uma nota média referência em cada prova específica”. O presidente do Politécnico de Tomar lembra ainda outros casos de ensino superior na Europa, como a Irlanda, onde “os jovens fazem o ensino secundário e prosseguem os seus estudos no superior de forma normal”.
COMUNIDADE. A relação com a comunidade envolvente é outro dos aspectos que Pires da Silva quer reforçar. “Temos vários projectos nessa matéria, quer ao nível da comunidade urbana, quer empresarial, e estamos inseridos numa iniciativa do Governo Civil de Santarém. Independentemente das cores políticas, o tecido empresarial e civil deve vir ao encontro do Politécnico e vice-versa”.
Pires da Silva refere que ao nível da região em que está inserido, o Politécnico de Tomar “deve procurar encontrar processos para captar alunos que encerram o ensino secundário nesta zona do país. Aquilo que se verifica é que a maioria dos nossos alunos é oriunda de fora da nossa região”.
PRESIDENTE DO IPT
Os desafios de Pires
da Silva

“O Ensino Superior em Portugal vive momentos muito difíceis e complicados que, de uma maneira ou de outra, com maior ou menor intensidade, afectam todas as nossas instituições, particularmente os Institutos Politécnicos”. Foi deste modo que Pires da Silva começou por abordar, na sessão solene em que tomou posse como novo presidente do Instituto Politécnico de Tomar, a realidade do ensino superior em Portugal.
No seu entender, “o diagnóstico dos problemas está feito, e temos que, realisticamente, reconhecer que o panorama existente é muito pouco animador”. Pires da Silva adianta mesmo algumas soluções para o problema, defendendo a criação de: “um novo regime de acesso ao Ensino Superior que permita estancar e inverter o sentido da diminuição do preenchimento das vagas propostas nos diferentes cursos; um modelo de financiamento no Ensino Superior que privilegie a ideia de um Serviço Público obrigatoriamente prestado a todos os cidadãos, de modo que ninguém seja excluído por falta de meios; uma lei de autonomia; e a regulamentação da lei que permita uma implementação do Processo de Bolonha sem grandes clivagens nas reestruturações dos cursos e que coloque todas as instituições em igualdade de oportunidades”.
Para aquele responsável é importante o aparecimento de “um novo estatuto da carreira de docente e a definição dos quadros das carreiras do pessoal docente e não docente”. A dinamização e reforço de todos os meios possíveis conducentes a uma melhoria significativa dos Serviços de Acção Social é outra das prioridades, no entender de Pires da Silva.

AFIRMAÇÃO. A afirmação do Instituto Politécnico passa pela concretização de objectivos realistas, assentes numa gestão rigorosa com responsabilidade partilhada. É deste modo que Pires da Silva encara o futuro da instituição. “Vamos trabalhar no sentido de concretizar os compromissos assumidos, os quais passam por: reiterar junto do Ministério da Tutela a importância da criação da Escola Superior de Artes e Conservação e Restauro no plano institucional, regional, nacional e internacional; e pela promoção da revisão dos Estatutos do IPT defendendo o diálogo e a participação activa de todos, e do Plano Estratégico de Desenvolvimento, preparando o IPT para a nova realidade e os desafios que se adivinham”.
Pires da Silva refere que será prioridade “apoiar as Direcções das Escolas na identificação de áreas de excelência, na dinamização dos serviços ao exterior, na captação de fundos e na integração de redes de parcerias nacionais ou comunitárias, e incentivá-las a diversificar a oferta formativa não só a nível de pós graduações e mestrados mas visando a captação de novos públicos”.
A criação de um Centro de Incubação de Ideias é outro objectivo do presidente do IPT, o qual funcionará como “elemento fundamental de estímulo e empreendedorismo entre os nossos alunos”. Pires da Silva pretende ainda incentivar a investigação, em articulação com as direcções das escolas, implementar instrumentos para combater o insucesso escolar e dinamizar o Gabinete de Apoio ao Estudante, visando o apoio psicológico, a integração social, o acompanhamento e resposta de todo e qualquer problema que ao estudante diga respeito”.

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