Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano IX    Nº95    Janeiro 2006

Cultura

GENTE & LIVROS

Jon Fasman

«Para um jornalista de um semanário, sobretudo de um tão pequeno como o Carrier, O Dia em Que o Jornal Sai é consagrado ao descanso. Costumava arrastar-me até ao escritório por volta das onze horas, recolhia a correspondência, lia os artigos que não conseguira ler durante a semana, fazia umas chamadas pessoais interurbanas, fingia começar a pensar nas peças da semana seguinte, e saía às cinco em ponto. Se me sentisse com coragem arquivava alguns dos apontamentos que tirara durante a semana e arrumava a minha secretária, uma tarefa que guardava normalmente para quando tinha um prazo a cumprir e necessitava de arrumar as ideias.»

in a Biblioteca
do Geógrafo 

O jornalista e escritor Jon Fasman nasceu em Chicago em 1975. Fã incondicional de histórias policiais, Sherlock Holmes e Tintin levam-no aos vinte anos a escrever o primeiro romance no pequeno computador da mãe. Para Fasman terá sido somente uma tentativa de escrita incompleta e não publicável. Após essa aventura literária sem consequências, coloca de lado a ficção, ingressa nas Universidades de Brown e Oxford para cursar literatura inglesa do Renascimento e jornalismo mas não desiste do projecto de escrever livros. 

A esposa Alissa convence-o a partir para a Rússia onde tinha vivido os primeiros anos. Pouco tempo após chegar a Moscovo Jon Fasman começa a escrever a Biblioteca do Geógrafo. Defende que as melhores condições para escrever um livro estão reunidas num país onde não se conhece a língua e faltam os amigo e o dinheiro, uma vez que a privação obriga à concentração da mente. Aprende muito em pouco tempo de uma língua e cultura da qual nada sabia até chegar à Rússia. Paralelamente à escrita do romance trabalha como jornalista para o Moscow Times, um jornal de língua inglesa.

O sucesso editorial da Biblioteca do Geógrafo (2005) não mudou Jon Fasman que continua a sentir-se mais leitor do que escritor e é um admirador confesso de Borges, Calvino, Eco e Conan Doyle. Nega qualquer semelhança entre a sua e a escrita de Dan Brown, o autor do Código da Vinci, e afirma « Perez-Reverte, Pears e Eco são as grandes inspirações para mim».

Não abandona o jornalismo, passou pelos jornais The Times Literary Supplement, The Moscow Times, The Washington Post e The Morning News e actualmente trabalha como editor em Londres, no The Economist. 

A Biblioteca do Geógrafo. Paul Tomm, repórter num jornal local de uma pequena cidade da Nova Inglaterra, tem como missão escrever o obituário do velho professor universitário Jaan Pühapäev, encontrado morto em casa. A partir de uma tarefa aparentemente simples, Paul é confrontado como uma série de perguntas e acontecimentos inesperados para os quais e como jornalista terá de encontrar respostas. Qual a verdadeira identidade de Pühapäev e a sua relação com uma série de objectos de alquimia, roubados à novecentos anos da Biblioteca do Geógrafo do rei Rogério II da Sicília? Porque foram esses objectos aparecendo e desaparecendo ao longo de vários séculos, em diversas partes do mundo, sempre associados a crimes? E a misteriosa Hanna, a namorada de Paul, quem é ela?

Página coordenada por
Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades do mundo literário

PERGAMINHO. Mentes Inquietas de Ana Beatriz Silva. A autora brasileira tem formação superior em Medicina e Psiquiatria e escreveu de forma acessível e esclarecedora para uma melhor compreensão do Distúrbio do Défice de Atenção (DDA). Muitas vezes apelidados de distraídos, esquecidos, inquietos, agitados ou impulsivos, os DDA são pessoas que tem um funcionamento mental diferente, o que muitas vezes também pode ser sinónimo de criatividade, energia e ousadia. Um livro simultaneamente sério e bem-humorado sobre o “problema” que parece ter afectado Einstein, Pessoa, Beethoven e Van Gogh.

 

PRESENÇA. Na Sua Pele de Jennifer Weiner. Rose e Maggie são irmãs, mas muito diferentes. Rose é o “crânio”, sempre teve boas notas enquanto jovem e agora com 30 anos tem à sua frente uma carreira promissora de advogada, o que não a impede de ter problemas de auto-estima que se reflectem nas relações sentimentais. Maggie é o “corpo”, 28 anos, sofisticada, bonita e quase sempre desempregada. Na escola tinha problemas de aprendizagem desenvolvendo mecanismos de afirmação para os camuflar. Quando Rose e Maggie estão juntas, as incompatibilidades e os problemas desencadeiam-se a todo o momento, mas com a ajuda da avô que finalmente chega às suas vidas, elas descobrem que quando o amor é verdadeiro, difícil é mesmo a separação. 

 

PIAGET. Aprender uma Profissão – Num contexto de mudanças tecnológicas de Jean François Perret e Anne Nelly Perret Clermont com a colaboração de Danièle Golay Schilter, Claude Kaiser e Luc-Olivier Pochon. Preparar os jovens para um trabalho de mercado em constante mudança revelou-se uma prioridade. Dentro de um contexto laboral de constante e rápida evolução é necessário fornecer os conhecimentos para o momento presente mas também integrar as transformações decorrentes. Em estudo encontram-se os lugares de aquisição desse domínio. O que se pode aprender na escola e o que só se consegue dentro de um contexto de trabalho. 

 

CAMPO DAS LETRAS. O Ano em que Estivemos em Parte Nenhuma - A guerrilha africana de Ernesto Che Guevara de Paco Ignacio Taibo II, Froilán Escobar e Félix Guerra. Onde estava Ernesto Che Guevara em 1965? Em 25 anos este foi um dos segredos melhor guardados e por muita gente: Ernesto Che Guevara comandava um grupo de guerrilheiros cubanos na guerra de libertação do Congo Belga. Esta é a história dessa expedição, das expectativas, das dificuldades e também do choque entre povos que partilhavam os mesmos ideais revolucionários e de liberdade mas não conseguiram evitar o fracasso dessa campanha.

 

AMBAR. A Terra dos Mezaràrt de Dario Fo. Sobre esta autobiografia de ternura e ironia, diz o próprio escritor no prólogo: «Recordo que Bruno Bettelheim, autor de uma teoria revolucionária sobre a formação intelectual e do carácter do indivíduo, dizia: “De um homem, basta que me dêem os primeiros sete anos de vida, está tudo lá, podem ficar com o resto.” Eu quis exagerar: ofereço-vos dez, mais algumas incursões na maturidade... acreditem, até já é de mais!». Acreditem não é de mais ler o escritor que em 1997 recebeu o Nobel da Literatura. 

 

GRADIVA. Dias Exemplares de Michael Cunningham é um romance em três partes atravessado pelas personagens de um rapaz, um homem e uma mulher, e a cidade de Nova Iorque como cenário. Dentro da Máquina conta uma história de fantasmas em plena Revolução Industrial; A Cruzada das Crianças, situa-se já no século XXI e fala de um grupo de suicidas terroristas que assolam a cidade; em Uma Espécie de Beleza, Nova Iorque é invadida por uma vaga de refugiados extraterrestres. Presente em todas as histórias a figura tutelar do poeta da América, Walt Whitman. 

 

EUROPA-AMÉRICA. Fada Atribulada de Margaret Ryan. A Fada Atribulada é uma pequena fada com uma varinha de condão torta e fita-cola nas asas sempre disposta a meter-se em grandes confusões. Podemos encontrá-la no acampamento de verão das férias; a organizar competições desportivas na escola; a criar presentes de aniversário; e numa tarefa mágica para o natal. Uma Mistura Mágica; Uma Competição Mágica; Uma Confusão Mágica e Uma Tarefa Mágica são quatro propostas de magia para os mais pequenos. 

 

LIVROS DO BRASIL. Mais forte que o ódio de Tim Guénard. Uma autobiografia comovente onde o autor nos conta o seu percurso desde os três anos em que foi abandonado pela mãe, maltratado pelo pai e espancado até ficar em estado de coma. A sua infância foi um acumular de ameaças, humilhações, e injustiças em casas de correcção, assistência pública e famílias de acolhimento. Mas Guénard consegue fazer algo bom com todo o mal que lhe fizeram e aos vinte anos, graças ao encontro com um deficiente, decide mudar e dedicar a sua vida a ajudar o próximo.

 

ASA. Autor, Autor de David Lodge é um romance sobre um dos maiores romancistas da língua inglesa. Na década de 1880 Henry James tem como grande amigo o artista e ilustrador George du Maurier e vive uma relação conturbada com a escritora Constance Fenimore Woolson. Os seus livros não vendem e o escritor resolve fazer uma tentativa como dramaturgo, enquanto o amigo, que sente a visão enfraquecer a cada dia, se decide pelos romances. O resultado desta experiência é ao mesmo temo irónico e surpreendente, e como diz próprio Henry James em The Middle Years: «Trabalhamos no escuro – fazemos o que podemos – damos o que temos. A nossa dúvida é a nossa paixão é o nosso trabalho. O resto é a loucura da arte».

 


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