GENTE & LIVROS

Laurent Gaudé

«O calor do sol parecia fender a terra. Nem um sopro de vento fazia estremecer as oliveiras. Tudo permanecia imóvel. O perfume das colinas esvanecera-se. A rocha gemia de calor. O mês de Agosto imperava no maciço de Gargano com a segurança de um senhor. Era impossível acreditar que, nestas terras algum dia pudesse ter chovido. Que a água tivesse irrigado os campos e saciado as oliveiras. Era impossível acreditar que alguma vida animal ou vegetal tivesse podido encontrar - debaixo daquele céu seco - algo que a alimentasse. Eram duas horas da tarde, e a terra parecia condenada a arder.»

In o Sol dos Scorta

Dramaturgo e romancista, Laurent Gaudé nasceu em França, a 6 de Julho de 1972. Parisiense, filho de pais burgueses e cultos, desde cedo Laurent Gaudé contactou com o teatro e outras expressões culturais. Estudou literatura moderna e teatro e iniciou uma tese, Os Conflitos no Teatro Moderno, que todavia não termina. Durante um ano trabalhou na livraria Tschann, no Boulevard Montparnasse. 

A sua estreia literária acontece com o conto Uma Rapariga e Três Rapazes (1996). 

Sempre apaixonado pelo teatro, Laurent Gaudé vê os seus esforços recompensados com a publicação da sua primeira peça, Combats de Possédés (1999). Seguindo-se as peças Onysos le Furieux (2000); Cendres Sur les Mains (2002); e Le Tigre Bleu de l‘Euphrate (2002).

O seu primeiro romance, Cris (2001) é inédito em Portugal, o segundo, A Morte do Rei Tsongor (2002) tornou o escritor conhecido dos leitores portugueses. A Morte do Rei Tsongor, ganhou o Prémio Goncourt dês Lycéens 2003 - prémio atribuído pelos estudantes - e o Prémio dos Livreiros Francese (2003). O Sol dos Scorta (2004), o seu último romance, está traduzido para 34 países e venceu o Prix do Roman Populiste e o Goncourt (2004) - o Galardão mais prestigiado da literatura francesa.

Laurent Gaudé vive em Paris com Alexandra, a mulher, e o filho Elio e dedica-se exclusivamente à escrita.

Sobre o prémio Goncourt o escritor afirmou: «Ganhar um Goncourt quer dizer muita alegria, muito trabalho e vários mecanismos em acção: o livro vende mais, o padeiro cumprimenta-nos porque nos vê na televisão, a família fica feliz, o dinheiro é bem-vindo. Mas é, sobretudo, um reconhecimento.» 

O Sol dos Scorta. Após quinze anos passados na prisão, Luciano Mascalzone regressa a Montepuccio, a pequena aldeia do sul de Itália, de sol impiedoso. Luciano procura Filomena Biscotti, a mulher por quem vive obcecado desde a juventude. Mas é Immacolata, a irmã, mais nova de Filomena que ele toma por esta. Luciano é morto pelos homens da aldeia e Immacolata dá à luz o filho deles, Rocco. Começa a saga dos Scorta. Rocco cresce, casa com uma mulher muda e juntos têm três filhos: Domenico, Giuseppe e Carmela, deser-dados pelo pai para que o nome da família nunca seja esquecido na terra que os odeia.

Página coordenada por
Eugénia Sousa

LIVROS

Novidades literárias

AMBAR. Farol, O Caracol, de Antoon Krings. Farol vive com os pais num velho quintal. Aí a relva cresce livremente quando a chuva cai, e, mesmo sendo feliz, o pequeno caracol pergunta com frequência aos pais onde termina o quintal e o que existe para lá deste. As respostas desejadas encontra-as numa viagem de aventura que o levará até ao mar e de novo ao seu quintal. Pois a um caracol que se preze, a casa faz sempre falta.

EDIÇÕES NOVA GAIA. Vasco e o Castelo de Areia, de Liane Payne. Os tios decidem fazer uma surpresa ao coelhinho Vasco. Na companhia da toupeira Gustava e da esquila Camila seguem numa viagem que os levará até à praia. Vasco está feliz e a diversão está em toda a parte. Este Verão faça também uma surpresa aos mais pequenos, ofereça-lhes livros.

GATAFUNHO. Pablo, o Pintor, de Satoshi Kitamura. A bicharada do Clube de Arte estava entusiasmada, em breve haveria uma exposição de pintura. Mas, o elefante Pablo, que sempre desejara um quadro seu na exposição, sente-se angustiado sem saber o que pintar. Será que um sonho resolve esse bloqueio artístico? Recomendado ao público mais criativo, as crianças. 

GRADIVA. Serão os Rapazes Extraterrestres? de Marina Gask. Definitivamente os rapazes não são extraterrestres, de contrário, as raparigas percebiam-nos. E quando tudo parecia ir do muito complicado ao impossível, Marina Gask escreve este precioso manual para compreensão do universo masculino. Uma bem sucedida incursão no terreno do “inimigo”. 

ASA. O Mar, de John Banville. Max Morden está de volta à pequena cidade onde passou férias na infância. Na bagagem transporta uma perda recente, a morte da mulher, e um trauma antigo ligado àquele lugar. O reencontro com o passado e com os Grace, a família que marcou a sua vida, parece inevitável. O Mar venceu o Man Booker Prize 2005.

BICO DE PENA. Não Digas que Foi um Sonho, de Terence Moix. «E disse a Mulher: Maldito seja o Amor, que me assassina. Tingi de morte o Nilo! Ponde de luto as nuvens! Transformai o Egipto num sepulcro!». Cleópatra e Marco António são os protagonistas desta história que fala da queda de um império e do fim de um grande amor.

CAMPO DAS LETRAS. Rabos de Lagartixa, de Juan Marsé. A editora que já publicou do escritor espanhol O Feitiço de Xangai e Últimas Tardes com Teresa editou agora Rabos de Lagartixa (Prémio Nacional da Crítica 2000 e Prémio Nacional da Narrativa 2001, em Espanha). Neste livro temos o prazer de conhecer personagens em tudo memoráveis, quer se trate do inspector Galván, de Rosa Bartra ou David e o cão Faísca.

CAVALO DE FERRO. O Escrivão Público, de Tahar Ben Jelloun. Exercendo o seu ofício à entrada da medina de Marraquexe, o escrivão público é incumbido de passar ao papel a vida de um homem, cujas iniciais são D.T. E se antes arranjava sarilhos pelo recurso à efabulação nas cartas que escrevia, este novo cliente dá-lhe toda a liberdade para usar a imaginação nas suas memórias.

COTOVIA. Urgências, de vários autores. Sob o mote: O que é que tens de urgente para me dizer?, desafiaram-se nomes da nossa cultura a escrever peças curtas, com destino a uma representações de 10 a 15 minutos. Numa experiência inovadora e de partilha, os actores colaboram com os autores nos retoques das peças. O livro reúne todas as peças escritas para os espectáculos de 2004 e 2006.

DIFEL. D. Juan, de Gonzalo Torrente Ballester. D. Juan passeia-se por Paris, na companhia do criado Leporello e perseguido por Sonja. Condenado a vaguear pela terra, enquanto alguém acreditar na sua existência, passaram quatrocentos anos e o descanso eterno continua a ser-lhe negado, assim como as penas do inferno e a paz do paraíso. 

DOM QUIXOTE. A Profecia Romanov, de Steve Berry. Miles Lord encontra-se em Moscovo num momento crucial da História: a passagem da Rússia a monarquia. O novo czar será escolhido entre os parentes distantes do czar Nicolau II e o advogado americano é destacado para investigar um dos candidatos. O que Miles Lord não podia saber é que arriscaria a vida numa viagem guiada por uma profecia de Rasputine.

ESTAMPA. Guia Básico de Fotografia Digital, de Tim Daly. Com este guia, qualquer pessoa que disponha de uma câmara digital e de um computador, pode tirar o melhor partido da tecnologia digital. Realização de fotografias, técnicas criativas para aperfeiçoar a imagem, armazenamento e publicação de fotos são exemplos do que é possível aprender, com o especialista em fotografia, Tim Daly.

EUROPA-AMÉRICA. Catarina II de Hélène Carrère d‘Encausse. Decorre o século XVIII e um golpe de estado eleva uma princesa alemã a imperatriz russa. Essa imperatriz ficou conhecida por Catarina II. Determinada a governar pela sua própria mão, a isso dedicará uma energia excepcional. Discípula das Luzes e da cultura francesa ela transformará o país num centro intelectual europeu, definitivamente instalado na cena internacional.

PIAGET. Você tem um Cão, de Yona Friedman e ilustração de Balkis Berger-Dobermann. Em forma de banda desenhada e com muito humor a autora escreveu este manual para todos os donos de cães. Um livro que nos ensina a ser os melhores amigos do nosso melhor amigo.

PRESENÇA. Atracção Perigosa de Douglas Kennedy. Jornalista americana, Sally Goodchild conhece o correspondente de guerra de um jornal britânico, Tony Thompson. Ligados por muitas afinidades, em breve se encontram casados, com residência fixa em Londres, e à espera do primeiro filho. Mas a história de sonho desmorona-se e Sally tem de travar uma batalha judicial para recuperar a custódia do filho, confrontando-se com a vida secreta do homem com quem casou.