ENTRE 8 E 18 DE MAIO
O fórum visto à lupa

OA Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) e o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) promovem entre 8 e 18 de Maio o Fórum ESART. A iniciativa, em que pela primeira vez se fundem o Fórum da Imagem e o Simpósio da Moda, congrega todas as grandes áreas de formação desta escola, servindo de montra do trabalho desenvolvido pelos alunos da instituição, que desta forma podem contactar com profissionais do seu sector.
Para além do tradicional desfile, o certame integra, entre outras actividades, palestras com profissionais do design e do multimédia, workshops sobre pintura e têxteis, aulas temáticas e exposições com os trabalhos de alunos.
Pontos fortes do Fórum ESART são o festival SWAP, performance multimédia conjunta da ESART e da Quarta Parede; o Festival Internacional de Publicidade 2006; a 1ª Conferência Nacional Contributos do Património Cultural para o Desenvolvimento Sustentável das Comunidades, subordinada ao tema do Bordado de Castelo Branco; e a exposição “Retratos e Vestidos de Chita”, realizada em parceria com o Museu Francisco Tavares Proença Júnior.
Nas palestras surgem nomes de reconhecido mérito: de novo Henrique Cayatte, presidente do Centro Português de Design; ainda Karl Schawelka, director da alemã Bauhaus University; o designer Joan Costa, docente na Universidade de Barcelona; e Eduardo Herrera Fernández, da Universidade de Bilbao. Em Castelo Branco estará ainda presente Emídio Rangel, que irá falar sobre o futuro do audiovisual em Portugal.
De regresso ao Cine-Teatro Avenida, o Desfile de Moda traz à cidade alguns dos melhores estilistas e manequins nacionais. Para além dos coordenados dos finalistas do curso de Design de Moda e Têxtil, serão apresentadas colecções da Adraces, Concreto e Dielmar, bem como da estilista Alexandra Moura e da dupla Storytailors. Para permitir uma maior participação do público, o desfile será dividido em duas sessões: na primeira a entrada custa 1,5 euros (estudantes IPCB) e 2,5 euros (público em geral), enquanto que na segunda o preço é de 2,5 euros e de 5 euros, respectivamente.
O certame prossegue na Discoteca República com o concurso de graffitti, break dance e rap, bem como com demonstrações levadas a cabo por grupos profissionais. Nesta edição, os troféus ESART (na foto), concebidos pelo escultor José Simão e que visam premiar os melhores alunos de cada ano e curso, serão também atribuídos aos vencedores da noite dedicada ao hip-hop.
Recorde-se que toda a organização envolve professores e estudantes de várias licenciaturas da ESART: os coordenados do desfile foram concebidos pelos finalistas de Design de Moda e Têxtil, e a estrutura do desfile pelos alunos de Design de Interiores e de Equipamento. Já os suportes gráficos do evento foram elaborados pelos estudantes do ramo de Design Gráfico do curso de Artes da Imagem, enquanto que os vídeos de apresentação e a cobertura do evento estão a cargo dos alunos do ramo de Design Multimédia e Audiovisual. Já o curso de Música Electrónica e Produção Musical concebeu as músicas originais para a apresentação das colecções.
Organizado pela Escola Superior de Artes Aplicadas e pelo IPCB, o Fórum ESART tem o apoio da autarquia de Castelo Branco, da Junta de Freguesia da cidade, do Governo Civil do distrito e da empresa municipal Albigec, sendo patrocinado pela SCUTVIAS, Caixa Geral de Depósitos, Discoteca República, Celeste Cabeleireiros e
Associação ADRACES.
ANA MARIA VAZ, PRESIDENTE
DO IPCB
Fórum é importante
Ana Maria Vaz, presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, considera importante a “realização do Fórum que a Escola Superior de Artes Aplicadas vai realizar, já que vai envolver alunos de todos os cursos. Deste modo, eles verificam que o trabalho pode ser partilhado na realização de eventos de grande dimensão”.
A presidente do Instituto, considera muito positiva a evolução que a Esart teve desde a sua criação. “Neste momento já tem os seus estatutos aprovados, pelo que se vai proceder à eleição da Assembleia de Representantes e mais tarde do director”, diz.
No que respeita às novas instalações, Ana Maria Vaz, acredita serão uma realidade. “O projecto Campus da Talagueira integra a construção da Esart, pelo que o Politécnico tudo fará para que a obra seja uma realidade”.
A presidente do Instituto diz mesmo que “a escola teve um grande crescimento em termos de alunos e que neste momento ocupa várias instalações, pelo que o novo edifício é fundamental, até porque o ensino efectuado na Esart é, nalgumas áreas como a música, individualizado, pelo que necessita de espaços próprios”.
JOAQUIM MORÃO,
PRESIDENTE DA CÂMARA
Esart é mais valia

O presidente da Câmara de Castelo Branco, Joaquim Morão, considera a Escola Superior de Artes Aplicadas (Esart) como uma mais valia para o Politécnico e para a Região. O autarca diz mesmo que a escola tem realizado iniciativas culturais de relevo, como acontece agora com o Fórum. “Trata-se de um acontecimento importante que reúne várias áreas do saber. Este tipo de iniciativa é um instrumento cultural importante para uma cidade e uma região como a nossa”, diz.
Joaquim Morão diz que a Esart com os seus cerca de 600 estudantes tem tido um papel interventivo junto da comunidade. “Hoje contamos sempre com a presença dos seus alunos, através dos seus grupos musicais, nos mais variados eventos culturais. A vocação e a dinamização cultural da cidade mudou nos últimos anos, com a presença da escola”. O presidente da Câmara sublinha ainda que o projecto da Orquestra Sinfónica da Esart é uma realidade.
No que respeita às novas instalações, Joaquim Morão esclarece que “isso é um dado adquirido. É certo que o país atravessa dificuldades financeiras, mas progressivamente isso vai ser mudado e nós não abdicamos dessa estrutura. Já foram dados passos importantes para a Escola Superior de Saúde, e agora iremos fazer com que o novo edifício da Esart seja uma realidade”. Joaquim Morão lembra mesmo que está “a chegar o novo Quadro Comunitário de Apoio, o que também contribuirá para solucionar essa situação”.
DESIGNERS DE RENOME EM
CONFERÊNCIA
Palestras de alto
nível

Juan Costa e Eduardo Herrera Fernandéz são duas das personalidades com mais destaque no mundo do design que se vão juntar no Fórum Esart, o que confere um carácter internacional à iniciativa e está a atrair público de todo o País
Joan Costa
Joan Costa es diseñador, comunicólogo, sociólogo e investigador en comunicación social. Catedrático de Comunicación visual, Universidad Iberoamericana, México. Profesor de la Universidad Autónoma de Barcelona, del Abat Oliba CEU y del Instituto Europeo di Design (España).
Costa es considerado en el mundo de la comunicación entre personalidades fundamentales del ámbito científico. Amigo y colaborador de Abraham Moles, Gérard Blanchard y Luc Janiszewski, con los que ha escrito conjuntamente diversas obras. Ha colaborado con Gillo Dorfles, Angelo Schwartz y Vilém Flusser, entre
otros.
Es autor de más de dos docenas de libros y de centenares de artículos sobre imagen, diseño y comunicación publicados en diferentes países de Europa y América. Costa creó y dirigió la primera Enciclopedia del Diseño publicada en el mundo (Ediciones Ceac, Barcelona) y es asesor de la Biblioteca Internacional de Comunicación (Editorial Trillas, México). Director Internacional de Diseño de la UNIACC (Chile), y Catedrático de Comunicación Visual, Universidad Iberoamericana (México). En 2002 funda y preside la Asociación Iberoamericana de Comunicación Estratégica, AICE. Es asimismo editor de la revista .doc comunicación.
Eduardo Herrera Fernandéz
Professor Titular de Diseño da Facultad de Bellas Artes da Universidad del Pais Vasco
(UPV).
Lecciona as disciplinas de Tipografia e Identidade Visual Corporativa.
Actualmente exerce a actividade de investigador como director de projecto no campo da «Análisis de significados de los signos de identidad visual» e em «Diseño y digitalización de signos tipográficos».
Ministrou diversos cursos sobre Tipografia em diferentes centros nacionais e internacionais, como a Escuela Politécnica de Milán, TEI de Atenas, CETIC de Vitoria, DZ Centro de Diseño de Bilbao, Kunsthodiscchule Weibeusee de Berlim etc. Actualmente dirige o Taller de Diseño dos Cursos Internacionais de Verão da UPV, em San
Sebastian.
Participou em inúmeros Congressos e colaborou em diferentes publicações com temas específicos de Desenho Gráfico. Actualmente coordena o Master em Diseño Gráfico de producto editorial da
UPV.
OS ESTILISTAS DO DESFILE
DE MODA
Storytailors com
Ephyra
João Branco e Luís Sanchez, são personagens invisíveis de um conto de fadas, protagonistas que teimam em não aceitar o impossível.
Encontraram-se na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, ambos alunos do curso de Arquitectura de Design de Moda. Cedo
complementaram-se e o trabalho como uma dupla rapidamente ganhou peso e começou a esboçar uma maneira própria de olhar a Moda.
Do percurso individual de João Branco destaca-se o prémio de vencedor na segunda final nacional do concurso SMIRNOFF FASHION AWARDS com o projecto FAIRYTALES. Em Novembro de 2000 obteve o 3º lugar na final internacional em Nova Iorque do mesmo concurso. Em Janeiro de 2001 foi-lhe atribuído o Prémio “MELHOR CRIADOR
REVELAÇÃO DE 2000”, dos prémios “OPTIMUS DA MODA 2000”.
Vol. III, evento que no ano de 2002 assinalou o final de curso dos alunos de moda na Faculdade de Arquitectura, foi também uma oportunidade de mostrar a sua última produção enquanto aluno, a colecção
“CrapBook”.
Luís Sanchez representou em 1999 a faculdade no evento VESTIR O MILÉNIO. Em Maio de 2001 participou no evento Demo#2 (desfile/demonstração de moda de final de curso) com o projecto “Caleidoscópio”. Em Junho 2001 participou no desfile de moda na Culturgest, inserido na comemoração dos 70 anos da Universidade Técnica de Lisboa.
Desta fusão nasce o projecto “Storytailors”: em busca de uma inocência perdida, juntaram-se para trabalhar a moda como arqueólogos, desnudando referências e construções, estruturas e códigos, trazendo-os consecutivamente à luz de um mundo imaginário que só pode ser imaginado por quem se atreve a transfigurar-se no fantástico.
O trabalho como dupla tem o seu primeiro desempenho na 7ª Edição do Concurso de Design de Moda SANGUE NOVO da Associação Moda Lisboa, com o projecto MATURAÇÃO.
Desde então o projecto Storytailors tem vindo a ganhar força com novos trabalhos, colaborações, a apresentação de novas colecções e a criação de linhas distintas. Nomeadamente com a presença nas várias edições dos maiores eventos de Moda Nacional e Internacional, tais como a Moda Lisboa, o Portugal Fashion, e na semana da Moda Prêt-à-Porter de Paris em Janeiro 2006.
CARLOS GUEDES COORDENA O
PROCESSO
Novo curso dá música
ao desfile de moda

O desfile de moda integrado no 3º Fórum Esart vai incluir trechos musicais expressamente criados para o efeito, um trabalho desenvolvido pelo docente Carlos Guedes em conjunto com seis alunos do Curso de Música Electrónica, formação que este ano funciona pela primeira vez na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco.
“Os alunos estão a produzir música de forma a gerar um ambiente sonoro no Auditório, bem como música para o início do evento e para o momento em que desfilarem os modelos com os coordenados dos alunos finalistas de Design Moda e Têxtil”, afirma aquele docente, que está agradado com a experiência, bem como com Castelo Branco e com a escola.
“Castelo Branco tem grandes vantagens em relação ao Litoral, porque há mais tempo e mais espaço para as pessoas pensarem. E estou confiante no sucesso do curso”, adianta. Além disso, considera que a importância do curso será reconhecida após a saída dos primeiros licenciados.
“O curso de Música Electrónica consiste em formar alunos que, além da música electrónica, também saibam fazer produção musical. Os formados vão ser um misto de compositores e de produtores. Podem trabalhar em estúdios de gravação, com bandas, ou a produzirem música”, esclarece.
Ao longo do curso, os alunos podem ainda escolher opções no âmbito das artes digitais, pelo que poderão depois desenvolver trabalhos musicais com vários fins, como por exemplo sítios Internet, plug-ins para computadores, ou até para espectáculos como é o caso do desfile de moda, que marca para já uma primeira experiência num curso com formação de banda larga.
EMÍDIO RANGEL EM
ENTREVISTA
A televisão glorifica
e mata

Emídio Rangel, 59 anos, pai de projectos de sucesso como a TSF e a SIC, é uma das presenças confirmadas no Fórum Esart, a realizar em Maio em Castelo Branco. A duas semanas do início do evento, concede uma entrevista ao Ensino Magazine onde aborda todas as questões mais actuais da Comunicação
Social, arrasando as estratégias da SIC e da TVI, além de explicar que os cursos de Comunicação Social não estão a preparar bem os futuros jornalistas, pelo que os aconselha a, após o curso, fazerem uma pós-graduação em jornalismo.
Foi o mentor de dois dos mais marcantes projectos da rádio e da televisão portuguesa: a TSF e a SIC, respectivamente. Qual foi o segredo para o êxito destas apostas?
As explicações são várias. Numa primeira análise, a ideia-base é fundamental e ter a convicção que num País com as características do nosso o projecto pode ser bem sucedido. Depois, evidentemente, é preciso ter uma equipa entrosada e formada,
maioritariamente por pessoas experientes e também por gente nova, com valor. Obviamente que sem imaginação, criatividade e determinação permanentes não teria sido possível levar projectos da envergadura da SIC e da TSF por diante.
Herman José dizia numa entrevista recente que «Emídio Rangel tem capacidade para gerir talentos, contra tudo e contra todos». Que leitura faz destas palavras do humorista?
O sucesso das empresas de comunicação social reside nas pessoas e não nas máquinas. Por isso, gerir bem as pessoas é um trunfo fundamental, especialmente em televisão, onde se exige a vedetização das pessoas. Habituei-me desde muito cedo a comandar equipas e perceber qual é a importância da dinâmica e do clima necessário para mobilizá-las.
Como analisa o momento actual desses dois projectos que ajudou a fundar?
A TSF está a fazer um percurso bem sucedido a todos os níveis. É liderada por um jornalista com grandes qualidades, formado na própria rádio, que se chama José Fragoso. A SIC é o oposto. Está, provavelmente, na sua pior fase de sempre. Ocupa praticamente o terceiro posto no ranking das estações televisivas, quando no passado liderou, destacada.
Que principais falhas aponta ao canal de Carnaxide?
A SIC tem uma oferta muito pobre e denota pouca imaginação no trabalho desenvolvido e um grande desnorte relativamente ao caminho que pretende seguir.
José Eduardo Moniz diz que «a televisão portuguesa é melhor do que Portugal». Qual é o nível de televisão que se faz no nosso País?
Penso que a televisão em Portugal era, seguramente, melhor há dez anos atrás. Infelizmente, parou no tempo, devido ao facto de se ter desinvestido na programação – nisso, honra seja feita à TVI, que no campo da chamada ficção popular, ao nível das novelas, tem vindo a desenvolver um trabalho interessante. Mas não quero com isto elogiar toda a programação que a TVI. Longe disso.
A TVI abusa da sua veia popular?
Há zonas de programação da TVI que são francamente medíocres. A informação do canal de Queluz, pese embora algumas melhorias, não é ainda credível e demonstra muitas
vulnerabilidades.
Abrir os telejornais da TVI com a morte do actor da novela «Morangos com Açúcar» e transmitir em directo o seu funeral é uma forma de promover o sensacionalismo?
Em tese, admito, sem querer estabelecer juízos categóricos, que possa ter havido algum excesso por parte da TVI que tivesse levado o canal ao aproveitamento emocional do clima derivado da situação, com o intuito de provocar uma maior coesão dos públicos que seguem a novela.
A guerra das audiências está para durar?
A guerra das audiências vai existir sempre. Tanto nos jornais, como na rádio, como nas televisões. Não é possível negar a batalha pela venda de jornais ou pelo share televisivo. Importa não dramatizar, é lógico, mas estou certo que quem não está interessado em audiências não quer comunicar e comunicar com êxito é o principal património de qualquer meio de comunicação social.
Recusou o formato original do Big Brother (BB) que a Endemol propôs o programa à SIC. O programa acabou por ser adquirido pela TVI. Admite que existiu um ponto de viragem em termos de audiências a partir desse momento?
Sim. Anunciei previamente à administração da SIC que o BB ia provocar uma grande perturbação na vida da estação. Expliquei do ponto de vista técnico os efeitos negativos que o programa produziria, porque o seu formato não se enquadrava na filosofia da grelha de programação da SIC.
Uns anos depois do início do BB, pensa que o público começa a revelar algum cansaço em relação à fórmula dos «reality shows»?
A TVI, que transformou os «reality shows» numa espécie de «jóia da coroa» da sua programação, está a cometer um erro que começa a ser fatal.
Que erro é esse?
A TVI pecou ao não perceber que os «reality shows» devem ser alternados com programação de outra natureza, como, por exemplo, os de «light entertainment».
Nuno dias da Silva
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