Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VIII    Nº91    Setembro 2005

Dossier

CARISA MARCELINO, ESTUDANTE DA ESART

Na copa com mérito

Carisa Marcelino é aluna do segundo ano da Escola Superior de Artes Aplicadas e, provavelmente, será a única candidata albicastrense a participar na Copa Mundial de Acordeão, na categoria sénior. No dia 17 de Julho participou nas provas de apuramentotendo garantido a sua admissão. “Na classe sénior o nível de exigência é outro. Por isso, o importante é o trabalho que tenho que fazer até lá”.

Antiga aluna do Conservatório Regional de Castelo Branco, para onde entrou com 10 anos, Carisa Marcelino já participou em edições anteriores na prova, embora na categoria júnior. Mesmo não chegando ao pódio, a jovem estudante obteve um nono lugar, em 2001, na Inglaterra, e um 10º posto, em 2002, na Dinamarca.

Internamente, a jovem de 19 anos, natural de Escalos de Baixo, sagrou-se campeã nacional de acordeão, também na categoria júnior, numa prova disputada em Alcobaça, tendo ainda obtido um segundo lugar no concurso Ibérico, também disputado em Alcobaça.

A sua preparação para a Copa Mundial vai obrigar a muitas horas de trabalho. “Vou ter que treinar cerca de sete a oito horas por dia, o que em tempo de aulas é mais complicado. Mas como nos meses que antecedem o concurso não há aulas, terei mais tempo para fazer um trabalho intensivo”, explica Carisa Marcelino, que tem Paulo Jorge Ferreira como professor.

Quanto a expectativas, a jovem da Esart, diz “não existirem, pois o nível dos participantes é muito elevado”. Ainda assim, Paulo Jorge, considera que um bom resultado será a passagem à segunda fase da prova, ultrapassando a primeira eliminatória. O percurso de Carisa Marcelino abre boas perspectivas para que essa meta seja alcançada, agora é necessário muito trabalho, e um pouco de sorte como em tudo na vida.

 

 

 

NO CONCERTO FINAL

Esart Ensemble estreia-se

O projecto Esart Ensemble, da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, fará a sua estreia no concerto de encerramento do Campeonato Mundial de Acordeão, a 29 de Outubro, no Cine Teatro Avenida de Castelo Branco.

De acordo com o director da escola, Fernando Raposo, o Esart Ensemble é “uma extensão da actual orquestra sinfónica da Esart, mas com um número de elementos mais reduzido (20 a 30), e terá um carácter semi-profissional”. O grupo integrará os melhores diplomados pela Esart ou por outras escolas do país e apresentará 20 concertos por ano, dando assim um carácter mais regular às suas actuações.

De acordo com Fernando Raposo, esta já era uma ideia antiga que agora se tornou possível e que vai permitir a interpretação de obras de autores portugueses. “Esta é também uma primeira oportunidade para os jovens diplomados entrarem no mercado de trabalho”.

Entretanto, a Orquestra Sinfónica da Esart vai continuar activa tal como sucede actualmente, estando integrada nos planos de estudos dos cursos de música, prevendo-se a realização de 6 a 9 concertos por ano. Recorde-se que a Orquestra da Esart é já uma das referências nacionais, tendo participado nos mais importantes festivais de música portugueses e estrangeiros.

 

 

 

CONHEÇA OS PARTICIPANTES NACIONAIS

Candidatos de todo o mundo

A Coupe Mondiale de Acordeão vai ter participantes de quase todo o mundo. Até ao fecho da nossa edição estavam inscritos músicos da Polónia, Rússia, Croácia, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Macedónia, Sérvia - Montenegro, Nova Zelândia, Austrália, Biolorrússia, China e Itália.

Portugal também vai estar presente na competição. Para que conste aqui ficam os músicos nacionais: Coupe Mondiale Sénior – Carisa Marcelino(C. Branco); Coupe Mondiale Júnior – Inês Vaz(Lisboa), José Valente(Lisboa); Variété Sénior – Ricardo Alves(Algarve) e Lígia Cipriano(Algarve); Variété Júnior – Fábio Guerreiro(Algarve); Música de Câmara – Trio Clarinete, Violoncelo , Acordeão – Esart, e Quinteto de sopros e acordeão - Esart.

 

 

 

EUGÉNIA LIMA, A MAIS CONCEITUADA ACORDEONISTA PORTUGUESA

A diva do acordeão

Um dia, aos quatro anos, o pai deu-lhe um pequeno acordeão. Para Eugénia Lima foi amor à primeira vista e o primeiro passo para uma carreira de cerca de 70 anos. Hoje, aquela albicastrense é a acordeonista mais conceituada em Portugal e uma das melhores intérpretes internacionais. A residir na região de Rio Maior, vê com satisfação a realização da Coupe Mondiale de Acordeão no nosso país, e em particular na terra que a viu nascer, prometendo marcar presença no evento.

“Fico muito feliz por essa copa se realizar em castelo Branco, uma cidade que merece um acontecimento dessa dimensão”, começa por referir, enquanto sublinha que “se Deus quiser vou lá estar para assistir”. Eugénia Lima é uma das mais conhecidas acordeonistas portuguesas tendo dado espectáculos em todo o mundo, mas foram poucas as suas participações em provas do género. “Nunca tive nervos para isso! Convidaram-me muitas vezes, mas nunca quis participar. Fui sempre muito nervosa, até mesmo antes de entrar em palco me fartava de rezar”, diz.

Na única competição em que esteve presente Eugénia Lima venceu a todos os níveis. “Ao longo da minha carreira apenas participei num concurso promovido pela então Emissora Nacional, tendo conquistado o primeiro lugar. Mas custou-me muito alcançar isso”.

ENTUSIASMO. A realização de uma copa mundial, a qual junta alguns dos melhores intérpretes da actualidade, vai dar, no entender de Eugénia Lima, “um grande entusiasmo a quem assiste, sobretudo aos jovens. Acredito que a partir desse evento haja uma maior motivação pelos jovens para aprenderem acordeão”. 

Com mais de 200 melodias compostas por si, Eugénia Lima gravou mais de 50 músicas e foi fundadora da Orquestra Típica Albicastrense. Hoje considera que o ensino do acordeão em Portugal tem “tido uma evolução positiva. No nosso país já há bons professores, embora poucos. E a prova disso é que há alunos portugueses que têm ganho provas internacionais”.

O acordeão é visto ainda por muitas pessoas como um instrumento virado para a música popular. No entanto, Eugénia Lima esclarece que as potencialidades do acordeão são muito grandes. “Trata-se de um instrumento que permite tocar todo o tipo de música, inclusivé de concertos. Isso, de resto, está demonstrado por vários acordeonistas que tocam música de concerto, escrita para ser tocada em acordeão”. 

A procura pelos cursos de acordeão também tem aumentado no nosso país. No Conservatório de Castelo Branco isso também se verifica, o que para Eugénia Lima tem um valor especial. “É sinal que o acordeão está a voltar aos seus tempos áureos. Na minha juventude, o acordeão foi dono e senhor da música portuguesa, e com tanta juventude que agora o está a tocar, estou confiante que vai regressar aos lugares cimeiros”.

CARREIRA. Eugénia Lima começou a dar os primeiros acordes aos quatro anos. Os familiares mais velhos cedo perceberam que a então menina Eugénia tinha jeito para o acordeão. “Comecei a tocar com quatro anos. O meu pai era afinador de acordeões. Como tinha muitos instrumentos desses lá em casa comecei a brincar com eles, e mais tarde a tocar”, recorda.

A opção por uma carreira ao lado do acordeão começou tinha Eugénia Lima oito anos. “A partir dessa idade os meus pais arranjaram-me um professor de música. Comecei a aprender, o entusiasmo cada vez foi maior e quando chegou a altura de ir para o Liceu, o meu pai deu-me a escolher: ou ia estudar música ou ia para o Liceu. E eu acabei por escolher a música e cá fiquei no acordeão”. 

Hoje, 70 anos depois de ter começado a sua carreira, Eugénia Lima diz que valeu a pena. “Foi uma carreira longa, mas muito bonita. Devo ao público tudo quanto sou. O nome que tenho devo-o a todas essas pessoas”, diz, para depois esclarecer: “o nome que fiz foi conseguido a pulso. Hoje basta ir à televisão e somos conhecidos. No meu tempo isso não era assim, tínhamos que calcorrear aldeia por aldeia, vila por vila e cidade por cidade, para que as pessoas passassem a informação umas às outras. Foi assim que fiquei conhecida”.

DISTINÇÕES. Da sua longa carreira Eugénia Lima recorda momentos que a marcaram. Exemplos disso são as duas distinções que recebeu da Presidência da República, uma pela mão do General Ramalho Eanes e outra por Mário Soares, respectivamente os títulos de Dama da Ordem Militar de Santiago de Espada e de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Mas houve outros momentos que continuam presentes, como a fundação da Orquestra Típica Albicastrense, o Óscar de Imprensa que lhe foi atribuído como melhor solista de música ligeira, o diploma honorífico da União Nacional dos Acordeonistas de França e muitas festas de homenagem e uma mão cheia de distinções e medalhas de mérito.

Eugénia Lima será uma das convidadas de honra da Coupe Mondiale de Acordeão, onde espera marcar presença.

 

seguinte >>>


Visualização 800x600 - Internet Explorer 5.0 ou superior

©2002 RVJ Editores, Lda.  -  webmaster@rvj.pt