Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VIII    Nº87    Maio 2005

Opinião

Autárquicos

Começou com todo o esplendor e ao melhor estilo a pré-campanha autárquica. Antes ainda da imperecível demanda de quem quer casar com a carochinha, que é bonita e engraçadinha, já se perfilam candidatos a João Ratão - cada qual com os seus encantos e argumentos - cujo objectivo, mais que desposar a pobre coitada, é, como todos sabemos desde tenra idade, mergulhar no imenso caldeirão da política local.

Há gente que gostaria de ser rei, se houvesse gente que deixasse, para mandar em toda a gente. Há gente que gostaria de ser presidente, se houvesse gente que votasse, para mandatar a gente que quisesse. Há gente capaz de tudo para conseguir um mandato, um poleiro, um púlpito, isso. Há gente assim. Mas também há gente - esse é o meu receio - que vê Eusébios do poder nos mais mediáticos espertalhões.

De Valentim & Isaltino é caso para dizer: fizeram-nos, aturem-nos! Eles já deram provas do que são capazes... Mas fica-lhes mal, muito mal a argumentação barata e mofenta de apego ao poder, quais virgens traídas, bradando à porta do mercado.

Valentim & Isaltino - podiam ser Dupond & Dupont - repetem-se, dizendo coisas diferentes e convergem, falando de causas distintas. Em suma, dão o exemplo acabado de como há políticos que são lapas, matizando assim a lata do seu companheiro atlântico, que é uma lapa a fingir que é político. Os lorpas que dirigem o partido comum, engolem estes sapos diariamente. Que lhes faça bom proveito.

Mas evidentemente que ainda agora a procissão vai no adro, e muitas vielas terá que percorrer até concluir préstito anunciado. Por isso aqui não se fala de andores de quantas dioceses reclamam ou virão a reclamar a própria romaria.

Patética é, também, a candidatura de Sá Fernandes. Melhor: o homem fartou-se de protestar contra ventos e marés saídas da cartola de empreiteiros, perdão, de empreendedores empenhados em deixar obra feita. Agora, acha ter terminado a função de outsider e farto de pregar aos peixes, qual Santo António, quer entrar na corrida à Câmara de Lisboa.

Acho muito bem. Está no seu direito. Onde encontro a graça disto tudo é em Francisco Louçã que, talvez por falta de candidato próprio, reivindica o apoio deste padroeiro do século XXI, apelidando-o de grande combatente da direita.

Estive três dias a pensar nisto! É que eu não sabia antes o que era a direita e agora já sei. Ignorava igualmente que um homem sozinho pudesse suportar nos ombros tamanha empreitada. Mas se Louçã disse (ele que já leu os livros todos) é porque é.

Este homem é o Mantorras da oposição!

João de Sousa Teixeira
(João de Sousa Teixeira é escritor
e assina esta coluna mensalmente)

 


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