A UBI E O PROCESSO DE
BOLONHA
Mudanças precisam-se

O sistema de ensino português tem alguns vícios e necessita de uma mudança, de modo a combater a falta de trabalho por parte dos alunos e o comodismo de alguns professores que apostam na teoria, matérias e na avaliação exclusiva por testes, não havendo uma aposta na qualidade e investigação.
Esta foi uma das ideias que ficou na conferência-debate ligada ao tema do Processo de Bolonha, que teve lugar no Anfiteatro das Sessões Solenes da UBI, no passado dia 25 de Maio. Um evento organizado pelo Conselho Pedagógico da Universidade, onde Bolonha foi apontada como uma oportunidade única de mudança, tendo-se ouvido muito a expressão - «uma janela de oportunidade que é necessário agarrar». Só que neste caso a concordância continuou quanto à resistência à mudança apresentada não só pelos portugueses, como por outros países, o que tem vindo a travar a implantação da Declaração de Bolonha, que é já de 1999.
Luís Carrilho, vice-reitor da UBI, apresentou a evolução deste processo desde a sua fase inicial com a Declaração de Sorbonne, ainda em 1998, até hoje, onde na Declaração de Bolonha se apontava 2010 como a data prevista para a implantação do processo. Carrilho disse depois que, actualmente, “aponta-se 2010 como uma das etapas no início do Processo de Bolonha”.
Outras questões da criação do espaço europeu de ensino, objectivo da Declaração de Bolonha, se levantaram, tais como a mobilidade e o sistema de transferência de créditos, o financiamento, a duração dos ciclos, com a já célebre questão dos três mais dois ou quatro mais um ano, sendo o primeiro ciclo para graduação, e o segundo para pós-graduação. Estas e outras questões foram analisadas, problematizadas e discutidas, com a apresentação de diversos pontos de vista.
Luís Sebastião, da Universidade de Évora, seguiu-se com «De Oxford a Bolonha, ou entre Cila e Caríbdis». Depois foi a vez de Vítor Reia-Baptista, da Universidade do Algarve apresentar «Bolonha antes do tempo: o meu percurso de construção curricular», para Nuno Costa, presidente da AAUBI finalizar com «Bolonha do lado dos alunos», tendo-se depois entrado no debate.
Santos Silva, reitor da UBI, destacou que “os semestres de muitos cursos são apenas de 12 semanas com 20 horas de trabalho por semana, o que perfaz um total de 240 horas apenas, já não contando com as faltas dos alunos”. Para o reitor “tudo é um problema de organização, responsabilização (de alunos e professores) e volume de trabalho”. Santos Silva, que assistiu à conferência e aproveitou para deixar algumas ideias no final, frisou ainda que “é preciso também tornar os cursos apelativos e os alunos têm que perceber que o que aprendem tem aplicação”.
Nuno Costa aproveitou ainda para anunciar que a AAUBI irá lançar uma campanha para explicar aos estudantes da UBI o que está a ser feito, em relação ao processo de Bolonha, tanto na sua Universidade como noutros locais.
Fábio Moreira
LIGA UNIVERSITÁRIA DE
FUTSAL
UBI campeã nacional
A UBI acaba de se sagrar campeã nacional da Liga Universitária Futsal deste ano, após ter vencido o IP Leiria na final, num encontro disputado no Porto no passado dia 5. Os leirienses estiveram na frente desta corrida ao intervalo com uma vantagem de 2-0, com golos de Frederico e Renato. Ainda assim, a UBI conseguiu chegar ao empate até ao final do tempo regulamentar, pelos tentos de Arménio e Carlitos, com este último a marcar a 17 segundos do fim levando a discussão do encontro para o prolongamento.
No tempo extra, a UBI foi a melhor equipa tendo construído o 5-3 final, resultado que lhe valeu o título deste ano. Para os vencedores marcaram João Laranjeira, Tiago e Sérgio. O IP Leiria ainda reduziu por Fábio mas o título acabou mesmo por lhe escapar.
Paulo Goulart treinador da equipa da UBI falou da vitória na edição 2004/2005 da Liga Universitária refere que “o objectivo passava por fazer uma época igual ou melhor que a do ano passado”. Sobre o jogo da vitória o treinador diz que “foi uma grande alegria termos vencido a LUF depois de termos conseguido o terceiro lugar do ano passado”. Goulart, no final do campeonato levanta algumas pistas sobre o seu futuro na liderança da equipa. Este treinador refere que há muito a ponderar, visto que “ainda não sei se continuo e também vamos perder cinco ou seis jogadores que fazem parte da estrutura da equipa”.
Tiago, capitão da equipa vencedora, jogou as três edições da Liga e fala sobre o jogo de forma feliz. “Conseguimos virar um resultado que nos era adverso a 17 segundos do fim e depois no prolongamento conseguimos ser superiores. Foi sempre a subir, há dois anos não fomos à final-four, o ano passado conseguimos lá chegar e este ano conseguimos vencer a prova”.
Helder Lopes
PARA FACILITAR
COMUNICAÇÃO DE TRISSÓMICOS
Aveiro desenvolve
multimédia
A Unidade de Investigação em Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro e a Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21, acabam de desenvolver a aplicação multimédia “Oficina dos Gestos”, a qual já está à venda e pretende ajudar na comunicação entre pais e filhos portadores daquela deficiência.
Com o objectivo de promover as competências comunicativas precoces das crianças com deficit cognitivo, o CD-Rom possibilita a consulta e visualização de um total de 184 gestos padronizados (numa investigação nacional), em versão portuguesa, inglesa e espanhola, e em diferentes formatos: descrição textual, descrição sonora, representação gráfica e vídeo. A versão inglesa e espanhola justificam-se não só no âmbito cultural e de difusão do projecto (pois as mesmas palavras definem-se através de gestos diferentes em línguas distintas), mas também na divulgação científica do projecto.
Este CD-rom surgiu no âmbito do projecto Down’s Comm, que tem como objectivo investigar e traduzir numa aplicação multimédia interactiva exemplos e sugestões de gestos funcionais e eventualmente simbólicos, tendo em consideração a realidade e a cultura portuguesa. Esta finalidade reflecte-se na tentativa de permitir uma flexibilidade na utilização dos mesmos e uma aprendizagem formal destes por parte de pais e técnicos que acompanhem crianças portadoras de trissomia 21.
As crianças com Trissomia 21 apresentam alterações no desenvolvimento e utilização da linguagem; para além de perturbações linguísticas gerais, o desenvolvimento da fala está especialmente atrasado. A comunicação encontra-se alterada na fase pré-verbal: as crianças tendem a ser mais passivas e mostram menos iniciativa nas suas interacções do que as crianças que se desenvolvem normalmente.
Assim, frequentemente, as capacidades da criança para se expressar verbalmente são inferiores às capacidades para compreender. Mais, algumas não serão capazes de falar inteligivelmente: podem ter deficiência mental profunda, grandes perdas auditivas, grandes dificuldades motoras ou neuro-musculares que tornam a fala muito difícil ou impossível.
Alguns estudos sugerem, assim, que o período precoce de sinalização pode ser uma ponte desde a fase pré-verbal de comunicação para a utilização da linguagem falada e que a fase de transição do pré-verbal para o verbal pode ser promovida pela utilização orientada de meios de comunicação que possam ser disponibilizados para a criança antes dos símbolos verbais.
Os gestos vêm assegurar muitas funções comunicativas que não seriam possíveis de outra forma, tais como fazer pedidos, questões e comentários, pedir informação, falar sobre a própria experiência ou brincar. Por outro lado, os pais aprendem a adaptar a sua comunicação às capacidades da criança: quando utilizam gestos que veiculam palavras, os pais falam mais devagar, utilizam orações mais curtas e provavelmente colocam ênfase nas palavras que são ditas e sinalizadas.
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Resistências em
debate
As organizações envolvidas no Fórum Social Português (FSP), que se reuniram, em Maio, em Évora, trouxeram para a “ordem do dia” as questões sociais e dar mais voz aos que condenam o neoliberalismo, as discriminações e a guerra.
Esta ideia serviu de base ao encontro temático “Resistências e Alternativas”, que decorreu no auditório do Colégio Espírito Santo, da Universidade de Évora.
Inserido na preparação do próximo Fórum Social Português, agendado para 2006, este encontro deverá juntar perto de 800 participantes individuais e quase 150 associações com intervenção em diferentes áreas sociais.
“Esta iniciativa é uma oportunidade para que as várias associações, que não se encontram no dia-a-dia e desenvolvem o seu próprio trabalho na área social, possam trocar experiências, conhecer e colaborar nas agendas dos outros”, explicou à Agência Lusa Nuno Ramos de Almeida, da organização.
Segundo o organizador, membro da associação ATTAC, os participantes pretenderam “criticar o que está mal” relativamente às questões sociais, que são o objecto de intervenção das várias associações, e “propor uma agenda de correcção”.
ANTIGO TÉCNICO DA
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Marrocos aqui tão
perto

Pedro Martinho antigo quadro superior da Universidade de Évora é hoje responsável por uma das mais importantes empresas marroquinas na área de coberturas metálicas. Responsável pela empresa Couvermetal de Coberturas Metálicas Autoportantes, em Marrocos, aquele albicastrense que concluiu o 12º ano na Escola Secundária Nuno Álvares, em Castelo Branco, e que terminou o curso de engenharia mecânica em Coimbra, aceitou o desafio de ir para o Norte de África instalar uma empresa que entre outras obras já construiu as fábricas da Coca-Cola e dos televisores Siera naquele país e que acaba de concorrer para a construção da extensão do aeroporto de Casablanca.
A ida de Pedro Martinho para Marrocos surgiu no mesmo ano em que ocorreram os atentados em Nova Iorque, e numa altura em que desempenhava funções de técnico superior numa instituição universitária. “Durante cinco anos e meio fui responsável pelo património e projectos de investimento da Universidade de Évora, mas no final de 2001 surgiu da parte da Cobermetal Portuguesa a ideia de procurar novos mercados no exterior. O administrador da empresa, Carlos Crespo, para quem eu já fazia trabalhos de consultadoria, fez-me o convite”, começa por explicar.
ÉVORA. Pedro Martinho lembra que a decisão de ir para Marrocos foi muito ponderada, até porque “eu exercia um cargo aliciante na Universidade de Évora, onde acompanhei a construção de obras muito importantes. No entanto, chegou-se a uma altura em que as verbas para novas construções eram diminutas e eu preferi não me acomodar no cargo que exercia. Por isso, aceitei o desafio, pois estava perante um projecto interessante que passou por criar de raiz uma unidade industrial num país onde tudo é diferente”.
O desafio abraçado por Pedro Martinho pela Couvermetal não poderia, na sua opinião, estar a correr melhor. “Em 2002 começámos a trabalhar e a empresa, que tem 55 por cento da Cobermetal portuguesa e o restante dos marroquinos da Longofer, já construiu obras importantes”. Aquele responsável explica que a capacidade instalada na fábrica de Marrocos é significativa. “Neste momento temos três linhas perfiladoras de chapa, pois no fundo nós fazemos pavilhões industriais em metal”.
A fábrica da Coca-Cola é um dos exemplos da força que a empresa liderada pelo albicastrense Pedro Martinho, começa a ter no mercado africano. “Em três anos construímos 200 mil metros quadrados de área coberta, o que é muito bom. Recentemente construímos a maior fábrica de Marrocos, que fabrica o ferro para o betão, num total de 40 mil metros quadrados cobertos. Além das instalações da Coca-Cola, instalámos também a fábrica de televisores Siera, o mercado de Marraquexe, e estamos a concorrer à extensão do aeroporto de Casablanca”, diz.
EMPRESARIAL. A perspectiva empresarial dos empresários marroquinos não difere muito da dos portugueses, embora tenha algumas especificidades. “Os árabes conhecem-se todos, pelo que deve dar-se sempre uma boa imagem da empresa, com muito profissionalismo. Qualquer empresa que vá para aquele país com outra ideia não tem sucesso”. Dadas as suas características, aquele país é um mercado apetecível. “Marrocos é um país em vias de desenvolvimento, onde falta fazer quase tudo. Neste momento há muitas empresas que se estão a instalar em Marrocos, como nós. Isto porque Marrocos abriu o seu mercado para com os Estados Unidos, o que permite fazer produtos naquele país africano e colocá-lo à venda nos Estados Unidos sem pagar qualquer imposto, e vice-versa”. Pedro Martinho prossegue, “como há muitas empresas a instalar-se em Marrocos, a Couvermetal faz-lhes as fábricas”.
No espaço de três anos, a Couvermetal atingiu o seu ponto de equilíbrio. Facto que tem permitido a Pedro Martinho “deslocar-se a Portugal durante os fins-de-semana. Pois durante dois anos o trabalho não me permitia fazer tantas deslocações a Castelo Branco. Só deste modo era possível colocar tudo em ordem, de forma a tornar a empresa competitiva”. Aquele responsável lembra que ao “contrário do que sucede com a Espanha que apoia o investimento dos seus empresários no estrangeiro, Portugal não o faz. Nós estamos em Marrocos sem qualquer apoio do Estado, num investimento de um milhão de euros, e estamos a facturar cerca de dois milhões de euros”.
DEBATE EM MONSARAZ
Alqueva e o futuro
Na 15.ª Edição dos “Encontros de Monsaraz”, que se realizou nos dias 3 e 4 de Junho, estudantes e professores da Universidade de Évora debateram Alqueva e o Desenvolvimento.
A iniciativa levada a cabo pela Associação de Defesa dos Interesses de Monsaraz (ADIM) teve como principal objectivo reflectir sobre as realidades e as potencialidades que Alqueva pode trazer ao desenvolvimento do Alentejo.
Em 1998, na 8.ª Edição dos Encontros de Monsaraz, foi abordado o tema “Alqueva, Centro do Mundo?”. Na referida iniciativa, estudantes, especialistas e investigadores debateram, durante dois dias, os impactos que o Empreendimento do Alqueva iria produzir na região, em sectores diversificados como a agricultura, o turismo, a gestão da água, a arqueologia, as relações transfronteiriças e o desenvolvimento. O espaço de reflexão sobre o tema traduziu-se em inquietações, sonhos, mitos, dúvidas metódicas, posições políticas e em ambições.
Passados sete anos sobre a referida iniciativa de 1998, e construída a barragem, a organização considerou que era necessário voltar a debater a mesma temática. “Uma vez concluída a Barragem de Alqueva, torna-se necessário maximizar os recursos existentes para melhorar a qualidade de vida e o emprego na região”, disse Francisco Martins Ramos, Presidente da ADIM. O dirigente considerou, ainda, na sessão de abertura que “é preciso serem criadas políticas de incentivo, regras e critérios que possam ajudar os agricultores e outros investidores”.
N.M.
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