GENTE & LIVROS
André Malraux

«(...) É como se um general dissesse: com os meus soldados posso metralhar a cidade. Mas, se ele fosse capaz de a metralhar, não seria general...não se é general senão saindo de Saint-Cyr. Por outro lado, os homens são talvez indiferentes ao poder... O que os fascina nessa ideia, vê você, não é o poder em si, é a ilusão do bel-prazer.O poder do rei é governar, não é? Mas o homem não quer governar: tem vontade de forçar, como você disse. De ser mais do que homem, num mundo de homens. Escapar à condição humana, era o que eu dizia. Não apenas poderoso: todo poderoso. A quimérica doença, de que a vontade de poder é a justificação intelectual, é a vontade de divindade: todo o homem sonha ser deus».
In A Condição Humana
Uma só linha não chega para falar do homem que afirmou um dia: « existem muitas vidas e é necessário vivê-las todas». O Romancista, ensaísta, cineasta, Ministro de Estado, arqueólogo, combatente, resistente, jornalista, anti-colonialista, militante de esquerda, político, critico de arte, coleccionador de antiguidades, Georges André Malraux nasceu em Paris em 1901, filho e neto de suicidas. Frequentou o liceu Condorcet e estudou Línguas Orientais na École des Langues Orientales, sem contudo se graduar. Com 21 anos partia para o Cambodja. De regresso a Paris, trabalha como editor, mas brevemente volta a viajar, desta vez para o Irão e o Afeganistão, em expedição arqueológica.
Profundamente ligado aos acontecimentos políticos e sociais, e, anti-fascista convicto, o seu percurso é indissociável dos tempos que se viviam. Os Conquistadores (1928), A Estrada Real (1930) e A Condição Humana (1933) são simultaneamente romances e testemunhos da revolução comunista chinesa; O Tempo do Desprezo (1935) surge como um dos livros pioneiros na denúncia dos campos de concentração nazi - Malraux foi a Berlim com o escritor André Gide protestar contra o processo que se seguiu ao incêndio de Reichstag que consolidou Hiltler no poder; A Esperança (1937) fala da Guerra Civil Espanhola (acontecimento que Malraux viveu de dentro - viver para escrever, depois - alistando-se como aviador, fundando o esquadrão Eha, e lutando do lado Republicano, na Guerra Civil de Espanha).
Durante a Segunda Guerra Mundial Malraux é capturado mas consegue fugir do campo de prisioneiros; em 1944 voltaria a escapar aos Nazis. Após o Desembarque na Normandia ingressa na Resistência e os seus serviços à causa da Liberdade haveriam depois de ser reconhecidos com a Cruz de Guerra e o The British Distinguished Service
Order.
Integra o Governo provisório de De Gaulle (1945-46) e em 1958 - quando o General regressa ao poder - assume primeiro o cargo de ministro da informação e depois de Ministro da Cultura, posto que ocupa durante 10 anos.
Escreve os livros de Arte e Estética: As Vozes do Silêncio (1951); e O Museu Imaginário da Escultura Mundial (1952-54). O ano de 1961 seria o ano negro da sua vida, perde os dois filhos num acidente. A 23 de Novembro de 1976, André Malraux morria em Paris, acreditando que: «A arte é a única esperança diante do nada, a única expressão possível da dignidade e da liberdade».
A Condição Humana. Decorre o ano de 1927 na China. A revolução comunista começa a ganhar contornos e um grupo de Homens já está na luta: o terrorista Tchen que descobre, desde a primeira vez que tem de matar, que a morte havia de ser a partir desse momento o seu destino; Kyo, para quem as ideias devem ser vividas e não pensadas, e que procura na defesa da dignidade dos outros o seu próprio caminho; May, a companheira de Kyo, alemã nascida em Xangai, médica num hospital estatal e dirigente de um hospital clandestino; o pai de Kyo, velho e sábio Gisors, que só encontra a paz nas neblinas do ópio; o decadente antiquário Clappique. Personagens que partilham um mesmo ideal e uma mesma condição que paradoxalmente os condena à solidão perante o destino, frente à morte. 
Página coordenada por
Eugénia Sousa
NOVIDADES
Livros
EUROPA-AMÉRICA. História Concisa da Europa - Dos Gregos e Romanos à Actualidade de Antony Alcock. Nesta obra nenhum acontecimento que marcou o destino da europa fica esquecido. O autor aborda o desenvolvimento histórico da Europa, desde as cidades-estado da Grécia até ao Tratado de Nice de 2000. Um livro tanto mais necessário na medida em que a Europa é cada vez mais o espaço de todos nós.
EUROPA-AMÉRICA. Os mesmos autores de Diário de um Adolescente com a Mania da Saúde, Mário Cordeiro, Pedro Cordeiro, Ann McPherson e Aidan Macfarlane escreveram Como Sobreviver em Viagem - Manual para Adolescentes. Um Manual imprescindível para quem é, ou não deixou de ser, adolescente.
PERGAMINHO. Não Deixe Para Amanhã - o que pode fazer hoje de Rita Emmet. Todos nós sabemos, e no caso português talvez essa característica seja ainda um pouco mais acentuada, até que ponto se cai facilmente na tentação de adiar trabalhos ou obrigações e como essa tendência pode ter depois consequências graves a nível de desgaste físico, stress, ansiedade e frustração. Ao longo destas páginas a autora apresenta truques e técnicas para identificar as causas da protelação e nos ajudar a organizar o nosso tempo e esforço para obter os melhores resultados. Não deixe pois para amanhã, a leitura deste livro.
PERGAMINHO. Crianças de um Novo Mundo - Os Índigo de Isabel Leal. As crianças Índigo são crianças que se revelam sob vários aspectos excepcionais. São muito intuitivas (quase telepáticas), criativas, sensíveis, capazes de reconhecer a presença de seres etéreos e de ver espectros de luz- ou seja são crianças que nascem com competências espirituais altamente desenvolvidas mas nem sempre reconhecidas por aqueles que as rodeiam, pais e educadores.m estas crianças tão especiais.
AMBAR. A Tempestade de Juan Manuel de Prada. O teriosa e envolvente trama. Nesse Inverno Veneziano também é tempo e lugar para viver o amor e a magia da cidade e para mudar a forma de entender a própria arte.
AMBAR. Guardador de Almas de Rui Vieira ganhou o Prémio Literário Cidade de Almada 2004.
«(...) O Romance aborda um momento da história contemporânea do nosso país que persiste como uma má lembrança na memória de muitos e que modificou o destino de milhões. Refiro-me à guerra colonial, essa cicatriz contínua e que, nestas páginas, é vista a partir de uma nova perspectiva, com um novo olhar. Neste sentido estamos na presença de um livro profundamente humano em que os seres humanos e os mistérios dos seus sentimentos são os abismos que importam desvendar.(...)» José Luís Peixoto (excerto do texto lido em nome do Júri do Prémio Literário Cidade de Almada, 2004)
ÂNCORA. Geologia Sedimentar Volume II - Sedimentologia de A. M. Galopim de Carvalho. Na esteira de Geologia Sedimentar, a editora publica o segundo volume com o subtítulo de Sedimentologia. O livro trata das técnicas de estudo das rochas sedimentares e respectivos fundamentos, dos aspectos mais relevantes da história destes procedimentos, bem como dos progressos científicos e tecnológicos que marcaram os séculos XIX e
XX.
CAMPO DAS LETRAS. Entre a Palavra e o Discurso - Estudos de Linguística 1977-1993 de Óscar Lopes. A editora publica as obras completas de Óscar Lopes no ano em que Feira do Livro do Porto decidiu homenagear o autor. Os textos reunidos neste volume são estudos sobre temas linguísticos. Alguns dos artigos foram publicados em diversos volumes de actas de congressos, em Portugal e no estrangeiro, outros foram apresentados publicamente mas não foram nunca objecto de publicação.
GRADIVA. Cravo & Ferradura de José Bandeira. Neste álbum estão reunidas uma selecção de cartoons publicados ao longo dos últimos catorze anos no Diário de Notícias. José Bandeira já foi diversas vezes distinguido no Salão Nacional de Caricatura, ganhou o Grande Prémio do Salão Nacional de Imprensa 2004 (Prémio Stuart) e é igualmente autor de Namoros, Casamentos e Outros Desencontros (Gradiva) que recebeu o Prémio de Melhor Álbum de Tiras Humorísticas 2003 do Festival de BD da Amadora.
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