Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VIII    Nº84    Fevereiro 2005

Dossier

ANA MARIA VAZ, VICE-PRESIDENTE DO IPCB

As mais valias do Fórum

A vice-presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco considera importante a realização do terceiro Fórum da Imagem. “Esta iniciativa engloba as várias áreas relacionadas com o design que existem na Escola. Para o Instituto Politécnico, este tipo de projectos são demasiado importantes, pois abrem novos horizontes aos alunos, através dos contactos com os especialistas que aqui estarão presentes, e proporcionam um contacto com a comunidade envolvente”, explica Ana Maria Vaz.

No entender daquela responsável, o Fórum da Imagem tem a particularidade de juntar em Castelo Branco alguns dos melhores especialistas que se encontram no mercado de trabalho português. “Além disso esta iniciativa promove o relacionamento entre os alunos das diversas áreas de formação e uma troca de experiências enriquecedora”.

Ana Maria Vaz considera que “as edições anteriores foram bastante positivas e os alunos sentiram um enriquecimento na sua formação”. Os contactos com o mercado de trabalho também são sublinhados pela vice-presidente do Politécnico. “Para os alunos estas iniciativas são muito boas, em termos curriculares. Além disso, permite-lhes contactarem com pessoas que estão no mercado de trabalho e a realidade que existe fora da escola”.

Sendo uma das mais novas escolas do Politécnico, a Esart é também uma das que mais tem sobressaído e que mais tem interagido com a comunidade. Um facto que Ana Maria Vaz assinala, e que resulta das diferentes actividades e cursos desenvolvidos pela escola. “A Esart conseguiu afirmar-se na Região através das suas inúmeras iniciativas viradas para a comunidade, como os concertos de música, o fórum de moda ou o da imagem”. Outro dado que contribui para o sucesso da iniciativa diz respeito à transversalidade dos cursos que ministra. “A escola já se afirmou pelo que pode dar os passos seguintes. A sua criação está mais que justificada, não só na região - onde o projecto é único -, mas também em termos nacionais pelas ofertas formativas que possui”, justifica.

Mas o sucesso da Esart não surge apenas junto da comunidade. O mercado de trabalho parece acolher de forma positiva os jovens que ali estão a ser formados. “Temos alunos em estágio, um pouco por todo o país, e a trabalhar com os melhores especialistas nacionais e internacionais”.

INSTALAÇÕES. Com as novas instalações na calha, a Esart poderá dar origem a um grande pólo internacional de produção artística. O próprio presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Valter Lemos, já havia garantido isso mesmo ao Ensino Magazine: “Se no fim de cinco anos de trabalhos já atingimos muitos objectivos, tenho quase a certeza absoluta, que independentemente dos protagonistas, que este projecto irá ser cumprido”.

Apesar do protagonismo que a Esart tem junto da comunidade envolvente, o Instituto Politécnico de Castelo Branco ressalva que as outras cinco escolas do Instituto Politécnico têm igual importância, embora pelas suas características não tenham a mesma promoção que as actividades da Esart.

 

 

 

JOAQUIM MORÃO, PRESIDENTE DA CÂMARA

Esart está no caminho certo

A Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco está no caminho certo. Essa é a opinião do presidente da Câmara albicastrense, Joaquim Morão. “O futuro passa pela inovação tecnológica e toda a estratégia que o país está a adoptar passa por aí. Com a realização de mais este Fórum da Imagem, a Esart demonstra que está no rumo certo”.

O autarca albicastrense lembra que a “Escola sempre foi uma das grandes apostas do Instituto Politécnico, a qual a autarquia sempre apoiou, como acontece com mais esta iniciativa”. No entender de Joaquim Morão, a Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco traz valor acrescentado à Região.

Desde que foi criada, há cinco anos, que a Escola de Artes tem tido o apoio da autarquia. Uma parte das actividades lectivas decorrem no Cine Teatro Avenida, em instalações preparadas para o efeito, num espaço cedido pela câmara. “Sempre apostámos na Esart e a escola está a corresponder às expectativas. Está a criar uma nova cultura na cidade e a projectar Castelo Branco em todo o País”, assegura Joaquim Morão.

Recorde-se que a construção das novas instalações, que integram o campus da Talagueira, onde também será construída a Escola Superior de Saúde, será feita em terrenos cedidos pela autarquia, que deste modo tornou viável o aparecimento daquele complexo escolar. De resto o excelente entendimento entre Câmara e Politécnico é também sublinhado pelo presidente do Instituto, Valter Lemos, para quem esse facto tem sido fundamental no desenvolvimento das escolas do IPCB.

 

 

 

VASCO TRIGO PRESENTE NO FÓRUM DA IMAGEM

Esart globaliza o Interior

A Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco representa um enorme potencial para a região e para o País, uma vez que forma profissionais nas áreas das novas tecnologias, nas quais ainda faltam profissionais, além de poder impulsionar a criação de empresas locais e de trazer à região especialistas, alguns dos quais se podem fixar no Interior, aumentando a massa crítica.

A opinião é do jornalista da RTP Vasco Trigo, que será um dos oradores no plenário final do Fórum da Imagem, agendado para 3 de Março, no Cine-Teatro Avenida. Um jornalista que fala ao Ensino Magazine sobre o avanço tecnológico e a necessária aprendizagem que o cidadão deve fazer para dominar a tecnologia. Porém, refere também o direito de opção que cada cidadão deve ter, podendo optar por utilizar, ou não, as tecnologias, ainda que as tenha ao dispor.

Importa por isso que existam fontes de promoção do uso das tecnologias e onde seja possível fazer a aprendizagem, sobretudo em níveis mais especializados, algo em que a Esart está a fazer um trabalho único, pois é a única escola de artes do Interior, além de que tem investido na construção de conhecimento em áreas em relação às quais “não é necessário estar no Litoral, para se ter acesso a elas”.

De acordo com Vasco Trigo, “se houvesse ainda a necessidade das pessoas se estarem a deslocar para o Litoral, para Lisboa, Porto ou Coimbra, tudo seria mais complicado. Mas as escolas do Interior estão a fazer um bom aproveitamento, o que facilita a vida aos jovens que preferem frequentar cursos nesta área”. Por outro lado, potencia o desenvolvimento da região, pois “quem vai estudar para o Litoral tem tendência a ficar por lá”, mas com o desenvolvimento do Interior, “os próprios professores ajudam a criar uma máxima crítica que depois pode ser muito importante na criação de empresas locais”.

Embora de pequena dimensão, quando comparadas com as grandes unidades industriais, estas empresas enquadram-se na actual economia do conhecimento. “Já não estamos há 100 anos atrás, em que o tecido produtivo era constituído à base de grandes fábricas. Hoje a economia funciona à base de pequenas empresas”. Algo a que se junta a alteração profunda no critério geográfico, uma vez que, com as novas tecnologias, “o espaço deixou de fazer muito sentido”.

Vasco Trigo fala por isso numa “realimentação” própria da nova economia, uma vez que as novas empresas que são criadas prestam serviços a outras empresas da região, evitando que os vão comprar fora. Tal implica o desenvolvimento da região e, por consequência, do País, sendo que esse desenvolvimento poderá ocorrer de forma mais equilibrada, o que confere mais possibilidades ao todo nacional.

INFORMAÇÃO. Se o papel da Esart na economia é potencialmente muito forte, o que é fundamental para uma escola jovem, a verdade é que o acréscimo de pessoas formadas nas áreas da comunicação multimédia, do design e das artes traz ainda outras vantagens, numa altura em que o desenvolvimento tecnológico alterou até o acesso à informação, democratizando-o, permitindo que cada pessoa seja ao mesmo tempo consumidora e editora de informação.

Apesar dessa liberdade, Vasco Trigo considera que esse acesso e a produção facilitada de informação não implica que quem se dedica à produção de informação, como é o caso dos jornalistas., acabe por perder preponderância. “Não viveremos hoje na sociedade da informação, mas na sociedade do excesso de informação. Logo, o jornalista não perdeu o sentido de existir. Ao contrário, como há muito mais informação disponível, é cada vez mais necessário filtrar, mediar essa informação. Numa loja em que tenho 100 produtos, é mais difícil a escolha do que numa loja em que há dois ou três”.

Para aquele jornalista, na Internet passa-se precisamente o mesmo, sendo que os mediadores devem estar cada vez melhor preparados, de modo a que percebam qual é a oferta, qual é a procura e cumprirem a sua função. Do mesmo modo, os formados pela Esart, sobretudo na área do design e da multimédia, precisam de estar preparados nessa área, trabalhando no sentido de proporcionarem às pessoas ferramentas com códigos que elas entendam e que lhes sejam úteis.

“O design representa uma boa aplicação da tecnologia no sentido de melhorar a comunicação. É arte e negócio ao mesmo tempo. Pode ser feito à distância. Há coisas que, escritas em texto, jamais teriam o impacto de uma animação, pois esta facilita a comunicação, a transmissão de uma ideia. Esta é uma das áreas de excelência para a utilização das tecnologias

FUTURO. Já em termos de futuro, Vasco Trigo não quer fazer previsões, até porque tudo evolui muito depressa. “Quando nos lembramos dos livros de Júlio Verne e cujas histórias se tornavam realidade 200 ou 300 anos depois, hoje em dia, por vezes, esses 300 anos estão à distância de uma semana ou de um mês”.

Apesar de falar assim, considera importante é que as pessoas possam dominar as tecnologias, em lugar de acontecer o contrário, algo que passa pela capacidade de “conseguirmos perceber em cada momento as potencialidades da tecnologia, socorrendo-nos dela sempre que possível, no sentido de resolvermos os problemas que temos, sejam eles velhos ou novos”.

É nesse sentido que, embora sem querer fazer previsões específicas, espera que a tecnologia “nos leve onde nós quisermos que nos leve”, pois “devem ser as pessoas a conduzirem o processo, em lugar de se deslumbrarem com a tecnologia”. Para aquele jornalista, esta é uma questão de lucidez. “A lucidez é fundamental para colocarmos a tecnologia ao nosso serviço, para melhorar a nossa vida”.

A questão que se coloca é até que ponto a sociedade portuguesa e sobretudo em termos das zonas do Interior, tem a lucidez necessária ou está preparada para dominar as tecnologias. Mesmo aqui, Vasco Trigo considera que não é necessário ver esta questão como um drama. “Fala-se muito de info-exclusão. A verdade é que 80 por cento da população activa portuguesa não tem sequer o 12º Ano. Portanto, a info-exclusão já existe. Não é por causa das novas tecnologias que ela surgiu”.

Numa analogia com os sistemas da engenharia, Vasco Trigo adianta que “qualquer sistema tem perdas. Num sistema de aquecimento, o calor que é produzido não é todo aproveitado. O mesmo se passa com o acesso das pessoas à informação. Hão-de sempre haver pessoas que não vão acompanhar a evolução, que não vão estar na crista da onda. Mas isso é natural. Não podemos obrigar as pessoas a irem tirar cursos de tecnologias. Deve é existir igualdade de oportunidades, para que as pessoas as possam utilizar se necessitarem delas”.

É que as tecnologias e a sua utilização em massa, por si só, não resolve tudo. “Há uns cinco anos, o número de acessos à Internet na cidade de Londres, era maior do que em todo o continente africano. E, no entanto, em Londres havia e continua a haver mendigos e indigentes. Não vamos pensar que a tecnologia vem resolver os problemas todos”.

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