Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VII    Nº80    Outubro 2004

Cultura

GENTE & LIVROS

Daniel Mason

«Nos segundos fugazes da memória final, a imagem que se tornará a Birmânia é o sol e a sombrinha de uma mulher. Ele tem-se interrogado sobre que visões perdurariam - o caudal impetuoso cor de café do Salween após uma tempestade, as paliçadas de redes de pesca antes da alvorada, a fulgência do açafrão-da-índia moído, o dobrar choroso das lianas. Durante meses, as imagens palpitaram-lhe por detrás dos olhos, umas vezes flamejando e esfumando-se como velas, outras lutando por visibilidade, impelidas para a frente como mercadorias de feirantes que se atropelam.(...)» 

In O Afinador de Pianos


O norte-americano Daniel Mason conseguiu o estatuto de escritor, com um único livro publicado aos 23 anos de idade. O Afinador de Pianos (2000) é um magnífico primeiro romance, muito bem recebido pela crítica norte-americana e internacional.

Nascido na Califórnia, à pouco mais de vinte anos, a primeira vocação de Daniel Mason prendeu-se com a Arqueologia. Começa a estudar Arqueologia e passa um Verão nas ruínas Maias, nas Honduras. Dessa expedição haveria de nascer um novo interesse: as doenças infecciosas - pois a equipa passava metade do tempo preocupada em não contrair malária. Conclui o Bacharelato - não em Arqueologia - mas em Biologia, na Universidade de Harvard.

Daniel Mason permanece um ano na Tailândia, dividindo o tempo entre a Universidade de Bangkok e o campo de pesquisa na província de Ranong, ao longo do rio Thai-Myanmar. Volta para a Califórnia e ingressa no primeiro ano de Medicina. No Verão seguinte regressa à Ásia, mais concretamente a Burma, nos Estados Shan, para estudar a Malária. É neste cenário que surge a ideia, e decorre a acção, do Afinador de Pianos.

Daniel Mason diz acerca da obra «o livro surge com uma imagem de um piano na selva.». A habitar o imaginário do escritor desde a infância, uma visão romântica da selva.

A escolha de um afinador como protagonista é justificada assim pelo autor: «Um compositor dá a música, o pianista a actividade mecânica, e o piano o mecanismo mas o afinador é aquele cujo trabalho transforma as motivações humanas e a máquina num som belo».

Daniel Mason afirmou em entrevistas gostar da literatura portuguesa e dos temas sobre os quais escrevem os portugueses. Já leu alguns livros de José Saramago e também conhece António Lobo Antunes.

No ano passado esteve no Brasil, a fazer pesquisa para o seu segundo livro, que tem como protagonista Pedro Álvares Cabral. Desde os 7 anos, altura em que Daniel Mason assistiu com o pai ao filme Vidas Secas que se sente fascinado pelo Brasil, especialmente pela Amazónia.

Daniel Mason quer continuar a conciliar a medicina - ramo de investigação - com a escrita, mesmo porque esta lhe tem servido de inspiração. 

O Afinador de Pianos - Edgar Drake é enviado à Birmânia, pelo Ministério de Guerra Britânico, a fim de se encarregar da afinação de um piano Erard, pertencente ao major médico Anthony Carroll. Carroll utiliza a música como via diplomática e de pacificação da região, os seus métodos parecem em tudo resultar, só não são bem aceites pelos seus superiores. Edgar Drake trava amizade com esta personagem tão rara, - como o piano que tem por missão afinar - enquanto os costumes, a música, as representações artísticas daquele lugar e a beleza misteriosa de uma mulher, Khin Myo, apaixonam Drake.

Na medida que se deixa envolver pelo encanto da Birmânia, a Inglaterra, a casa, a esposa, ficam cada vez mais distantes. A Carroll Drake, tal como acontece com o herói grego Ulisses, é cada dia mais difícil retomar a viagem de regresso a casa.

Eugénia Sousa
Florinda Baptista

 

 

 

COM A RVJ

Cartoon's no Cine

A Câmara de Castelo Branco em conjunto com a RVJ - Editores realiza de 8 a 28 de Outubro, no Foyer do Cine Teatro Avenida, em Castelo Branco, uma exposição de trabalhos do cartoonista e desenhador albicastrense Bruno Janeca.

Na primeira grande exposição do autor nesta cidade, são apresentados alguns dos trabalhos galardoados nos diversos festivais internacionais de banda desenhada e de humor em que participou, para além de vários trabalhos publicados na imprensa nacional.
A colecção de Pais Natal desenvolvidos por este artista e editados para várias empresas pela RVJ - Editores Lda, constituem outro dos pontos altos da exposição, onde se podem ainda observar desenhos que foram capa de vários calendários exclusivos para empresas como a Nestlé ou a Rodoviária da Beira Interior, também editados pela empresa albicastrense.

A exposição encerra as comemorações do sétimo aniversário da RVJ – Editores, líder no distrito na elaboração de jornais e boletins informativos, e que tem editado anualmente colecções de calendários de mesa, parede e de bolso para diversas entidades regionais e nacionais, contando para o efeito com a colaboração de Bruno Janeca. 

Bruno Janeca, 29 anos, é um autodidata e entusiasta amador na área de Banda Desenhada e Cartoon. Colaborador há já alguns anos com a Editora RVJ (Castelo Branco) com ilustrações para os mais variados fins, tem participado, com o argumentista Dinis Gardete, desde 1996, no Salão Amadora Cartoon/BD tendo sido galardoados em 2000 com uma Menção Honrosa, em 2001 com o 3º Prémio, e em 2002 com um Menção Honrosa, um Segundo Prémio, e um Primeiro Prémio, todos na categoria de Cartoon.

No presente ano de 2004 concorreram para o VIII Salão Luso-Galaico 2004 (Tema: Erotismo), onde são reconhecidos com uma Menção Honrosa, e na IIª Bienal de Humor Raiano (Tema: Gastronomia) com o segundo prémio.

Também ainda no corrente ano recebem o Terceiro Prémio no Salão Amadora Cartoon. Bruno Janeca e Dinis Gardete colaboram desde há vários anos no Jornal Ensino Magazine de Castelo Branco, com uma tira sobre o ensino e já apresentaram trabalhos no Semanário Reconquista, de Castelo Branco.

Mas a grande aposta de Bruno Janeca e Dinis Gardete passa pela criação de uma publicação na Internet, que envolverá cartoons, banda desenhada e alguma animação.

 

 

 

ALEXANDRA CRUCHINHO EXPÕE EM PENAMACOR

As cores a preto e branco

“As cores a preto e branco” é o tema da exposição de Alexandra Cruchinho, que está patente ao público no Centro de Cultura e Animação Comunitária de Penamacor, até 25 de Outubro de 2004. A exposição, inaugurada no passado dia 8, é composta por fotografias feitas numa área florestal destruída pelas chamas no último Verão, o que foi feito na fase de rescaldo, pois “seria demasiado egoísta «perder tempo» a fotografar e não auxiliar num momento (...) em que todas as ajudas foram poucas”.

 


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