Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VII    Nº81    Novembro 2004

Universidade

DIA DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA

A luta da instituição

“A dura luta que se vem travando desde que tomei posse como reitor, em quatro de Março de 2002, pelo saneamento financeiro da universidade, conduziu-nos à superação da situação perigosa, dramática, em que nos encontrávamos”, referiu Manuel Ferreira Patrício, Reitor da Universidade de Évora, no dia comemorativo da instituição, que se realizou a 1 de Novembro. 

Durante o seu discurso salientou que a universidade passará de 2004 para 2005 com a “situação financeira equilibrada”. Contudo, frisou que a “satisfação pelo objectivo atingido” não pode conduzir à “desatenção ou ao abrandamento do rigor” com que têm de funcionar. Segundo disse, “o orçamento para 2005 é escasso, no que respeita ao PIDDAC muito insuficiente e não pode esquecer-se que estes tempos de contenção e sacrifício obrigaram a subinvestimentos e desinvestimentos em coisas essenciais, a que é preciso acudir”.

No que diz respeito ao PIDDAC, Manuel Ferreira Patrício afirma que o orçamento para 2005 é de 714.000 Euros. “De ano para ano a dotação tem descido. Foi de 3,3 milhões de euros em 2000, de 5,6 milhões em 2001, de 3,6 milhões em 2002, de 1,5 milhões em 2003, de 916.000 em 2004. É de 714.000 em 2005, não dispondo nós de qualquer verba para obras de conservação e reequipamento para esse ano, contrariamente ao que aconteceu nos anos anteriores”. No entanto, salientou que se trata de uma situação em que tudo fará para ser “rectificada em tempo útil, até porque a dotação global para 2005 inclui dotações do contrato-programa, o que mais a agrava”.

Mas não é somente a recuperação financeira que preocupa o actual reitor. Segundo ele, é necessário outras formas de recuperação como, por exemplo, “pedagógicas e científicas”. “Para isso estão já mobilizadas as nossas energias e capacidades. Nossas, de toda a Universidade: professores, investigadores, alunos e funcionários. E tudo faremos para mobilizar para os mesmos objectivos a tutela, pois o Estado não pode alienar as suas responsabilidades para com as universidades públicas, sobretudo em relação às que são periféricas geográfica e economicamente, implantadas em regiões deprimidas e fronteiriças”.

Todavia, e apesar das limitações, considera que a sua instituição realizou, em 2004, um conjunto de intervenções indispensáveis nos diversos edifícios que compõem a universidade: recuperações de laboratórios e edifícios, restauros, pinturas, execuções de salas multimédia e remodelação de alguns refeitórios. Para além disto tudo, o reitor fez questão de salientar o trabalho que está a ser efectuado, durante o ano em curso, nos serviços de computação: Implementação do Campus Virtual, no montante de 600.000 euros, a completar até ao final do ano; instalação de um estúdio de vídeo-conferência, no montante de 60.000 euros, a concluir até ao final do ano; desenvolvimento, disseminação e utilização de uma nova plataforma de e-learning, no montante de 50.000 euros, em curso e a prolongar-se pelo 1.º semestre de 2005; instalação da Biblioteca do Conhecimento Online, no montante de 100.000 euros (projecto já concluído); implementação de um Sistema de Gestão Documental, no montante de 192.000 euros (projecto em curso, prolongando-se até 2007); Remodelação da infra-estrutura informática da Universidade, com 5 componentes, no montante de 200.000 euros, a concluir até ao final do corrente ano. 

Para aquele dirigente a Universidade de Évora não é “uma universidade grande, mas também não é uma universidade anã. Direi que é uma universidade de dimensão média”. Com cerca de 7.500 alunos, 543 docentes e 410 funcionários, Manuel Ferreira Patrício considera que os alunos “reúnem as adequadas condições” para realizarem a sua formação em “obediência a padrões de elevada qualidade”. “Os nossos funcionários são bons profissionais, dedicados à universidade e apropriadamente enquadrados nos esquemas de formação contínua que lhes são proporcionados. O nosso corpo docente representa objectivamente um potencial científico e pedagógico de que a universidade se pode orgulhar e de que me orgulho enquanto Reitor”. 

Assim, considera que a universidade dispõe de pessoal docente “qualificado que a coloca ao nível das melhores”. Mas, sublinhou que “precisamos apenas de trabalhar: que os professores ensinem e investiguem, que os alunos estudem e aprendam, que os funcionários desempenhem apropriadamente as suas funções. Desse trabalho se erguerá a Casa do Conhecimento, da Sabedoria e da Cultura que queremos seja cada vez mais a Universidade de Évora”
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Noémi Marujo

 

 

JORNADAS DE FILOSOFIA E MEDICINA

A ciência da saúde na UBI

Analisar os traços marcantes da medicina e da filosofia e tentar encontrar pontes de ligação foi o principal objectivo dos Departamentos de Comunicação e Artes e de Ciências Médicas da Universidade da Beira Interior, que acabam de organizar as primeiras jornadas de Filosofia e Medicina.

Com efeito, tal como um “mecânico especializado”, o profissional de saúde tem de saber interpretar os sinais dados pelo doente para fazer uma correcta avaliação do estado “da máquina”. Ora, de sinais, mais propriamente, da simbologia, da semiótica trata também a filosofia e todo um conjunto de ciências ligadas às artes. Um dos exemplos da ligação entre diferentes campos do saber. 

No evento, Rui Bertrand Romão, docente no Departamento de Comunicação e Artes e um dos responsáveis pela organização do evento recorda que “existem vários traços conjuntos entre a medicina e a filosofia”. Em termos epistemológicos, a filosofia anda “de mãos dadas com a saúde”. Desde a formação dos métodos científicos “que estes campos do conhecimento caminham em conjunto”, salienta.

Foi pela história que começaram as várias palestras apresentadas ao longo de três dias de actividades na UBI. A forma de aproximação entre pessoas, a formulação de diagnósticos e a abordagem a algumas terapias estão ligadas ao campo da filosofia. Um dos pontos recordados pelos oradores foi o de ciência geral dos princípios. Todo o campo científico particular, como é o caso da medicina, pressupõem bases mais vastas, essenciais que podem ser encontradas na filosofia. A doutrina filosófica, imanente na cura dos homens deu azo a muitas conversas sobre os vários rumos que a medicina está hoje a tomar.

O homem sempre teve “uma preocupação particular consigo mesmo”, explica Maria Filomena Molder. Esta docente da Universidade Nova de Lisboa, que falou sobre o símbolo, integrou um painel de oradores, “bastante prestigiados”, sublinha Rui Bertrand. Nomes como Nuno Nabais, Francisco Pimentel, Adelino Romão e Montserrat Fonseca deslocaram-se à Covilhã para falar sobre “a medida”, “o indivíduo”, ou simplesmente, “o todo e a parte”.

Este leque temático serve para lembrar que “são os sintomas, os sinais, que evidenciam a nossa existência”, sustenta Filomena Molder. A compreensão dos vários alertas, a interpretação correcta destes e um tratamento humano e racional, “são receitas fundamentais para uma boa cura”, explica Manuel Silvério Marques, investigador do Centro de Estudos de Filosofia da Medicina do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil.

Neste seminário foram também surgindo várias problemáticas sobre a articulação destes dois campos do saber. Uma “correcta articulação” é, na perspectiva dos organizadores, “a melhor forma de encontrar um caminho comum”. Com um balanço positivo, Rui Bertrand fala na contemplação “de dois campos do saber”, abordados, segundo este docente, “da forma mais diversificada e multiforme possível”. Num seminário onde medicina e filosofia estiveram juntas na teoria, na prática e na história. Uma acção que confrontou reflexões das duas áreas de estudo de uma forma vasta, desde a epistemologia, passando pela ética e culminando na história das ciências.

Eduardo Alves

 


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