GENTE & LIVROS
António Mega Ferreira
«Algum dia eu haveria de entrar na normalidade dos que te amam. Amo-te. E dói escrevê-lo (que é pior meu amor, do que dizê-lo). Amo-te absoluta, impossível e fatalmente. E ouço, adolescente, uma música adolescente, para me lembrar de ti, porque lembrar-me de ti é lembrar-me que não consigo esquecer-te. E ouço música porque ouvimos música quando amamos, e tudo, no amor, é música, acústica da alma que quer ser devorada, e, neste caso, dor (tão deliciosamente insuportável) de amar sem sequência nem expectativa de contrapartida, amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos. Isto é uma carta de amor, e é possivelmente ridícula (prova maior de que é, realmente, uma carta de amor), ou porque perdi o hábito de as escrever, ou porque nunca tive coragem de as enviar.»
In Amor
António Mega Ferreira nasceu a 25 de Março de 1949, em Lisboa. Frequenta o Liceu Pedro Nunes, estuda Comunicação Social em Manchester e licencia-se em Direito. A carreira jornalística, inicia-a no ano de 68 no Comércio do Funchal (delegação em Lisboa). Transita depois para o Jornal Novo, onde fica responsável pelo sector de Educação, seguindo-se o “Expresso” e a
ANOP.
Assume funções na RTP, como chefe de redacção da Informação 2 e chefia igualmente a redacção do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias. É director editorial do Círculo de Leitores e fundador das revistas Ler e Oceanos.
Integra a Comissão Executiva das Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, em 1988. Em 1989, preside à Comissão de Promoção da Expo 98 e é membro da Comissão Executiva do Comissariado da Expo 98.
Actualmente é colaborador permanente da revista Visão.
António Mega Ferreira tem neste momento publicados os livros: Graça Morais - Linhas da Terra (1984), ensaio; O Heliventilador de Resende (1985), ficção; Fernando Pessoa, o Comércio e a Publicidade (1985), ensaio e antologia; As Caixas Chinesas (1988), ficção; As Palavras Difíceis (1991), ficção juvenil; Os Princípios do Fim (1992), poesia dos anos de 1972 a 1992; Os Nomes da Europa (1994), crónicas; a Borboleta de Nabokov (2000), crónicas; A Expressão dos Afectos (2001), ficção, Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores; Amor (2002), ficção; Retratos de Sombra (2003), ensaios; O Que Há-de Voltar a Passar (2003), narrativa; Uma Caligrafia de Prazeres (2003), crónicas.
Amor. Quem é Winnie? Uma mulher mais velha por quem o jovem narrador se apaixona? Também.
O narrador conhece Winnie num clube de jornalistas «como é que essa amitié amoureuse se transformou em outra coisa, uma espécie de paixão em cuja autenticidade eu não acreditava, mas que acabou por se me impor, sem defesa nem reserva mental?».
Na viagem que fazem a Marráquexe, começa a delinear-se o princípio do fim da relação. De volta a Lisboa, Winnie termina tudo. Só muitos anos depois do fim de história deles, é com o espólio escrito que Winnie deixa, é possível conhecer a mulher que tinha amado.
Eugénia Sousa
Florinda Baptista
Livros
EUROPA-AMÉRICA. A Democracia de Anthony Arblaster é nada menos do que um estudo internacionalmente aclamado, onde é exposto com mestria o contexto plural e diverso em que nos dias de hoje se deve debater a democracia.
Partindo de uma abordagem inicialmente histórica daquilo que na teoria e na prática constituiu as democracias do passado, até à analise de textos clássicos de Rousseau, Paine e John Stuart Mill, o autor demonstra as diferenças fundamentais entre a ideia que eles tinham de uma sociedade democrática e a realidade algo deficiente das democracias ocidentais de hoje. Democraticamente eleito como um livro excelente.
PIAGET. Inscrição da Terra- Ensaio sobre Sophia de Mello Breyner Andresen de Luís Ricardo Pereira. « A precariedade dos estudos que a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen tem suscitado revela a dificuldade que a abordagem sistemática da sua poesia implica. O grande desafio crítico - que a desmontagem, deste aparelho poético propõe - reside, com efeito, na perplexa simplicidade da sua dimensão». Agora que o país lamenta a morte de Sophia, vale sempre a pena recordar a obra de uma das maiores poetisas do país.
GRADIVA. O Gato do Chapéu de Dr. Seuss. Já passaram cerca de cinquenta anos desde que o Dr. Seuss criou um felino enchapelado, que vinha para ajudar os mais pequenos a gostar de ler. E pode-se dizer que o conseguiu. Utilizado em escolas e bibliotecas para o ensino da literatura e recentemente adaptado para o cinema, este gato é conhecido e aclamado em todo o mundo. Sem qualquer dúvida, um Gato «de se lhe tirar o chapéu».
ASA. Paris, os Passeios de um Flâneur, de Edmund White é o primeiro volume da colecção O Escritor e a Cidade. Edmund White viveu dezasseis anos em Paris, tem uma ligação profunda com a cidade, um estilo muito agradável, estando sobejamente preparado para conduzir o leitor por locais que merecem ser descobertos. Como um flâneur, ser errante e vagabundo, deambulamos com o autor na Cidade Luz.
BELGAIS APRESENTA
Música no Coreto
A Associação Belgais e a Câmara de Castelo Branco acabam de apresentar o seu programa cultural para este verão. A novidade foi lançada por Carlos Semedo, colaborador do Ensino Magazine, e responsável pela iniciativa «serão ao ar livre». No entender daquele responsável este tipo de iniciativas são “importantes, já pois versam um trabalho de ligação com a comunidade. Até agora isso acontecia através da formação, agora será feito numa vertente diferente, incluindo agentes culturais locais, que vamos ajudar a promover”.
Integrado no «serão ao ar livre» surgem as Memórias do Coreto, onde são apresentadas bandas filarmónicas e grupos de música tradicional no Parque da Cidade, sábados. Assim, para o dia 17 de Julho estão agendadas as actuações da Banda de Tinalhas, e para 24 a Banda Filarmónica do Retaxo. No dia 21 de Agosto, o Musicalbi regressa ao Parque da Cidade, após ter iniciado a ronda de concertos no passado dia 10.
Além do Memórias do Coreto, surge a actividade «Ao Sábado no Monte», que vai animar o Monte do Índio, em Castelo Branco, por onde passarão a Banda do Retaxo e a Banda de Tinalhas, nos dias 24 e 31. Em Agosto, nos dias 14 e 20 será a fez dos
Musicalbi.
As actividades apresentadas são mais vastas, estando agendados espectáculos para outras freguesias, casos de Sobral do Campo e Tinalhas, com o Musicalbi. No dia 24 deste mês são também apresentadas as Planícies Alentejanas, um espectáculo que pretende “trazer o Alentejo até Belgais”, com tocadores de viola campaniça, cantores, um grupo coral alentejano e algumas surpresas.
Como resposta ao incêndio que consumiu uma parte significativa da área envolvente ao Centro Belgais, aquele organismo realiza no dia 4 de Setembro, um concerto para angariação de fundos para a recuperação da área envolvente que contará com a participação de Maria João Pires.
As iniciativas de Belgais estendem-se ainda a outras zonas do concelho, com peças de teatro dos Grupos Vá Atão e Carroça.
CONSERVATÓRIO
Idanha recebe Pólo
A abertura de um pólo do Conservatório de Castelo Branco em Idanha-a-Nova poderá ser uma realidade já no próximo ano lectivo. “Temos muitos alunos dessa região, há um grande interesse da Câmara de Idanha e da Filarmónica Idanhense para que isso aconteça. Essa vontade já é antiga, mas agora o Ministério já autoriza a abertura de pólos, pelo que o processo está bem encaminhado”, diz Cristina Lima, directora do Conservatório.
De acordo com aquela responsável neste momento “estamos a tentar resolver as instalações, pois tudo o resto é rápido pois aproveitamos a estrutura que temos. Da parte da Câmara há muito boa vontade para avançar com as coisas, mas para Setembro será difícil termos o edifício pronto, pois vai ter que ser feito quase de
raiz”. Ainda assim, Cristina Lima garante que se “existirem instalações provisórias ainda é possível arrancar com o pólo este ano”.
EDUCAÇÃO ÁS TIRAS
Desenho: Bruno Janeca
Argumento: Dinis Gardete
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