Consolidar o projecto
O Ensino Magazine assinala este mês o seu sexto aniversário. Nestas alturas é importante repensar o que foi feito e perspectivar aquilo que ainda falta fazer. Sem falsas modéstias afirmámo-nos como uma publicação de referência no contexto nacional dos sectores educativo e cultural. Aceitámos o desafio de, a partir do interior do País, lançar um jornal com ambição nacional, enfrentando desde essa altura todas as adversidades encontradas.
Ao longo dos últimos seis anos, o sector educativo português tem enfrentado novos desafios, e ao nível do ensino superior esses desafios passaram a ser constantes. O número de candidatos a entrarem nas fileiras universitárias e politécnicas diminuiu, a uniformização dos graus a atribuir pelas instituições de ensino superior está a ser feita com base na declaração de Bolonha, e todos os estabelecimentos de ensino tentam procurar novos mercados educativos.
O Ensino Magazine está também atento a todos esses desafios e tem-se mostrado participativo na discussão dos caminhos a seguir. Afinal, nascemos para informar, esclarecer e levar até todos os nossos leitores aquilo que de mais importante é feito nas instituições de ensino em Portugal. O nosso papel não é o de gerar polémica, é isso sim de, activamente, contribuir para o desenvolvimento do ensino e da cultura no nosso país.
Modéstia à parte, pensamos estar a conseguir a nossa missão, dando voz àqueles que também seguem este propósito, como as escolas, associações ou outros organismos. Dando também a conhecer aquilo que pensam os intervenientes em todo o processo, como o comprovam as entrevistas efectuadas aos antigos ministros do sector educativo Marçal Grilo, Augusto Santos Silva, Júlio Pedrosa, Pedro Lynce, ao actual ministro da Cultura, Pedro Roseta e a outros responsáveis como dirigentes de instituições de ensino superior do País e até de Espanha, além de muitos docentes, alunos e outras entidades ligadas à educação.
Tal como o sector educativo, também o Ensino Magazine enfrenta novos desafios, que passam pela consolidação do projecto e pelo seu alargamento gradual a outras áreas do território nacional. Seis anos depois, acreditamos que escolhemos o caminho certo. E para os velhos do Restelo, cujas críticas começaram no lançamento do número zero, sentenciando, logo aí, a sua morte, as 72 edições são a resposta mais apropriada. É certo que somos uma publicação gratuita, mas também é certo que as várias instituições de ensino superior onde chegamos compreenderam a importância do projecto. Sem elas, sem o nosso esforço e sem o carinho de quem nos lê, a brigada do Restelo teria razão.
Hoje, mais do que nunca, estamos certos que o desafio que nos foi lançado por João Ruivo, só poderia ter esta resposta da nossa parte. A RVJ – Editores, Lda, responsável pela publicação, provou que aquele era o caminho certo, o mesmo acontecendo com o Semanário Reconquista, parceiro desde a primeira hora no projecto, e com todos aqueles que decidiram colaborar connosco. O futuro é encarado, por isso, com a mesma determinação com que lançámos há seis anos o Ensino Magazine. Hip, hip urra!.

João Carrega
Vítor Tomé
MEDICINA DAS LETRAS
Valerá a pena

Falar em velhice e doença implica falar em eutanásia.
Constatamos todos os dias, nos meios de comunicação social, a perseguição e a condenação veemente, que é feita socialmente a quem ajuda alguém a morrer, porque este o não consegue por si só, ou porque não quer ter uma morte dolorosa.
Não sou, por formação cristã e profissional, a favor de tal prática.
Mas vejamos:
A eutanásia ocorreria em doentes terminais, sem esperança de vida, dependentes de outros, com sofrimento atroz e permanente, sendo, e julgo o mais importante, cometido sobre o próprio e por sua vontade expressa. No seguimento, deste crime na actual lei portuguesa, também se poderá teorizar sobre quem tenta suicidar-se. As sequelas que deixam os tiros por armas de fogo, envenenamentos, quedas de grandes alturas, enforcamentos, etc, têm custos elevados para a Saúde e Segurança Social deste País. Não será também uma forma de eutanásia tentada? E que condenação têm?
Estas situações e outras como a doença, um acidente de trabalho ou de viação, podem obrigar as pessoas a viver numa cama por longos períodos de tempo, pois a Medicina prolonga cada vez mais a vida, mesmo nestas condições.
O dia a dia é agitado, stressante, há falta de estruturas de apoio, os hospitais não possuem o número de camas suficientes, os lares de 3ª idade estão sobrelotados e são caros, muitas vezes com péssimos serviços.
Longe vão os tempos, em que numa família alguém ficava solteiro para tomar conta dos menos capazes e mais carentes.
Mas apesar das vicissitudes dos tempos modernos, ainda, há quem pense como uma tia velhinha que dizia “Filho, antes cá em baixo de gatas que lá em cima de carrinho”.
Assim, valores como dignidade, conforto, humanismo, solidariedade...enfim “mimos”, serão a solução geradora de comportamentos geracionais para que os “riscos de suicídio” não apareçam e como diz o ditado “Filho és, Pai serás, assim como fizeres assim o acharás”.

Miguel Resende
Miguel Resende é médico
e assina esta coluna mensalmente
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