PORTALEGRE DEBATE ENSINO
SUPERIOR
Ser ou não ser... eis
a questão

O Instituto Politécnico de Portalegre assinalou a passagem de mais um aniversário com um debate sobre o ensino superior politécnico em Portugal. De um lado surgiu Almeida Costa, defensor das Universidades Politécnicas, do outro, o ex-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Luís Soares, que defende a manutenção dos nome Instituto Politécnico. Mas mais do que uma questão de nomenclatura, o debate foi rico para avivar os problemas que afectam o ensino superior em Portugal.
Deste modo, o IPP não poderia ter concluído o seu dia de uma forma mais rica. No entender de o ensino politécnico em Portugal deve “ser alternativo, no sentido positivo da palavra, usufruindo das mesmas condições que o universitário”. Com isto aquele responsável considera que ser alternativo não é ser inferior. Almeida Costa, que nomeou a primeira comissão instaladora da ESE de Portalegre, lembrou, no entanto, que a legislação é uma floresta, e a título de exemplo falou na carreira docente, onde nem sequer se previa a existência de doutorados nos politécnicos. Aquele responsável criticou também o facto dos politécnicos não poderem organizar mestrados, nem doutoramentos, de forma autónoma.
Ainda assim, Oliveira Costa refere que “felizmente os pioneiros do ensino politécnico não se confinaram ao prejuízo de menoridade que lhe era imposto, lutando pela tal dignidade estatutária”. No entender daquele especialista, depois surgiu aquilo a que chama de milagre, quando o próprio ensino universitário, que dizia que o politécnico tinha formações menores, foi procurar essas mesmas formações”.
Oliveira Costa lembrou também que do ponto de vista social o ensino politécnico aparece desvalorizado em relação ao universitário, o que deve ser combatido, pois tem a mesma dignidade. “Surge então o termo de universidade politécnica, através do Politécnico de Castelo Branco”. No entender daquele docente, em todo o processo tem de existir qualidade e excelência, o que passa por um processo de acreditação, com entidades independentes e não políticas.
SOARES. Luís Soares lembrou que o termo universidade politécnica não deve ser encarado como uma palavra mágica. “A criação do nome universidade politécnica que questões vai resolver? Significa que os Politécnicos aceitam que são inferiores? Eu isso não aceito”, diz.
O ex-presidente do Ccisp continua, com essa nomenclatura, será que o sistema binário se mantém? E a médio prazo, o termo politécnico vai desaparecer?”. Luís Soares recorda que o grande problema não reside no do nome, mas sim na investigação e nos programas de doutoramento. Por isso, a questão deve ser de competência científica e não de nomenclatura das instituições”.
No entender de Luís Soares, o processo de Bolonha deve também ser encarado como uma oportunidade. “Bolonha aponta para a empregabilidade, de forma a permitir às pessoas construírem o seu processo formativo”, diz, enquanto defende “a curta duração dos cursos, de forma a que haja formação ao longo da vida. Ninguém tem um emprego para toda a vida, pelo que é preciso reciclar”.
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